Serão infinitas as estrelas sobre nós? Quanto de vida haverá no Universo? E quem será que nos espia do lado de lá? Desde criança me faço essas perguntas, encantada com a imensidão que a noite revela aos olhos humanos. Quando pequena, sonhava que um dia seria possível viajar até a Lua ou mesmo visitar planetinhas simpáticos, repletos de seres incríveis, de formas e cores impensáveis.
Certa vez, creio que na passagem do Cometa Halley em 1986, fui com meu pai até um observatório ao ar livre, no qual estava alocado um poderoso telescópio. Recordo-me perfeitamente da emoção que me invadiu quando pude observar a lua e os anéis de saturno. As estrelas, outrora apenas distantes pontos luminosos, também pareciam estar ao alcance das pontas dos pés.
Naquela época, morávamos, minha família e eu, em uma cidadezinha do interior do Estado de São Paulo, chamada Clementina. Nossa casa ficava em uma chácara, no limite entre a zona urbana e a rural. Naquela época, à noite, havia pouca iluminação e era possível contemplar o mapa das estrelas no céu e aos poucos fui decorando o nome e a posição de várias pequenas constelações.
Com minhas irmãs, primos e amigos, costumava deitar no gramado que havia em frente de casa, tudo para poder olhar melhor as estrelas. Conversámos sobre tudo e sobre nada, iludidos que a eternidade nos pertencia. Naqueles dias, já tão distantes, eu procurava estrelas cadentes e, quem sabe, alguma nave alienígena que estivesse tentando passar despercebida.
Muito tempo depois, já adulta, comprei um pequeno telescópio com o qual me enamorei novamente da Lua, mesmo ofuscada pela claridade da metrópole paulistana. Só que nunca mais foi a mesma coisa, porque hoje sei que, a não ser em meus pensamentos, é muito improvável que meus pés venham a pisar solo extraterreno. Do mesmo modo, exceto se já viverem entre nós, escondidos, dificilmente terei contato com algum alienígena.
Comparada aos astros, a vida humana é menor do que a mínima fração de um respirar. Não temos tempo para compreender de fato os mistérios que nos envolvem e muitos de nós sequer se lembram de olhar para cima. Às vezes acho que as pessoas perdem o chão porque também perderam antes o teto.
Em um ano que foi especialmente difícil não perder o chão, eu me surpreendi, nas primeiras horas de 2021, olhando o céu, admirada com as estrelas que não era mais capaz de ver. Naquele instante, enquanto um novo ano nascia, eu observava as luzes de estrelas que já nem existem mais, mas que ainda assim iluminam sonhos alheios, guiam viajantes e intrigam astrônomos, amadores ou profissionais.
Maravilha-me pensar que as estrelas estão o tempo todo sobre nós, mas apenas quando o Sol se esconde e o clarão sutil da Lua o substitui, somos capazes de ver delas aquilo que se deixam mostrar. Tão incrível pensar que vivemos em uma ínfima esfera solta no espaço e que, apesar de tudo isso, ainda haja tanta gente se achando o centro do universo, mesmo diante dos superpoderes de um vírus global.
Não sei mais os nomes ou as posições das constelações, mas continuo apaixonada pelo que é invisível aos olhos e, quando sonho, permito-me viajar pelo Universo, pendurada em alguma estrela cadente. De olhos abertos, concentro-me em prosseguir, em fazer o melhor que puder e quem sabe, um dia, mesmo quando não estiver mais fisicamente por aqui, ainda seja possível me tornar como pó de estrelas.
CINTHYA NUNES é jornalista, advogada e por muito tempo quis pegar carona nessa cauda de cometa, ver a via láctea, estrada tão bonita... cinthyanvs@gmail.com
Sintonia é algo mais que se integrar a um grupo, a um projeto e prestar serviço. Sintonia diz respeito a perscrutar os anseios, os medos, os limites, as dificuldades de alguém ou de um povo e inseri-los ao pulsar de seu próprio coração.
Março de 2020. Tempo de pandemia. Questionamentos na Casa da Fonte para não romper os laços com a comunidade, pois se afastar, em tempo maior de tribulação, seria cruel.
Em meio ao planejamento para transformações, dentre variadas atividades, a entrega de cestas básicas aos familiares de nossos alunos em maior situação de vulnerabilidade social, financiadas pela empresa que iniciou e mantém esse projeto socioeducacional: Companhia Saneamento de Jundiaí – CSJ. Somaram-se: desemprego, rejeição às diaristas, fome, doenças diversas, impossibilidade de distanciamento. Para colaborar com o isolamento, dois professores, Jorge Valter Romualdo e Jessé Gonçalves, se dispuseram à entrega domiciliar, além dos alimentos, de kits de limpeza com álcool gel, higiene pessoal, produtos provenientes da parceria com a Mesa Brasil – SESC – São Paulo – Unidade Jundiaí, a Gl Foods e de pessoas afinadas às dificuldades da população, que acrescentaram também em alimentos, produtos de limpeza, guloseimas, brinquedos, gibis, livros, jogos... Seguiram, os professores, pelas ruas, avenidas, vielas... Nas primeiras visitas, apuros na localização pois, inúmeras vezes, a moradia se constitui de um único cômodo nas vielas extensas. Ou, uma garagem que acolhe adultos e crianças. Fato despercebido por quem passa pelas ruas principais.
Em uma das casas, surpresa e emoção: a mãe não sabia como garantir a comida. Chegara a vender a mesa.
Nas andanças, duas das famílias, com criança recém-nascida, o companheiro decidiu voltar ao seu Estado de origem, deixando-as à míngua.
Ao abrir o portão, de certas casas com fachada bonita, observaram que o proprietário dividiu os cômodos em habitação de aluguel.
Há incontáveis domicílios sem quintal e os varais estendidos nas vielas.
Para o Natal, somaram-se: Escritório Mazzola Contabilidade, GL FOODS/ SUBWAY e grupo de funcionários da Coca-Cola.
Permanecemos, de maneira diferenciada, em tom de doçura. Cada um importa e isso foi de acréscimo para o bem. Não tivemos notícia de que algum aluno nosso se desviou, nesse período de “pelas ruas”, para a criminalidade.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
Os que passamos a vida a estudar ciência jurídica aprendemos que a política é a arte da coordenação dos esforços para melhorar o mundo. Sem ela não se obtém avanço civilizatório. É o mister dos que se interessam pela sorte dos semelhantes, dos idealistas, dos bem intencionados, dos que arrostam sacrifícios e não se perturbam diante das incompreensões.
Uma coisa é a teoria, outra a miserável prática. A proximidade do pleito municipal, o mais importante para essa ficção chamada “homem comum”, parece mostrar certo retrocesso na prática eleitoreira.
O século 21 oferece recursos mágicos das TICs, as Tecnologias da Informação e da Comunicação, com possibilidades infinitas de produção de mensagens compatíveis com a seriedade das escolhas.
O Brasil sempre foi considerado um espaço de talentosa criatividade, o que fez com que a música de Jobim, “Garota de Ipanema”, fosse a segunda mais ouvida no planeta no século 20. O maestro Antonio Carlos Jobim, o poeta diplomata Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, representam amostragem significativa do nosso bom gosto musical. E o que dizer de Oscar Niemayer, Lúcio Costa, Ruy Ohtake, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Costa, expressões da mais ousada estética arquitetônica desta terra?
Em todos os campos artísticos temos ícones reconhecidos no Primeiro mundo. Eles deveriam servir de inspiração para a medíocre propaganda eleitoral que o povo paga para não ouvir, nem assistir, nas rádios e nos canais livres.
Sem generalizar, porque isso é perigoso, o que prevalece é de dolorosa mediocridade. Chavões, reiteração de temas passados, que não convencem e não seduzem. Um vácuo melancólico de criatividade, de engenhosidade, de investimento em originalidade.
Pensar que somos a terra de publicitários como Roberto Duailibi, Washington Olivetto, Nizan Guanaes, para permanecer num trio representativo do que se produziu nesta terra tupiniquim, gera decepcionante estranheza pela pobreza da propaganda eleitoral. Que dizem “gratuita”, mas não é. É o povo pobre, espoliado por uma tributação que é a mais iníqua do mundo, que paga por esse tempo entediante. Mais uma injustiça infligida à população. A fome fiscal de um Estado inchado, ineficiente e perdulário, equivale à dos países mais adiantados do globo. O que se devolve em serviço público é equivalente à das nações mais pobres, atrasadas e em estágio inferior de desenvolvimento.
Mas não é só de falta de bom gosto que essa tentativa de motivação de um eleitor temeroso de enfrentar aglomerações em tempos de peste está a padecer. Falta bom tom, falta delicadeza, falta polidez. Nem se fale em etiqueta, numa terra que se tem destacado pelas agressões verbais e físicas, pelas ofensas veiculadas por redes sociais agressivas e mentirosas, pelo estranhamento rude entre pessoas que habitam o mesmo edifício. Para comprovar a veracidade do que já diziam os Romanos: “condominium mater rixarum est”: ou seja, o condomínio é a mãe das encrencas.
Um Brasil que tem Constanza Pascolato, Cláudia Matarazzo e Brasília de Arruda Botelho como paradigmas em comportamento, deve se envergonhar da maior parte das mensagens veiculadas estes dias. Acrescente-se à falta de algo novo, que pudesse ressuscitar a crença na representação, já que a Democracia Representativa está falida, a preferência por ataques aos adversários.
Parece que uma razoável parcela de candidatos não dispõe de qualidades pessoais para enaltecer. A mensagem que chega ao eleitor é: “eu não sou bom, mas o outro candidato é pior. Nada tenho para dizer que me exalte, que possa fazer com que eu mereça o seu sufrágio. Mas você já prestou atenção como os meus concorrentes são ainda menos providos de virtudes”?
Destruir, deliberadamente, a reputação alheia, não é algo que sirva para elevar o grau de qualidade moral de qualquer candidato. Por isso, um critério que resta para a seleção daquele que vai receber o meu sufrágio, é encontrar quem não fale mal dos outros.
Resta indagar o que está sendo feito da fortuna que este sofrido povo brasileiro paga para os Fundos – Partidário e Eleitoral – que teriam destinação focada na formação de um eleitorado maduro, consciente, politizado na melhor concepção do que deveria ser a política. Parece que nada se investiu nessa pedagogia de participação na vida pública. Por isso é que esse território parece reservado a pessoas que não são, exatamente, aquilo que a velha e boa educação moral e cívica aponta como exemplos.
Mas eleições ocorrem a cada dois anos. A esperança de quem ainda não perdeu a lucidez, em dias tão plúmbeos e angustiantes, é a de que a juventude assuma a linha de frente da política séria, para substituir a carcomida, velha e esclerosada estirpe que já não tem nada de bom a mostrar.
JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.
Sensibilidade é uma palavra que deriva do latim “sensibilitas - atis” que pode ser traduzida por sentido. Consiste na capacidade perceptiva sensorial referente às emoções, sentimentos ou mesmo às sensações físicas. Disposição para sentir ou para se emocionar diante de algo ou alguém. Facilidade para se ofender. propriedade de reagir a certo medicamento, substância, composto. Susceptibilidade aos antibióticos. Aptidão para assumir modificações e de a elas responder. Facilidade para se machucar por algum motivo, ou agente externo. Aptidão para apreender e demonstrar sentimentos. Capacidade de reagir a um contacto, a uma alteração ambiental. Precisão excessiva dos instrumentos ou máquinas de medida(Física). Qualidade de um instrumento que acusa as mínimas variações de quantidade ou intensidade: a sensibilidade de uma balança; a sensibilidade fotográfica de um filme.
Ter sensibilidade emocional significa ser capaz de sentir empatia, ou seja, captar e assimilar os diferentes sentimentos de outras pessoas, ou de um grupo específico, por exemplo.
As pessoas emocionalmente sensíveis também podem ter facilidade em se ofender ou se assustar com as coisas, tendendo a se magoar facilmente.
Alguns sinónimos de sensibilidade: emoção, empatia, compaixão, apreciação, percepção, senso, sentido, delicadeza, susceptibilidade e melindre.
Sensibilidade e especificidade. Ambos são conceitos que determinam a precisão dos testes diagnósticos no âmbito médico.
A sensibilidade é a capacidade do exame de detectar uma doença em pacientes que estejam doentes. Já a especificidade, por outro lado, corresponde à capacidade do exame de afastar a hipótese de doença em pacientes saudáveis.
Sensibilidade social. Esta é uma qualidade que hoje se reclama aos políticos e às políticas, sobretudo quando se pretende investir no desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida das populações. Mas será que ter sensibilidade social é uma virtude ideológica ou um dom inato que apenas alguns possuem?
A sensibilidade é uma consequência directa da compreensão. Quem não compreende não pode ser sensível, porque não é permeável às dificuldades dos outros e dificilmente consegue entender que todo o comportamento, decisão ou opinião só faz sentido quando é contextualizado, tendo em conta o tempo e o espaço, a história e as circunstâncias. Um político com sensibilidade social compreende a realidade, desde logo, porque valoriza as pessoas, antes do dinheiro; considera os valores culturais, a identidade, os direitos humanos, mais do que a mercantilização dos bens ou o património; preocupa-se com as causas, em vez de investir no disfarce das consequências. Sensibilidade e compreensão são duas realidades que se ligam e se alimentam mutuamente. Quem aprofunda a compreensão torna esclarecida a sua sensibilidade e, assim, melhora a sua capacidade de entendimento e de empatia com a realidade.
Ser sensível em termos sociais é defender um estado social que dá prioridade ao investimento na educação, saúde e protecção social, e cria condições de desenvolvimento e progresso. Decidir com sensibilidade social, exige considerar as pessoas e defender os direitos humanos primeiro do que os interesses económicos. Quando falha a compreensão, perde-se o bom senso e apenas se decide no curto prazo, sem ambição ou visão de futuro, sem sensibilidade social.
Neste ano em que estão programadas três eleições, todos nós devemos ter a sensibilidade e a oportunidade de escolher qual o programa político que pode responder melhor à resolução dos problemas sociais e à conduta duma sociedade baseada nos valores humanos, éticos. morais e espirituais. Mas, além do programa devemos ter a sensibilidade de escolher quais as pessoas que vão fazer parte da concretização desse programa. As pessoas que fazem parte diretiva desse programa devem ser honestas, serem exemplares na vida social, terem um bom comportamento individual e familiar, terem um passado exemplar. Olhando para o passado, verificámos que muitos detentores do poder económico, social, político e governativo foram considerados corruptos, estando sujeitos a cumprir punições. Ninguém pode dar o que não tem. Se uma pessoa não é honesta na sua vida pessoal, familiar e profissional não deve assumir responsabilidades governativas, pois a sociedade pode ser prejudicada.
Intimidade, autenticidade e sensibilidade na comunicação. A comunicação sensível requer franqueza. O que acontece é que, ao sermos francos ou dizermos o que pensamos podemos ferir as pessoas, razão pela qual devemos saber que, além de sermos honestos, ao mesmo tempo temos que expressar de um modo que não machuque ninguém. Qual o segredo da comunicação sensível? Expressar um sentimento, não um julgamento. Julgar os demais implica destruir qualquer tipo de sensibilidade de franqueza da comunicação.
Em vez de sentenciar, devemos falar dos sentimentos que os comportamentos dessa pessoa nos provocam.Mostrarmo-nos sensíveis e fazer que os demais vejam que não somos pedras (incensíveis) significa expressarmo-nos seguros, abertos, relaxados, entusiasmados e inclinados à aprendizagem, à compreensão e à maturidade.
É difícil falar de sensibilidade, mas vale a pena tentar. Acaba sendo muito benéfico amadurecer dentro de uma sociedade competitiva e desaprender que aquilo que nos faz fortes seja percebido como vulnerabilidade. Como já sabemos, criticar, ridicularizar ou ignorar o que nos incomoda só leva a um nível de tensão que gera conflitos de revolta.. Por isso, essa lição que a sociedade nos dá, de não nos mostramos sensíveis, só pode ser útil nalgumas circunstâncias, mas não na maioria dos casos.
Atacar, em vez de revelar sentimentos e sensações, é um erro que pode ter um preço muito alto. Sabendo disso, devemos saber claramente que a sensibilidade é um dom que merece ser potencializado, porque viver “de coração” é que nos faz especiais e autênticos.
A sensibilidade e a Bíblia.
“Não volteis a proceder como procedem os gentios, no vazio da sua mente; vivem obscurecidos no pensamento, alienados na vida de Deus, devido è ignorância que neles existe e ao endurecimento do seu coração; tornados insensíveis, a si mesmos se entregam à libertinagem, até chegarem a praticar toda a espécie de impureza, na ganância.(S. Paulo aos Efésios 4, 17-19).
ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira. - Email goncalves.simoes@sapo.pt
Acaba de sair o novo livro de António Francisco Gonçalves Simões,colaborador deste blogue - Coronel Capelão da Forças Armadas Portuguesas.
Dias atrás, 21 de dezembro, o Papa Francisco em mensagem de Natal para a Cúria Romana repentinamente desfechou: “E recordo o que dizia aquele santo bispo brasileiro: ‘Quando me ocupo dos pobres, dizem de mim que sou um santo; mas, quando me pergunto e lhes pergunto: ‘Por que tanta pobreza?”, chamam-me ‘comunista’”.
Também vou recordar, apontando evidências. O “santo bispo brasileiro” a quem ele se refere é dom Hélder Câmara (1909–1999). E a frase lembrada não passa de uma “boutade” de dom Hélder, frasista conhecido, foi pirueta para escapar de censura pertinente de que sua ação favorecia o comunismo.
A alusão inesperada do Papa Francisco ▬ é penoso constatar, contudo inevitável, incoercível a lógica, foi propaganda mundial para dom Hélder, reflexo caloroso também recebeu o comunismo, nomeado sem reservas como movimento que luta pelos pobres ▬ suscitou esperada alegria na esquerda. Apenas como exemplo, festejou-a Fernando Haddad, candidato derrotado do PT nas últimas eleições presidenciais: “Dom Hélder foi citado pelo papa Francisco na sua mensagem de Natal. Não poderia ser mais inspirador”. Inspirador aqui significa animador. Em sentido contrário, tais palavras contristaram os setores que temem a ascensão do petismo. Desconcertaram, jogaram muitos no desânimo.
De passagem, em perspectiva ampla, a alusão do Pontífice é de molde a agravar a exclusão social, racha a sociedade ainda mais, piora as perspectivas para os menos favorecidos. Na prática, agride a causa dos pobres e bafeja estruturas de opressão. Falarei sobre isso abaixo.
Agora, recordações esclarecedoras, pingo sobre alguns dos principais iis. Dom Hélder teve carreira “tous azimuts”. Integralista desenvolto nos primeiros anos de sacerdócio (ordenado em 1931), acabou aclamado por correntes de esquerda no mundo inteiro por sua ação contínua a favor da pauta dela, em especial nos anos de episcopado (sagrado em 1952). Aliás, não saiu do integralismo batendo a porta: “Nunca rompi com o integralismo”, observou em 1983.
Assim, depois de alguns anos como ativista saliente do integralismo, migrou resolutamente para se transformar no Brasil no mais decisivo promotor da agenda do progressismo e do esquerdismo nas fileiras do Clero e do Episcopado.
Ainda na década de 30 dom Hélder se aproximou do ideário e das propostas de Jacques Maritain (1882-1973), pensador de grande influência na Ação Católica. O filósofo francês, corifeu do liberalismo católico, promovia a junção das doutrinas da Revolução Francesa com o ensinamento da Igreja, expressa de forma concisa em sua formulação “sociedade laica, vitalmente cristã”. Já não se procuraria a ordem temporal cristã, ideal de restauração, mas se aceitaria (ou pelo menos se toleraria) a sociedade nascida da Revolução Francesa, objetivo de acomodação. Nela, na sociedade laica, moldada pelo racionalismo, buscar-se-ia insuflar uma vida evangélica.
A Ação Católica no Brasil, profundamente maritainista, da qual dom Hélder foi assistente geral e grande impulsionador, está nas nascentes da esquerdização do Clero e do laicato. Neste quadro, dom Hélder foi ainda o motor da criação da CNBB, da qual foi secretário-geral por muitos anos entre 1952 e 1964. A entidade, todos sabem, tornou-se correia de transmissão das palavras de ordem da esquerda brasileira, do PT tem sido fiel e disciplinada companheira de viagem nos últimos lustros. Da Ação Católica nasceu a JUC; no caldo de cultura da mencionada organização universitária surgiu a AP, marxista e guerrilheira ▬ e aqui lembro o fato apenas como ilustração de realidade generalizada nos ambientes da Ação Católica. Ali também medraram a JEC, JOC, JAC, todas favorecedoras de programas de esquerda radicalizados. O mais simbólico rebento da JEC é frei Betto. Do mesmo modo, daí vieram as comunidades eclesiais de base (CEBs), ali teve seu começo a Teologia da Libertação. Para a gestação e nutrição de todas essas entidades e correntes doutrinárias que pululavam no seio da Igreja Católica colaborou dom Hélder. E por isso, era natural, tornou-se a figura símbolo do esquerdismo católico no Brasil. O PT fincou um de seus esteios em dito universo agitado ▬ as CEBS e a esquerda católica em geral. As outras duas estacas foram o movimento sindical e a esquerda universitária.
“Pelos frutos os conhecereis”, não pelas palavras. Os frutos pestilenciais estão à vista, corrupção, roubalheira e empobrecimento causados pelos anos do PT no poder. E apoio às tiranias na América Latina, Cuba, Venezuela, Nicarágua, onde, em situação totalitária, perpetuam a miséria.
Se a mencionada corrente voltar ao poder entre nós, trabalhará para fazer de país, logo que possível, uma cópia da Venezuela ou de Cuba. Para tanto, temos visto já atuando agora a CNBB, a CPT e o MST, todos ligados umbilicalmente à esquerda católica. Nas raízes estão Jacques Maritain, a Ação Católica e o ativismo de dom Hélder.
O que tal movimento trouxe para os pobres em todos os lugares em que venceu? Atraso, destruição dos horizontes de crescimento, agravamento da pobreza. O que mais? Estruturas de opressão na sociedade e no Estado. E exclusão social. Onde se instalou se pavoneia arrogante a casta dirigente e padece manietado décadas afora o povo oprimido, os excluídos. E não nos iludamos, é cenário trágico de retrocesso obscurantista, mas possível, de alto a baixo, toda a América Latina está agora ameaçada por tais programas de destruição. A atuação de dom Hélder os beneficiou de forma relevante e por isso multidões de católicos estão perplexos com seu pregão pelo Papa Francisco.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
A Igreja é consequência direta do mistério da Encarnação, seu prolongamento
Muitos querem hoje dizer Sim à Cristo, e Não à Igreja; mas isto afeta a própria identidade do Cristianismo. A Igreja, instituída por vontade de Cristo, com suas normas, como prolongamento da Encarnação do Verbo de Deus, se tornou o lugar privilegiado do encontro dos homens com Cristo e com o Pai.
Quem pergunta: “Por que a Igreja?”, cai no mesmo erro de quem pergunta: “Por que Cristo?” Cristo veio do Pai e deixou a Igreja. O Pai enviou Jesus para a salvação do mundo, e Cristo enviou a Igreja. “Assim como o Pai me enviou, assim também eu os envio a vós” (Jo 20,21).
Leia também: A Palavra de Jesus é da Igreja?
Não concordo com o que a Igreja ensina, o que fazer?
O que a Igreja liga na Terra, Jesus liga no céu
Por que alguns não concordam com a Igreja?
A verdadeira Igreja de Jesus Cristo
A única Igreja de Jesus Cristo
Muitos hoje querem a Igreja na forma de uma “democracia moderna”, onde tudo se decida pela vontade da maioria. Ela seria então como um grande Clube religioso, de normas “flexíveis”, mais assimiláveis. A consequência disso – e o grande engano – é que neste caso o homem seria guiado unicamente por si mesmo, e não por Deus. Não seria mais “a Igreja de Deus” (1Tm3,15).
Pelo fato da Igreja ter a sua vida guiada pela Sagrada Tradição que vem de Cristo e dos Apóstolos, dá-nos a garantia de que é o próprio Jesus, presente nela, que a conduz.
O primeiro “Sacramento”, o fundamental, é a santíssima humanidade de Jesus, através da qual (gestos, palavras) passava a graça de Deus. A Igreja é a continuação desse “Sacramento”; por isso São Paulo a chama simplesmente de “o Corpo de Cristo” (Cl 1,24).
As expressões terminais desse Sacramento “Cristo – Igreja”, são os sete Sacramentos, que levam a salvação ao homem, do nascer até o morrer. E sem a Igreja não há Sacramentos; logo, não há salvação. Daí podemos ver claramente que a Igreja é tão essencial ao Cristianismo quanto o mistério da Encarnação do Verbo.
Num Cristianismo sem a Igreja instituída por Cristo (Mt 16,16s) sobre Pedro e os Apóstolos, o próprio Cristo ficaria mutilado, como que degolado…
E essa Igreja é a única e una, católica (universal), apostólica e romana.
FELIPE AQUINO - Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.
Na semana passada, vi duas pessoas ‘tirando par ou ímpar’ na televisão e fiquei pensando: ‘Há quanto tempo eu não faço isso! Nem me lembro mais quando foi a última vez!’ E realmente ocorreu há tanto tempo que até hoje não consegui precisar; mas, embora isso não seja importante, outras conclusões advêm dessa lembrança.
Eu costumava disputar parceiros no ‘par ou ímpar’ quando jogava futebol, ou sentava à mesa para partidas de baralho, ou discutia a respeito de quem faria primeiro alguma tarefa chata etc. Muitas dessas atividades eram prazerosas e até deixaram saudades, mas nada disso continua fazendo parte da minha vida; portanto, acabaram-se as disputas e as dúvidas!
É bem verdade que, na minha idade, já não pratico alguns tipos de esporte, mas, independentemente disso, mudei meus hábitos porque tomei plena consciência da missão que Deus me deu na Terra. E repito: acabaram-se as disputas e as dúvidas; contudo, em muitos outros casos, eu gostaria de ver pessoas tomando decisões na sorte, como esta:
Um dia, minha mãe me contou que ao sair do Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Monte Sião, viu uma senhora apoiando-se numa bengala. Como já a conhecia e sabia do problema que tinha nas pernas, dirigiu-se a um outro conhecido que estava dando partida no carro e lhe pediu carona. Ele simplesmente disse: ‘não posso’.
Minha fervorosa mãe, achando que não fora clara na colocação, explicou que o favor era para a senhora que mal podia andar! Ele, indiferente, novamente respondeu que não iria levá-la porque tinha outras coisas a fazer naquele momento. Surpresa e indignada, ela agradeceu e conseguiu outro veículo.
Quando eu soube do fato, quase não acreditei, mas ainda perguntei: ‘O trajeto de carro era apenas de dois minutos, como estou imaginando?’ Sim, era só isso mesmo e, mesmo assim, foi negado! Que absurdo, não! Se pelo menos eles tirassem ‘par ou ímpar’, quem sabe aquele danado teria a chance de fazer uma caridade naquele dia!
Bem, sou obrigado a retirar o que escrevi, porque caridade se faz por amor e não por sorte. Também preciso completar algumas informações a você leitor, leitora: o dono daquele carro não vai à igreja e, embora tenha posses, não abre mão de nenhum centavo aos pobres. Sabendo disso, a indignação se torna um pouco menor, e só me resta desejar que Deus tenha piedade de sua alma e lhe conceda muito mais misericórdia do que talvez mereça.
Mas, há outros fatos que não envolvem riscos e nenhum tipo de sorte, pois Jesus sempre está presente nos corações repletos de fé. E um caso que nunca esquecerei ocorreu com a minha esposa há anos, quando estava em adoração ao Santíssimo no Santuário de Nossa Senhora da Agonia. Ela resolveu pedir três graças: ‘que eu concordasse em vender um imóvel; que o namorado da minha filha conseguisse um bom estágio; e que ela própria melhorasse da pressão alta que a incomodava há anos’.
Naquela mesma semana, sem eu saber dos pedidos, disse a ela que tinha mudado de opinião e gostaria de vender o referido imóvel; o rapaz conseguiu estágio; e a pressão alta sumiu! Eu até poderia afirmar que tudo isso acontece normalmente quando se pede com fé, mas há muita gente que não pensa assim, não é mesmo? Se a minha querida esposa fosse uma pessoa sem perseverança na religião católica, quem sabe ainda estaria tentando resolver esses problemas na sorte!
E o Supremo Tribunal de Edimburgo, na Escócia, que condenou à prisão perpétua um jovem que matou um amigo para torná-lo ‘imortal’! Depois que o rapaz apunhalou Thomas McKendrick – 21 anos – e o enterrou numa floresta, o assassino assegurou que o ‘amigo’ tinha se tornado um vampiro imortal. No julgamento, mesmo com Allan se declarando culpado, insistiu que não foi responsável pelos seus atos – alegação que felizmente não foi aceita pelo juiz.
Um caso assim, também não precisa de ‘par ou ímpar’ para ser julgado. Se Deus impôs como quinto mandamento: ‘não matarás’, se torna impossível concordar com qualquer tipo de assassinato: abortos, guerras, atentados, eutanásias, falta de remédios e alimentos para os pobres etc. Pessoas que morrem por estes motivos é que mereceriam melhor sorte!
E para encerrar o assunto, leia esta história:
Um viajante sentou debaixo da árvore-do-desejo e pensou: ‘Estou com muita fome’. Imediatamente apareceu comida flutuando no ar! Então, imaginou uma taça de vinho e uma garrafa também surgiu em sua mão. Voltou a pensar: ‘Vou comer logo porque daqui a pouco é capaz de chegar uma porção de gente invejosa e acabar com o meu barato’. De repente, avistou uma multidão vindo em sua direção e disse aterrorizado: ‘Irão me assassinar!’
Bem, o que aconteceu com ele nem é preciso dizer. Mas lembre-se da história apenas para ter consciência que, um dia, os nossos pensamentos irão nos colocar no Céu ou no Inferno – e isso não tem nada a ver com sorte! Mas se sua mente buscar os ensinamentos Divinos e os guardar no coração, o desejo de chegar ao Paraíso também irá se tornar realidade – sem precisar tirar par ou ímpar com alguém.
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofa
Escutei esta frase, de católica “ fervorosa”, referindo-se ao sacerdote da sua paróquia. Como lhe dissesse, que é dever do crente contribuir, consoante suas posses, para a manutenção do templo, replicou:
- “A Igreja é rica! Veja: o Vaticano e alguns santuários! …”
A mesma senhora, noutra ocasião, defendeu a tese do casamento de sacerdotes. Argumentou, que o padre, a exemplo do pastor, deveria – se o desejasse, – contrair matrimónio.
Não sou contra padres casados, até concordo, pois a esposa poderia auxiliá-lo, aconselhando os jovens, e na catequese de crianças; mas receio, que nem todas seriam dignas de serem mulher de sacerdote, e os filhos – com seu comportamento, – poderiam ainda causar escândalo.
Mas, o problema mais grave – a meu ver, – é que os paroquianos teriam de arcar com a despesa da família…A côngrua, quando há, suportaria o encargo?
Claro, em paróquias, em que todos ou quase todos, pagam o dízimo, seria viável. (Os que pregam o evangelho, devem viver dele) – ICor: 9,14
Quando passei férias no interior, frequentei Igreja, onde o pároco, na prática, insistia na obrigação de pagar, anualmente, a côngrua, para manter o templo – a casa de Deus, – com dignidade.
Conheci, nessa ocasião, o médico da povoação, que me contou não frequentar a paróquia, porque o padre andava, sempre a falar da côngrua. No seu parecer, a diocese deveria arcar com a manutenção…
Alguns problemas – penso eu, – resolver-se-iam com o diaconato.
Tenho amigo, que sempre me rebate, quando falo de diáconos. Diz-me que não é o mesma coisa, que padre.
Eu sei que não é; mas na ausência deste, é melhor do que nada.
Há décadas que defendo a vantagem da Igreja fomentar o diaconato.
Há reformados católicos, de elevado grau cultural e académico, que deveriam ser aproveitados. Os idosos poderiam – e bem, – servir a Igreja, gratuitamente, ou quase, já que possuem pensões, que lhes permitiriam sobreviver sem sobrecarregar o orçamento da paróquia.
Se o assunto fosse ventilado, nas homilias e imprensa católica, por certo, sugeriam candidatos – verdadeiros discípulos de Cristo, – para servir a Igreja.
Antigamente, falou-se muito na vantagem de existir: Bilhete de Identidade Católico, com os sacramentos recebidos, passado pela diocese, e anotado pelos párocos.
Seria prático e útil.
Queria ainda abordar, o problema de sacerdotisas, mas será matéria para outra crónica.
Acredito, que muitas pretendentes,são apenas por vaidade; mas mulheres, como a Irmã Teresa de Calcutá, ou a Irmã Faustina, seriam ótimas sacerdotisas.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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