PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sexta-feira, 31 de Julho de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - 04 de agosto. DIA DO PADRE NO BRASIL

AVISO

 

 

 

 

Agosto, é o mês de férias, em Portugal. E seguindo o costume, não se publica, o: “luso-brasileiro”.

Pelo facto de leitores, devido à pandemia, não se ausentarem da residência, será.excepcionalmente, publicado, mas, certamente, não em todas as semanas.

O “luso-brasileiro”, apareceu em 2007, integrado no grupo de blogues do jornal “SOL”, com o titulo de :”PAZ”.

Singela homenagem, a Mário Pinho (meu avô) editor do semanário: “A PAZ”.Periódico do inicio do século XX, defensor de: “ Deus, Pátria e Família “

Em 2009, passou a ser publicado no : “SAPO.pt”, alterando o nome, para: “luso-brasileiro” ou “luso-brasileiro; “PAZ”.

A alteração de titulo, deve-se   ao facto de passar a incluir textos de iminentes e reconhecidos intelectuais brasileiros ,e, mormente, à grande difusão, na Grande São Paulo.

A expansão, no Brasil, deve-se, em parte, a leitores e alguns colaboradores, que difundem crónicas, do “luso-brasileiro”, nas redes sociais, tornando-o, ainda mais conhecido, nos meios intelectuais e religiosos.

A todos, o nosso muito obrigado.

 

 

 

 

***

 

 

04 de agosto. DIA DO PADRE NO BRASIL

 

 

 

 

 

 

 

 

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      O Dia do Padre é celebrado de maneira oficial no Brasil no dia 4 de agosto, pois é nessa data que ocorre a festa de São João Maria Vianney, que é celebrada desde 1929, ano em que o Papa Pio XI o declarou como o padroeiro dos padres e de toda e qualquer pessoa que dedica a sua vida a servir aos mandamentos de Deus. 

           Ele é visto há muitos e muitos séculos como um representante de Deus na Terra. Cabe a ele, entre outras atribuições, a celebração de eventos como missas e batizados. Para muitos que creem na Igreja Católica Apostólica Romana, a sua figura e se equivale e se assemelha muito a de um pai, que inclusive é traduzido como “padre” em diversos idiomas. É aquele que é capaz de interceder com sua autoridade por seus filhos, ou melhor, fiéis, para que Deus esteja com eles. 

            Pode se dizer que a vida de um sacerdote é um verdadeiro exercício de amor, uma constante doação silenciosa e suas ações devem ser um constante exemplo e testemunho de como devemos nos portar diante da nossa vida terrena. Além de suas atividades eclesiais, ele dá o apoio e o suporte necessários para que os fiéis tentem seguir em frente e mantenham uma luz sempre brilhante para que eles saibam por que caminhos andar e por onde devem evitar passar. 

            Tanto que todos nós temos sempre uma boa lembrança de um padre, quer pelas cerimonias que presidiu, quer por palavras de carinho e conforto. Quando minha filha foi acometida por uma grave doença, tivemos o apoio permanente de Dom Hildebrando, na época responsável pelo Mosteiro São Bento de Jundiaí e até hoje grande amigo da família.

          Por isso, o Dia do Padre é um momento de agradecimentos e de contemplação à uma pessoa que é tão humana quanto qualquer um de nós, mas que escolhe o tempo todo fazer a diferença, pregando a palavra de Deus, já que aceitou o seu chamado! E vale ressaltar: é muito bom encontrarmos pessoas, independentemente de crença e raça, que respeitam reciprocamente as seitas de cada cidadão, sem quaisquer preconceitos ou discriminações.

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaiense de Letras e Jundiaiense de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 13:58
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - FOLHETINS... JÁ OUVIU FALAR DELES ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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As gerações mais novas não fazem a menor ideia do papel que representaram os folhetins no passado! Creio que muitos nem sequer ouviram falar deles!  Os folhetins constituíram um gênero literário/jornalístico que esteve muito em voga desde a metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX. Eram romances seriados, publicados em capítulos por jornais e revistas, que os leitores acompanhavam avidamente e comentavam com paixão. Pode-se dizer que eram o antecedente das modernas telenovelas e dos ainda mais modernos seriados cinematográficos. As novelas atuais, quando conseguem um altíssimo índice de assistência, dão uma pálida ideia do que eram os folhetins do tempo de nossos bisavós.

Os folhetins atraíam a atenção extraordinariamente. Fascinavam. Hipnotizavam o público. Sempre acabavam com suspense, para o leitor, no dia seguinte, continuar a leitura - método estritamente adotado ainda hoje pelas novelas e pelos seriados. Conta-se que, no século XIX, havia pessoas que se amontoavam nos portos e nas agências de correio, esperando avidamente a chegada de mais um capítulo de um livro de Charles Dickens. Alexandre Dumas, na França, também foi grande autor de folhetins com romances inspirado em ambientes históricos medievais ou renascentistas.

Ainda conheci pessoas antigas que usavam a expressão "parece folhetim" para se referir a um texto bem escrito, que atraía e prendia a atenção do leitor, mesmo que nada tivesse de ficcional ou literário.

Às vezes, os folhetins eram escritos em capítulos à medida que iam sendo publicados. O autor iniciava a redação da obra sem saber bem aonde ela iria parar. Dependeria da reação do público, das repercussões de leitores que chegavam ao conhecimento do autor, da simpatia ou da rejeição do público por determinados personagens. Exatamente como nas modernas telenovelas. O autor procurava, sempre, “espichar” ao máximo a história, porque sua remuneração dependia disso. E os donos de jornal pagavam bem aos bons autores de folhetins, porque a venda dos jornais também dependia, em boa medida, ao público leitor de folhetins.

Havia casos de folhetins escritos a quatro mãos, por dois autores. Eram raros, mas ocorriam, e isso dava uma nota a mais de originalidade à obra. Um folhetim com dupla autoria extemporâneo, mas que registro como recordação de um grande amigo que já nos deixou, foi produzido a quatro mãos pelo meu saudoso amigo Hernâni Donato e por seu coleguinha Francisco Marins... quando ambos tinham apenas 11 anos de idade! Estudavam juntos na mesma escola de Botucatu, quando se puseram a escrever um romance seriado, sobre piratas e caça a tesouros. Era coisa infantil, mas redigida com grande talento pelos dois autores. Cada um deles escrevia um capítulo e passava ao outro, que por sua vez escrevia o seu e devolvia ao primeiro, e assim por diante. A obra dos dois meninos-prodígio (ambos futuros acadêmicos ilustres!) ficou tão boa que alguém teve a ideia de mandá-la a Assis Chateaubriand, então todo-poderoso senhor da imensa rede de jornais que cobria todo o território nacional, os Diários Associados. E o “cangaceiro da letras”, entusiasmado pelo brilhantismo daqueles dois talentos precocíssimos, publicou em folhetim todo o livro dos dois meninos! O Brasil inteiro acompanhou as aventuras juvenis dos dois.

Como curiosidade, a respeito, transcrevo um trecho do acadêmico Josué Montello, intitulado "Eduardo Prado e o desfecho do folhetim”:

“Arlindo Leal, redator do Comércio de São Paulo, de que Eduardo Prado era diretor, tinha sob seus cuidados o folhetim do jornal. Espírito imaginoso, sabia ele urdir a página de sensação à Ponson du Terrail ou Eugène Sue, mantendo em suspenso a curiosidade dos leitores, com o mundo de complicadas aventuras que tirava da pena.
No final do século XIX, ocorreu na capital paulista um crime que se notabilizou por sua crueldade e por seu mistério. Logo Arlindo Leal se apoderou do tema e começou a escrever sucessivos folhetins em forma de romance, com o título de O Crime da Alameda Glete.
A narrativa, longe de aclarar-se à medida que ia sendo publicada, tornava-se mais misteriosa. E ainda por cima, parecia não ter fim. Uma noite, de volta do teatro, Eduardo Prado entrou nas oficinas do jornal e pediu para ler as provas do folhetim do dia seguinte. Atendido, correu o olhar pelas tiras de papel, detendo-se no trecho em que uma personagem desconhecida olhava os quadros de uma parede, ponto de partida para o prosseguimento da ação em outro folhetim. Eduardo Prado, sentando-se à mesa, levou a pena ao tinteiro, numa repentina decisão. Em seguida, riscou as linhas finais que preparavam a nova cena, num traço rápido, incisivo, de sumária eliminação. E em seu lugar, escreveu: "De súbito o misterioso personagem, arrancando um revólver do bolso, estourou os miolos, caindo de bruços sobre o tapete. Estava morto". Depois, num - uff - de alívio, passou um traço enérgico na palavra "Continua", da derradeira linha da composição, e escreveu em caixa alta: FIM". (Josué Montello, Anedotário Geral da Academia Brasileira, 3ª ed., Rio de Janeiro, 1980, pp. 117-118).

 

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 

 

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:48
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - O VASO QUEBRADO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A colocação sobre o vaso quebrado, no dia 22 de julho, em que a Igreja Católica Apostólica Romana celebra a festa de Santa Maria Madalena chamou-me a atenção. A reflexão é do professor e escritor irlandês Clive Staples Lewis (1898-1963), no livro "O assunto do Céu":  "É bom estar ainda sob os cuidados de Maria Madalena. (...) Ocorreu-me, outro dia, o sentido alegórico de sua atitude grandiosa. O precioso vaso de alabastro, que se deve quebrar sobre os pés sagrados, representa o coração. É mais fácil falar do que fazer. E o conteúdo só se transforma em perfume quando é quebrado. Enquanto está seguro do lado de dentro, mais se assemelha a esgoto”.

Dos livros sobre ela, aquele de que mais gostei foi “Maria Madalena – De personagem do Evangelho a mito de pecadora redimida” da teóloga italiana Lilia Sebastiani, Editora Vozes, presente do inesquecível Dom Roberto Pinarello de Almeida em 1995.

Para Sebastiani, Maria Madalena, é uma figura emblemática e existem várias lendas madalenianas, não sendo a prostituta arrependida, como muitos consideram. De acordo com os dados evangélicos, é citada como aquela de quem Jesus expulsara sete demônios –segundo São Gregório - o número sete representa  a totalidade, seria repleta de todos os pecados - e que acompanhava os Doze (Lc 8,1-3);  estava aos pés da Cruz com Maria mãe de Jesus e Maria de Cléofas ( Jo  19, 25); foi ao sepulcro de madrugada (Mateus 28, 1) viu o Senhor ressuscitado e foi anunciar aos discípulos que O viu e o que Ele lhe dissera (Jo 20, 18).

A mulher que unge os pés de Jesus com perfume, após tê-lo banhado com suas lágrimas e enxugado com seus cabelos, de acordo com o estudo, não é Maria Madalena. As três mulheres que se encontram aos pés de Jesus, em momentos diferentes, contudo evocam humildade profunda e adoração. A comunhão com Jesus, para elas, é uma experiência de integralidade. Amam muito Jesus, com quem se encontraram e descobriram o sentido profundo do ser. Quebraram o seu coração, saíram de si mesmas para segui-Lo.

Destemida, nada afastou Maria de Magdala do caminho empreendido, nem o tamanho da pedra, nem o medo dos guardas, até chegar intrépida ao sepulcro do Senhor.

Para o teólogo Ernest Joseph Renan (1823-1892) em seu livro “Os Apóstolos”: Madalena soube, melhor do que qualquer outro, afirmar o seu sonho, impor a todos a santa visão de sua alma apaixonada com a sua grande afirmação: ‘Ele ressuscitou!’

O anúncio de Maria de Magdala, como escreveu Lilia, ainda está vivo, até o fim dos tempos ou até que haja mais portas fechadas por medo. Ela anuncia que o Senhor está vivo e nos convida a vivermos como ressuscitados.

 

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



publicado por Luso-brasileiro às 11:42
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CINTHYA NUNES - A REINVENÇÃO DO MUNDO

 

 

 

 

 

 

 

 

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            Aqui na cidade de São Paulo, onde moro e de onde escrevo meus textos, aos poucos várias coisas vão se “normalizando”, se é que a palavra normal ainda faz algum sentido nesses dias. Ao contrário de muitas outras cidades do interior do Estado, por exemplo, o comércio por aqui, em grande parte, já está aberto.

            Shopping Centers, Academias, bares e restaurantes já começam abrir com ocupação limitada e com horário reduzido. Não há mais espaço para aglomerações, filas e confraternizações públicas. Ao menos até que se tenha uma vacina devidamente testada, segura e disponível gratuitamente, viveremos um arremedo da vida que desfrutávamos.

            Sinto falta de como a vida era, de poder visitar e de receber amigos e familiares em casa, de respirar sem máscara ao ar livre e de mais um monte de outras coisas. Contudo, meu lamento em nada será capaz de mudar a realidade dos dias presentes. Antes pudesse, sobretudo para trazer de volta tantas vidas perdidas. Infelizmente, só há uma direção a seguir, aliada ao desejo de que a vacina possa vir e nos permitir uma nova chance.

            Restrita basicamente a minha casa, pouco dela saindo, exceto para comprar o necessário e atender algum cliente quando isso se faz imprescindível, tenho mais condições de observar as coisas ao meu redor. Tenho a sensação de que, querendo ou não, tristes ou não, as pessoas terão que se adaptar às condições disponíveis. Em parte, inclusive, muitos já o tem feito, principalmente quanto aos negócios.

            Todos os dias, quase pontualmente às 8h30 e às 16h30, escuto o som de uma buzina seguido da frase: Olhaaaa o padeirooo chegaandoo! Trata-se de um motoqueiro que traz consigo um cesto de pães artesanais, fazendo entregas e vendendo a quem interessar possa. Nunca comprei, mas aqui mesmo na minha rua ele tem fregueses cativos. Não consigo traduzir em palavras, mas todas as vezes nas quais o escuto passando por aqui é como se eu viajasse no tempo, rumo a um passado que sequer conheci.

            Até o cinema, arte que evoluía com as projeções em 4D, com experiências sensoriais inovadoras, agora se vê de volta aos tempos dos drive-in. De dentro dos seus carros, as pessoas assistem, em super telas, aos sucessos, novos e velhos, da sétima arte. A cena em si já remonta ao século passado, na década de 30, quando, nos Estados Unidos, surgiram os primeiros cinemas a céu aberto. Até acredito que um dia os nossos cinemas modernos voltem a funcionar, mas acredito que terão que conviver com sua versão retrô.

            Em outros aspectos, tenho visto muitas pessoas criando pequenas hortas em suas residências, mesmo quando não possuem espaço para tanto. E não se trata unicamente de um hobby ou capricho, mas de uma providência para dias futuros. Do mesmo modo o fato das pessoas se redescobrirem na cozinha, fazendo seus próprios pães, recuperando receitas de família. Tudo isso é um processo de adaptação, necessário até para atender às regras de isolamento.

            No início da pandemia eu imaginei que as pessoas sairiam melhoradas disso tudo. Já não creio nisso de forma generalizada, porque se a estupidez tem uma virtude, é a de ser persistente. Mas tenho certeza de que o mundo não será o mesmo lugar de antes. Estamos nos reinventando, cada qual do jeito que consegue. Algumas coisas voltam às origens, em uma espécie de resgate, enquanto outras miram as novas tecnologias. O mundo está reescrevendo sua história e nós, peões, tentamos sobreviver às jogadas em meio a esse louco e imprevisível tabuleiro.

            Nunca, ao menos para mim, o ditado “O futuro a Deus pertence” fez tanto sentido. A nós, humanos, em verdade, fica claro agora, nunca pertenceu.

 

 

 

CINTHYA NUNES  é jornalista, advogada e pensa em comprar um pão do rapaz da motocicleta cinthyanvs@gmail.com



publicado por Luso-brasileiro às 11:40
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ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - 7 -AS DOZE VIRTUDES CAPITAIS DO SÉCULO XXI - 1ª 8ª – A LEALDADE (A)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Lealdade  é um substantivo  feminino que significa a  qualidade de alguém que é leal. Também é  sinónimo  de fidelidade, dedicação e sinceridade. Esta palavra tem origem  no termo “legalis”, que em latim remete para o conceito de lei. Inicialmente esta palavra designava alguém em quem era possível confiar e que cumpria as suas obrigações legais, ou seja, alguém que não falha com os seus compromissos, demonstrando responsabilidade, rectidão, honra e decência.

Uma pessoa leal é alguém que é fiel e dedicado, e sempre cumpre as suas promessas.

Podemos dizer que lealdade é o atributo que designa alguém que é digno de confiança, que cumpre as obrigações e não falha com os seus compromissos, demonstrando responsabilidade, honestidade, rectidão, honra, decência e ética. Pessoas leais são pessoas de carácter.

 

Origem e evolução da palavra “Lealdade”. Pela sua própria natureza, a lealdade terá  acompanhado a hominização. Desde os primórdios. Os “homines  sapientes” terão sabido, para sua sobrevivência, distinguir entre elementos leais e desleais. Apenas os primeiros eram fiáveis : apenas  neles se poderia confiar. Sem lealdade não há  acordos possíveis, sem estes não há mercado. A capacidade, exibida pelo ser humano, de se comprometer e de se conservar fiel ao compromisso está na base de qualquer organização social.

 

Na Roma antiga, a lealdade foi objectivada na deusa “Fides”, centrando-se na mão direita,o instrumento do aparato ritual que  exprimia o compromisso mútuo. A fides traduzia a necessidade ético - jurídica de respeitar  a palavra dada.

A carga significativa subjacente à fides permitiu ao pretor, o  seu aproveitamento vocabular, fazendo-a  acompanhar do adjectivo “bona” (boa). Conseguiu, assim, compor novas fórmulas destinadas a legitimar os “ bonae  fidei iudicia”, base de todos os contratos modernos. Embora se trate de uma criação técnico jurídica, é seguro que , subjacente aos novos contratos, esteve sempre a ideia de lealdade ao compromisso.

 

A noção da lealdade, ligada à confiança, foi acolhida no antigo Direito Alemão. Recebeu aí um contributo objectivista importante. A lealdade era retirada do ritual  solene e da a aparência dele resultante. Além disso, impôs-se uma funcionalização do conceito: a lealdade é devida à chefia por via desta.

 

O racionalismo adoptou a lealdade, ligada à confiança, dando-lhe uma cobertura sistemática,  a inferir da própria natureza humana. O desenvolvimento conferido, por Grotius  à lealdade, na  recentemente redescoberta obra Parallenon, exprime a sua  recepção na fase histórica seguinte.

 

Posteriormente, o liberalismo e as condições dele  tributárias foram pouco sensíveis, no início, à ideia de lealdade. Aos cidadãos eram reconhecidos direitos que eles  exerceriam, como bem lhes parecesse. Apenas era devida obediência aos contratos livremente celebrados e, naturalmente, à lei. Para além disso , não haveria  mais “lealdades” exigíveis.   

 

 

(continua no próximo número)        

 

      

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES   -   Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira.  -    Email   goncalves.simoes@sapo.pt



publicado por Luso-brasileiro às 11:29
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JOSÈ RENATO NALINI - ESPERAMOS O QUE?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O Brasil precisa de urgente investimento estrangeiro para recuperar o ritmo de desenvolvimento de que o povo está a necessitar. Uma das fórmulas é incrementar o crédito, mediante ampliação de institutos exitosos, dos quais o mais eloquente exemplo é a alienação fiduciária em garantia.

A Lei 9.514, de 20.11.1997 instituiu esse valioso instrumento que veio a merecer extensão, exatamente em virtude da facilidade com que é operacionalizado. Inicialmente destinado a financiar bens móveis, notadamente o veículo automotor, aos poucos veio a servir para garantia fiduciária de imóveis. A partir de 2002, as instituições financeiras adotaram a alienação fiduciária como a principal fórmula asseguradora dos financiamentos imobiliários. Com o advento da Lei 10.931, de 02.08.2004, os mercados financeiro e de capitais se serviram dela para empréstimos, financiamentos e negócios comerciais em geral.

A Lei 13.465/2017 continuou na tentativa de tornar cada vez mais simples a utilização do instituto, contribuindo para consolidar sua vocação de “criar as condições necessárias para revitalização e expansão do crédito imobiliário, partindo do pressuposto de que o bom funcionamento do mercado, com permanente oferta de crédito, depende de mecanismos capazes de imprimir eficácia e rapidez nos processos de recomposição das situações de mora”.

O que tornou mais atraente o uso da alienação para as operações imobiliárias foi a facilidade de consolidação da propriedade fiduciária junto à delegação extrajudicial do registro de imóveis. Isso não é pouco num País inebriado pela judicialização que não é inteiramente previsível, nem trabalha com o tempo exigido pelo mercado.

Só que é mais do que urgente ir além. O advento da alienação fiduciária em garantia tornou a hipoteca um objeto de arqueologia. O mercado não se compadece com formalismos, procedimentalismos e ritualismos ultrapassados. Precisa de agilidade. E a alternativa para injetar-lhe ânimo novo e intensidade reforçada é viabilizar a possibilidade de  garantias simultâneas, tendo por garante o mesmo imóvel, desde que este seja patrimonialmente suficiente a responder pelos vários créditos.

O modelo já estava na hipoteca, suscetível de sucessividade. Mas se vier também para a alienação fiduciária em garantia de imóvel, o resultado será uma robusta injeção de entusiasmo no mercado, com evidente retomada de um desejável incremento.

Há um tesouro inexplorado na propriedade imóvel brasileira. Percentual considerável dela é regular e propiciaria saudável utilização por parte de seu titular dominial. Há uma riqueza creditícia desperdiçada, enquanto o Brasil não encontra saída fácil para a sua interminável policrise.

A equipe econômica do governo já anunciou ser essa a sua intenção. Mas acena com a criação de uma estrutura responsável por aferir o valor do imóvel-garante e de controlar o seu comprometimento, já que várias serão as operações admitidas ao mesmo tempo sobre um único imóvel.

A perspectiva de um projeto de lei submetido ao Parlamento em ano eleitoral, não é das mais promissoras. Enquanto isso, uma hermenêutica inteligente e sensata, viabiliza a adoção da estratégia sem a necessidade de processo legislativo.

Basta uma leitura atenta do teor da legislação vigente e a conclusão será a de desnecessidade de propositura de projeto de lei.

Se o Poder Judiciário adotar essa via, estará a contribuir para a retomada de fôlego que a economia pátria aspira com urgência, o que se torna ainda mais oportuna e sensível, no momento em que não são apenas as bolsas mundiais a refletirem o pânico gerado pelo coronavírus.

A gravidade da situação planetária impõe adoção de alternativas audaciosas e criativas. Ao sistema Justiça também foi confiado o comando constitucional de edificar uma nação em que a miséria seja eliminada, reduzidas as desigualdades e promovidas as condições para propiciar que as pessoas atinjam suas aspirações.

Aparentemente, a República está aturdida. Ideologizada, polarizada, mas perplexa ante a falta de ação concreta. Já passou da hora do Judiciário atuar, por um órgão que tem condições de modificar o quadro atual: o Conselho Nacional de Justiça. Basta que ele tenha coragem e vontade política de permitir que as delegações extrajudiciais aceitem alienações fiduciárias sucessivas, até o limite do valor imobiliário garantidor.

Não seria a primeira vez que o Judiciário contribuiria para resolver questões insolúveis. Isso já aconteceu com a tutela jurisprudencial da companheira, tão menosprezada pelo sistema. Um ato normativo será suficiente para afastar do instituto da alienação fiduciária em garantia de imóveis, um dos entraves que inibem a produção dos benéficos efeitos de que potencialmente já é provida.

Despicienda a criação de qualquer outra nova estrutura, pois a inteligente delegação de atividades estatais para desempenho em caráter privado por titulares concursados e sob o permanente jugo fiscalizatório e correcional do Poder Judiciário, já dispõe de condições para efetivo controle das operações derivadas da nova ordem.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI  é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.

 

 

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publicado por Luso-brasileiro às 11:18
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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - PUDERA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Pudera

a ninguém pertencer

nada

tempo algum

nenhum lugar

desvanecer

pó de estrada

ou de urucum

 

andar somente

correr

feito rio

fio a desfiar

à frente

nunca encher

do vazio

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 11:11
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FELIPE AQUINO - VÓS OS CONHECEREIS PELOS SEUS FRUTOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma bela meditação do século VIII sobre os avós de Jesus

Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl 1,17).

Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador.

 

 

 

 

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Leia também: A importância dos avós na educação dos filhos

 

 

Alegra-te, Ana estéril, que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz (Is 54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho, salvação do mundo inteiro, Deus forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.

Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt 7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.

 

 

Assista também: Mensagem Especial aos avós

A importância dos avós na criação dos netos

Quem foram os avós de Jesus?

 

 

Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é rainha dos anjos.

Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos, exultai e cantai salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo.

 

 

Dos Sermões de São João Damasceno, bispo (Séc.VIII)

 

 

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -      é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino



publicado por Luso-brasileiro às 11:01
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PÉRCLES CAPANEMA - DE NOVO A OPÇÃO PELA EXCLUSÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A jornalista Mônica Bergamo divulgou na “Folha de São Paulo”, 26 de julho, “carta ao povo de Deus”, manifesto assinado por 152 bispos (boa parte, resignatários), que deveria ser dado à publicidade um pouco antes, 22 de julho.  Signatários dela, pelo que afirma a colunista, queriam, antes de propagá-la, esperar a opinião da Comissão Permanente da CNBB, cuja reunião para análise do texto e sua oportunidade está marcada para 5 de agosto próximo. E temiam que a chamada ala conservadora da CNBB impedisse sua divulgação. Tem sólidos fundamentos o temor do choque em setores conservadores. E não só da CNBB, em qualquer lugar, pois é traumático o conteúdo; trata-se de lídimo libelo petista, poderia ser assumido pela Comissão Executiva Nacional do PT. De fato, na 2ª feira, 27 de julho, em nota a CNBB se distanciou (pelo menos, por enquanto) da mencionada tomada de posição, “nada tem a ver”, é “responsabilidade dos signatários”. Teria então havido um vazamento para impedir o engavetamento do texto. Aqui não se trata de apoio ao governo Bolsonaro. É normal a oposição, cumpre papel necessário, terá justificativas que devem ser ponderadas. O chocante no caso é a assunção da linguagem e das bandeiras da esquerda, mesmo a mais extremada, o apelo a um trabalho coordenado, cujo êxito colocará o Brasil em situação próxima à da Venezuela ou Cuba, retrocesso cruel para todos, em especial para os pobres.

 

Desde décadas, tem sido excluída a maioria silenciosa dos católicos. Existem cerca de 500 bispos atuando no Brasil, pouco mais de 300 efetivos, pouco menos de 200 resignatários. Dos 152 subscritores, repito, parte importante é resignatária. O fato tem sua importância. Convém recordar, o bispo emérito não tem obrigações de pastorear diocese, está mais distante dos fiéis e do Clero, sente-se assim mais livre para agir segundo suas preferências ronceiras; no caso, a militância esquerdista, que por razões prudenciais preferiria esconder quando à frente de dioceses. Ali, precisariam pelo menos fingir levar em conta o clamor da maioria silenciosa e silenciada do povo; recordando linguagem bíblica, não poderiam atirar uma pedra para filhos pedindo pão, nem poderiam arrojar uma serpente ao escutá-los pedindo peixe. Com efeito, observando a orfandade em que se encontra desde décadas a imensa maioria do laicato católico, excluída de forma intolerante pela opção preferencial pela esquerda levada a cabo por parte dos pastores, é normal se lembrar de passagens bíblicas atinentes. “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor” (Ex 3, 7). “E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?” (Lc 11, 11). Para os aflitos, a política habitual tem sido pedras e serpentes. O manifesto em análise constitui, dói dizê-lo, mais um dos episódios lacerantes do misterioso processo de autodemolição da Igreja, em que tantas vezes o pastor espanca a ovelha indefesa, abre as portas do redil e saúda alegremente o lobo que avança.

 

Radicalização da exclusão. Mais um ponto a ter em vista. Os 152 signatários podem estar redondamente iludidos a respeito da real influência que seu demolidor libelo terá na opinião nacional, em especial na católica. Na prática, vai demolir pouca coisa, se tanto. O brasileiro é pacato, abomina agitações e dilacerações. E o intolerante texto as instiga. Imaginarão que sua condição de bispos da Igreja Católica dá à sua voz eco que no caso não existe? Na prática, incomodado com a ácida linguagem revolucionária, o laicato majoritariamente fechará os ouvidos à mensagem. Outro aspecto importante. Nosso Senhor no Evangelho ensinou: “As minhas ovelhas conhecem a minha voz” (Jo, 10, 27). O sensus fidei faz com que o católico conheça o timbre da voz do bom pastor. Quando é estranho o timbre, dele se afasta. Em resumo, o palavrório amazônico terá repercussão escassa. Os católicos, em geral desgostosos com o disparatado do texto, sentir-se-ão ainda mais excluídos.

 

Outra maioria silenciosa. Certamente bem mais que 152 bispos foram sondados para dar seu apoio ao texto intoxicado por um esquerdismo primário e descabelado. Recusaram. Temos aqui uma maioria silenciosa, um pouco menos de 350 ▬ destes, quantos foram sondados, não tenho como saber ▬, que por razões as mais várias, inclusive desconhecimento, imagino, abstiveram-se. Preferiram guardar distância do texto revolucionário. Isolaram-se assim dos 152 signatários, tangidos pelo vezo incoercível de se juntar às reinvindicações da esquerda, mesmo as mais radicalizadas.

 

Em 1976, o professor Plinio Corrêa de Oliveira publicou livro de grande repercussão “A Igreja ante a escalada da ameaça comunista ▬ Apelo aos bispos silenciosos”. O trabalho continha o pedido para que os então bispos silenciosos, maioria clara, tomassem a frente do palco, tirando o protagonismo quase monopolístico dos bispos de esquerda. Agora, também, a maioria está silenciosa. Dizia ele na ocasião: “Importa, com efeito, não ver em tal silêncio apenas a posição cômoda de quem está longe da luta. Mas também o desapego e a retidão que evitam obstinadamente a complacência ativa com o mal. [...] Nas mãos dos silenciosos, pôs Deus todos os meios que ainda podem remediar a situação: são eles numerosos, dispõem de posições, de prestígio e de cargos. Atuem. Nós lhos imploramos. Falem, ensinem, lutem”. Estamos hoje em situação parecida. Os excluídos na Igreja, ansiando por inclusão e compreensão, hoje não pedem outra coisa a seus pastores. Não aprofundem ainda mais as valas da exclusão.

 

Apelo à união da esquerda em torno de programa demolidor. O libelo dos 152 está na rede e na imprensa escrita. Dele extraio trechos de maior significado. Ponto central, recusa qualquer complacência com o governo: “É dever [...] posicionar-se claramente. [...] A narrativa que propõe a complacência frente aos desmandos do Governo Federal, não justifica a inércia e a omissão”. Aos que não têm nenhuma complacência (os sem complacência) com o governo, a proposta: “O momento é de unidade. [...] Por isso, propomos um amplo diálogo nacional”.  A finalidade de tal frente popular salta do texto apaixonado: “As reformas trabalhista e previdenciária mostraram-se como armadilhas. [...] É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo. [...] uma ‘economia que mata’. [...] O desprezo pela educação, cultura, saúde e diplomacia também nos estarrece. [...] Demonstrações de raiva pela educação pública. [...] escolha da educação como inimiga. [...] No plano econômico, o ministro da economia [...] privilegiando apenas grandes grupos [...] grupos financeiros que nada produzem. [...] O governo federal demonstra rechaço pelos mais pobres e vulneráveis” [...] Este tempo não é para divisões”.

 

Esperemos que a CNBB recuse seu apoio a um texto favorecedor de retrocessos e exclusões. E que, enfim, para o bem do Brasil, falem os silenciosos do Episcopado.

 

 

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"

 



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PAULO R. LABEGALINI - APOSTAS E CONSELHOS

 

 

 

 

 

 

 

 

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Numa roda de amigos durante um leilão de cavalos, muitos concordavam que era difícil fazer uma oração bem feita, sem nenhuma distração. A maioria dizia que, de fato, ninguém consegue rezar um ‘Pai-nosso’ sem distrair-se ao menos um instante, mas, no meio da discussão, apareceu um homem que afirmou ser capaz de rezar sem desconcentrar-se. Foi então apostado um valioso prêmio: ele ganharia se chegasse ao fim da oração sem se atrapalhar e sem dar a impressão que desviou o pensamento.

O pessoal fez silêncio na sala, pensando a mesma coisa: ‘Duvido que ele seja capaz’. Enquanto isso, um cavalo estava sendo leiloado aos gritos lá fora – um belo animal. O homem, então, após o sinal da cruz, começou a rezar: ‘Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino... será que esse preço é com arreio também?’.

Coitado! Perdeu o prêmio e as bênçãos da oração; mas, o que fez o pobre homem distrair-se e cair em tentação? Você apostaria no orgulho? Apostaria tudo, talvez, na ambição? Eu apenas lhe daria este conselho: ‘Para fugir do pecado, seja humilde de coração e desapegado dos bens deste mundo’. O próprio Jesus, um dia, foi tentado pelo demônio (Mc 1, 12-15) e resistiu, porque sabia que não podia se desviar do caminho santo.

E Ele permitiu que o demônio o tentasse para nos mostrar que ninguém passará por este mundo sem ser provado; porém, o pior de tudo é sabermos que a tentação sempre tem aparência de coisa boa: a Cristo, o diabo prometeu fazê-lo dono do mundo; a nós, promete o inferno!

Você, agora, poderia estar questionando: ‘O inferno é coisa boa?’. Bem, eu apostaria que muita gente pensa que é, sim, pois continuam pecando mesmo sabendo o destino que os espera! Na verdade, procuram não pensar no inferno e preferem ‘se deliciar com os pecados do dia-a-dia’: não amando a Deus e aos irmãos; pecando contra a castidade; desonrando pai e mãe; desrespeitando os dias santos; matando; levantando falsos testemunhos; cometendo adultérios; roubando; cobiçando as coisas do próximo etc.

Não parece ter muitas ‘coisas boas’ nestes pecados? Dou graças a Deus se você disse ‘não’, porque aposto que todos nós já levantamos falsos testemunhos, ou tivemos um pouco de inveja da riqueza, ou enfrentamos os nossos pais... concorda? O importante, hoje, é termos confessado e vencermos as tentações – para ganharmos o Céu.

Jesus se defendeu do demônio no deserto usando a própria Palavra de Deus, portanto, também temos que usar dessa Força para nos prevenir. Da mesma forma que Cristo fez jejum, rezou muito e louvou o Pai, precisamos confiar nas graças que alcançaremos se formos mais obedientes e menos autossuficientes. Aposto também que as ocasiões de pecado poderão, assim, ser evitadas.

E como todo bom conselho é bem-vindo na vida de qualquer pecador, façamos uma reflexão nesta história:

 Um homem caminhava calmamente por um campo quando percebeu uma ovelha cabisbaixa.

- Que fazes por aqui tão sozinha?

- Por que te diriges a mim, senhor caminhante? Não vês que sou uma ovelha negra?

- E isso deveria impedir-me de falar-te?

- Claro que sim! É por ser uma ovelha negra que escolhi caminhar a sós por aqui.

- Tens tido problemas com isso?

- Algumas rejeições, sim.

- Não queres contar-me?

- Sabe, faço parte de um rebanho que à noite fica num espaço cercado. Só eu ultrapasso as cercas e saio para conversar com as estrelas. Elas me ensinam tanto! Durante o dia, sempre busco uma graminha mais difícil de encontrar. Então, o pastor me persegue de cavalo, mas só retorno depois de comer a graminha diferente. O cão que reúne o bando chega a ficar com a língua de fora, mas jamais me alcança. E, na minha volta, sempre quer me morder. O bando, o pastor, seu cavalo, o cão e até meus pais andam às avessas comigo.

- Seus pais também?

- Sim. Minha mãe se entristece com as rejeições que encontro e diz que gostaria que eu fosse igual a todos do bando; e meu pai chega a acreditar que nem filha deles sou! Será mesmo, senhor caminhante? Eles são tão branquinhos e eu negra!

- Ora, minha amiga, nada vejo de errado contigo e conheço bem todos os tipos de perseguição. Também eu, em outros tempos, fui perseguido pelo simples fato de sustentar a minha verdade. Não somos aprovados quando ousamos ser diferentes e uma grande maioria deste planeta prefere ignorar que Deus não se repete – não faz ninguém igual a ninguém. Hoje, já não sofro esses ataques. Acredite: até aplaudido sou!

- É mesmo? Será que já ouvi o teu nome, senhor caminhante?

- Tenho certeza que sim, corajosa criatura. Conhecem-me pelos nomes de Cordeiro de Deus ou Jesus de Nazaré.

- Ah, dizem que ajudas muita gente! Podes ajudar-me também?

- Sempre que desejares a minha proteção, não peças somente para ti, mas penses no teu grupo. Concentra-te e digas com fé: ‘Vós que fostes tentado e vencestes a morte, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém!’.

Aposto numa feliz semana a todos que seguirem este conselho.

 

 

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 


publicado por Luso-brasileiro às 10:39
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - SERÁ QUE O FRANCISCANO TINHA RAZÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Quando estive em Roma, conheci sacerdote, que estava hospedado no Convento anexo à Basílica de Santo António, na via Mariana.

Conversei, demoradamente, vários dias, com ele, durante as refeições, que tomamos em comum. Era frade, de origem germânica, mas vivia no Brasil – exprimia-se em português, corretíssimo, – e encontrava-se a passar, em serviço, alguns dias, em Roma.

Entre as longas e instrutivas conversas, que tivemos, veio à baila, a razão da rápida expansão, das Igrejas Evangélicas, mormente seitas, que nessa época, proliferavam, assustadoramente, por todo o território brasileiro.

Admirei-me da difusão, tanto mais, que em Portugal, havia, apenas  Igrejas Evangélicas tradicionais, saídas da Reforma ou reformadas anos depois.

Respondeu-me, que a seu parecer, a divulgação, foi em parte, facilitada pelo clero católico, porque fecharam-se com Cristo, no templo, e na sacristia. Pregavam mal, quando pregavam.

Como mostrasse interesse no tema, explicou:

- “Nós, sacerdotes católicos, temos formação superior. Exprimimo-nos com termos inacessíveis para grande franja de fiéis. Depois estamos imbuídos de tradições… Raramente “damos” (ou dávamos,): Cristo. O Cristo do Novo Testamento tal qual Ele ensinou.

-” Os evangélicos, na maior parte, são pastores sem formação académica. Exprimem-se com vocabulários populares, ilustrando com imagens acessíveis e de fácil compreensão.”

Fiquei a pensar no que ouvi, tanto mais, que Frei António, dissera-me, ao apresentá-lo, que era religioso experiente e sabedor.

Ao ler Frei Luís de Sousa, a:“Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires” (vol. I -pág. 87/88- Ed. Sá da Costa - 1946,) deparei com a opinião do Santo Arcebispo sobre formas de pregar:

“ O estilo de pregar era mui diferente do que usava na corte (o intento sempre nele foi o mesmo) deixou flores de retórica explicações agudas e conceitos elevados que servem lá para orelhas delicadas e entendimentos mimosos para as penetrar e fazer efeito a doutrina medicinal a modo de bom guisado, e entregou-se a todos termos chãos e doutrina clara que servisse para todos; porque esta cumpria à maior parte dos ouvintes”

Como se vê, o clero brasileiro, não soube, nessa ocasião, “descer” ao nível do povo simples, como fez o nosso Bartolomeu dos Mártires, quando saiu da Corte.

Bem disse, Vieira, no Sermão da Sexagésima, pregado em 1655: “É possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português, e não havemos de entender o que diz?”

No parecer desse franciscano, que encontrei em Roma – já passaram  décadas, – um dos motivos da expansão das seitas, no Brasil, foi porque o estilo – dos católicos, – empregado, nas homilias, não era apenas “escuro”, era “negro”, com o Padre António Vieira, dizia dos pregadores, que usavam, no seu tempo, o estilo “culto”.

Será que o franciscano tinha razão?

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:32
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EUCLIDES CAVACO - VELHA GUITARRA - Poema e voz de Euclides Cavaco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Esta velha guitarra continua exposta no meu estúdio
e continua a inspirar-me e motivar esta minha predilecção pelo FADO que deu origem a este poema que partilho com todos vós, neste vídeo elaborado pelo talentoso amigo Afonso Brandão.
 
 


https://www.youtube.com/watch?v=ZnGDONifJVY&feature=youtu.be
 
 
 
 
Desejos duma magnífica semana.
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

***

 

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.



https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes 

 
 
 
 


publicado por Luso-brasileiro às 10:18
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Sexta-feira, 24 de Julho de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - 25 de julho. DIA DO ESCRITOR no BRASIL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O Dia Nacional do Escritor, 25 de julho, foi instituído por decreto governamental, em 1960, após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado naquele ano pela União Brasileira de Escritores, por iniciativa de seu presidente, João Peregrino Júnior, e de seu vice-presidente, Jorge Amado. Trata-se de uma data de grande importância, pois se constitui numa justa reverencia a todos aqueles que receberam o dom de transcrever em palavras, relatos, histórias, fantasias, sentimentos e vivências, propiciando-nos entretenimento e formação.

  São os grandes responsáveis pelo avanço no desenvolvimento da sociedade em todos os aspectos, até no de construir sonhos, sem os quais a vida não tem quase nenhum encanto. E, apesar dos avanços tecnológicos e com a utilização plena e quase total da internet, continuam  fiéis ao nobre ofício de escrever, perpetuando assim nossa história, nossas tradições e nossa cultura. 

Desde a Antiguidade, a obra literária é a grande companheira do ser humano, que através dela, pode adquirir os mais diversos conhecimentos. E em nosso país, cujo maior desafio  neste século é apagar os vestígios indesejáveis da ignorância, da injustiça e miséria, sua relevância é nítida. E um dos aspectos para que tal quadro se instale é possibilitar o acesso de todos à educação que tem nos livros e nos autores, seus maiores instrumentos de consolidação.

Tanto uns, como outros são necessários à efetivação educacional que se pretende para o desenvolvimento do país. E ambos sempre se reciclam, mantendo-se vivos, apesar de todas as dificuldades impostas pelo consumismo desenfreado e pela comunicação virtual. Vale aqui invocarmos o escritor francês André Gide que escreveu:- “Todas as coisas já estão ditas, mas como ninguém escuta, é preciso recomeçar sempre”. O catarinense Emanuel Medeiros Vieira assim se expressou:- “E o ofício de escrever é um eterno recomeçar; lutar com palavras mil rompe a manhã para usar a expressão do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Creio que travamos, através da linguagem, o que Thomas S. Eliot, poeta norte-americano chamou de “combate intolerável com as palavras” que “se esticam, racham, escorregam, perecem!”.

 

 

     Avós, força estabilizadora dentro do lar

 

 

Em homenagem a Santa Ana, mãe de Nossa Senhora e avó de Jesus,  comemora-se a 26 de julho, terça-feira, o Dia da Vovó. Uma data especial já que avós merecem consideração e respeito, pois já viveram muito, possuem grande experiência de vida e podem transmitir muitos ensinamentos a todos de sua família. A maioria se constitui num grande exemplo de trabalho, de honestidade, de paciência, de fé, de firmeza e principalmente de muito amor. Às vezes, revelam-se em força estabilizadora dentro do lar, em exemplos reais de superação humana e em arquivos imensos de bons conselhos.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)

 



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