PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sexta-feira, 14 de Agosto de 2020
CINTHYA NUNES - O MUNDO EM CORES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

            Desde criança fui seduzida pelas cores e seus matizes diversos. Meu olhar sempre e invariavelmente se volta às coisas coloridas. Creio que essa seja uma a principal razão pela qual gosto de artes como aquarelas, lápis, canetas e o tudo o que leva linhas e tecidos multicores. Tenho até uma cor favorita. Ainda que eu o prefira em sua versão mais clara, o azul me encanta e prepondera em quase todas minhas escolhas cromáticas.

            Até recentemente, no entanto, eu considerava que essa preferência era uma questão estritamente pessoal. Embora ainda nos bancos escolares eu tivesse, assim como quase todo mundo, creio, estudado um pouco sobre a teoria das cores, misturando azul e amarelo para fazer o verde, por exemplo, não tinha maiores conhecimentos sobre o assunto.

            No ano passado, após uma mudança profissional meio radical, resolvi tirar um tempo para me dedicar à leveza de outras áreas e fui fazer um curso de três meses sobre ilustração infantil. Lá comecei a perceber que a combinação de certas cores não era agradável e que, para as crianças, poderia causar efeito diverso do pretendido pelo ilustrador/autor. Terminado o curso, curiosa sobre o tema, comprei um livro que tinha excelentes indicações de leitores anteriores, chamado “A psicologia da Cores – como as cores afetam a emoção e a razão”, da alemã Eva Heller.

            A obra, com pouco mais de trezentas páginas, além de ser um tratado sobre as cores, é uma aula de história e cultura geral. Recomendo grandemente a leitura para qualquer um que tenha curiosidade e vontade de entender como as cores nos influenciam e vem regendo nossas vidas através dos tempos. A leitura é leve e cativa o leitor desde a primeira página. Logo de pronto, após ver um ranking das cores preferidas das pessoas, em termos globais, descobri que faço parte da galera que elege o azul como a cor mais apreciada do mundo. Mas o mais impressionante é descobrir que há muitas razões para isso.

            O livro divide-se em grandes sessões dedicadas, cada uma, a uma cor. Por motivos óbvios, o azul abre os trabalhos e tenho vontade a grifar o texto em quase todos os parágrafos, encantada com tanta coisa que eu não sabia. A título de exemplo, a autora explica que o azul é a cor feminina, ao contrário das convenções culturais atuais. As cores mais masculinas, ao contrário, são o vermelho e o preto.

            Somente para ficar sobre o domínio do azul, descobri que há 111 tons de azuis e para os nomes de cada um deles existe uma explicação, assim como  valioso azul ultramarino, preferido dos pintores, cujo pigmento era extraído originariamente de uma pedra preciosa, o lápis lazúli, transportado através do Oceano Índico, do Mar Cáspio e do Mar Negro. Por isso o nome, que vem de além-mar. Informa o texto que as pinturas eram cobradas até mesmo em função da quantidade de pigmento azul que teriam.

            As informações são muitas e é impossível reduzir, mesmo as mais curiosas, à simplicidade desse texto. Novamente como exemplo, a autora descreve que nas representações de santos da Igreja católica, havia regras quanto as cores dos mantos usados. Se Nossa Senhora estivesse sozinha, o manto deveria ser azul ultramarino, mas se estivesse ao lado de Jesus, a cor não poderia ser essa, já que Deus, representado por Seu filho, é que usaria a cor de pigmento mais nobre.

            Curiosa também é a história de porque usamos calças jeans e porque levam o nome de Blue Jeans. Mas isso deixo para outro texto e para quem quiser se aventurar na maravilhosa jornada das cores. Leitura imperdível para quem não quer ser uma pessoa azul. Não entendeu? O livro explica.

 

 

 

CINTHYA NUNES é jornalista, advogada e quando era criança chorou ao descobrir que todas suas massinhas coloridas, misturadas, ficavam permanentemente cinzas – cinthyanvs@gmail.com

 

 

 

 

 

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:04
link do post | comentar | favorito

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - NOSSA SANTA PADROEIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2vl2knt.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 



Tempo da Santa Padroeira, Nossa Senhora do Desterro. Ela que partiu para o Egito com seu Menino e José. O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito, porque Herodes vai procurar o menino o matar”. O poder pelo poder os expulsou de sua terra e seguiram em desterro. Viagem difícil, o cansaço, o desinstalar-se, a saudade, os temores, mas os desígnios de Deus são maiores do que nossas incertezas. Pela fé e a obediência seguiam sob a proteção do Céu. A continuidade, por certo, do trabalho como carpinteiro para sustentar a família. “Abrigo-me à sombra de vossas asas, até que a tormenta passe” (Salmo 56, 2).  A partida do exílio, após o anjo do Senhor comunicar a José: “Levanta-te, toma o menino e a sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino”. O regresso a casa em Nazaré. Palavras do Profeta Isaías (41, 10): “Nada temas, porque estou contigo (...), pois eu sou teu Deus; eu te fortaleço e venho em teu socorro...”.
Nossa Senhora com seus diversos títulos e dores. Por certo ela compreende o desterro de nossos abraços, de uma convivência saudável, dos encontros com laços de alma, do estar junto... Ela sabe do medo do vírus que pode matar, do desemprego, fome, lutos e do poder que confunde a cabeça dos menos esclarecidos.
Repito as palavras do Salmo 120: “Para os montes levanto os olho:/ de onde virá meu socorro?/ O meu socorro virá do Senhor...”. Com ele me chegam três alertas para viver sob a proteção dela também neste tempo de pandemia: do Padre Márcio Felipe, pároco da Catedral: “Fuja do pecado”; da Madre Maria Madalena, do Carmelo São José: “Saia de sua autossuficiência e veja o que Deus está lhe falando com esta ou aquela situação” e uma colocação de Kiko Argüello – iniciador do Caminho Neocatecumenal: “Afaste-se do inferno”, conforme em seu livro “Anotações” (413): “Senhor Jesus, perdoa-me. Quase me queima a alma ao meu aproximar do inferno”.
É possível, ainda, refletirmos sobre o tema da festa deste ano, “Em Jesus, com Maria, viver e celebrar a Esperança em Deus”, através da novena e da festa no dia 15, e de atendermos ao convite da Senhora do Desterro - que suportou com esperança e paciência as angústias do exílio - para consolar os que as doenças desolaram, os tristes e desanimados, dar força aos que trabalham, e a nos jogarmos, como ela e José, nos braços de Deus

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil

 

 

 

 

 

117531405_3286719298048245_2158673860309964612_n.j

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:00
link do post | comentar | favorito

JOSÉ RENATO NALINI - O QUE SE FAZ NO EXÍLIO?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Nalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Exílio é castigo. Guarda sinonímia com degredo, banimento, expulsão, ostracismo. Líderes cuja postura não coincide com a dos vencedores costumam receber essa punição. Às vezes é uma opção voluntária de quem não conseguiria conviver com a nova ordem.

No passado recente o Brasil teve exilados que se refugiaram na França, no Chile e em Portugal e ali continuaram a exercer sua missão docente. Mas também houve exilados no passado não recente. Um dos mais sacrificados foi o nunca assaz reverenciado André Rebouças.

Partiu do Brasil junto com D. Pedro II, expulso sem condescendência pelos donos da nova ordem, instaurada em 15.11.1889. Ficou ao lado do Imperador até sua morte, menos de dois anos depois. Em seguida foi ajudar os africanos e acabou por morar e morrer em Funchal, em 1898.

Em 15.11.1892, escreve aos seus amigos Taunay e Nabuco, o que realizou nos três anos de exílio, que considera “os mais extraordinários da sua vida”. E alinha: 1. Defesa do meu Mestre e Imperador em 40 artigos publicados na Gazeta de Portugal, a partir de 11.12.1889. Foram 3 séries: a 1ª, em que aborda a questão do Brasil, cunho escravocrata do Atentado contra a Família Imperial, 24 artigos. A 2ª, as finanças do Brasil, erros e sofismas da exposição Rui Barbosa, 4 artigos. A 3ª, Os erros e os crimes da revolução.

Depois continua: 2. Propaganda Socionômica: 15 artigos publicados na Revista de Engenharia desde 14.5.1890 até 14.9.1891. 3. Contribuições para José Carlos Rodrigues, de 17.1 a 15.11.1891, publicadas no Jornal do Comércio. 4. Correspondência com o Imperador e outros amigos: 107 cartas a Taunay, 32 cartas a Nabuco. 5. Arbitragem suprema (inédito). 6. Comentários à Odisseia de Homero; 7. Enciclopédia socionômica. Estudos quotidianos de Moral, de História, de Economia Política, Finanças, Estatística, Agricultura, Imigração, etc. 8. Índice Biográfico. Extratos das vidas dos homens célebres. 9. Efeméride socionômica. Sinopse dos fatos mais notáveis em cada dia do ano. 10. Exercícios matemáticos: alguns teoremas novos. 11. Exercícios astronômicos: esquema das conjunções de Vênus, Marte e Júpiter. 12. Exercícios Botânicos: descoberta da evoluta africana, planta de transição das gramíneas às liliáceas. 13. Projetos diversos de Engenharia: Docas – Entrepostos para o Tejo, de Colonização marginal para o Caminho de Ferro de Luanda a Ambaca, de Melhoramentos higiênicos para a cidade de Lourenço Marques, de Aclimação de cafeeiros e outras plantas ricas na África do Sul, etc.

A relação daquilo que fez no Brasil antes do exílio, é tema para vários outros artigos. E não lamenta haver acompanhado o Imperador e sua família quando escorraçados pelos novos donos do Brasil: “Atribuo ao Bom Deus, a meu Santo Pai e ao exemplo vivo do meu Sublime Mestre e Imperador a divina inspiração de partir do Brasil a 17.11.1889, no Alagoas, com a Família Imperial. Desde então, a cada telegrama de minha mísera Pátria, exclamo: Que horror! Que seria de mim se lá estivesse!?

Não assimila a crueldade dos vitoriosos: “Um hediondo escravocrata disse a Taunay ter ficado muito contente ‘porque a Princesa Redentora chorou a valer’. Este canibal e outros celerados que reduziram o Brasil ao horror atual, devem estar também muito contentes de estar André Rebouças na Costa d’África e, há três anos sem receber um ceitil do Tesouro Nacional”.

Mas sua alma nobre é propensa ao perdão: “No entanto, cumpre repetir como Jesus: – Perdoai-lhes, meu Santo Pai… Não têm consciência do que estão fazendo… São maus por estúpidos, são estúpidos por excesso de maldade!”.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI  é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020. 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:53
link do post | comentar | favorito

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES -AS DOZE VIRTUDES CAPITAIS DO SÉCULO XXI - 1ª. Série 9ª – A   SINCERIDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Coronel Capitão.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sinceridade  é o substantivo feminino que significa a qualidade de uma pessoa sincera. É o sinónimo de franqueza. Lisura e lhaneza.

A palavra “sinceridade “ vem do latim “sinceritas” e é considerada uma qualidade, uma atitude moral.. Trata-se de um hábito, portanto, quem tem esta atitude não consegue esconder uma informação aos demais. Na  maioria das culturas, valoriza-se o facto de dizer a verdade, pois o contrário é sinónimo de manipulação ou mentira.

A sinceridade  é o traço do carácter ou da personalidade  de um indivíduo. Ela é uma virtude que se traduz numa conduta franca, verdadeira e leal. Sinceridade é dizer o que

cada um pensa, mesmo que isso possa desagradar a alguém.

Uma das definições de sinceridade indica que é uma mistura de franqueza e verdade. Muitas  pessoas não são  sinceras porque sabem que se mentirem podem manipular uma outra pessoa e obter assim algum benefício.

Por exemplo, se um amigo ou amiga te pergunta se  gosta da roupa nova que  está a usar e diz que sim, mesmo pensando que não, isso é falta de sinceridade. No entanto, é preciso salientar que ser  sincero não é ser bruto, é possível  ser sincero sem magoar as pessoas quando expressamos as nossas opiniões.

Existe também a “white lie”, expressão em inglês que em português significa mentira boba,  mentirinha piedosa ou mentira inocente que consiste numa mentira com boa intenção, que é dita para não ferir os sentimentos de outra pessoa. Ainda assim, não deixa de ser uma mentira e falta de sinceridade. Um dos exemplos mais frequentes é: “Eu não quero estragar a nossa amizade”, quando na realidade a pessoa quer dizer: Eu não gosto dessa tua atitude”.

 

Sinceridade e honestidade. Apesar de muitas vezes serem vistas como sinónimos, existem diferenças entre sinceridade e honestidade. Por exemplo, quando uma pessoa diz:”Eu confesso, fui eu que  roubei o teu carro”, ela foi sincera, porque admitiu que cometeu o crime. Apesar disso, ela não foi honesta, porque  cometeu um acto ilícito,

que vai contra as normas morais da honradez e decência.

 

Sinceridade é um valor moral em alguns aspectos. As  diversas abordagens éticas, religiosas e culturais reconhecem a conveniência social da sinceridade. A penalização ocorre por causa de um comportamento oposto. Desta  maneira, o mentiroso é desprezado pelos demais por gerar  desconfiança. Por outro lado, esperamos que as pessoas digam sempre a verdade na maioria das vezes. Se aceitássemos que as pessoas mentissem a  convivência tornar-se-ia mais  difícil.

Porém, o ser humano não tem garantia em relação à sinceridade dos demais, devido a isso, são criadas medidas para garantir o cumprimento dos acordos e dos pactos (por exemplo, através de contratos legais) ou fórmulas para forçar o cumprimento da palavra (juramentos e promessas).

Na comunicação ordinária exigimos aos demais que sejam sinceros connosco( por exemplo, quando pedimos a alguém  para dizer a verdade).

 

A sinceridade é indiscutivelmente um bem moral, mas isto não significa  que sempre seja conveniente dizer a verdade. Em certas ocasiões, a verdade pode ser ofensiva, prejudicial ou nociva.

As pessoas que praticam a sinceridade são francas, são genuínas e desfrutam da felicidade que resulta da coerência entre os pensamentos e as acções. Nelas não  há nada simulado, apenas uma clareza de mente e de coração onde a verdade sempre tem as rédeas, e onde a humildade é o  vento que guia e impulsiona  as velas da sua consciência.

Quem escolhe viver neste cenário de  autenticidade emocional e psicológica sabe  que terá que  pagar um preço. A primeira cobrança é evidente: a sinceridade sempre é franca, e tal  franqueza traz  um  efeito colateral  naqueles  que não estão acostumados a uma  linguagem sem pelos e a um coração que detesta a mentira.

 

A segunda cobrança, e talvez a menos conhecida, é a que faz referência ao nosso mundo interior. Ser sincero requer explorar a si mesmo para compreender as próprias limitações e entrar em contacto com aquele canto privado onde se esconde a nossa vulnerabilidade. Todos temos defeitos, buracos negros e áreas hipersensíveis. A pessoa sincera é muito consciente disso.

Por outro lado, não podemos esquecer que esta dimensão psicológica é também um valor social importante. Além de encará-la como uma ferramenta imprescindível e ao mesmo tempo valiosa para o nosso crescimento pessoal, é também um motor capaz de dinamizar o nosso bem-estar como indivíduos dentro de um contexto social.

Todos  nós defendemos um salário justo, um trabalho baseado na sinceridade, e inclusive uma classe política arraigada ao mesmo princípio. Então, tendo em vista que as grandes mudanças acontecem pelas pequenas  iniciativas positivas, deveríamos  fazer uso, nós mesmos, deste valor em nossos próprios universos.  Vale a pena praticar a sinceridade.

 

A sinceridade é uma atitude que as pessoas  podem ter de  enfrentar na sua vida e é caracterizada pelo uso de honestidade e verdade em todas as áreas da sua vida  quotidiana. A sinceridade é uma dos elementos ou dos valores mais importantes e mais louváveis de uma pessoa, pois  baseia-se em ser e agir como uma pessoa é, sente ou pensa, deixando de lado qualquer tipo de fingimento ou hipocrisia.  A sinceridade é normalmente atribuída  a crianças  e aos loucos, duas figuras sociais  cuja condição não é tão ligada a padrões de comportamento social e, portanto, não têm medo ou consciência de dizer o que realmente pensam.

 

A sinceridade na Bíblia.”

1.”Os lábios que dizem a verdade permanecem para sempre,

    Mas a língua mentirosa  dura apenas um instante”. Provérbios  12,19.

2.”O Senhor está perto de todos os que o invocam, de todos os que o invocam com  sinceridade”  

    Salmos  145,18.

3.”Por isso celebramos a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da maldade e da   

    perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade e da verdade”.

    1 Coríntios 5,8.

4.”Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando  algum lucro; antes, em     

     Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus “.

     2 Coríntios” 2,17.

5. “Aqueles pregam Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me  podem

     causar sofrimento enquanto estou preso”.

     Filipenses  1,17.

 

 

Pratiquemos a  sinceridade para contribuirmos que a nossa  sociedade viva num clima de

     paz, justiça e verdade.

 

 

 

 

(continua no próximo número)        

 

      

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES   -   Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira.  -    Email   goncalves.simoes@sapo.pt



publicado por Luso-brasileiro às 11:41
link do post | comentar | favorito

FILIPE AQUINO - 10 DADOS MARCANTES DA VIDA DE IRMÃ DULCE, FUTURA SANTA BRASILEIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“No amor e na fé encontraremos as forças necessárias para a nossa missão”, dizia a Bem-aventurada Dulce dos Pobres, que será canonizada no próximo dia 13 de outubro e cuja memória é recordada neste 13 de agosto.

A seguir, apresentamos 10 dados marcantes da vida desta religiosa que será a primeira santa nascida no Brasil.

 

  1. Desde criança, praticou a caridade

 

O amor pelo próximo e a prática da caridade fizeram parte da vida de Irmã Dulce desde a infância. Conta-se que, aos 13 anos, a menina começou a acolher em sua casa mendigos e doentes e transformou a sua residência em um centro de atendimento.

Muitos se aglomeravam na porta da casa para receber a ajuda da pequena e, por este motivo, o local ficou conhecido como “A Portaria de São Francisco”.

 

  1. Era professora

 

Antes de ingressar na vida religiosa, Irmã Dulce se formou professora pela Escola Normal da Bahia, em 9 de dezembro de 1932. No ano seguinte, entrou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e, sua primeira missão como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação.

 

Leia também: Vaticano confirma: Irmã Dulce será canonizada

Hoje é celebrada Bem-aventurada Dulce dos Pobres, que será canonizada em outubro

Você conhece os Santos brasileiros?

“O Brasil precisa de Santos!”

 

 

 

 

10dadosirmadulce_fotoosid-300x167.jpg

 

 

 

 

 

 

  1. Adotou o nome Dulce em homenagem à sua mãe

 

Ainda muito cedo, quando tinha apenas 7 anos, Irmã Dulce (cujo nome de batismo era Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes) perdeu sua mãe, Dulce Maria, a qual tinha 26 anos.

Mais tarde, quando ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em 1933, e recebeu o seu hábito, adotou o nome Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.

 

  1. Era devota de Santo Antônio

 

Após o anúncio da data da canonização de Irmã Dulce (que será em 13 de outubro deste ano), o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, contou que, no dia seguinte, ou seja, 14 de outubro, haverá uma Missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma.

O local foi escolhido devido à grande devoção que Irmã Dulce tinha por Santo Antônio. “Era realmente um amigo que ela tinha, um confidente, e ao mesmo tempo, a quem ela recorria em suas necessidades”, sublinhou o Prelado.

De fato, Santo Antônio sempre teve um lugar especial na vida da religiosa, desde sua infância. Era ao santo que ela recorria nos momentos de angústia, desespero e também para solicitar a concretização de algum projeto. Chamava-o, inclusive, de seu “tesoureiro”.

De acordo com o site da Arquidiocese de Salvador (BA), ainda na infância, ela costumava decorar o altar do santo.

Além disso, atualmente pertence ao acervo do Memorial Irmã Dulce uma imagem de Santo Antônio do século XIX, que pertenceu ao avô da religiosa, o advogado Manoel Lopes Pontes, diante da qual a família dela costumava fazer seus pedidos e orações.

 

  1. Construiu o maior hospital da Bahia a partir de um galinheiro

 

Na década de 1930, Ir. Dulce começou um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe, em Salvador (BA).

Conta o site das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) que, em 1939, a religiosa invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar os doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Foi expulsa do lugar e precisou peregrinar durante uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade.

Em 1949, ocupou um galinheiro ao lado do Convento de Santa Antônio, após a autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. Hoje, no local, está o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia.

Segundo assinala OSID, esta iniciativa da religiosa “deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro”.

 

  1. Durante 30 anos, dormiu em uma cadeira de madeira

 

No Memoria Irmã Dulce também se encontra o quarto da religiosa, onde está a cadeira de madeira, na qual ela dormiu por cerca de 30 anos, em razão de uma promessa.

Em 1955, a irmã da futura santa brasileira, também chamada Dulce, passou por uma gravidez de alto risco e a religiosa rezou por sua saúde e recuperação. Assim, durante três décadas, dormiu na cadeira para pagar sua promessa e agradecer pela recuperação de sua irmã, mesmo enfrentando muitas dificuldades, devido a um enfisema pulmonar.

Irmã Dulce só deixou de dormir na cadeira de madeira em 1985, aos 71 anos, após ser convencida por seus médicos a voltar a ter seu descanso noturno na cama, devido ao seu estado de saúde.

 

  1. Enfrentou graves problemas respiratórios

 

Conforme assinala OSID, nos últimos 30 anos de sua vida, a religiosa viveu com 70% da capacidade respiratório comprometida. Entretanto, isso “não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, uma verdadeira obra de amor aos pobres e doentes”.

 

  1. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz

 

As obras da Irmã Dulce receberam diversos apoios e reconhecimentos. Tanto que, em 1988, a religiosa foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz pelo então presidente do Brasil, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia.

 

  1. Teve dois encontros com São João Paulo II

 

Irmã Dulce encontrou com o Papa São João Paulo II em duas ocasiões em que o Pontífice visitou o Brasil. A primeira foi em 7 de julho de 1980, quando o então Papa visitou pela primeira vez o Brasil.

O segundo encontro aconteceu em 20 de outubro de 1991. Nesta ocasião, João Paulo II quebrou o protocolo de sua agenda e fez questão de visitar Ir. Dulce, que já estava com a saúde debilitada, no Convento Santo Antônio. Cinco meses depois desta visita, em 13 de março de 1992, o Anjo Bom da Bahia faleceu.

 

  1. Sua canonização é uma das mais rápidas da história recente da Igreja

 

No próximo dia 13 de outubro, Irmã Dulce se tornará a primeira mulher nascida no Brasil a ter seu nome inscrito no livro dos santos, apenas 27 anos após seu falecimento.

Segundo destaca o site Obras Sociais da Irmã Dulce (OSID), sua canonização será a terceira mais rápida da história recente da Igreja, “atrás apenas da santificação do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte) e de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa)”.

Vale recordar que os mais rápidos da história dos santos lusófonos seguem sendo o de Santo Antônio de Lisboa (ou Santo Antônio de Pádua), canonizado 11 meses após seu falecimento no dia 30 de maio de 1232, e São Teotônio, canonizado 1 ano depois de sua morte ocorrida em 1162 pelo Papa Alexandre III.

 

 

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/10-dados-marcantes-da-vida-de-irma-dulce-futura-santa-brasileira-62041

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -      é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:26
link do post | comentar | favorito

VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - DUO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Valquiria Malagoli.jpeg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É tão quieto o que rumino.

Silencioso é isto que escrevo.

Eu e a Letra – um só destino:

ser um no outro o próprio enlevo!

 

...

...

...

...

 

Tudo bem – vamos levando:

eu e o verso que se escreve...

E a gente vai se excitando

um assim que o outro se atreve.

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoliescritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 11:16
link do post | comentar | favorito

PÉRICLES CAPANEMA - O COVID - 19 E SANTO ANTÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Péricles Capanema.jpeg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não mais tolerando o confinamento, muitos estão jogando a toalha. Como que sufocados, querem sair logo de casa, tomar um ar, espairecer, pelo menos dar umas voltinhas no quarteirão; estão enjoados com as pessoas que veem todos os dias, precisam já ver gente diferente, sentir outras pessoas em volta, conversar sem a máscara. E, não menos importante, machuca muito a sensação do abandono, tantas vezes acabrunhante, em especial a falta de contato com familiares e amigos. Enfim, o isolamento para muitos está cobrando preço quem sabe excessivo. Abertura já, flexibilização já. Não ligam para fases, nem para cores, seja o que Deus quiser.

 

Em curto, o isolamento prolongado amargura e desorienta. Sumiu o bem-estar psicológico que propiciava a vida da movimentação livre, cafezinho no bar, pastel na padaria, longas passadas e paradas diante das lojas. Em rumo contrário ▬ com a economia em queda, não obstante promissores sinais de recuperação ▬, avultam no caminho, como assombrações, a insegurança, a incerteza e o medo do futuro. Em casos sem conta também a grana curta, todavia, por outro lado, muita gente está percebendo o que antes não chamava atenção, é possível com menos viver igualmente bem.

 

Vivemos numa civilização do toque, do contato, do calor humano. Da conversa, da conversinha e da falação. Emoções e sentimentos se expressam pela proximidade. Estávamos acostumados com tudo isso e desapareceram da noite para o dia, mudou o panorama. Olhamos para os lados sem saber o que fazer e a quem recorrer. Será o fim da linha? Sair agora do confinamento? O preço poderá ser ainda mais alto. Não sou médico, nem autoridade pública para fazer reparos e dar orientações, cujos fundamentos, melhor que eu, conhecem os especialistas.

 

Corta. Meu foco aqui é outro, o entretenimento, bem de primeira necessidade. Tem muita gente mundo afora enfrentando riscos de internamento em UTIs, sequelas permanentes, até morte, para sorver com delícias alguns minutos de distração. Pesam os prós e contras e se lançam, ao voltar parcialmente à normalidade do período anterior ao COVID-19, na aventura do perigo calculado para tentar escapar da depressão, construir barreiras contra desequilíbrios psíquicos e fortalecer defesas do organismo. Os ares novos permitem desviar o olhar, que seja por pouco tempo, das perspectivas minguadas do confinamento, bem como divisar horizontes maiores e dar as costas para ambientes em que o futuro aparece toldado pela neblina das incertezas.

 

Entretenimento, bem de primeira necessidade, dizia. Significa divertimento, distração, diversão. Não é só isso. Dou aqui à palavra também significado pouco usual, talvez novo. O trabalho, o esforço, as provações, a seu modo, têm condições de fazer parte do entretenimento. Entreter significa também ocupar o tempo com esforço estrênuo em algo útil e, em consequência, deixar-se dominar pela sensação da vida justificada. E assim fortalecer os nervos espirituais, formando, ampliando e enrijecendo a personalidade. Um soldado numa trincheira, debaixo de saraivadas mortais de balas e granadas, pode ter em plenitude tal sensação. Igual modo, uma enfermeira exausta, lutando para salvar vidas numa UTI repleta de pacientes com COVID-19. Alegria na fina ponta da alma, mantida longe das depressões.

 

Corto de novo. O que faz santo Antão no título, tem alguma coisa a ver com o assunto? Tudo. Pensava nos sofrimentos do confinamento. Todos fugimos do sofrimento, mas não do confinamento. Surgiram naturalmente as figuras dos monges do deserto, que fugiam da sociedade e se afundavam no deserto, buscando voluntariamente a solidão [sob tantos aspectos forma extrema de confinamento]. Na solidão voluntária encontravam significado para a vida, imprescindível para a felicidade. E assim, por associação de ideias, surgiu esmaecida, lá no fundo, a figura de santo Antão, em muitos sentidos, o primeiro e o maior dos ermitãos, sol no nascedouro da vida monástica no Ocidente. Santo Antão tem todos os títulos para ser o padroeiro dos presentes dias de confinamento, ser nosso intercessor para que transcorram de maneira proveitosa, ao mesmo tempo entretida e virtuosa, para cada um e suas famílias. Santo Antão, rogai por nós.

 

Intitulado o pai de todos os monges, santo Antão, segundo seu biógrafo santo Atanásio, bispo de Alexandria, nasceu na Tebaida, no Alto Egito, em 251 e faleceu em 356. Viveu 105 anos, portanto, séculos 3º e 4º. De família aristocrática e rica, perdeu os pais por volta dos 20 anos. Logo depois, em seguimento aos conselhos evangélicos, vendeu o que tinha e distribuiu aos pobres, estabelecendo-se como penitente nos arredores da vila em que tinha nascido. Conheceu outros eremitas por ali, procurava imitá-los, frequentava a igreja. Sentiu por volta dos 35 anos chamado para vida mais distante dos homens e buscou no fundo do deserto fortificação militar antiga e abandonada, onde se trancou. Amigos seus levavam a comida (pão) que lançavam por cima do muro. Muitos o procuravam, mas em geral não os recebia a não ser muito raramente. Vinte anos depois, já caminhando para os 60 anos,  aceitou orientar pessoas que ali queriam se fixar como monges. Impressionou a todos quando deixou a fortificação, forte e sadio como aos 35 anos. Ao redor dali, sob orientação do santo, foram fundadas ermidas e comunidades que buscavam a perfeição cristã. Um sem-número de eremitas e cenobitas viviam nas proximidades sob sua luz. Santo Antão, por duas vezes deixou a região para ir a Alexandria; na primeira para apoiar cristãos perseguidos, na segunda para lutar contra o arianismo. Com fama de santidade, eram numerosos os que buscavam seus conselhos em viagens ao local ou por carta, entre os quais o imperador e seus dois filhos.

 

A vida monástica ali praticada, da qual ele foi o motor, repito, está na origem do monaquismo cristão, amplo e importante impulso de piedade, com enormes reflexos civilizatórios, do qual surgiu a Europa, tal qual a conhecemos. E a América. É lícito conjeturar, quase nada de grande do que produziu a Europa, teria existido sem o enérgico impulso inicial dado por santo Antão, imerso na solidão voluntária, do fundo de um deserto.

 

Quem não fica tocado, caminhando pela serra da Canastra, ao ver o filete de água de onde provém o rio São Francisco, a nascente histórica? Ou, mesmo olhando o começo do rio Samburá, a nascente geográfica? Ali começa tudo. Até se perder no oceano Atlântico, quase 3 mil quilômetros depois, o rio São Francisco fertiliza, alimenta, transporta, embeleza. Santo Antão é o filete de água do monarquismo, impulso inicial de incalculáveis rios de virtude, cultura, arte, oração, civilização ▬ enfim, de perfeição natural e sobrenatural. Avanço civilizatório de fato está aqui.

 

Concluo. Santo Antão viveu entretido até os 105 anos, a maior parte dos quais na mais completa solidão ▬ na oração, na penitência, na leitura e reflexão, nos trabalhos de cultivo e criação. Dali, por graduais e sucessivos efeito aprimorantes, via de regra em círculos cada vez mais afastados, foi surgindo sociedade mais moralizada e civilizada. Sob a luz de tal exemplo, no confinamento, para cada um, podem surgir visões mais abrangentes de considerar a vida, maneiras mais apuradas de convívio, até de preparar pratos, tanta coisa mais, que poderão melhorar para sempre a vida das pessoas, das famílias, dos círculos próximos. Mais ainda. O confinamento pode ser destrutivo, contudo  tantas vezes esconde bênçãos. 

Cabe a nós não as deixar passar ao largo.

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:09
link do post | comentar | favorito

PAULO R. LABEGALINI - FELICIDADE CONJUGAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paulo Labegalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu tenho conversado com diversos casais a respeito de felicidade conjugal e sempre insisto que, no mínimo, duas coisas não podem faltar em qualquer lar cristão: a verdade e a oração. Às vezes, em particular, a esposa me confidencia que há mentiras entre eles e que estão afastados da Eucaristia; daí, não é preciso dizer mais nada.

Os problemas que enfrentamos na vida já são tantos que não vale a pena serem regados com pecados, não é mesmo? O casal que confia no poder da oração e nunca mente, provavelmente não terá que amargar uma separação. Quando recebo convites de ‘cerimônia de reconciliação’, me deixam muito feliz. Foi preciso oração de muita gente para que isso acontecesse, mas a felicidade na família compensa tudo.

Bem, e para comentar até que ponto o compromisso de fidelidade deve ser levado a sério numa relação a dois, vou contar esta história:

Um carpinteiro encontrou uma lâmpada mágica e dela saiu um gênio, dizendo:

- Eu lhe permitirei encontrar tudo o que perder na vida, desde que nunca minta pra mim.

Logo na semana seguinte, o bom homem cortava o galho de uma árvore ao lado de um rio, quando seu machado caiu dentro d’água. Imediatamente chamou o gênio que, mergulhando, trouxe-lhe um machado de ouro e perguntou:

- É este seu machado?

- Não, não é ele.

O gênio entrou novamente no rio e, desta vez, tirou um machado de prata.

- E este, é seu?

- Também não.

Finalmente, o gênio mostrou um machado com o cabo de madeira e o carpinteiro falou sorrindo:

- Agora sim, é ele!

Contente com a sinceridade do homem, o gênio da lâmpada o mandou de volta para casa dando-lhe os dois outros machados de presente. E o mesmo aconteceu com diversos objetos perdidos por vários anos.

Um dia, o carpinteiro e sua esposa estavam passeando na floresta quando surgiram alguns lobos raivosos. Cada um correu para um lado e se perderam na mata. Após horas de procura pela mulher, o marido suplicou ajuda ao gênio, que logo apareceu com a Gisele Bundchen.

- É esta sua esposa?

- Sim, sim, é ela!

- Mentiroso! Você nunca mais terá a minha ajuda!

- Por favor, gênio, me perdoe. Entenda que se eu dissesse ‘não’, você me traria a Bruna Marquezine e, se eu novamente dissesse ‘não’, você mostraria minha mulher e, quando eu dissesse 'sim', então nos mandaria todos juntos para casa! Isso acontecendo, meu casamento estaria acabado; então, para evitar essa desgraça, prefiro ficar com a Bruna comigo apenas enquanto procuramos a minha mulher.

E gênio o perdoou, considerando que mentiu por uma causa nobre: a felicidade da sua família!

É claro que, por ser uma história, muita gente pode dizer que nenhum homem faria isso. Eu digo o contrário: ‘se o esposo tiver consciência da sua responsabilidade em conduzir a família para o Céu, nunca cairá em tentação’. E com a esposa, acontece a mesma coisa? Antes de responder, leia este outro relato:

Ela era casada com um homem por quem se apaixonou na adolescência, tinha um lindo filho para completar sua felicidade e vivia dizendo que era uma mulher realizada. Tudo caminhava muito bem, até o dia em que descobriu que a pessoa que tanto amava estava lhe traindo – e não era algo recente.

Apreensiva, dirigiu-se ao marido e exigiu respeito. A resposta que recebeu foi bruta e desrespeitosa. Em breve, o seu príncipe encantado se transformou num ser irracional e agressivo. Foi quando ela percebeu que toda a segurança do maravilhoso casamento havia terminado e, não podendo conviver com alguém que lhe agredia até fisicamente, decidiu se matar e terminar também com a vida do próprio filho! Faria isso para que o marido sofresse amargamente de arrependimento.

Então, pegou na mão da criança e saiu correndo, atravessando todas as avenidas movimentadas do lugar. Os carros freavam como podiam, até que o menino escapou-lhe das mãos e correu em direção à grade de proteção do viaduto. Estranhamente, a mãe desesperou-se ao ver o filho ameaçado de cair daquele lugar tão alto e morrer. Ao alcançá-lo, deu-lhe um forte abraço, começou a chorar e a dizer que o amava. Foi quando um motorista desceu do carro e disse-lhe: ‘Por um minuto a senhora não perde o seu filho!’

Voltando para casa, ela pensou: ‘Em um minuto apenas, a tormenta passou, a dor também passou e o meu filho ausente voltou. A nossa vida vai continuar!’. Chegando em casa, ajoelhou-se, rezou e a esperança renasceu. Mais um minuto e a vida floresceu novamente para todos daquela família, porque a Misericórdia Divina mostrou-lhes que, com paciência e devoção, os caminhos obscuros se enchem de luz.

Pois bem, contei duas histórias para confirmar quatro necessidades básicas no casamento: verdade, oração, fidelidade e paciência. Isso tudo acontecendo, o amor jamais acabará e a felicidade eterna, um dia, chegará. Não duvide disso.

 

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:01
link do post | comentar | favorito

HUMBERTO PINHO DA SILVA - O MILAGRE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Humberto Pinho da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ganhei coragem e fui à cidade. À Invicta Cidade do Porto.

Passei na rua de Santa Catarina a transbordar de turistas, quase todos espanhóis, de máscara e sem máscara. Fui ao Centro Comercial, e estive largos minutos para entrar. Descendo as Carmelitas, deparei com longa fila, que descia, ao comprimento da rua, até à igreja dos Clérigos…Iam visitar a livraria ou comprar livros?

Mas o pior foi quando entrei no Metro. Encontrei-o meio vazio, com indicação de não ocupar os bancos, sem deixar o intervalo recomendado pela DGS.

Fiquei feliz: havia ordem, respeito e largueza.

Aos poucos, as carruagens iam enchendo-se. Receoso, pousei, ao meu lado, a saca com as compras. De paragem a paragem, recebia passageiros. Todos de máscara. Uns com as narinas de fora, para respirarem melhor…

Mocinha, de cabeleira loira, tez branca, calções encarnados, mostrando pernas bem torneadas, muito brancas, leitosas, aproximou-se, e pegando na minha saca, fazia tenção de se sentar. Reagi, receoso.

Da sua boca saiu o palavrão, e do braço, o gesto indecoroso, que inibo-me de o repetir.

Segui viagem, em silêncio…e sem companhia…

Sai da cidade a pensar: com transportes públicos, com essa gente, com turistas de máscara ou sem, no cotovelo ou no cachaço, realmente é milagre não haver elevado número de infectados.

Ou o “bicho” não é tão mausão, como dizem, ou a terra foi benzida, ou é milagre. O milagre português…

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:54
link do post | comentar | favorito

EUCLIDES CAVACO - TRISTEZA - Poema e voz de Euclides Cavaco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Um atroz e bem REAL sentimento que toca a sensibilidade de todos nós nesta breve passagem terrena. Ouça e medite.

Videografia do talentoso amigo Afonso Brandão.
 
 


https://www.youtube.com/watch?v=OgKKr_UgY9Q

 

 

 

Desejos duma magnífica semana.
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

***

 

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.



https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes 



publicado por Luso-brasileiro às 10:34
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 7 de Agosto de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - NOVA CONCEPÇÃO DE PATERNIDADE: PERTICIPATIVA, PRESENTE E RESPONSÁVEL.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

73006349_2448637445385150_3785251181584973824_n.jp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

            O maior patrimônio real que os pais podem deixar aos filhos é o exemplo de dedicação, retidão e amor. Trata-se, sem dúvida, de uma tarefa muito difícil, principalmente numa época em que os desacertos da sociedade muitas vezes premiam pessoas egoístas, corruptas e inescrupulosas, em detrimento de cidadãos íntegros e trabalhadores.

         Efetivamente, é preciso muita coragem, perseverança e confiança nos valores e princípios que realmente atendam aos interesses coletivos e que transmitam às futuras gerações um legado de honra e paz, capaz de combater comportamentos individualistas e superficiais, que só buscam a satisfação das próprias pretensões, deixando de lado quaisquer atos solidários ou fraternos.

            Para alcançarmos uma nova convivência, embasada no Direito e na regular ordem social, necessitamos de pessoas que cultivem preceitos de ordem moral, com consciência crítica, despojados de apegos exclusivamente unilaterais; que conquistem cada vez mais espaços autênticos na educação de seus rebentos; que tenham fé libertadora dos limites materiais e reveladores dos valores espirituais e que sejam dotados de responsabilidade para formarem social e pessoalmente, crianças e jovens, de tal sorte que estes não se abalem com os complexos dilemas que o consumismo desenfreado cria quando confronta com aspectos de amplo e irrestrito respeito à dignidade do ser humano.

             A paternidade atualmente só tem sentido se for entendida como um projeto diário, interminável e constante. É um estar atento a muitos, pequenos e diferentes detalhes; observar cada filho como ele é; perceber suas tendências e necessidades próprias, em cada momento específico da sua vida, e ao mesmo tempo, ser enérgico e compreensivo, enfim, um ponto de apoio seguro e a alavanca que impulsiona o filho para o mundo.

         Sem dúvida alguma, a maioria das pessoas concorda que uma das tarefas mais bonitas  e mais difíceis na vida do é a criação dos descendentes diretos. Há que se ter uma grande dose de fé, amor e esperança, acrescida de muita sabedoria, maturidade e despojamento no desempenho de tal missão. Dar à sociedade um cidadão equilibrado é a maior incumbência de um casal, já que na hipótese contrária, ocorrerão sérios problemas comportamentais nos descendentes, com graves consequências.    

         Homenageamos hoje os pais efetivamente comprometidos com tais posicionamentos, cientes da grandeza e das obrigações lhes são atinentes.  

                                  

 

 

 

                        PERSEVERANÇA EM NOSSOS PROPÓSITOS

 

 

 

Precisamos permanentemente buscar o que desejamos, ainda que passemos por cima da inveja, da ignorância, da arrogância e da torcida contrária de algumas pessoas. O ideal é sempre sublime e as metas que almejamos, são superiores a quaisquer deslizes. Não podemos desistir, pois só os fracos sucumbem. Devemos acreditar em nós mesmos e lutarmos para alcançar nossos objetivos. Não nos esqueçamos que há flores que nascem nos desertos. Os vencedores são sempre obstinados, superam os que pretendem prejudicá-los, com fé em Deus e muita dedicação aos seus propósitos de vida.

 

 

 

                        A GRANDEZA DA ORAÇÃO

 

 


                Já se disse que a oração é a comunicação e o fruto consciente do relacionamento com Deus durante a qual alguém louva, agradece, intercede pela vida de outro, pede bênçãos a ele ou a terceiros. Através dela desfruta-se da presença do Criador, a quem é dirigida, podendo se efetivar de vários modos, em voz alta, falada, em canção ou em silêncio. Por isso que se afirma que orar é um ato ou um gesto de fé, passado de geração a geração.George S. Patton, afirmou: “Aqueles que rezam fazem mais pelo mundo que aqueles que lutam; e se o mundo vai de mal a pior, é porque existem mais batalhas do que orações”. O autor de “O Pequeno Princípe”, Antonie de Saint-Exupéry disse com brilhantismo: “A grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter respostas, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio”

 

 

MOMENTO DE POESIA

 

 

         “São três letras apenas desse nome bendito. Também o céu tem três letras e nelas cabe o infinito. Para louvar o nosso pai, todo bem que se disser, nunca há de ser tão grande, como o bem que ele nos quer” (Mário Quintana).

 

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:38
link do post | comentar | favorito

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - COMO SE FORMARAM OS MODERNOS ESTADOS EUROPEUS - O CASO DE PORTUGAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Armando Alexandre dos Santos.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A fase final da Idade Média e o alvorecer da modernidade foram marcados pela formação e consolidação dos estados nacionais, entendidos no sentido atual, tal como o concebemos hoje.

Esse é um tema que, para ser bem entendido, deve ser estudado numa perspectiva de longo prazo e, ao mesmo tempo, com uma abrangência geográfica bem ampla. Isso exige uma exposição com conteúdo um tanto genérico que ultrapasse, na linha do tempo, os limites do Medievo e chegue até à Revolução Francesa, quando, juntamente com o Ancien Régime, foram sepultados os últimos traços do antigo feudalismo europeu.

À medida que as instituições feudais iam perdendo sua força, em parte superadas pelo processo de deslocamento das comunidades rurais para as vilas e cidades, em parte absorvidas pelo poder real que foi chamando a si uma soberania antes compartilhada por grande número de autoridades menores de diversos níveis, foram sendo criadas condições que tornaram possível, e quase indispensável, o surgimento dos estados nacionais de tipo moderno.

Esse processo não foi uniforme em toda a Europa. O processo de centralização do poder nas mãos do rei foi muito diferente na Península Ibérica em relação ao Norte europeu, ao Império, à França ou à Inglaterra. Mesmo a Península Ibérica, é preciso não considerá-la em bloco, mas respeitar suas especificidades. Vê-la univocamente seria simplificar demasiado a questão. Na realidade, a formação da monarquia lusa, e consequentemente do Estado português, foi muito diferente das monarquias espanholas. A evolução dos dois povos, muitos autores anglo-saxônicos de tradição ou de influência marxista são levados a julgar como sendo uma coisa só, mas as diferenças são numerosas e de grande importância. Ingleses de outra orientação ideológica, como Charles Ralph Boxer, Edgar Prestage e Elaine Sanceau, tiveram, sem dúvida, compreensão bem mais matizada e profunda da realidade ibérica.

Mesmo entre os reinos que constituíram a atual Espanha a evolução foi muito diferenciada. A de Aragão, por exemplo, e de certa forma a do condado de Barcelona, foram muito mais próximas do modelo português do que do modelo castelhano.
O que há de comum entre Portugal e Espanha é que ambos se afirmaram na oposição constante de um inimigo comum, os invasores mouros. Mas a própria forma de combatê-los foi bem diferente. Portugal e Aragão concluíram sua reconquista muito antes de Castela, e deram início à expansão ultramarina (Aragão, com Jaime o Conquistador, no século XIII, e Portugal com D. João I, em princípios do século XV). Portugal e Aragão efetivamente expulsaram os mouros dos seus territórios. Portugal o fez em 1249, com a conquista de Silves; nessa ocasião, os agarenos foram expulsos de Portugal, levando cada qual somente a roupa do corpo vestida "por razão de decência", mas devendo cada um sair com a roupa mais velha e pobre que tivesse, e nenhum outro bem podendo levar consigo.

Castela, contrariamente ao que erradamente dizem muitos manuais escolares, não "expulsou definitivamente os mouros em 1492". Em 1492 caiu o reino mouro de Granada e foi expulso o rei Boabdil-el-Chico, com sua família e com certo número de pessoas da elite moura. Mas os Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, não tiveram força suficiente para expulsar a população moura que continuou viver em territórios da Andaluzia, com liberdade religiosa e tendo seus costumes respeitados. Cerca de 90 anos depois, reinando Felipe II, os mouros remanescentes ainda foram suficientemente fortes para se revoltarem, proclamarem um novo rei e iniciarem uma guerra que custou alguns anos de esforço para ser vencida por D. João d'Áustria, meio-irmão de Felipe II.

A constituição do Estado português unificado, centrado na pessoa do rei, deveu-se, fundamentalmente, ao modo de se constituir o reino, na primeira metade do século XII. Em torno de D. Afonso Henriques, havia cinco grandes potentados que eram os "ricos-homens" leoneses que seguiram o pendão do novo rei: os Castros, os Viegas, os Maias, os Souzões e os Braganções. Todos eles eram poderosos e de família muito mais antigas, na região, que a do jovem D. Afonso Henriques. Mas este, além de neto do Rei de Leão, era filho de um príncipe borguinhão aparentado com São Bernardo de Claraval e com o influentíssimo Santo Hugo, Abade de Cluny, portando consigo todo o prestígio que lhe dava essa origem. Orientado por São Bernardo, com quem se correspondia, D. Afonso Henriques conseguiu colocar o seu reino sob a vassalagem direta da Santa Sé - o que lhe garantiu imunidades e privilégios especialíssimos, de modo que o protegia especialmente contra os perigosos vizinhos leoneses e conferia, à nova dinastia, um prestígio extraordinário. Era esse prestígio que lhe assegurava o reconhecimento da autoridade pelos cinco "senhores feudais" (ponha-se entre aspas a expressão porque, obviamente, não deve ser considerada em sentido estrito). Daí decorreu um país unificado e muito centrado na pessoa do rei. Nunca, em toda a história lusa, houve conflitos entre províncias, nunca houve entrechoques culturais ou linguísticos como os ocorridos ainda hoje com a vizinha Espanha.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:33
link do post | comentar | favorito

CINTHYA NUNES - O QUE É UM PAI ?

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Não é incomum que um anúncio comercial, uma propaganda, dê causa a polêmicas discussões públicas. Acredito, em verdade, que esse seja, em último caso, um dos objetivos de determinadas campanhas publicitárias, eis que acabam gerando o que se conhece como publicidade espontânea e gratuita, se não me engano quanto ao termo.

            Recentemente a empresa Natura se envolveu em celeuma semelhante ao escolher como símbolo do dia dos pais um homem transexual. Não escrevo para entrar no cerne da questão quanto à pessoa escolhida. Nem sabia que tinha filhos, diga-se de passagem, bem como ignoro o papel que desempenha na criação do filho ou filha.

            Assumo que algumas conformações familiares ainda me são estranhas, mas busco ser uma pessoa sensível à existência daquilo que considero o grande aglutinador, o ingrediente que diferencia família de um simples grupo de pessoas. Assim, ao que me parece e me orienta, onde há amor existe família.

            Desse modo, quem sou eu para julgar se alguém se qualifica como pai ou mãe? Absolutamente ninguém na fila do pão. Em geral, a propósito, as pessoas têm um olhar infinitamente mais crítico para família alheia do que para a própria. Costumo dizer que é muito fácil resolver os problemas dos outros. Difícil é lidar com as próprias falhas e quase impossível mesmo é reconhecê-las.

            Vivemos tempos complexos. Tudo, absolutamente tudo o que se fala ou se escreve é passível de ser interpretado das formas mais radicais e desvairadas. É um paradoxo sem precedentes. Nunca se falou tanto em liberdade, mas, ao mesmo tempo, não me recordo de ser preciso escolher cada vírgula, sob pena de linchamento social.

            O fato é que, aqui com meus botões, fico pensando sobre o que é ser um pai e quais os atributos para que alguém possa estrelar uma campanha publicitária do Dia dos Pais. Inicialmente, como já escrevi outras tantas vezes, essas datas são de fato comerciais e quase tudo que se faz em torno delas tem finalidades bem menores do que exultar, por exemplo, a figura paterna.

            Além do mais, o que define um pai? Além do aspecto puramente biológico, de forma genérica todos nós sabemos que o conceito de bom pai envolve aquele que dá amor e sustento financeiro, mas creio que no meio de tudo isso haja uma série de variantes capazes de permitir tantas combinações de qualidades que se torna praticamente impossível estabelecer uma regra única.

            Tudo o que sei sobre pais, de fato, é que tenho a alegria de ter um. Aprendi com ele, nessas mais de quatro décadas, que ninguém acerta o tempo todo, mesmo quando quer. Ele me ensinou e continua me ensinando que fé é para as horas difíceis e que família é o alicerce profundo que nos mantém em pé em meio às tempestades. Com meu pai aprendi que dizer “Eu te amo” é atitude que não se economiza.

            Acredito, realmente, que cada filho afortunado tenha no seu, o melhor pai do mundo. Do meu mundo, sem dúvida, o meu pai é o cara! Não vou discorrer aqui sobre todos os predicados dele, mas afianço que não poderia ter sonhado um pai melhor. Então, se cada qual tem o pai que a vida destina, quem é que pode desqualificar o pai de outra pessoa?

            Assim como as mães, os pais nascem para os filhos de diferentes formas e a cada dia as relações humanas se alteram. Propagandas e polêmicas à parte, só me cabe desejar que, seja seu pai quem for, que a presença ou a lembrança dele possa ser fortaleza, repositório de paz e de esperança para dias melhores, menos intolerantes.

 

 

 

 

CINTHYA NUNES é jornalista, advogada e quer aproveitar para dizer ao pai dela, o Luizinho, que o ama demais – cinthyanvs@gmail.com

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:27
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Julho 2024

Maio 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links