PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quinta-feira, 24 de Setembro de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - Primeiro de Outubro - DIA INTERNACIONAL DO IDOSO - Nada mais Justo do Que Outorgar as Pessoas da Terceira Idade, Respeito e Dignidade Plena.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

73006349_2448637445385150_3785251181584973824_n.jp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

             A Organização das Nações Unidas declarou 1.° de outubro como o Dia Internacional do Idoso e a celebração se baseia na Declaração dos Princípios para os Idosos, estabelecida na reunião geral da entidade de 3 de dezembro de 1982. Por outro lado, a Lei n.° 11.433, de 28 de dezembro de 2006 instituiu o Dia Nacional do Idoso, a ser celebrado também nessa data. Em homenagem a data, invocamos os cinco princípios básicos que norteiam o texto composto dezoito itens:

 

            INDEPENDÊNCIA – Idosos devem ter acesso a comida, água, abrigo, roupas e cuidados médicos; devem ter oportunidade de trabalho e estudo e devem morar em sua própria casa o maior tempo possível.

 

            PARTICIPAÇÃO – Idosos devem permanecer integrados à sociedade, participando da elaboração e implantação de políticas que afetem diretamente o seu bem-estar; devem desenvolver maneiras de servir à comunidade e dividir seus conhecimentos com os jovens.

 

            BEM-ESTAR – Idosos devem ser beneficiados pela proteção dos familiares ou da comunidade, por serviços legais e de assistência social, por planos de saúde; devem ter seus direitos humanos respeitados.

 

            DESENVOLVIMENTO – Idosos devem estar aptos a buscar oportunidade para desenvolver seus potenciais e ter acesso aos recursos educacionais, culturais, religiosos e de recreação que a sociedade ofereça.

 

            DIGNIDADE – Idosos devem viver com dignidade e segurança, livres de explorações e maus-tratos; devem ser tratados com justiça, independentemente de idade, sexo ou raça.

 

            Frente aos inúmeros dados de recentes pesquisas a situação em que encontra o idoso no Brasil é grave. Impõe-se uma reflexão profunda sobre a questão e todos os meios devem ser acionados, através de uma política social para, inclusive, preparar os jovens para o encontro com a velhice. Precisamos lutar por seus direitos, quer material, quer espiritual, econômico, jurídico, moral, cultural e recreativo, e promover uma constante reflexão sobre a sua posição no contexto social e no seio familiar, incutindo uma educação de respeito, que habitue desde logo, as crianças, ao amor dos anciãos, procurando lhe propiciar sempre melhor qualidade de vida.

 

 

Desrespeito com os aposentados no Brasil

 

 

             Por ocasião do Dia Internacional do Idoso, quinta-feira, vale destacar que a situação dos aposentados é manifestamente grave, sendo seus direitos ameaçados e os valores percebidos, gradativa, mas acentuadamente reduzidos. Os que recebem do INSS mais do que o salário mínimo tiveram, nos últimos 10 anos, reajustes inferiores à metade do que foi concedido a quem ganha um salário mínimo e os números mostram que está havendo um acelerado processo de pauperização da faixa intermediária deste grupo de pessoas. Enfrentam assim, não soe a quebra da paridade, mas a ausência de reconhecimento a quem já entregou grande parte de sua vida ao trabalho. Triste quadro.

 

 

 

 

 

 JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É  ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas. Tem oito livros individuais e participou de mais de cem obras coletivas (martinelliadv@hotmail.com)

 



publicado por Luso-brasileiro às 18:31
link do post | comentar | favorito

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - TEXTO, CONTEXTO e PRETEXTO - ( AINDA SOBRE "O CASO DA ZÉLIA")

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Armando Alexandre dos Santos.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

Não imaginava que fosse ter tanta repercussão o artigo da última semana, no qual compartilhei com os leitores de “A Tribuna Piracicabana” velhas recordações de 30 anos atrás, quando nossas suadas poupanças se transformaram repentinamente em miragens do deserto. Até pessoas me pararam na rua, para dizer que tinham achado muito engraçado “o caso da Zélia”. Referiam-se, com essas palavras, à charge em que a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello figurava como modelo no ateliê de um artista.

Realmente, para quem viveu e vivenciou aqueles tempos, a charge marcou época. O tempo, entretanto, como devorador de todas as coisas (“tempus edax rerum”, já dizia o velho Ovídio), rapidamente sepultou no esquecimento o conjunto de fatos que tentei, na última semana, fazer reviver, ou melhor, revivescer no espírito dos leitores mais idosos.

À parte do caráter jocoso, o tema inspira uma reflexão sobre a importância do conhecimento contextual, para a compreensão plena dos acontecimentos. A contextualização espacial e temporal dos fatos deve ser preocupação contínua do historiador, para que seus leitores ou ouvintes compreendam bem a matéria exposta. Também nos estudos literários o conhecimento do contexto é de importância para a intelecção do texto - ou, em outras palavras, para se apreender sua plena significação. O conhecimento do contexto, com seus múltiplos aspectos (físico, psicológico, histórico, social, cultural etc.) permite ajustar com precisão o verdadeiro alcance das palavras e das frases, para assim captarmos bem a mensagem emitida pelo autor do texto analisado.

Recordo que há muitos anos acompanhei uma polêmica travada entre duas pessoas. Já não me recordo quais eram, nem mesmo lembro qual o tema da polêmica. Somente me ficou na memória que uma delas, no empenho de desacreditar a outra parte, citou entre aspas palavras escritas (ou proferidas) pela outra. Na réplica, a parte atacada defendeu-se com um hábil jogo de palavras, declarando que haviam “tirado o texto do contexto, só para usar como pretexto”.

Nunca esqueci essa combinação das três palavras (texto, contexto e pretexto). Um texto tomado isoladamente do seu contexto pode muitas vezes não ser bem entendido, pode ser interpretado diferentemente do que foi intenção do emissor. E pode ser manipulado por um adversário mal intencionado, que o usa como pretexto para seus fins dialéticos e/ou polêmicos.

Lembro que uma professora bastante controvertida há alguns anos proferiu, numa conferência pública, uma frase extremamente infeliz, uma verdadeira “boutade”. A filmagem da conferência, longa e prolixa, foi divulgada na íntegra pela internet. Alguém que não gostava dessa professora teve a ideia de destacar, do vídeo disponibilizado na internet, um trechinho de 2 minutos, com a frase desastrada, e o postou no Youtube. A postagem “viralizou” rapidamente e a professora recebeu críticas de todos os lados, sobretudo por parte de pessoas contrárias a ela, mas também por parte de pessoas que até gostavam dela, mas não podiam concordar com o disparate que ela tinha proferido num momento de infelicidade.

Como se defendeu ela? Defendeu-se malandramente, dizendo que a frase em questão não podia ser entendida fora do seu contexto. Com isso, se esquivou de explicar a inexplicável asneira que havia proferido e, ademais, ainda deixou insinuado que os divulgadores do videozinho haviam agido de má-fé.

Na verdade, em todo o resto da conferência (que fiz questão de ouvir e analisar cuidadosamente duas vezes) não havia nada, absolutamente nada, que permitisse sequer atenuar a péssima impressão causada pela frase infeliz. Mas a simples alegação de que o texto tinha sido tirado do contexto bastou para a desastrada conferencista salvar-se da “saia justa” em que se tinha metido.

Esperta, ela sabia que muito pouca gente teria paciência para ouvir e analisar a conferência inteira... Apostou nisso e o caso foi rapidamente esquecido. Ela agiu de modo intelectualmente pouco honesto. Mas, sem a menor dúvida, o princípio que alegou era muito verdadeiro: não se deve julgar uma conferência inteira por uma única frase, sem conferi-la com o respectivo contexto.

 

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

                         

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:07
link do post | comentar | favorito

CINTHYA NUNES - O FILHO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes.jpeg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando ela chegasse traria biscoito com mel, certeza. Não falhava nunca e ela sabia qual era o mais gostoso. Aqueles com buraquinho no meio eram os melhores, mas o mel escorria por ali.  Mamãe sabe dos meus gostos e trará os quadradinhos, perfeitos no sabor também. Ela estava demorando um pouco para vir dessa vez. Preferia não chorar na frente dela, mas às vezes não conseguia ser sempre um bom menino.

Assim que Helena entrou no quarto, a passos lentos e cansados, carregando a velha bolsa com biscoitos, o sorriso de João se abriu, sem dentes. Era até engraçado vê-lo esticar os braços na direção dela, incapaz de sair da cadeira de rodas, pedindo colo, mas aquela imagem só despertava nela uma tristeza imensa.

 Sentou-se diante dele, tomou-lhe as mãos grandes e ossudas, acariciando cada marca do tempo, a traçar com a ponta dos dedos o caminho das veias saltadas. João era seu marido, mas também se tornara seu filho. Maldita demência. De nada adiantavam as tentativas de convencê-lo do contrário. No começo, verdade seja dita, ela bem que tentou. Não era mãe dele, não! Eram casados, de papel passado e tudo, depois de cinco anos de namoro, mas ele só olhava para ela, perdido sabe-se lá Deus por onde.

Helena fazia visitas semanais a João depois que tiveram de interná-lo. Cláudio, filho único deles ajudava nas despesas, mas não suportava o fato do pai não reconhecê-lo e aparecia vez ou outra, como no aniversário de oitenta anos de João, havia dois meses.

O velho sempre ficava feliz com as visitas. Era tão gostoso receber carinhos da mamãe, cada dia mais bonita. Quando crescesse se casaria com uma moça assim também, mas só se ela fosse boa em fazer biscoitos quadrados e gostasse de mel. Ele queria correr para junto dela, mas as pernas estavam pesadas, esquisitas. Será que poderia ir no colo?

Cansada, ela também já tão perto das oito décadas, Helena observava enquanto João comia, deliciado. Ao menos ainda podia usar as mãos. Ah, aquelas mãos que tanto prazer e conforto tinham dado a ela. Ainda eram as mesmas? Eles, com certeza, não eram mais o mesmo casal. Sequer eram um casal. A vida era mesmo uma jornada cruel. Nenhum deles merecia nada daquilo. Ou mereciam?

Ao término das horas e dos biscoitos, Helena se aprontou para ir embora. João, percebendo os movimentos, esboçou um choramingo, mas ela o abraçou forte antes que as lágrimas viessem. Por um instante ela o sentiu, o seu marido, naquele abraço e quis se demorar ali para sempre. Estaria imaginando coisas?

Separou-se dele a contragosto, esperançosa de que ainda houvesse algum futuro para os dois. Quem sabe da próxima vez? Os médicos não sabem mesmo de nada, no fim das contas. Precisava ligar para o filho. Na semana seguinte iria com o vestido que usara nas Bodas de Ouro. Era importante provocar memórias.

Foi-se embora feliz, repleta de planos, antes de ouvir João que se queixava às cuidadoras, da mãe que nunca o levava embora daquele lugar.

 

 

 

 

CINTHYA NUNES   -    é jornalista, advogada e roga ao Universo que, nos estertores da jornada, não leve sua mente, esquecendo-se do seu corpo – cinthyanvs@gmail.com.

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:06
link do post | comentar | favorito

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - MÁ CONDUTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2vl2knt.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Má conduta normalmente é falta de caráter. Falta de caráter, muitas vezes, decorre da formação humana.

Na escola, aprendi sobre a Lei Áurea. Pouco se pronunciaram sobre Zumbi dos Palmares, mas tive o privilégio de assistir, mais de uma vez, ao monólogo “Navio Negreiro”, baseado no poema de Castro Alves, pelo ator Benedito Irivaldo Vado de Souza, que representava 16 personagens.

“... Negras mulheres, suspendendo as tetas/ Magras crianças, cujas bocas pretas/ Rega o sangue das mães./Outras moças, mas nuas e espantadas, /No turbilhão de espectros arrastadas, / Em ânsia e mágoa vãs! (...) Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura... se é verdade/ Tanto horror perante os céus?!...”

Nunca me disseram sobre o estudo da sífilis não tratada de Tuskegee. Experimento médico, exemplo de má conduta científica, realizado pelo Serviço Público de Saúde dos Estados Unidos (SPS) em Tuskegee, Alabama, entre 1932 e 1972. Foram usados, como cobaias, 399 negros para observar a progressão natural da sífilis sem o uso de medicamentos.

Não apresentaram o diagnóstico aos doentes envolvidos e os mesmos não deram consentimento para participar da experiência. Foram informados que possuíam “sangue ruim” e que, se colaborassem com o programa, teriam tratamento médico gratuito, transporte para a clínica, refeições gratuitas etc. Ao final, apenas 74 pacientes estavam vivos, 25 morreram de sífilis, 100 morreram de complicações relacionadas com a doença. Isso sem dizer das esposas infectadas e de filhos nascidos com sífilis congênita.

Há poucos dias, uma minha amiga negra, professora dedicada, de compreensão ímpar em relação aos seus alunos em maior situação de vulnerabilidade social – age sempre para salvá-los-, bem conceituada, um amor de pessoa, muito sensível – de olhos que enxergam as dores do mundo -, em conversa informal sobre o isolamento durante a pandemia, comentou que prefere receber as pessoas em sua residência do que visitá-las, pois em sua própria casa não corre o risco de ser humilhada pela cor. Doeu tanto em mim! Não consigo me esquecer dessa fala dela.

Penso sobre a monstruosidade do preconceito racial, seus acontecimentos históricos e atuais e outros tipos de discriminação.   Que fazer com a intolerância dos soberbos e como tratar esses corações necrosados que infectam a humanidade? Que o Céu nos ajude!

 

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil



publicado por Luso-brasileiro às 13:55
link do post | comentar | favorito

JOSÉ RENATO NALINI - ENQUANTO FOREM SURDOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Nalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Editorial do Estadão de 25.3.20 comenta a dificuldade que o Judiciário encontra ao se deparar com a quebra da rotina. A eclosão da pandemia impacta a vida de todos e esbarra com a perplexidade de uma função estatal cuja característica é ainda crer numa estabilidade milenar.

            São escassas, no Brasil, as pesquisas sobre a psicologia do Judiciário. Ao contrário da produção de teses, dissertações, ensaios e volumosa doutrina que se embevece com o aprofundamento em questiúnculas teóricas. Prolífica normatização, exuberante doutrina e jurisprudência à la carte, pois predomina a supervalorização da consciência individual do intérprete. Vivemos a República da hermenêutica!

            A maior parte do sistema Justiça resiste a se reconhecer “serviço público”. Prefere enxergar-se como “expressão da soberania estatal”. E, como tal, num País que nunca deixou de pensar como Império, merecer submissão, reverência, homenagens e tapetes vermelhos.

            Será muito difícil, quiçá impossível, ajustar o sistema às urgências contemporâneas, se não houver profunda mutação nos cursos jurídicos e nos concursos de recrutamento dos profissionais das carreiras que exigem o grau de bacharel em direito.

            São muito poucas as experiências nas Faculdades de Direito brasileiras, que abrem espaço para aquilo que tem sido negligenciado na educação fundamental: a inteligência emocional. Prioriza-se a memorização de enciclopédico acervo de informações provindas de uma profusa legislação, ilimitada doutrina e caótica jurisprudência.

            Não se treina o futuro operador do direito para a empatia, sensibilidade, compaixão pelo semelhante, pois atuará numa das Nações mais desiguais e injustas de todo o planeta. Ao contrário, ele é adestrado para perseguir a forma e o ritualismo, em lugar de minorar as aflições de quem está sequioso por um mínimo de justiça concreta.

            Preserva-se o apego ao excessivo formalismo, inúmeras demandas não chegam à apreciação do mérito, convertendo o processo judicial numa arena de astúcias. O que interessa é encontrar atalhos e não permitir que a sensatez prevaleça. Indague-se aos milhões que se sentem injustiçados com a disfuncionalidade de uma Justiça que persegue a perfectibilidade apenas formal e se concluirá não ser indefectível o apreço a ela nutrido.

            O ensino jurídico insiste na solução judicial de todas as controvérsias, relegando o cumprimento espontâneo do direito e o cumprimento das promessas e compromissos a uma subalternidade que inibe o aprimoramento da cidadania. Esta deixa de protagonizar a prática do justo no convívio e acata a tutela jurisdicional para todas as questões.

            O pior é que a seleção dos quadros funcionais de todo o sistema replica o modelo arcaico de educação jurídica. Afere-se a capacidade mnemônica, esquecendo-se de que nunca foi tão disponível e acessível a busca às informações atualizadas pela Inteligência Artificial e seus algoritmos.

            Como exigir capacidade de gestão, se os integrantes do Poder Judiciário, mas também do Ministério Público, das Defensorias, Procuradorias, Polícias e delegações de serviços extrajudiciais são selecionados se acertarem respostas pré-fabricadas pelos cursos de preparação?

            Será que é difícil perceber que os headhunters encarregados de detectar executivos e CEOs para as grandes empresas focam os atributos que os concursos públicos ignoram, a partir de entrevista pessoal? Esta, para os juízes, foi proibida pelo CNJ. Prefere-se entregar a missão de renovação dos quadros pessoais a Comissões ad-hoc, nem sempre – ou quase nunca – integradas por alguém que detenha o mínimo conhecimento de RH, de psicologia, de prática na aferição de qualidades essenciais ao desempenho de uma das mais angustiantes funções que se possa atribuir a um ser humano.

            A manutenção de tal surrealista situação não explica o surgimento de lideranças quais a do atual Presidente do TJSP, homem lúcido, coerente e sensível, por méritos pessoais e familiares, não em decorrência da higidez de uma tática de recrutamento que precisa ser repensada. Todavia, são raros exemplares desse porte, pois a tática vigente não é pródiga em detectar talentos.

            A gigantesca estrutura da Justiça brasileira poderia contribuir para a implementação de uma cultura verdadeiramente republicana e para consolidar a titubeante Democracia, que acena com uma participação ainda incipiente, se deixasse a entropia e se inspirasse na Quarta Revolução Industrial.

            O mundo mudou e as instituições que não atinarem com isso, mas permanecerem imersas em ilusória estabilidade, inexistente previsibilidade e deixarem de se atualizar, correrão o risco de perda gradual de espaço e relevância, até que a sociedade encontre outras fórmulas de mais eficiente resolução de seus conflitos.

            É bom cuidar de profunda reforma estrutural, que ainda não se fez e de limpar os ouvidos, ou servir-se de aparelhos de surdez, antes que seja tarde demais. A História não costuma perdoar quem se refugia em zonas de conforto, esperando que a realidade venha a se adequar a uma nem sempre correta interpretação dos tempos e de seus desafios.

 

 

 

 

JOSÉ RENATO NALINI é ex-Presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, gestão 2014-2015 e foi Secretário da Educação do Estado de São Paulo, entre 2016-2018.

 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 12:07
link do post | comentar | favorito

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES 15- AS DOZE VIRTUDES CAPITAIS DO SÉCULO XXI - 2ªSÉRIE - 3 A GENEROSIDADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Coronel Capitão.jpg

 

    

       

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

Generosidade é a virtude de quem compartilha por bondade. Um acto de generosidade deve ser feito de forma desinteressada, sem esperar nenhum retorno. Também é sinal de abundância, de  alguma coisa em grande quantidade.

É igualmente usado para falar de talentos, como sinal de prodigalidade.

O contrário da generosidade, ou seja o antónimo da palavra, é a avareza, ou ainda  a mesquinhez, a ganância, o egoísmo e a miséria.

Na sua etimologia a palavra generosidade vem latim “gens”, que por sua vez tem fonte indo-europeia no termo gen, que significa gerar ou fazer  nascer. As palavras iniciadas por gen remetem a esta ideia, como génese ou genitor.

A palavra gente amplia o sentido para família ou clã, e generoso teria vindo desta raiz, significando”aquele que teve bom nascimento”. Ao que no português moderno, a palavra generoso acabou encontrando o sentido daquele que reparte nobremente.

 

O conceito de generosidade não corresponde apenas ao compartilhamento de bens materiais ou a dividir coisas. Pode-se ter generosidade em acções, ao  compartilhar conhecimento, ao repartir o reconhecimento e as vitórias com todos aqueles que ajudaram na trajectória.

Para filósofos e psicólogos, a generosidade faz parte  do conjunto das virtudes humanas básicas, junto com a benevolência e a paciência, entre outras.

Estudiosos do comportamento animal  também afirmam que a generosidade faz parte do  espectro de virtudes destes seres, mesmo sendo um traço de personalidade  entre um grupo de chimpanzés. E informalmente, foi registrada por cuidadores de animais domésticos quotidianamente, tanto entre animais como  em relação aos humanos..

O desenvolvimento da generosidade deve ser acompanhado de outras virtudes, como a gratidão, e cultivado desde a infância. Isto passa pela educação das crianças e adolescentes, ao não tomarem atitudes egoístas,  aprenderem a dividir as coisas com os colegas, e mais do que isso, a serem generosos em relação aos sentimentos

 

Na Bíblia, a generosidade é tratada como uma característica de Deus e dos homens. Deus é generoso pois dá ao homem e à mulher  mais do que merecem receber, em forma de dádivas, como a saúde, a paz, o amor, o prolongamento da vida, a inteligência, a alegria, o prazer e a beleza. Ao que o homem e mulher devem ser gratos e igualmente generosos com os seus iguais, principalmente com os mais necessitados.  Em Provérbios 22,9,  a generosidade  é citada como uma bênção:

“Quem é generoso será abençoado, pois reparte o seu pão com o pobre”.

 

S. João na sua 1ª. Carta em 3, 17-18, diz o seguinte:

“Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele? Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade”.

 

Socialmente, a  generosidade é uma virtude bem valorizada e costuma ter o reconhecimento geral. Com certa frequência afirmamos que a pessoa generosa acaba recebendo algo em troca(a gratidão dos outros ou o reconhecimento de alguma forma). Neste sentido, a generosidade perderia seu valor se estivesse motivada por um interesse oculto ou por vaidade pessoal. A generosidade actua como um mecanismo social através de diferentes acções: uma esmola, uma acção caridosa, a prática do voluntariado ou a ajuda a um vizinho. Mas além desta acção privada, esta inclinação também apresenta uma dimensão global, assim a ajuda humanitária serve como um bom exemplo. Um caso bem evidente de generosidade é a doação de órgãos  e de sangue. Em ambas a circunstâncias há um oferecimento realmente altruísta, ao ponto de conseguir que alguém possa sobreviver graças à acção desinteressada de uma pessoa desconhecida.

O perfil de uma pessoa generosa. Podemos fazer o retrato ou o perfil de um homem generoso  ou de uma mulher generosa. É alguém  que gosta de compartilhar o que tem. É movido por um sentimento de empatia, de tal forma que entende as necessidades do outro. Como consequência é uma pessoa solidária, disposta a oferecer a sua energia  e tempo aos que sofrem ou têm algum tipo de problemas.

 

Quatro maneiras simples de praticar a generosidade.

1.Todos temos algo para dar. Pode ser dinheiro ou bens materiais, que são oferecidos a várias associações.

.

2 É preciso praticar. A generosidade  tornou –se  um artigo raro, um pouco por culpa  do individualismo. Pensamos muito em nosso próprio interesse e pouco no   dos outros.

 

3.Dar o exemplo. O modelo de conduta é essencial  para as crianças criarem uma

   imagem do que é ser  generoso. Se  um adulto ou um jovem se  comportam de

   maneira diferente do que  pregam, isso deixa a criança confusa.

 

4.Não reprimir. Todas as crianças passam por uma fase egoísta. Elas não querem

   dividir  os seus bens, e a dica é não deixá-las com medo ou aflitas.

 

Benefícios da generosidade.

- A pessoa  generosa sente-se mais feliz e produz mais  qualidade de vida.

- O indivíduo generoso é mais solidário, disposto a acudir o outro, prestar-lhe

   favores e praticar boas acções.

- Pessoas generosas são mais dispostas afazer sacrifícios em prol de outras

   pessoas.

- A generosidade alimenta o amor ao próximo e confere maior significado à vida

  daquele que é generoso.

-As pessoas generosas são vistas como exemplos e mais abertas a receber gestos

  de compaixão.

-A generosidade está ligada a inúmeras emoções positivas e traz tanto benefícios

  físicos como emocionais.

Vale a pena praticar a generosidade, pois dos pequenos actos  até aos mais óbvios que envolvam doações, todos são muito válidos  e ajudam a desenvolver as nossas virtudes humanas.

 

(continua no próximo número)        

 

      

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES   -   Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira.  -    Email   goncalves.simoes@sapo.pt



publicado por Luso-brasileiro às 11:56
link do post | comentar | favorito

VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - NO FUNDO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Valquiria Malagoli.jpeg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Verso algum é assim tão pobre!

Até o vazio tem seu cheio

E encontrará fonte, meio

De chegar à boca do odre.

 

Qual solidão enche o peito

No seu exercício só...

Qual lisura, solto o nó...

Todo vazio tem seu jeito.

 

Todo vazio é, portanto,

De mesa farta um disfarce;

Todo vazio, vazio faz-se

Por ter, no fundo, seu tanto!

 

 

 

 

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoliescritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 11:49
link do post | comentar | favorito

FELIPE AQUINO - PERGUNTAS E REPOSTAS SOBRE A BÍBLIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quantos são livros que compõem a Bíblia?

 

A Bíblia compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo. O elenco completo dos livros sagrados, que a Igreja reconhece como inspirados, é chamado cânon das Escrituras Sagradas.

Que significa dizer que a Bíblia é inspirada?

Significa que o Espírito Santo inspirou os autores humanos da Bíblia, os quais escreveram o que Ele lhes ensinou.Por que a Sagrada Escritura ensina a verdade?

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura. Não é, portanto “uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivente” (São Bernardo de Claraval).

Qual a importância do antigo Testamento para os cristãos?

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como palavra verdadeira de Deus: todos os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor perene; testemunham a divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.

 

 

 

leitura-biblia-pixabay.jpg

 

 

 

Leia também: Os livros da Bíblia

Antigo Testamento: lendas ou história real?

O que é inspiração bíblica?

A Sagrada Escritura

 

 

escola_da_fe_II.png

 

 

 

Qual a importância do Novo Testamento para os cristãos?

O Novo Testamento, cujo tema central é Jesus Cristo, nos comunica a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas e João, por serem o principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.

Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?A Escritura é uma, pois única é a Palavra de Deus, único o projeto salvífico de Deus, única a inspiração divina de ambos os Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo Testamento dá cumprimento ao Antigo: os dois se iluminam mutuamente.

Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?

A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É, para os seus filhos, firmeza na fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Ela é, como diz o Salmista, “lâmpada para os meus passos e luz para o meu caminho” (Sal 119, 105). Por esta razão, a Igreja aconselha a leitura frequente da Sagrada Escritura, porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (São Jerônimo, Compêndio 21-24).

 

 

a_eucaristia_pao_de_vida.png

 

 

Retirado do livro: “A Eucaristia, Pão de Vida Eterna”. Raffaello Martinelli. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -      é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:33
link do post | comentar | favorito

PÉRCLES CAPANEMA - REALISMO COMO VACINA AO UTOPISMO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Péricles Capanema.jpeg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Espinhos. Abri o jornal (sou espécie em extinção, ainda abro o jornal pela manhã), e tomei um tapa na cara: o PIB brasileiro no segundo trimestre de 2020 teve contração de 9,7% em comparação com os primeiros três meses do ano. Esperada embora, a retração é a maior da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Segundo pesquisadores da FGV, desde 1980 não há registro de queda pior em trimestre. De passagem, temos outra fonte de informação a mais dos números, sofremos espinhos pontiagudos na própria carne. Tudo dói ao redor nosso.

 

O realismo, vacina contra quimeras. O que me empurra incoercivelmente para mais além da crise, para a região das convicções e mentalidade, de onde procedem as escolhas. E tantas vezes nós brasileiros temos feito opções tóxicas. Encruzilhada inevitável: abraçamos o realismo, enfrentando o que nos agride ▬ sem servilismos a modas estrangeiras (ou nacionais), fincados serenamente em nossas possibilidades ▬ ou vamos preferir escapulir pelo buraco do utopismo, embaídos por miragens enganadoras? A segunda escolha é responsável, em boa parte, pela situação trágica em que agora estamos atirados, com a economia desmoronando por vários lados. O realismo nos teria poupado amazonas de sofrimentos e apreensões.

 

Na tempestade, notícias animadoras. Realismo não é só ver de frente notícias ruins. É também fixar o olhar nas esperançosas. Vamos agora entrar por aqui na economia. Mesmo no ambiente da pandemia, o agronegócio brasileiro continua apresentando resultados positivos. (Destaco, ele foi fruto do realismo). É um alívio, evita a quebra generalizada, o desabastecimento e o desemprego maciço; depois será o motor da recuperação.

 

Vocação natural. Em parte tal pujança se deve à ação lúcida do ministro Alysson Paulinelli nos anos 70, cuja visão de governo (formação ampla de especialistas, pesquisa científica bem orientada, estímulo à inovação) esteve na origem de enorme aumento de produtividade, que vem beneficiando o campo ao longo de décadas Sua ação clarividente, ajudado por muitos outros na mesma direção, sublinhou realidade negada por muitos: cada vez mais o agronegócio se firma como vocação natural do Brasil. É suicídio menosprezar o caminho disposto pela realidade. Aqui toco conceito central do artigo: vocação natural. Natureza e realismo andam juntos. Tal conformação foi agredida pela fixação artificial de políticas estatais por muito tempo em desenvolvimentos induzidos, de base industrial; discussões e planos que marcam há quase um século a vida pública brasileira. Os debates tiveram ponto alto nos anos 40, aos quais vou me referir, pois lançam luz no quadro presente. Continuam vivos, de fato atualíssimos, com potencial para determinar o rumo nosso no futuro.

 

Coletivismo larvado. O embate ao qual me refiro não opôs diretamente, de um lado, propriedade privada e livre iniciativa; de outro, coletivismo deslavado. Foi antes o choque entre intervencionistas (partidários do desenvolvimento induzido e acelerado com utilização maciça de instrumentos estatais), representando, em grau menor ou maior, um coletivismo larvado, e, do outro lado, aqueles que acreditavam que o progresso da economia deveria vir do respeito a suas leis. Escorado na propriedade privada e livre iniciativa, buscar o caminho do que se intitulava o aproveitamento das vantagens comparativas. E aí aparecia logicamente a urgência de fazer progredir a agricultura e, por meio dela, sem prejudicá-la, fazer a indústria contribuir de forma crescente ao progresso nacional. Tal fato se refletiria naturalmente na vida social, educacional e política. Era o fortalecimento da vocação da agricultura; hoje se diria do agronegócio, um pouco simplificadamente. De outro modo, maior presença do agronegócio no PIB brasileiro. Na pauta da discussão estavam o papel do Estado, industrialização, projeto nacional, segurança pátria. No fundo do quadro, por vezes de maneira confusa, noções diferentes e até conflitantes de grandeza nacional.

 

Duas posições em choque. Na já recuada década de 40 duas foram suas principais figuras. De um lado, Roberto Cochrane Simonsen (1889-1948); de outro Eugênio Gudin (1886-1986). A discussão teve início e escancarou posições quando Alexandre Marcondes Filho (1892-1974), ministro do Trabalho, Indústria e Comércio solicitou um relatório ao Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial que trouxesse subsídios para uma política industrial e comercial. Dele foi encarregado o dr. Simonsen, membro da mencionada comissão. Em 16 de agosto de 1944 apresentou o estudo “A planificação da economia brasileira”. Conceitos centrais: planejamento, presença do Estado ▬ indutor, financiador, direcionador de recursos ▬, industrialização acelerada. Seria a fórmula para desenvolvimento rápido, melhoria da renda e geração de empregos. Era um eco de tendência em ascensão mundo afora, o planejamento econômico estava na moda no mundo desenvolvido, e aqui se poderia incluir setores importantes dos Estados Unidos. Seu prestígio provinha até mesmo da União Soviética, com os então famosos e prestigiados planos quinquenais, promovidos por Stalin.

 

Reação fundamentada. Também participava da mencionada comissão o engenheiro e economista Eugênio Gudin. Defendia a industrialização, mas paulatina e com base no fortalecimento da agricultura, onde via enormes vantagens comparativas do Brasil, clima e terras férteis. Refratário a ficções, fincado seguramente no que de fato tínhamos, temia atalhos artificiais. Em sua resposta, datada de 23 de março de 1945, o economista carioca observava com visão de longo prazo: “O conselheiro Roberto Simonsen filia-se [...] à corrente dos que veem no ‘plano’ a salvação de todos os problemas econômicos, espécie de palavra mágica que a tudo resolve, mística de planificação que nos legaram o fracassado New Deal americano, as economias corporativas da Itália e de Portugal e os planos quinquenais da Rússia. [...] A verdade é que temos caminhado assustadoramente no Brasil para o capitalismo de Estado”. Sobre sua posição, comentou Roberto Campos: “Gudin insistia que o processo industrializante deveria observar as linhas de vantagens comparativas e deveria caber principalmente ao setor privado, sem relegar a agricultura à posição de vaca leiteira para financiar a industrialização”. A polêmica entre os dois líderes brasileiros está registrada, é fácil compulsar os argumentos de ambos. Não é o caso de aqui os evocar, pois meu objetivo, abaixo exposto, é outro. Só lembro que na década de 40 as convicções já estavam cristalizadas e sistematizadas em dois corpos de doutrinas.

 

Segregação e exclusão. Eugênio Gudin representou o pé no chão; sem o citar explicitamente, defendia o princípio de subsidiariedade, o papel supletivo do Estado em relação à sociedade. Suas posições estavam distantes da purpurina dos “cinquenta anos em cinco”, “Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)” e tantas mirabolâncias parecidas, fruto de ufanismos vazios, quando não de velhacaria política. Não foram vitoriosas, mas ajudaram, apesar de dificuldades, para, em longa decantação, amadurecer argumentos e formar correntes de opinião. E foi só muito depois dos anos 40 que se desvelou aos olhos do mundo a ilusão demolidora da mania dos planos econômicos; em especial evidenciada pelo desastre econômico dos países da antiga União Soviética. Mas quando a impostura se patenteou o mundo já havia padecido os retrocessos civilizatórios, que excluíram de padrões mínimos de dignidade humana durante décadas a bilhões de pessoas. Em última análise, pela recusa consciente e culposa do princípio de subsidiariedade. Aqui está um objetivo do artigo: realçar a importância do princípio de subsidiariedade, vacina contra ficções destruidoras, motor de avanços..

 

O vento fresco do princípio de subsidiariedade. Falei em maturação. Em 1931, já se vão quase cem anos, Pio XI publicou a “Quadragesimo Anno”, encíclica de doutrina social católica. Ali colocou como pilar da doutrina social católica o princípio de subsidiariedade: “Assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem efetuar com a própria iniciativa e trabalho, para o confiar à comunidade, do mesmo modo passar para uma comunidade maior e mais elevada o que comunidades menores podem realizar é uma injustiça, um grave dano e perturbação da boa ordem social. O fim natural da sociedade e da sua ação é coadjuvar os seus membros, e não os destruir nem os absorver.” Representa golpe duro contra o intervencionismo estatal e contra toda forma de coletivismo; afirma o caráter supletivo do Estado em relação à sociedade. Tivéssemos dado ouvidos a tal ensinamento e muito melhor estaria a situação no Brasil. Contudo, pouco a pouco em algumas áreas vai deitando raízes. Um exemplo, na PEC da reforma administrativa, encaminhada recentemente pelo governo ao Legislativo, consta modificação do artigo 37 da Constituição. Passam a figurar como princípios da administração pública, entre outros, a proporcionalidade e a subsidiariedade. É fato promissor; que a brisa se transforme logo em vendaval de restauração e sanidade.

 

Família, a segunda estaca. Falei da subsidiariedade como fundamento da vida econômica. Era uma grande esquecida ▬ hoje não mais. O que é promissor e a pandemia pôs em evidência tal aspecto. Meu segundo propósito, realçar a importância do fortalecimento da família, também fundamental para o progresso econômico. Tal realidade foi recordada com talento e realismo por Ettore Gotti Tedeschi, antigo presidente do Banco do Vaticano: “Numa família se originam projetos que exigem maiores compromissos na geração de riqueza, poupança, investimento. No seio da família surgem estímulos competidores saudáveis, sobretudo graças à educação e treinamento de cada membro, que em perspectiva se torna motor da produção de riqueza que beneficia toda a sociedade. Além disso ela absorve os problemas sociais e econômicos de seus membros, sem transferi-los ao Estado; tende a ajudar e proteger seus membros mais fracos e vulneráveis, que de outra forma sempre pesariam para a sociedade. A família assume três áreas de valor social, criando as condições para o crescimento do PIB, formando e educando, limitando os custos do Estado assistencial. Portanto a família é fonte de investimento em capital humano, fonte de maior comprometimento produtivo, de autoprodução e redistribuição de renda dentro dela. Por isso ela é o primeiro posto de criação de riqueza da sociedade. Ignorar ou mesmo degradar este papel, ao invés de incentivá-lo, é uma das primeiras causas do declínio socioeconômico e cultural da sociedade. Se um país não acreditar na família, verá ruir o crescimento da riqueza produzida e do seu bem-estar econômico e social”. Em resumo, sem família saudável, no longo prazo não haverá economia saudável.

 

Pandemia, hora de padecimento; em especial, de reflexão e oração. Ocasião para analisar o passado (acima pequena e expressiva parte dele), esclarecer situações; e, com isso, preparar futuro de autêntica grandeza cristã. O presente artigo procurou ser modesta contribuição para tal, chamando a atenção para a vocação natural do Brasil, a agricultura, posta em evidência pela gravidade da crise. E salientando dois pontos para caminharmos no rumo certo: princípio de subsidiariedade e família, vacinas contra recaídas.

 

 

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"



publicado por Luso-brasileiro às 11:25
link do post | comentar | favorito

PAULO R. LABEGALINI - APROVEITE SEU PEDAÇO DE VIDA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paulo Labegalini.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continua circulando nos computadores do mundo inteiro um texto emocionado do famoso escritor Gabriel Garcia Marquez, quando vivia lúcido seus últimos dias de vida, vítima de um câncer linfático. Eis alguns trechos de sua despedida deste mundo:

“Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.

Se eu tivesse um pedaço de vida, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse, regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e não deixaria passar um dia sem dizer às pessoas: te amo, te amo!

Aos homens, lhes provaria que estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.”

São palavras que todos acham tristes, mas, até que ponto, depende do ponto de vista. Sabemos que o pecado é o maior inimigo à nossa salvação, portanto, aqueles que partem para a vida eterna em estado de graça, acabam tendo uma grande recompensa após a morte. Por exemplo, quem reza o terço diariamente, acaba sendo abençoado por Nossa Senhora e não ficará no purgatório pagando os seus pecados veniais – promessa feita pela Virgem Maria ao beato Alain de la Roche.

Portanto, quem tem fé sabe que, cumprindo os mandamentos de Deus, nosso Divino Pai nos concederá um lugar definitivo no céu. O próprio Jesus Cristo disse textualmente: “Se guardares os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.”

Quem não souber por onde começar a ganhar o céu, pode seguir o conselho de Madre Tereza de Calcutá: “O fruto do silêncio é a oração; o fruto da oração é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o trabalho.”

Refletindo nestas palavras, proponho que cada um comece uma vida nova transformando o seu próprio coração: pedindo diariamente a Jesus que lhe dê um coração manso e humilde semelhante ao Dele. Ao conseguir essa graça, é importante introduzir mais oração no seu cotidiano e começar a ajudar aquele necessitado que se encontra mais próximo. Lembre-se, você também, que é agradável a Deus oferecer os seus dons - que Ele gratuitamente lhe deu - a quem mais precisa de ajuda.

E para completar as citações feitas neste texto, lembro as palavras do nosso querido Antonio Frederico Ozanam – fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo: “É no presente onde se situam as nossas obrigações e no passado - onde repousam as nossas recordações - que reside o futuro, onde se dirigem as nossas esperanças.” Significa dizer que quem planta a Palavra de Deus, colhe muitas graças em sua vida.

Vamos oferecer o tempo de vida que nos resta à construção de um mundo melhor, onde a oração, o amor e a caridade prevaleçam entre os cristãos. E para continuar nos caminhos de Jesus e de Maria, lembre-se desta história:

Um velho homem vendia balões de gás numa quermesse e, por um descuido, deixou escapar o balão azul, que subiu até desaparecer no céu. Um menino negro, olhando para os outros balões, perguntou ao vendedor: ‘Se o senhor soltasse o balão preto, ele também subiria tão alto assim?’ E o velho respondeu: ‘Talvez até mais, meu filho, pois não é a aparência, mas o que está dentro dele que o faz subir.’

 

 

 

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:17
link do post | comentar | favorito

HUMBERTO PINHO DA SILVA - CONFIDÊNCIAS....NÃO MUITAS....

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Humberto Pinho da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os meus amigos de infância, resumem-se a meia dúzia. Dessa meia-duzia, destacam-se apenas três:

Não são propriamente de infância, mas de adolescência. Um, que me dava grande prazer, era moço, baixo e folgazão. Amava calcorrear as ruas e ruelas da antiga cidade, em busca de curiosidades, velharias, e casas brasonadas.

Conheci-o quando fazia preparatórios. Fomos colegas de turma. Pertencia à aristocracia, mas nada tinha de velha e empertigada fidalguia. Gostava de prosear sobre famílias de antanho, da história da cidade, e era versado em heráldica.

Éramos íntimos e trocávamos intimas confidências.

Terminado o preparatório, vispou-se…Escreveu-me, ainda, inflamados e sorumbáticos aerogramas, da Guiné.

Tornei-o a descobrir, doente, envelhecido, ligeiramente surdo, casado. Continuava o mesmo rapazinho prestável. Digo: “continuava”, porque faleceu. Ainda rezo, pungidamente, pela alma.

Os outros ou as outras, eram meninas:

Uma, era criança. Afeiçoou-se a mim, e eu a ela. Cresceu. Tornou-se formosa menina-moça…A fértil imaginação, refervia. Iludi-me. Queria divertir-se, e pela certa chasqueava a minha ingénua e platónica afeição.

A última, era mulher feita, graciosa, de faces rosadinhas, ameninadas, corpo de gazela e inteligência arguta.

Certa tarde ensolarada, saímos juntos. Acanhado, não lhe soube revelar o meu casto e pudico sentimento.

A mocinha arrufou, receando ficar para titia. Enfastiou-se.

A amizade não finara; ainda bordou com esmero, delicada toalhinha de linho, a algodão azul, cor romântica e significativa de miosóte, quando a amizade já esfriava…

Já que estou em época de confidências, tudo devo revelar, para que nada fique encoberto.

A minha adolescência, e a própria infância, ficaram enrodilhadas em manto negro, negríssimo, que estigmatizou- me para sempre.

Deixou-me: receoso, triste, medroso. Certo é, que houve centelhas inefáveis. Períodos, que fugazmente olvidaram as amarguras do infortúnio… Mas, extinguiam-se, como estrelinhas doiradas, que se desprendem, esvoaçando, enxameadas, do braseiro da vida.

A verdadeira felicidade – se há plena felicidade, – encontrei-a na velhice; no prelúdio do acaso, quando os derradeiros raios ensanguentados do crepúsculo, já desfalecem, na espessa cerração da noite negra, que sinto ou pressinto avizinharem-se, sem o desejar.

Dou graças a Deus, pelas bênçãos recebidas, assim como Sua divina proteção. Talvez imerecida…

Todos tentamos esconder, e eu não sou diferente, – as horas sombrias, que enlutaram a existência, receando, que os mundanos, se divirtam com nossas malogradas fraquezas.

Mas, não consigo silenciar, todas os segredos – pelo menos, os mais fúteis, – por isso, confidencios… em papel….

Recordar é viver; mas recordar, o passado, que passou, por vezes, faz-nos chorar. Chorar baixinho…para que não nos ouçam e não nos vejam…

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   - Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 11:05
link do post | comentar | favorito

EUCLIDES CAVACO - NAU FEITA DE SONHOS – Fado – Intérprete: Dr. Jep Ramos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Tributo ao médico e amigo Jep Ramos, natural de Barcelona,que ao exercer medicina em Portugal , se apaixonou pelo fado e,interpretou diversos temas meus , tal como este que aqui partilho.
Presentemente , o nosso amigo Dr Jep Ramos está lutando a tempo inteiro contra o maldito virus, tentando controlar a Nau nesta terrível tempestadeque atravessamos. Obrigado amigo Jep pelo contributo dado ao fado ,mas sobretudo por estar na linha da frente tentando salvar vidas neste momento em que o mundo mais precisa de si. O nosso preito de gratidão.
 
 


https://www.youtube.com/watch?v=3jBoMZy_kek&fbclid=IwAR038uurpkabQzWuz8LGX6OZmp2zrIK0VI35PVQ3tsg-UugX91fe1KT_-3s
 
 
 
 
 
 
Desejos duma salutar semana.
 
 
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

***

 

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

***

 

 

 

Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confisões.



https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opco



publicado por Luso-brasileiro às 10:57
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 18 de Setembro de 2020
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - DIA 23-09. A CHEGADA DA PRIMAVERA NO BRASIL, ESTAÇÃO DAS FLORES E POESIAS - ( ENCANTO MESMO EM TEMPO DA PANDEMIA PROVISÓRIA)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

73006349_2448637445385150_3785251181584973824_n.jp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                  

Dia 22 de setembro se inicia a tão esperada primavera, estação do ano que se segue ao inverno e precede o verão, tipicamente associada ao reflorescimento terrestre. Por isso se diz que é o período das flores, marcado por belas paisagens formadas por uma grande variedade tais como orquídea, jasmim, violeta, hortênsia, crisântemo, entre outras, sendo o Brasil possuidor de uma flora abundantemente diversificada, com mais de 55 mil espécies. Elas tornam a natureza mais bela que nunca, vestindo-se de tipos de variadas cores, dos mais ricos matizes, de intensos e diversos perfumes.

Por essa razão, inspiram-se os poetas que lhes dedicam inúmeros versos. Vinicius de Moraes narra em sua poesia “Primavera”: “Acontece que eu estou mais longe dela/ Que da estrela a reluzir na tarde/ Estrela, eu lhe diria/ Desce à terra, o amor existe/ E a poesia só espera ver nascer a primavera/ Para não morrer”... Para Casimiro de Abreu, “a  primavera é a estação dos risos”. Até o líder revolucionário Che Guevara sucumbiu aos seus encantos deixando  uma frase celebre: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”.

Cecília Meirelles escreveu num texto maravilhoso, “Saudando a Primavera”, entre outras coisas que “Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira”.

Realmente, para muitos a alegria toma conta não só dos corações humanos, mas também dos animais, que também saem de seus refúgios e passam a circular com mais intensidade no alto e na terra. Por outro lado, o clima é bastante agradável, já que pode ser influenciado pelos oceanos  meridionais do hemisfério sul onde está localizado o nosso país  e que ainda está frio, mas com o passar dos dias eles vão ficando mais aquecidos, o que resulta em temperaturas amenas.

         E mesmo em tempo de pandemia provisória, é uma boa época para renovar o espírito, assim como as flores se renovam. E principalmente, propicia momentos para nos conscientizarmos da importância do respeito à natureza e à ecologia, para que possamos por muito tempo usufruirmos de suas maravilhas e atrativos. Por isso, reportando-se a Jaak Bosmans, com certeza a “primavera não é uma simples estação de flores, é muito mais, é um colorido da alma"(Jaak Bosmans).

 

 

 

 

 JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É  ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas. Tem oito livros individuais e participou de mais de cem obras coletivas (martinelliadv@hotmail.com)



publicado por Luso-brasileiro às 15:15
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links