O Dia do Hospital é comemorado no Brasil a 2 de julho, próxima quinta-feira, data da fundação da Santa Casa de Misericórdia da cidade de Santos, um dos maiores hospitais do Brasil, no ano de 1945, pelo governo do presidente Getúlio Vargas. É uma forma de homenagear os profissionais que trabalham na área da saúde, dentro dos hospitais, como nutricionistas, médicos, enfermeiros, radiologistas, terapeutas, psicólogos, secretárias, faxineiras, cozinheiras, dentre outros, notadamente nesses tempos de pandemia.
No decorrer de todos esses anos, a celebração se transformou, em escala mundial, numa excelente oportunidade de conscientização e realização de promoções que enfatizam a importância do cuidado com a saúde humana. Principalmente na nação brasileira na qual quase que permanentemente ela é desleixada por nossas autoridades, provocando uma situação caótica e vergonhosa na área em todo o território nacional.
Com efeito, os reflexos dessa situação são evidenciados todos os dias: filas em postos de saúde e hospitais; marcação de consultas e de cirurgias com longos períodos de espera; hospitais com tecnologia desatualizada e sucateada; profissionais nem sempre atualizados, muitas vezes em decorrência do excesso de horas de trabalho mal remunerado, que impede disponibilidade de tempo e recursos econômicos para sua imprescindível reciclagem e atendimento precário de portadores de moléstias graves; doentes praticamente largados em corredores das instituições e muitos outros exemplos desoladores. E agora com a pandemia, uma média de um médico para dez pacientes e um enfermeiro para vinte.
Também podemos apontar inúmeras tentativas de se utilizar deste importante setor para fins políticos. No entanto, o conceito moderno de saúde indica que ela se constitui no bem-estar do indivíduo nos aspectos físico, mental e social. Por isso, o DIA DO HOSPITAL serve para lembrar a todos que a saúde é coisa séria e como tal, deveria ser tratada, pois ao contrário, revela-se em fiel depositária de muitas das mazelas sociais, como constantemente podemos verificar em todos os rincões brasileiros e alguns países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI, advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
Pertenci no velho e já quase pré-histórico Orkut a um grupo de aficionados por máquinas fotográficas da tradicional empresa alemã Carl Zeiss. Para os fotógrafos exigentes (e estes são, infelizmente, cada vez mais uma minoria, se bem que ainda se encontrem com alguma facilidade), uma câmera Zeiss é um patamar de excelência, sobretudo pela alta qualidade da sua ótica.
Desde meados do século XIX, a fábrica Carl Zeiss, de Iena, na Alemanha, produzia os melhores microscópios de precisão do mundo. Herr Zeiss, o fundador da empresa, costumava levar à cintura um martelo, e quando um microscópio produzido na fábrica não passava por seu severíssimo controle de qualidade, não o consertava nem corrigia o defeito, por mais insignificante que este fosse. Mas, por uma questão de princípio, esmigalhava o aparelho a marteladas, na frente de todos os empregados, para que todos aprendessem que só coisas perfeitas poderiam ser colocadas no mercado com a marca Carl Zeiss. Esse martelo se tornou legendário, símbolo da altíssima qualidade dos produtos da empresa.
Mais tarde, ela se lançou no mercado de máquinas fotográficas e se tornou uma das maiores produtoras mundiais. Suas câmeras, as Zeiss Ikon, sempre de mecânica avançadíssima para a época e de ótica perfeita, durante quase um século competiram com as produzidas pela sua grande rival, a Leitz, fabricante da famosíssima e glamurosa Leica.
Na década de 1930, o físico holandês Dr. Fritz Zernike (1888-1966), durante um estágio que fez na Zeiss, propôs a fabricação de um novo tipo de microscópio de contraste de fase, mas os técnicos da empresa rejeitaram o projeto, dizendo que, se fosse prático, já teriam pensado nele antes e a empresa já o estaria realizando. Zernike prosseguiu, sem ajuda da Zeiss, o desenvolvimento do seu projeto, e graças a ele conquistou, em 1953, o Prêmio Nobel da Física.
Quanto à Zeiss, foi pouco a pouco decaindo, por não saber se adaptar aos tempos novos. Continuou a fabricar máquinas fotográficas de altíssima qualidade até 1972, quando parou de fabricá-las por não poder concorrer com as japonesas, muito mais baratas e acessíveis a um público menos exigente. A Leitz continuou, e ainda hoje continua a produzir as melhores câmeras do mundo, a preços muito mais elevados do que os das japonesas, para um público fiel menor, muito exigente e que não discute preços. Nesse nível, as Leica são imbatíveis.
Esse público especial, a Zeiss teria podido disputar com a Leitz em igualdade de condições, mas não quis fazê-lo. Preferiu continuar teimando em produzir câmeras muito superiores e mais caras do que as japonesas, mas disputando o mesmo público de nível médio das japonesas - um público que não tinha condições de compreender nem de pagar o produto superior. Acabou tendo que fechar melancolicamente as portas de sua fábrica de máquinas. Ainda existe a empresa, produzindo lentes e vendendo-as aos japoneses da Sony, mas não dá nem uma pálida ideia do que foi no passado. Por quê? Porque seu apego às rotinas consagradas a impediu de se adaptar às necessidades dos novos tempos.
Possuo uma das últimas câmeras Contaflex-S produzidas pela Zeiss, no ano mesmo em que cerrou suas portas, ou seja, 1972. Possuo também um velho binóculo da mesma fábrica, produzido há perto de 100 anos. Está impecável, funcionando perfeitamente. Sua ótica é admirável, com uma nitidez e uma fidelidade de imagem espantosas.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Carl Zeiss
Definitivamente, 2020 será um ano histórico, daquelas datas que se transformam em marcos e referências futuras. Infelizmente, não por bons motivos. Como criatura mortal, é natural, ainda que lamentável, que todos os anos tenhamos perdas de vidas humanas. Em 2020, no entanto, a par de todas as outras causas que roubam a existência dos homens, ainda lidamos com a tragédia do Corona Vírus.
No mundo todo já são centenas de milhares de mortes causadas pela Covid-19 e nem sabemos quando isso irá parar. A maior esperança, talvez única, reside no surgimento de uma vacina. Embora muitas estejam em fase de testes, acredito que vários meses ainda serão necessários até que possamos lidar com o Corona com mais chances de sucesso. Até lá, não fazemos ideia do alcance da doença e, para além da prevenção, buscamos contar com a proteção do Universo.
Como já ressaltei várias vezes nesse espaço, sobre esse tema, como leiga, mais escrevo conjecturas do que qualquer outra coisa. Acredito, contudo, piamente, que uma das causas dessa pandemia decorra do descaso com o meio ambiente. E nem assim somos capazes de perceber que o planeta agoniza. As pessoas continuam fazendo tudo como sempre fizeram. Continuam consumindo freneticamente, jogando lixo nas ruas, nos rios, submetendo os animais a todo tipo de crueldade. A Covid-19 não nos irá redimir, não nos iludamos.
Desconheço a realidade de outros países e não me fio no que os noticiários escolhem mostrar, mas pelo que constato no Brasil, a população está dividida entre aqueles que estão preocupados com a doença e podem ficar em casa, aqueles que podem ficar, mas não ficam e nem se importam e, por fim, aqueles que se preocupam, mas que precisam trabalhar. Mesmo diante do medo do vírus, o pavor de pratos e estômagos vazios também deve ser respeitado.
E justo agora, em que algumas cidades retomavam suas atividades, por conta do descaso de muitos, há a possibilidade de que tudo volte a fechar novamente. Extermínio de vidas e de postos de trabalho. Trata-se de um equilibro complexo, pois são eventos relativamente dependentes. Demissões em massa são noticiadas todos os dias e basta um simples olhar para lamentar a quantidade de imóveis com placas de vende-se ou aluga-se.
Não bastasse tudo isso e ainda somos assombrados pela possibilidade que uma nuvem de gafanhotos chegue ao Brasil nos próximos dias. É possível que essa horda de famintas criaturas altere sua rota e que sejamos poupados de mais essa desgraça, mas ao menos agora enquanto escrevo, tudo ainda é incerto. O potencial de voracidade desses insetos é assustador. Por onde passaram, devoraram tudo o que estava pelo caminho. Quase impossível não pensar nas Dez Pragas do Egito, mas seja lá como for, tem como causa também a destruição ambiental. Faltam predadores naturais e, em pouco tempo, os predados somos nós e nossos bens.
São dias difíceis. Mais para uns do que para outros, é verdade. Temos que lamentar os mortos e, em respeito a eles, prosseguir protegendo os demais, além de nós mesmos. No meio de tudo isso, sorrir também é defesa, é autopreservação. E se chover gafanhotos? Estaremos de máscaras e raquete elétrica, a postos para mais uma batalha. E que Deus nos ajude!
CINTHYA NUNES é advogada, jornalista e espera que gafanhotos se apiedem de nós e partam rumo a outro planeta – cinthyanvs@gmail.com
Estou alinhavando, interiormente, a palavra ressignificar, após confissão e orientação espiritual com o querido Padre Márcio Felipe, pároco da Catedral NSD. Como ele tem o dom de me fazer enxergar o essencial. Isso me faz um bem imenso.
Não é fácil dar um novo sentido a acontecimentos da vida, quando estou presa a conceitos e posturas que não me oferecem luz e liberdade. É um rasgar-se por dentro, uma angústia que aperta o ego.
Durante esse exercício de me redefinir, soube que o adolescente está de volta, após um período de internação, ao cotidiano de seus últimos anos, ou seja, ao mundo do uso de drogas e ao tráfico para garantia do vício. Que triste. Na situação de violência, pela qual passou, foi necessário amputar parte do braço. A escola já deixou faz tempo. Não houve insistência por parte de quem poderia, pelo menos, lhe oferecer algumas possibilidades de resistir à dependência química. Ficou de caminhada sem rumo certo e assim se mantém. Trata suas sombras e assombrações com fumaça e pó. Que doloroso! Como transformar sua história se o entorno incluído apenas discursa sobre excluídos? Menino julgado e condenado pela sociedade, expulso para as margens, empurrado para os charcos. É aquele cujas chagas latejam na alma, muito mais do que o sofrimento do braço.
Retorno às palavras do Padre Márcio Felipe. Dentre outras colocações, me disse sobre as feridas interiores que carregamos. Se permitirmos, Deus cura, mas quando Ele coloca o dedo na ferida, dói, principalmente se a enraizarmos pelas coroas com que nos revestimos: do orgulho, do poder, do ter... Verdade mesmo! Como é difícil permitir que Deus aja para me ressignificar nisto ou naquilo. Preciso também de ajuda. Quando aceito, experimento a verdadeira paz.
Ir ao encontro do Senhor, abrindo mão das trevas que carrego, para que Ele possa colocar o dedo nas feridas interiores, exige coragem. Que Ele me dê a audácia e a fé da mulher (Marcos 5, 25-34) que padecia já por doze anos de um fluxo de sangue e tocou a orla do Seu manto. Que Ele me ajude, como pediu Santa Teresinha em prece (Or. 10), a santificar as batidas de meu coração, meus pensamentos e obras mais simples. E que não me omita diante dos dilacerados por sua história, porque ressignificar-me exige ainda estar de olhos abertos e mãos estendidas para todos os atormentados.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.
Na humildade existe a consciência da finitude e de como tudo é efémero e transitório, pelo que as conquistas e os sucessos não passam de situações momentâneas e as condições de superioridade(instrução, conhecimento e extrato social) não devem ser usadas com arrogância para rebaixar o outro ou para gerar uma atitude de auto -engrandecimento.
Pessoas que se classificam pretensiosamente humildes através de manifestações anti-beleza/sucesso/dinheiro não são genuinamente humildes porque aquilo que verdadeiramente as move e sustenta é uma necessidade de enaltecimento ou um desejo de superioridade. Quem quer mostrar que é humilde não é realmente humilde.
Quando é genuína, a humildade pode estar presente em qualquer contexto ou condição de vida, não é exclusiva de nenhum extrato sócio-económico de tudo é uma expressão de maturidade psicológica e saúde mental.
Em teoria, a humildade é tida como uma qualidade bastante positiva e benéfica, onde ninguém é pior ou melhor do que os outros, estando todos no mesmo nível de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade.
A humildade é um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer as suas próprias limitações, com modéstia e ausência de orgulho.
A palavra humildade também pode ser aplicada para qualificar uma condição de desfavorecimento económico, como por exemplo o modo de vida das pessoas pobres.
Por exemplo: “No alto da favela fica a humilde casa da minha mãe”.
Em inglês, o termo “humildade” pode ser traduzido por humility, enquanto que a tradução mais utilizada para “humildade” é humble.
A humildade na Bíblia. A humildade consta em praticamente todos os textos da Bíblia cristã, onde se diz que “quem se humilha será exaltado, e quem se exalta será humilhado”.
Deus ama a pessoa humilde e recompensa-a (Provérbios 22,4).
A humildade é uma das características do bom crente e um sinal de sabedoria
(Tiago 3,13).
A humildade é pensar nos outros antes de nó e não acharmos que somos melhores que os outros(Filipenses 2,3).
Jesus também ensinou os seus discípulos a serem humildes, quando lavou os pés dos apóstolos e ordenou-lhes que fizessem o mesmo uns pelos outros(João 13. 13-16).
O bom líder é humilde, ama os outros e serve a todos.
Se cada um de nós fizer um pouco de esforço para se tornar mais humilde estamos a contribuir para uma maior justiça social.
(continua no próximo número)
ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira. - Email goncalves.simoes@sapo.pt
A exemplo de Jesus, também nós recorremos a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro diante das angústias de nosso coração
Preparação para todos os dias da novena
– Recolher-se em oração em casa ou numa igreja;
– Fazer o pedido da graça que tanto deseja alcançar;
– Rezar a oração de cada dia;
– Rezar um Pai-Nosso e três Ave-Marias;
– Praticar a boa obra de cada dia. Pode-se trocar por outra mais conveniente.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Primeiro dia
“Eis a tua mãe” (Jo 19,27).
Bondosa Mãe do Perpétuo Socorro, que experimentastes a angústia da vida, acolhei o meu pedido. Sois Mãe e tendes o desejo de socorrer a todos, aqui está alguém que é pecador, mas que recorre a vós.
Segundo dia
“[…] meu espírito se alegra em Deus […]” (Lc 1,47).
Mãe do Perpétuo Socorro, ajudai-me a ser de Deus. Tudo passa como vento, Deus permanece. Quero ser d’Ele e, por isso, vos suplico: socorrei-me nessa vida, ajudai-me a não perder Deus nos sofrimentos e necessidades. Bondosa Mãe, aumentai a minha fé e confiança, socorrei-me com vosso amor.
Leia também: Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Você conhece a mensagem do Quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro?
Nossa Senhora sofreu as nossas dores
Terceiro dia
“[…] seja feita a tua vontade […]” (Mt 6,10).
Bondosa Mãe, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, compreendestes e sempre fizestes o que Deus queria, afastai de mim a dureza do coração, o orgulho e o egoísmo. Ajudai-me, bondosa Mãe, a seguir a vontade de Deus e concedei-me a graça que vos peço.
Quarto dia
“[…] foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40).
Mãe de Jesus e minha mãe, dai-me um coração generoso para ajudar o próximo e misericordioso para perdoar sempre. Dai-me um coração humilde e manso para suportar suas fraquezas. Jesus disse que faço a Ele o que faço aos outros, por isso, ajudai-me a melhor amar Deus e meus irmãos. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, socorrei-me na graça que vos peço.
Quinto dia
“[…] eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
Bondosa Mãe, como vivestes com Jesus e José em casa? Concedei-me amar meus irmãos e aceitar cada um no seu jeito de ser. Dai-nos a paz, compreensão, bondade e alegria para que o Espírito de Jesus permaneça conosco. Bondosa Mãe, pedi a Ele por nós.
Sexto dia
“Vinde a mim, […] e eu vos darei descanso” (Mt 11,28).
Pode a mãe esquecer seu filho? Sei, ó Maria, que não nos esqueceis, mas tenho medo de me esquecer de vós. Peço-vos nunca perder Deus nem a fé, e sempre confiar em vós. Ó Maria, feliz de quem vos conhece e a vós recorre como o filho à sua Mãe. Ajudai-me em minha prece.
Sétimo dia
“Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Maria, sempre fizestes tudo o que Deus vos pediu. Para que eu também seja assim, ajudai-me a ouvir a Palavra de Deus, a meditar, a ouvir o que Jesus ensinou. Atendei meu pedido nesta novena e não deixai que fique acomodado na vida.
Oitavo dia
“[…] olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, quantas vezes me torno orgulhoso, vaidoso, confiante nas coisas que passam. Tudo isso pode ocupar o lugar de Deus em meu coração. Maria, livrai-me desta tentação de trocar Deus pelas coisas da terra e descuidar da casa d’Ele em mim. Bondosa Mãe, socorrei-me com a graça de Jesus.
Assista também: A devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Nono dia
“Maria, porém, guardava todas as coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19).
Quantas vezes, ó Maria, meu coração fica triste, atribulado, cheio de dúvidas e angustiado. Isso acontece, porque não me recolho no silêncio da oração nem procuro ver o que Deus quer de mim. Não sei escutar o Senhor. Maria, peço-vos a graça de acreditar que Deus me ama sempre, mesmo na dor.
Fonte: cancaonova.com
FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
Sim, os leio e releio aos atropelos!
Sim, os cultuo, os amo; me alucinam!
Confesso sob os céus que nos encimam:
jamais eu fiz sequer por merecê-los.
Nem sei como me vêm e entre si rimam...
Não sei se pela mão ou pelos pelos...
Derretem as calotas dos meus gelos...
E entre os meus afazeres, enfim, primam.
Só sei que se algo tenho a dar ao mundo
além desse andejar trôpego e imundo
em que ora desanimo ora me arvoro...
isso não será feito por meus braços,
que eles não têm o alcance destes traços:
tão mal traçados versos – que eu adoro!
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
Hoje passo ao lado do coronavirus, sem lhe virar as costas. Não subestimo a pandemia, pelo contrário; perdi amigos, de momento são dele vítimas, alguns com gravidade, gente que me é próxima, parentes; a vacina continua esperança, incógnita envolta nas brumas do futuro. O próximo vulnerado bem poderá ser eu, estou de cheio no grupo de risco, chances menores de escapar, chances maiores de ir a óbito ou de recuperação com sequelas. Como não se alarmar?
À vera desde semanas tenho reflexões sobre pontos da situação ▬ política, moral, psicológica ▬ criada pela pandemia; e quando as escrever, tentarei não divulgar meras repetições do que outros mais capacitados estão espalhando aqui e lá fora. Oferecer pratos requentados, mesmo nutritivos, nunca foi o mais atraente.
Preocupa-me ponto em especial, ainda hipótese chã, poderia vir a ter relevância; até agora não li nenhuma alusão a ele. Fica para próximo artigo. Já advirto, conjeturas, uns poderão gostar, outros terão reservas. Paciência, ainda serão meras conjeturas, nada mais corriqueiro que aceitá-las ou recusá-las. Por outro lado, despreocupa-me a possibilidade de levar chumbo, mesmo fogo amigo, de há muito virei boi do couro grosso.
Corta. O artigo de hoje, passando longe do vírus, repito, por surpreendente que possa parecer, surge da arrumação de gaveta bagunçada. Foi preciso jogar muita coisa fora, e a seguir ordenar com paciência, pelo menos minimamente, o que ficou. Na papelada encontrei esquecida preciosidade, pela foto e pelo texto: o cartão de Natal de dom Luiz de 2013. Palavras de afeto e irresignação.
Dom Luiz é o Chefe da Casa Imperial do Brasil, todos sabem. O cartão comenta a foto da avó, a princesa d. Maria Pia, clicada aos 19 anos ▬ ela nasceu em 1878. Natural, a figura saída da História evocou de plano a constatação, aquela moça poderia ter sido por longos anos a imperatriz do Brasil. Como teria se desempenhado? Que marcas deixaria na sociedade e no governo? Na história do país?
Candura, esmero, elevação, foram impressões primeiras despertadas pela foto de uma quase menina vestida de branco, olhar penetrante, um leque pendente da mão direita. Fui invadido por outras impressões, seriedade, leveza, delicadeza, bom tom, simplicidade, qualidades que nobilitavam o ar aristocrático.
Borbotou incontível o confronto. Explico-me. A vida pública do Brasil, não e de hoje, está empanzinada de cenas sórdidas, entulhada de gente desbotada (na mais benévola e parcial das qualificações), da qual boa parte a corrompe e avilta, estadeando arrogância, imoralidade e primarismo. Aí o senso patriótico gritou forte. Amargurou-me o contraste entre a chusma desordeira que observo entristecido e a figura serena de uma moça despretensiosa, a figura indicava, provavelmente com enorme capacidade de influir e formar pelo bom exemplo.
A simplicidade de d. Maria Pia, ar modesto e tão senhora, contrastava no meu espírito com o que vejo todos os dias, no mundo oficial e na vida privada, cabotinismo, pedantismo, deboche, petulância, grã-finismo. Em vez de tanto retrocesso e obscurantismo, poderíamos ter experimentado avanços civilizatórios, com grande benefício social, impossibilitados, dói a constatação, pela subserviência irrefletida a preconceitos deformantes.
Volto à princesa. Não custa lembrar, a grande arte de governar está na exemplaridade; acessível a todos (e, sob outro ângulo, paradoxalmente, com grande impacto, a poucos; vale muito o que hoje em geral se denomina carisma). “Verba movent, exempla trahunt”, bons exemplos cintilam e arrastam. Maus exemplos afundam. Os “role models” , cujo estudo ocupa a tantos pesquisadores, têm enorme papel formativo, potencial para promover inclusão social e impedir dilacerações nacionais.
E então, de um lado, longe, lá no século XIX, esplendia na foto o conteúdo nobre expresso na postura fidalga, tudo bem preparado para vida pública altamente favorecedora do bem comum; de outro, junto a nós, pleno século XXI, entenebrecedor o fundo cavernoso manifestado nos esgares contrafeitos de um sem-número de figuras caricatas do Brasil contemporâneo, cada vez mais debilitado e manchado por nota de abjeção em sua vida pública. Pensei cá comigo, pobres de nós, merecemos esta (má) sorte? Terá Deus se esquecido de nós? Afastei o pensamento, o débito deve cair na nossa conta.
Adiante. O nome Maria Pia, familiar, em nada rescende ao postiço e rebuscado. A postura ereta e a mirada segura mostram afavelmente o que ela é. No texto enaltecedor de dom Luiz, elegante e simples, mareja a admiração pela avó, com quem conviveu, falecida 40 anos antes, em 1973. Evola das palavras a irresignação do neto, não aceita que vá se apagando injustamente a memória da avó, tão necessária à família e até à História. “Eu e meus irmãos tivemos o privilégio de estreito contato com Vovó. [...] Em extensas caminhadas ou em longos serões, ela nos comunicava seu grande afeto, transmitindo a visão do mundo e os valores”. Educação pela palavra e pelo exemplo.
Recorda dom Luiz: “Buscou ela mesmo identificar-se com o Brasil. Aqui esteve em 1922, por ocasião do centenário da Independência, acompanhada do filho mais velho, meu pai d. Pedro Henrique [...]. Sua presença foi muito solicitada então, chegando a participar do lançamento da pedra fundamental do Cristo do Corcovado, monumento cuja edificação teve origem em um pedido da Princesa Isabel”.
Deixo, por fim, ainda algumas palavras de dom Luiz: “D. Maria Pia teve a honra de avistar-se pessoalmente com o papa são Pio X, e conservou do encontro, com profunda veneração, uma foto dedicada do Pontífice, hoje em minhas mãos”. Bonita atitude filial de dois católicos, o neto e a avó, merece registro. Com esteio em ensinamentos de são Pio X, dom Luiz, muito oportunamente, termina a saudação de Natal reiterando sua fidelidade à civilização cristã, que deseja ver fulgurando no Brasil.
Por que título simples, só a palavra simplicidade? Reconheço, pode parecer estranho haveria multidão de títulos a escolher. Fiquei com simplicidade, chamou-me a atenção na foto, mas teve ainda razão mais ampla, o conceito expressa a união harmônica de virtudes. Evoco o ensinamento do Doutor Angélico. Na Suma escreveu santo Tomás: “Em sentido contrário, Agostinho [santo] afirma: ‘Deus é verdadeira e sumamente simples’. [...] Para nós, os compostos são melhores do que os simples, porque a perfeição da bondade da criatura não se encontra em um único simples, mas em muitos; ao passo que a perfeição da bondade divina se encontra em um único simples, como se verá (q. 4, a.2).”
Faz falta enorme para o progresso social (para cada dum de nós também) o tipo de personalidade da qual d. Maria Pia foi grande exemplo. Dom Luiz tem razão: a avó não deve ser esquecida.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique. Durante a primeira semana de viagem, procuraram um lugar ideal e, por aproximadamente mais duas semanas, limparam a área, desembalaram a cesta de alimentos e terminaram as arrumações. Só então descobriram que tinham esquecido o sal!
Após uma longa discussão, a tartaruguinha mais nova foi escolhida para voltar em casa e pegar o saleiro, pois era a mais rápida de todas. Ela lamentou, esperneou, mas aceitou ir com uma condição: que ninguém comesse nada até que ela retornasse. Todas concordaram.
Três semanas se passaram e a pequenina não voltava. Quatro... cinco... então, na sexta semana de sua ausência, a tartaruga mais velha não aguentou conter sua fome e começou a desembrulhar um sanduíche. Nesta hora, a tartaruguinha saiu de trás de uma árvore e gritou: ‘Viu! Eu sabia que vocês não iriam me esperar. Agora é que eu não vou mesmo buscar o sal!’.
Descontando os exageros, muitas coisas na vida acontecem mais ou menos da mesma forma: desperdiçamos o tempo esperando que as pessoas atendam as nossas expectativas; ficamos preocupados com o que os outros estão fazendo e deixamos de realizar coisas importantes; colocamos a culpa das nossas falhas nas costas de terceiros etc. Se cada um assumisse a responsabilidade dos atos e fizesse bem feito a sua parte, quase todos os problemas do mundo estariam resolvidos, concorda?
E se formos buscar a verdade, na maioria das experiências ruins que vivemos existe pelo menos uma mentira. Na própria história das tartarugas, a menor mentiu para as outras, dizendo que iria buscar o sal quando a intenção era ficar. Mas, e a mais velha, mentiu também? Não fica difícil censurá-la sem considerar um tempo justo de espera? Na verdade, a mentira pode deixar de ser mentira sob certos argumentos... ou acha que estou mentindo?
Bem, vamos a mais uma história:
Numa aldeia, vivia um velho muito pobre mas invejado até pelos reis, pois tinha um magnífico cavalo branco. Ofereciam quantias fabulosas pelo animal, mas o bom homem só dizia que ele não estava à venda. Certa manhã, o cavalo sumiu da cocheira e as pessoas diziam:
- Velho estúpido, sabíamos que um dia o animal seria roubado! Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!
Mas, serenamente, o velho respondia:
- Não exagerem! Simplesmente digam que o cavalo não está mais na cocheira. Este é o fato!
Quinze dias depois, o cavalo voltou. Ele tinha fugido para a floresta e, ao regressar, trouxe consigo uma dúzia de lindos cavalos selvagens. O povo então disse ao velho:
- Você estava certo. A fuga do animal não se tratava de uma desgraça; na verdade, provou ser uma bênção!
O velho explicou:
- Novamente vocês estão se adiantando. Apenas digam que o cavalo está de volta; se é uma bênção ou não, quem sabe?
E seu único filho começou a treinar os cavalos. Uma semana depois, o moço caiu de um deles e fraturou as pernas. Rapidamente as pessoas se reuniram e julgaram os fatos:
- Velho, foi uma desgraça a chegada dos animais. Seu filho trabalhador perdeu o uso das pernas e, agora, você está mais pobre que nunca.
- Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto! Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção! Um dia, isso nos será revelado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar e somente o filho do velho foi poupado, pois ainda estava se recuperando. A cidade inteira chorava, porque sabia que era uma luta perdida e a maior parte dos jovens jamais voltaria. Foram até o velho e disseram:
- Você acertou de novo. Aquela queda se transformou numa bênção! Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Os nossos se foram para sempre!
- Vocês continuam julgando? Digam que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e o meu não foi. Somente Deus sabe se isso é melhor para cada um deles.
Um dia, a guerra terminou. Quanto aos jovens da cidade que foram lutar... bem, esta história vai longe...
Concluindo o assunto, é importante ressaltar duas verdades:
Geralmente, ‘toda mentira corrompe o espírito do ser humano’ e ‘se espalha muito mais rapidamente do que qualquer boa notícia’. Sendo assim, não seria sensato vivermos somente com verdades? Saiba que isso é perfeitamente possível e nunca trará consequências ruins a ninguém – é uma questão de bons princípios morais e religiosos. Contudo, sempre haverá alguém defendendo a seguinte tese: ‘Uma mentirinha sem maldade de vez em quando, não é pecado!’
Eu não me arriscaria a afirmar isso e, como o velho da história, apenas diria que nunca sabemos quais os maus resultados de cada mentira até que outros fatos aconteçam. Às vezes, uma mentirinha de nada tende a justificar outra e desencadeiam-se grandes injustiças – como muitos já experimentaram.
Se Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, se Nossa Senhora foi escolhida para ser a Mãe de Deus pela pureza do coração, se o Papa não diz sequer uma pequena mentira, como justificar uma vida de mentiras? Para nos salvarmos, é melhor nos acostumarmos com as verdades e deixarmos as mentiras para as histórias de tartarugas, de velhos de aldeias etc.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.
Contava meu pai, com elevada graça, que tivemos antepassado, muito desenrascado, que sempre encontrava resposta pronta, na ponta da língua.
Era no início do século XX, quando haviam muitas sarrafuscas. Ao passar nas mediações da Serra do Pilar, em Gaia, deparou, atónito, pequeno agrupamento de soldados.
Receoso, avizinhou-se muito devagarinho…Quando se encontrava a escassa distância, surge-lhe roliço sargento, de farta bigodaça, sobrolhos eriçados, que se postou, de mãos nas ilhargas, à sua frente, interrogando-o asperamente:
- Quem é vossemecê?! - Vociferou.
- Quero ir para casa… – respondeu temeroso, crispando nervosamente a testa.
- Não pode circular! …
- Mas…meu sargento, preciso de ir para casa…Tenho mulher e filhos. Estou preocupadíssimo…
- Então vá! Mas antes, diga: Quem viva?!...
O homem ficou assarapantado. Que havia de dizer? …; desconhecia de que lado estava o militar…
Voltando-se para o sargento, disse-lhe todo empertigado:
- Viva o meu sargento! Viva eu, e mais quem o senhor quiser! …
De sorriso agarotado, nos lábios grossos, o militar, deixou-o passar, sacudindo vagarosamente e complacente, a cabeça, como quem queria dizer: Este sabe-a toda…
Essa historieta, verdadeira, fez-me lembrar a que conta Agostinho de Campos, na: “ Língua e Má Língua”:
Perguntaram a Teófilo Braga, durante a Grande Guerra, se era francófilo ou germanófilo.
O escritor, não queria revelar a sua simpatia, e respondeu deste jeito:
- Eu cá sou Teófilo….
Nos conturbados tempos que correm, também muitos perguntam: “ Quem viva!?”
Se dissermos viva a “Esquerda”, somos pascácios para os da “Direita “; se dermos vivas à “Direita”, somos retrógrados, e anátemas…
Neste tempo democrático, de amplas liberdades, melhor é dizermos como meu antepassado:
- Viva eu! Viva você! E mais quem você quiser! …
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL
Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.
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São tantas as datas festivas desse mês e uma das mais importantes é 28 de junho, o Dia da Renovação Espiritual, comemorado em nosso país há alguns anos, ganhando cada vez mais adeptos e um caráter ecumênico também maior. Já se disse que em tempos de fortes mudanças sociais e espirituais esta celebração se torna um princípio simbólico para inserirmos mais um hábito positivo em nosso cotidiano.
Foi criada para louvarmos a vida e agradecer a Deus pela nossa existência, trabalho e dedicação ao próximo. Seu principal objetivo é que todos, independentes de crença ou religião, se conectem com energias e conceitos positivos e edificantes para as suas almas. Incentiva-nos ainda ao culto de familiares e amigos, que estão sempre ao nosso lado dando força para seguirmos em frente, em nossa jornada terrena, nem sempre muito fácil.
Desperta para uma reflexão sobre o que é realmente importante: será que estamos usando nosso tempo da melhor maneira possível? Devemos lembrar que o apego exclusivo as coisas materiais é um sinal notório de inferioridade, porque quanto mais o homem se prende aos bens do mundo, menos compreende sua destinação. Esquecemo-nos muitas vezes de que deste mundo nada se leva, a não ser bons momentos com aqueles que nos rodeiam e os atos de carinho, amor, afeto e respeito praticados em nossa convivência. Não se pode ter guia mais seguro do que tomar como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo. Convida ainda a buscarmos uma renovação de nossa consciência, abrirmos nossas mentes e positivarmos nossos sentimentos.
Mais do que nunca precisamos entender que independentemente do que acreditamos e seguimos, somos todos iguais, compreendendo que o respeito e o amor são as bases para uma convivência social pacífica e ideal. Por outro lado, a vida é bem mais que “coisas”. Temos que tentar levá-la com espiritualidade relativa, para que os bens materiais não deixem de lado os preceitos e princípios reais. O famoso poeta português Fernando Pessoa, já dizia: “Sinto-me nascido a cada momento / para a eterna novidade do mundo”.
Precisamos entender que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio “eu”, pois a grandeza humana não consiste apenas em ter sabedoria e sim em sabermos usá-la. Ter fé em Deus e aceitar os percalços da vida tornam as dificuldades mais suportáveis. Ele nos concedeu a oportunidade de nos renovarmos todos os dias. Que tal começarmos imediatamente? Quem sabe assim não alcançaremos a verdadeira felicidade.
CELEBRAÇÃO DE SÃO JOÃO
Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de junho são chamadas de "Festas Joaninas", especialmente em homenagem a São João. Tanto que o nome joanina teve origem, segundo alguns historiadores, nos países europeus católicos no século IV. Quando chegou ao Brasil foi modificado para junina. Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos costumes dos povos indígenas e negros.
O mais tradicional destes festejos é o que se comemora quarta-feira, dia 24 e surgiu porque diziam que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam se visitar. Uma tarde, ela foi à casa da mãe de Jesus e aproveitou para contar-lhe que, dentro de algum tempo, iria nascer seu filho, que se chamaria João Batista. Nossa Senhora, então, perguntou-lhe: - Como poderei saber do nascimento do garoto? - Acenderei uma fogueira bem grande; assim você de longe poderá vê-la e saberá que Joãozinho nasceu. Mandarei, também, erguer um mastro, com uma boneca sobre ele. Santa Isabel cumpriu a promessa.
Um dia, Nossa Senhora viu, ao longe, uma fumacinha e depois umas chamas bem vermelhas. Dirigiu-se para a casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia vinte e quatro de junho. Começou, assim, a ser festejado São João com mastro, fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões (hoje proibidos), comidas especiais (típicas), danças, etc…
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
Os séculos IX a XI marcaram um período de grandes reformas na Igreja Católica. Os movimentos reformadores, brotados de modo mais ou menos espontâneo foram vários, surgidos em diferentes pontos da Europa. Surgiram ordens religiosas novas, houve mosteiros que procederam a reformas internas, com vistas ao afervoramento de seus membros e ao retorno à espiritualidade que havia presidido às respectivas fundações, houve santos que, com seu exemplo de vida e seus ensinamentos, ilustraram pontualmente esse período.
Entretanto, sem a menor dúvida, o que marcou a grande reforma da Igreja nesse período foi a renovação realizada a partir da Abadia de Cluny, na Borgonha, a qual foi crescendo de influência e chegou a reformar o próprio Papado - com a chamada Reforma Gregoriana, chefiada pelo São Gregório VII, antigo monge de Cluny, que foi Papa de 1073 até sua morte, em 1085.
Cluny nasceu como um simples mosteiro, mais um entre as muitas centenas com que então contava a Cristandade. Foi instituído no ano de 910 por Guilherme I, o Piedoso, duque da Aquitânia. Seu objetivo inicial era bem modesto: pretendia ter apenas 12 monges, em memória dos 12 Apóstolos de Jesus Cristo. Mas logo cresceu e se expandiu de modo surpreendente.
O que tornou Cluny um fato único na História da Igreja e da Europa é que, ao longo de 200 anos foi governado ininterruptamente por abades santos, que com admirável persistência e com notável compreensão da dimensão política de sua profissão religiosa, sem deixarem de serem religiosos e sem se envolverem com interesses políticos escusos, souberam influenciar a fundo a sociedade temporal de seu tempo. Os grandes abades de Cluny eram provenientes da alta nobreza, na qual também eram recrutados na sua maioria os membros da ordem.
Em torno dos grandes abades de Cluny - Beato Vernon (período de 909 a 927), Santo Odon (de 927 a 942), São Maiolo (de 948 a 994), Santo Odilon (de 994 a 1049), Santo Hugo (de 1049 a 1109) e Pedro, o Venerável (de 1122 a1156) - não apenas se reformou a Ordem Beneditina na Europa inteira (a rede cluniacense chegou a coligar mais de 2000 mosteiros, todos sujeitos ao abade de Cluny), mas foi influenciada fortemente a sociedade temporal (e essa influência se deveu, em considerável medida, aos laços de parentesco entre poderosos senhores temporais e monges destacados da rede cluniacense) num sentido de suavização dos costumes, procurando moderar os rudes hábitos de guerra, submetendo os contendores a uma lei moral e desenvolvendo, assim, a noção de guerra justa; e, por fim, essa reforma foi conquistando posições cada vez mais sólidas em Roma, chegando à eleição de vários Papas de origem monástica, dos quais, sem dúvida, o mais influente e famoso foi São Gregório VII (o monge Hildebrando), que emprestou seu nome à grande reforma da Corte pontifícia e do próprio Papado.
Encontram-se traços da ação concertada dos abades de Cluny em toda a Europa, em todas as áreas. Eles foram grandes incentivadores da reconquista ibérica, estiveram ligados à fundação da monarquia portuguesa. O Conde D. Henrique de Borgonha, pai de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, era sobrinho de Santo Hugo. Um grande historiador português da primeira metade do século XX, João Ameal, intitulou um dos capítulos iniciais de sua História de Portugal das origens até 1940 (Porto: Livraria Tavares Martins, 1949) como “À sombra de Cluny”. Os cluniacenses estiveram por trás da consolidação do feudalismo, da instituição da cavalaria, do ciclo das canções de gesta e tiveram, também, influência artística, teológica e educacional. Durante cerca de dois séculos mantiveram-se no mesmo nível elevado de espiritualidade e dedicação até que, já no século XII, entraram num período de decadência, em parte desviados de sua missão pelos imensos bens que a Ordem havia conseguido acumular.
Foram, então, combatidos, de modo respeitoso, mas peremptório, por São Bernardo de Claraval, fundador da Ordem Cisterciense, com a qual pretendia restaurar, na sua pureza primitiva, o espírito de São Bento que os cluniacenses, depois de séculos de fidelidade, estavam esquecendo.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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