Faleceu em São Paulo, no último dia 27 de janeiro, a Profa. Dra. Nelly Martins Ferreira Candeias, que durante 15 anos, de 2002 a 2017, esteve à testa do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e pode, com justiça, ser considerada a salvadora da centenária instituição.
Ao longo da primeira metade do século XX, os Institutos Históricos estaduais conheceram algumas décadas de imensa glória. Seus membros eram a elite intelectual e moral, o que havia de melhor nos respectivos estados. Eram advogados, médicos, engenheiros, professores, artistas ou simples particulares que se dedicavam ao estudo da História, da Geografia e ciências afins de modo autodidático, por vezes com certa medida de diletantismo e, sem dúvida, pagando tributo aos gostos oratórios e estéticos do seu tempo.
Sou possuidor de um rico acervo de recortes de jornal, selecionados, classificados e colados em um álbum pelo Dr. José Tôrres de Oliveira, presidente do IHGSP de 1940 até, se não me falha a memória, 1950. Ele recortou e guardou tudo quanto os jornais e revistas publicaram sobre o Instituto nesse período. É uma documentação reveladora do imenso prestígio de que, então, gozava o Instituto. O jornal O Estado de S. Paulo mandava um repórter, todas as 4ª.s feiras, fazer a cobertura das sessões semanais do IHGSP e publicava sempre, na íntegra, as atas respectivas, porque entendia que se tratava de matéria de interesse para o grande público.
Com toda a certeza, nos vários estados, do mesmo prestígio gozaram, nessa época, os Institutos Históricos locais. Na segunda metade do século XX, porém, dois grandes problemas iriam afetar profundamente os Institutos e ameaçariam seriamente sua sobrevivência:
1) O surgimento dos cursos universitários de História. A Universidade do Brasil, na década de 1920, a Universidade de São Paulo, fundada em 1934, as várias Universidades Católicas, a partir da década de 1940, e outras mais foram instituindo cursos de História e Geografia, inicialmente conjugados, depois separados. Foram se multiplicando os historiadores de formação universitária. Ocorreu então de modo muito vivo a diferenciação dicotômica entre o modelo amadorístico e diletante dos IHGs e o científico das universidades. Houve rivalidades e desentendimentos. Entrou também o fator ideológico, pois as universidades, de um modo geral influenciadas pelo modelo gramsciano, davam formação de esquerda, enquanto os Institutos, mais conservadores, tendiam a manter uma linha ideológica diversa. Durante algumas décadas, esse problema se fez sentir. Hoje, está praticamente superado. De um lado, praticamente todos os membros dos IHGs têm títulos universitários, de outro os títulos universitários se multiplicaram tanto... que já não têm muitas vezes o mesmo significado e o mesmo prestígio de antigamente.
2) O segundo grande problema é de caráter econômico. Em meados do século XX, quase todos os Institutos, com o IHG Brasileiro à frente, procuraram aplicar seus recursos na edificação de prédios, dos quais ocupariam uma parte e alugariam os andares restantes. Parecia a tranquilidade financeira assegurada para o futuro. Infelizmente, os centros de cidades foram muitas vezes se degradando, novos bairros e novos centros urbanos foram surgindo e atraindo os investidores. Os imóveis da região central das capitais foram perdendo valor, os aluguéis foram baixando e, pior ainda, tornou-se cada vez mais difícil encontrar inquilinos dispostos a pagá-los. No momento, isso nos aflige ao IHGSP, como também aos seus congêneres em todo o Brasil. Por outro lado, os Governos não dão, muitas vezes, a ajuda que deveriam dar. Os IHGs são associações de direito privado, mas prestam importante serviço público, são quase todos declarados de utilidade pública, e mereceriam melhor atenção das autoridades, do que aquela que de fato recebem.
É aqui, nesta conjuntura de crise, que chegamos a 2002, quando chegou, em boa hora, a Dra. Nelly Martins Ferreira Candeias à presidência do IHGSP. Ela é proveniente da USP, professora titular de Saúde Pública e, autodidaticamente, historiadora e autora da História da Faculdade de Saúde Pública da USP. Aposentada, ao mesmo tempo que seu marido, o nosso saudosíssimo amigo Dr. José Alberto Neves Candeias, também professor titular da USP, estavam a ponto de mudar-se para Portugal, onde ambos tinham ampla parentela, ou para Londres, cidade em que haviam residido e da qual tinham ótimas recordações. Mas, convidada a se candidatar à presidência do IHGSP, renunciou a uma tranquila aposentadoria na Europa e, com seu marido, aqui ficou. E aqui começou sua luta para salvar o Instituto. Luta dura, luta terrível, luta constante. Mas luta vitoriosa.
Encontrou o Instituto praticamente falido. A dívida acumulada imprudentemente pela gestão anterior chegou a atingir, em 2003, a casa dos 240 mil reais, em valores da época (hoje, significariam muito mais). A maior parte da dívida era à Previdência Social. Os funcionários eram numerosos e consumiam, com seus salários e parte dos respectivos encargos sociais (pois nem todos eles eram devidamente pagos) quase 90% do que rendiam os aluguéis do prédio. Era um caso de bancarrota que parecia inevitável.
Lembro de um consócio que, na época, sustentava que a única solução seria fechar o IHGSP, entregar seu acervo inteiro a alguma Universidade que se encarregasse de pagar as dívidas acumuladas, e, acrescentava, “até poderemos talvez pleitear que futuramente se coloque uma placa, nessa Universidade, homenageando o extinto IHGSP pelos bons serviços que prestou durante um século”...
Dra. Nelly aceitou o desafio e enfrentou a situação. Reduziu o quadro de funcionários. Por exemplo, instalou elevadores automáticos que dispensam ascensoristas. Foi criticada, chegou a ser acusada de pôr em risco a vida dos visitantes que poderiam ser “guilhotinados” (sic) por perigosos elevadores que fechavam sozinhos! Enfrentou incompreensões, boicotes, ações trabalhistas, até ações criminais. E de todas saiu vitoriosa. Conseguiu, como reconheceu a Revista da FAPESP, fazer um “centenário e revigorado IHGSP”.
Esses esforços estão, em larga medida, documentados nas nossas revistas e, sobretudo, no livro que a Dra. Nelly publicou sob o título “IHGSP – 10 anos de memória paulista”.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da Históri
Eu o notei pela primeira vez enquanto caminhava com minhas cachorras por uma das ruas do bairro, num dos poucos momentos nos quais coloco os pés e a mente para fora de casa. Nas últimas semanas mudei um pouco o itinerário dos curtos passeios diários, escolhendo uma ruazinha estreita, arborizada e que quase sempre está deserta.
Normalmente espero que o sol esteja mais baixo e o chão menos quente para dar uma voltinha com minhas duas cachorrinhas, Gigi e Juju. Nesse rápido momento de falsa liberdade, mesmo que de máscara, e que serve para manter nossa sanidade mental, enquanto elas se colocam a cheirar tudo o que encontram pelo caminho, ponho-me a observar os jardins e as casas.
E foi assim, em um passeio desses que eu o vi. Pendurado em uma arvorezinha, suspenso por um fio preso às costas, lá estava ele, um pequeno Papai Noel de pano. Não sei precisar há quanto tempo foi deixado ali, como um quase enforcado, tampouco qual a motivação, já que praticamente está oculto em meio à densa folhagem.
De início pensei que logo alguém o retiraria de lá, talvez até uma criança que o visse tão colorido. Contudo, vários dias se passaram e, intocado, continua no mesmo lugar. Confessor que a imagem me é perturbadora e que me remete à sensação de abandono, de desemparo.
Vestido como tradicionalmente se usa vestir a figura do Papai Noel, o boneco, em bom estado de conservação, está completamente descontextualizado. Em pleno verão, com roupas apropriadas para dias muito frios, sozinho, sem renas, duendes ou presentes, o bom velhinho parece colocado de castigo, como se tivesse alguma culpa ou estivesse em expiação pelo Natal que quase não houve.
Será deixado lá até que o outro Natal venha e que ele possa se redimir? Aguarda o resgate de alguma boa alma, mas ignora que temem até mesmo tocá-lo, temerosos do vírus que parece infectar todas as superfícies. Talvez se desfaça aos poucos, pelas intempéries, esquecido como desejamos que se apague das nossas memórias quase tudo dos últimos doze meses.
Tenho a impressão de que ele gritaria se pudesse, se, assim como todos nós, não estivesse com tantas coisas presas na garganta. Símbolo de um Natal que não veio, dos abraços que não puderam ser dados a contento, foi lá pendurado por alguém que não pode ou não quis lhe destinar lugar mais apropriado.
Acredito que, de algum modo, estamos todos na mesma situação desse boneco de pano. Vivemos uma realidade paralela àquela que convencionamos chamar de normal. Pouco do antes restou no agora e a imensa maioria de nós, creio, teme ser a sua vez de ser dependurado solitário, afastado dos seus, sufocado, sem ar, sem que haja alguém capaz ou imbuído de nos resgatar.
São várias as tardes nas quais passo pela mesma rua, sob pretexto de caminhar, mas desejo checar a situação do Noel. Há dias nos quais desejo que tenha sido retirado, que alguém dê fim ao suplício de ser um Papai Noel pária. Noutros, é quase como se esperasse para encontrar um amigo, pois existe algum conforto nessa permanência, por mais estranho que possa parecer.
Sei, entretanto, que haverá um dia, um dia qualquer, no qual ele não estará mais naquela árvore. Sumirá e isso sempre me será um mistério, mas vou gostar de imaginar que se foi montado no trenó, a caminho de preparar um Natal feliz, repleto de presentes e futuro.
CINTHYA NUNES - é jornalista, advogada, professora universitária e descobriu o local do exílio do Papel Noel – cinthyanvs@gmail.com/www.escriturices.com.br
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
Quando a lua, lá do céu,
ao me ver, falou assim:
“são seus olhos cor de mel,
são seus lábios de um carmim...
Eu só tenho por laurel”
– disse olhando para mim –
“boca de onde escorre fel
e sereno vira, enfim”.
Eu contei que lhe invejava
todo brilho e a perfeição
de sua forma (que eu mirava),
sem ver nela comoção.
Pensei que mal escutava,
quando veio a confissão:
tudo que a lua almejava
era a humana condição!
Desde então, em terra eu vivo,
sem desejar coisa alheia,
do que não é meu, me esquivo –
não caio mais nessa teia.
Mesmo triste sobrevivo,
sob a meia lua ou cheia...
A alva luz é o lenitivo
que preenche minha veia.
In Testamento (2005)
Livro disponível para download – gratuito – em www.valquiriamalagoli.com.br
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
ALEXANDRE ZABOT - Fisico. Doutorado em Astrofisica. Professor da Universidade Federal de Santa Catarina. www.alexandrezabot.blogspot.com.br
Amistoso é um adjectivo que tem o mesmo significado do castelhano “amistoso”.. Em Portugal e no Brasil diz-se de um jogo que não conta para nenhuma competição e que é disputado como treino ou com fins beneméritos(neste caso é considerado como substantivo). Tem vários sinónimos, como os seguintes: afectuoso, afável, conciliador, amável, carinhoso, cordial, cortês, meigo, amigável, simpático e terno.
Amistoso é empregue em muitas frases do nosso dia a dia. Alguns exemplos:
“Amigos convivem amistosamente, ou seja, de modo amistoso”
-“O clima amistoso. Ou pelo menos pacífico, reinante no lugar.”
-“Para exibir o último amistoso da Selecção Brasileira antes da convocação para a Copa
do Mundo, o Globo fez mudanças importantes”,.
-“Portugal foi quem mais chegou perto de sair com a vitória no amistoso”.
-“Sem finalizações, é impossível almejar qualquer partida, sendo ela decisão de
Mundial ou de um simples amistoso”.
-“Voluntários foram orientados a interagir de maneira calma, mantendo tom de voz
amistoso, baixo e ameno”.
Uma partida amistosa, ou partida amigável, é um evento desportivo que não faz parte de uma competição oficial, podendo ter fins festivos, de treinamento, de caridade e até mesmo lucrativos. Diferencia-se de um jogo - treino por respeitar as regras oficiais daquele desporto, e por isso os registros de um confronto amistoso, mesmo não fazendo parte de uma competição oficial, são contabilizados como jogos oficiais em estatísticas de confrontos e almanaques de clubes.
N Bíblia, no Livro dos Provérbios, encontram-se alguns versículos que indicam o significado da “amistoso”:
“Como uma camada de esmalte sobre um vaso de barro
Os lábios amistosos põem ocultar um coração mau”.Prov. 26,23.
“Quem odeia disfarça as suas intenções com os lábios, mas no coração abriga a
falsidade” Prov.. 26.24..
“Quem faz uma cova, nela cairá, se alguém roda um pedra, esta rolará de volta sobre
Ele”Prov.26.27.
-“Como uma camada de esmalte sobre uma vaso de barro, os lábios amistosos podem ocultar um coração mau”. Prov-26,26
.Matrimónio amistoso.
Todo o matrimónio ,para ser feliz, tem ser amistoso. Salomão, do Antigo Testamento, deixou-nos um dos maiores conselhos _”Em todo o tempo ama o teu amigo” Prov. 17,17. O amor ´mais que bons sentimentos ou uma sensação emocional; é um modo de actuar, é um compromisso. A verdadeira amizade nasce e se mantém por actuar em amor. A forma em que relacionas com o teu cônjuge determina em grande parte, de que forma ele ou ela actuará contigo. S. Paulo dizia na sua carta aos Gálatas “O que o homem semear também há-de colher Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo, colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto tivermos tempo, pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmão na fé.”
E Jesus disse:” O que quiserdes que façam, fazei-o também eles, porque isto
é a Lei e os Profetas”,
É importante reconhecer que há pessoas que têm uma coração tão duro que resistem a toda a tentativa de aproximação Recorda-te que há pessoas que têm coração tão duro que resistem a todo o tempo reconhecer o teu amor. Recorda-te que Jesus Cristo veio ao mundo como amigo e parte do mundo o rechaçou .Assegura-te que não sejas a causa dessa desunião. Se, porventura te rechassam a tau consciência está pura porque a tua consciência te diz que foste sempre fiel ao compromisso de amor.
Uma das características da verdadeira amizade é que os bons amigos passam muito tempo praticando. Normalmente passa-se muito tempo em companhia dos melhores amigos. Os bons amigos desfrutam muito tempo em estar juntos, só pelo motivo de estar juntos e compartilhar o que têm de comum.
Jesus Cristo enfatizou com os seus discípulos a importância da boa comunicação para a amizade, dizendo :”Já vos não chamo servos visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu Senhor; mas a vós chamo -vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu pai” Jesus considerava que era importante comunicar aos seus verdadeiros amigos todas as coisas que para Ele eram muito importantes.
Se os casais desejam ser grandes amigos, e desejarem que o romance do seu matrimónio cresça, têm que aumentar a comunicação honesta.
Sim, às vezes é difícil resolver alguns conflitos. Mas lembra-se que o que ama tem um sincero desejo de que a amizade seja avivada, e buscará a reconciliação. Se queres que o romance e a amizade cresçam no teu matrimónio, procura resolver os conflitos, hoje e não deixes para amanhã.
Jesus ensinou este preceito da amizade acerca de si mesmo quando disse: Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando. Jo.15,14.
4.Demostra confiança na tu mulher ou no te marido. A amizade e a confiança sempre andam de mãos dadas,, porque a confiança é o ingrediente indispensável para toda a amizade. Há necessidade de muita confiança de que o amigo se preocupe pelo outro e sempre buscará que há de melhor para o outro. A confiança produz uma sensação e segurança e respeito pelo compromisso mútuo.
ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira. - Email goncalves.simoes@sapo.pt
Vacina eficiente. Lula voltou ao proscênio da cena política, prepara sua volta em 2022 como candidato com chances de vitória. Ponto vivo da estratégia, o demiurgo petista conta com o esquecimento popular. Sabe, a memória boa é a mais eficaz vacina contra a reinfecção petista.
Coligação forte à vista. Tudo o indica, o morubixaba petista busca pôr em pé coligação forte para 2022; para isso certamente irá migrar rumo ao centro e escolher vice tranquilizador ▬ como o fez com êxito ao pinçar milionário, líder empresarial e político de centro para as eleições de 2002. São suas armas para reconquistar o Planalto. Como molhar a pólvora? Nenhuma amnésia. No caso, a memória boa será a salvação do Brasil.
Desgaste da reação antipetista. Lula conta ainda com o desgaste das desorganizadas forças direitistas e conservadoras que surgiram e surraram eleitoralmente o PT em 2018, tendo como principal combustível os avassaladores sentimentos antipetista e anticorrupção, gerados pelo horror dos desgovernos da “cumpanherada”. Por isso, em particular, o esquecimento dos desgovernos é primordial na estratégia petista.
Tais sentimentos perpassavam então de alto a baixo a sociedade, horrorizada com o inescrupuloso assalto ao poder pela tigrada insaciável. Debilidade a ter em vista, noto só de passagem, sentimentos e emoções costumam ser efêmeros. Cuidado com eles, precisam ser cultivados, alimentados e enraizados; permanentes são os princípios e hábitos entranhados. E é congruente, já está em curso intensa campanha de desmoralização das forças conservadoras e direitistas que emprega como munição motivações reais, inventadas ou aumentadas, pouco importa aqui. Vale tudo.
Por tudo isso, retomo e reitero, em 2022 a memória do passivo petista será fundamental. Décadas atrás foi muito popular lema em São Paulo, relativo à Revolução de 1932. Vale a recordação: “São Paulo não esquece, não transige, não perdoa”. Agora realço uma das três posturas, não esquecer, a primeira e mais fundamental delas. O perigo será esquecer. Com o olvido, a transigência e o perdão ficam dispensáveis; de fato, nem entram em linha de conta.
Anão diplomático. Vou lembrar alguns, só alguns, infindo é o rol dos pesadelos pelos quais passamos entre 2002 a 2016 ▬ e a lista voltará aumentada e agravada se o petismo triunfar em 2022. Hostilizar os Estados Unidos e a Europa, na prática, foi política de Estado. Sob o mesmo bafo e em direção contrário bajular e favorecer China, Rússia, Cuba, Venezuela, Irã, Síria e estados em situação semelhante. Claro, também a Argentina de Nestor e Cristina Kirchner. O petismo triunfante tentou criar uma aliança destrutiva da qual participavam países onde campeava a ditadura, o terrorismo e a corrupção para opô-los ao mundo desenvolvido. Era uma versão tóxica da rivalidade Norte-Sul. Ídolos da diplomacia brasileira foram Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales. Do sanguinário ditador cubano, Lula afirmou que foi “o maior de todos os latino-americanos” A disputa do governo brasileiro com Israel chegou ao ponto de o porta-voz do Estado judeu, em 2014, ter qualificado o Brasil de “anão diplomático”.
Modelos a imitar, Cuba e Venezuela. Na política interna, a união com partidos políticos complacentes (para dizer o mínimo) levou por anos à roubalheira solta ▬ mensalão e petrolão, e ainda não tivemos o destape do eletrolão ▬, pilharam em especial estatais, o maior assalto aos cofres públicos de que o mundo tem notícia. E à continuação da escandalosa política de promoção da reforma agrária, que empobrece o campo há décadas. Sofremos ainda no fim do governo Dilma, a paralisia econômica, a inflação em alta, o empobrecimento generalizado e a recessão. E suportamos a teimosia do PT em continuar no mesmo rumo, o abismo. Sem falar na parcialidade gritante da assim chamada Comissão da Verdade, em que pululavam favorecimentos para alguns da patota, bem como perseguições claras ou veladas aos opositores. Um autêntico ensaio dos tribunais populares, de sinistra memória nas ditaduras comunistas. No horizonte escuro, o fantasma aterrador de o Brasil virar uma nova Cuba ou uma nova Venezuela. Outra vantagem da memória boa, dificulta idealizações acarameladas dos desgovernos petistas.
Todas as agendas de ideologia do gênero, promoção do aborto, “normalização” social e institucional da “família”, sob as mais absurdas formas, receberão impulso novo, o que não impedirá à CNBB, CPT e entidades congêneres de darem apoio a tais governos, que trabalharão efetivamente para eliminar restos ainda vivos da evangelização em solo brasileiro.
As CEBs fundaram o PT. Convém reproduzir diálogo entre o ex-frei Leonardo Boff e Lula ▬ está na rede. Temos ali a responsabilização da esquerda católica pelos padecimentos populares de 2002 a 2016, o Brasil atolado no pântano do atraso. Diz o antigo franciscano: “As CEBs, as comunidades eclesiais de base, que eu acompanhei tantas, não entraram no PT, elas fundaram as células do PT, isso é muito mais que entrar num partido, é fundar um partido”. O líder do PT comenta: “O PT não existiria do jeito que ele existe, se não fossem as comunidades eclesiais de base, se não fosse a Teologia da Libertação, eu sei o que é o valor de um padre progressista numa cidade pequena.”
De outro modo, segundo os dois corifeus da extrema esquerda, as comunidades eclesiais de base formaram o caldo de cultura indispensável para fazer germinar no Brasil partido que trouxe no bojo, o retrocesso, a intolerância, o desenho de uma sociedade socialista, com atrofia enorme das possibilidades de realização pessoal. E cuja implantação invariavelmente acarretou exclusões brutais, sufocamento da liberdade, fuga dos pobres apavorados com a generalização da miséria, uma forma de inferno na terra.
O esquecimento, causa de tragédias. Dou um cavalo de pau e recorro a exemplo imaginário ▬ já aconteceu coisa assim. Um pai estaciona o carro na rua, dia de muito calor, deixa os vidros fechados, o filho pequeno fica no banco. O pai vai cuidar da vida, faz negócios, demora, esquece que o filho está trancado. Quando volta, desespero, a criança está morta por insolação e asfixia. Não quis o fato, não agiu para que acontecesse. Foi culpado? Sim, pela lei e jurisprudência. Negligenciou atenção que deveria dar à situação em que era garantidor. Situações desse tipo configuram os chamados crimes de olvido ou de esquecimento. Reza o artigo 13 do Código Penal: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se a causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. E está no § 2º do mesmo artigo: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância”.
Crimes de esquecimento. Por que fui tão longe e dei o cavalo de pau no texto? Para lembrar um ponto, mesmo de forma inconsciente, até desejando o contrário, o esquecimento não raras vezes leva a tragédias e até ao crime. A criança do exemplo pode no futuro lembrar o Brasil. O pai, qualquer um de nós, se negligentes; faltaríamos no caso ao dever de cuidado.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
Existem três formas de se ministrar a reconciliação sacramental, que é o meio ordinário e necessário para se obter o perdão dos pecados graves ou mortais:
– Haja grande afluxo de penitentes e insuficiente número de confessores;
– Seja de prever que as pessoas não atendidas naquele momento ficarão muito tempo sem os sacramentos.
Leia também: Sete sacramentos, por quê?
Preparando o coração para uma boa confissão
Os sacramentos no Catecismo da Igreja
Os efeitos do Sacramento da Confissão
O grande Sacramento da Confissão
Ao Bispo diocesano compete verificar se tais situações ocorrem na sua diocese e, caso julgue que sim, indicar os dias do ano em que se possa ministrar a absolvição coletiva. Os fiéis devem ser informados de que lhes incumbe a obrigação de confessarem, quanto antes, os pecados assim absolvidos.
A aceitação desta norma por parte dos fiéis é necessária para a validade da absolvição. A razão por que a Igreja exige a acusação dos pecados mesmo em tais casos, está no fato de que não lhe compete o direito de abolir a confissão sacramental, decorrente das palavras do próprio Cristo em Jo 20,22-23; a Igreja pode apenas inverter a ordem das partes do rito do Sacramento.
Assista também: A importância da confissão
A propósito vejam-se os cânones 960-962 do Código de Direito Canônico.
Dom Estêvão Bettencourt
Revista Pergunte e Responderemos. n.344. Jan. 1991
FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
Há cerca de 20 anos, liguei à minha mãe e perguntei em que dia fui batizado. Ela me respondeu: “5 de fevereiro, na Igreja de Santa Rita, em São Paulo”. Levei um susto porque estávamos conversando exatamente na noite do dia 5 de fevereiro! Coincidência? Pode ser, mas desde aquele dia, essa data tem sido muito especial em minha vida.
Sabemos que, através da água, temos o início da vida cristã e o começo de toda caminhada vocacional. O Batismo está na origem de todas as vocações e compromissos missionários; portanto, para o cristão, o banho na água não é somente um rito de iniciação na fé, mas um chamado Divino para o serviço fraterno aos irmãos.
Pois é, não sei o que é mais vergonhoso: eu ter ficado tanto tempo sem saber a data do meu batismo ou ter iniciado a minha caminhada pra valer na Igreja somente após os 40 anos de idade! Bem, com certeza, o mais importante é sempre o que vem pela frente, pois, como dizia São Vicente de Paulo: “Devemos falar pouco e agir muito”.
Ah, aproveitando o tema ‘falar e agir’, reflita nesta história:
Certa vez, um homem rico queixou-se a um amigo:
- Por que será que todos estão sempre me criticando por ser avarento se sabem que vou deixar tudo o que possuo para os pobres?
Após uma pausa, o amigo disse:
- Acho que é o mesmo que aconteceu entre o porco e a vaca.
- Como assim?
- Conta-se que ele estava se queixando a uma vaca por ser muito impopular. Disse o porco: ‘As pessoas estão sempre falando de sua bondade e de seus meigos olhos castanhos. De mim, só falam mal e isso é muito injusto. Claro, você está sempre fornecendo leite, mas eu forneço muito mais: bacon, presunto, cerdas e até meus pés deixam em conserva! Mesmo assim, por que gostam mais de você do que de mim?’ E vaca respondeu: ‘Bem, talvez porque forneço o meu produto enquanto estou viva!’
Certamente, boa reputação e atos de generosidade são reconhecidos muito mais que heranças, não é mesmo? Também por isso, devemos permitir que todos enxerguem os nossos dons como defesa da vida e não simplesmente nos prestem homenagens após a morte.
Pensando nisso, quando fui consultar a internet para saber qual era o santo do dia 5 de fevereiro, constatei: Santa Águeda! Li que ela era muito bonita, nasceu de uma família rica no século III e se consagrou virgem a Deus desde menina. Muito cobiçada pelo cônsul da época, negou-lhe ser sua esposa e, para vingar-se, ele a denunciou às autoridades por ser cristã.
Então, ela foi enviada a um prostíbulo, mas, fiel a Deus, não permitiu que profanassem o seu corpo. Eles a torturaram durante dias e a arrastaram sobre cacos de vidro e carvões em brasa – para tentar dissuadi-la de sua fé. Ela não gritou e rezava o tempo todo, até que mutilaram os seus seios, arrancando-os por completo.
Hoje, sua imagem é representada carregando os próprios seios numa bandeja e, só em Roma, há mais de 12 igrejas dedicadas a esta santa tão popular da Itália. É considerada padroeira das amas de leite e de todas as mulheres que têm doenças na mama.
Viu o que se pode fazer em vida quando se tem fé ardente no peito? E resolvi incluir Santa Águeda nas imagens de meu oratório, porque sei que conseguirei algumas graças por seu intermédio também.
E voltando à conversa com minha mãe, eu lhe disse que fiquei sabendo que no aniversário dela, 22 de fevereiro, comemora-se a Festa de Nossa Senhora do Brasil! Contei-lhe que a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo, ambos ostentando o próprio coração, foi esculpida em madeira por alguns dos nossos primeiros missionários jesuítas, sob a orientação do bem-aventurado Pe. José de Anchieta, e chamada na época de Nossa Senhora dos Divinos Corações.
E foi o povo italiano que começou a invocar a ‘Madonna del Brasile’, na metade do século XIX, quando viram a perfeição da escultura – venerada em Nápoles, após ter saído do Brasil durante as profanações em templos católicos. No território nacional, os milagres atribuídos a este título da Virgem Maria acontecem principalmente na Paróquia da Urca – Rio de Janeiro – e na igreja do Jardim América – São Paulo. A imagem original continua em Nápoles.
Quanta coisa boa escrevi hoje, hein! E você, também sabe o santo e a data do seu batismo? Continua fiel à missão que Jesus lhe confiou? Esforce-se para ser a ‘vaca’ da história e a recompensa virá em dobro: muitas graças neste mundo e, por fim, a vida eterna! Assim seja.
PAULO R. LABEGALINI - Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre - MG).
Costuma-se dizer, que a crosta da estupidez, que nos cerca, tem léguas de espessura.
Se a estupidez fosse das mais baixas camadas da população – que muitas vezes é mais sábia do que se pensa, – compreendia-se, mas essa crosta, provém de indivíduos responsáveis e (quantas vezes!) de encanudados, de canudos ocos.
Não é, todavia de “ canudos ocos”, que pretendo falar, mas de gente modesta, empertigada da sua “ importância” económica e bem-falante.
Estando na papelaria a comprar esferográficas, deparei com diálogo, entre freguesa e balconista, sobre saúde.
- “Então, que dizem os médicos? -perguntou a caixeirinha.
-”Além de mais, falam também numa espondilico, ou pondirrose ou coisa assim.”
-” Cheee! …Já ouvi falar nessa palavra! …” – Respondeu a empregada, exprimindo semblante condoído.
Como anedota é impagável; como realidade só pode ser lastimável.
Num açougue – contou-me familiar, – discutiam o crime horrível, relatado no jornal:
-” Ah! Então já se sabe quem matou! Foi este homem de barbas! Bandido!” – Afirmou a açougueira, apontando para o jornalista.
-” Olhe que não – explicou a cliente, mais sabedora – esse é o jornalista!”
-” Olha agora! A senhora não me dê lições, que eu sei muito bem ler! Cá está: “ A esposa perante o bárbaro assassino!” Bárbaro é este, que tem barbas e que é assassino.” – Apontando insistentemente, com o indicador, para o retrato do jornalista.
Certo domingo fui participar na missa do Padre Faria, na Igreja de Santo Ildefonso (Porto). Na homília, este, referindo-se às palavras de Cristo, que dizem: “ Eu sou o caminho…” O bom sacerdote, esclarece: - “ Não vão para ai dizer: que eu sou o caminho…”
E prosseguiu: “É que já me disseram que há quem afirme, que o abade de Santo Ildefonso, é o caminho… Eu sou apenas um pobre pecador…”
E ainda dizem que o ensino obrigatório é necessário para que todos sejam cultos e ilustrados…
O ensino, para muitos, apenas serve para obter diploma, que permita: obter bons empregos…e pouco trabalho…
HUMBERTO PINHO DA SILVA - PORTO, PORTUGAL
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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No dia 15 de março, hoje, comemora-se o DIA MUNDIAL DO CONSUMIDOR. Em nosso país, há razões para festejar a data. Após mais de vinte anos de existência do Código de Defesa do Consumidor, os brasileiros estão cada vez mais exigentes em relação à qualidade dos produtos e serviços contratados. Da mesma forma, as empresas estão aprimorando o seu atendimento no setor, enquadrando-se nas normas do mencionado estatuto.
Com efeito, tais aspirações são extremamente importantes porque estão entrelaçados a outros conceitos de cidadania: os quatro atributos do ser humano, como cidadão, eleitor, contribuinte e consumidor. Efetivamente, o estatuto se tornou um marco na história da iniciativa privada, ao promover uma revolução no direito econômico brasileiro, modernizando as relações entre produtores e consumidores.
Ele proibiu a publicidade enganosa e a propaganda disfarçada nos meios de comunicação, estabeleceu responsabilidades mínimas para fabricantes e vendedores e acabou com contratos redigidos em letras miúdas para iludir compradores de mercadorias e serviços. Além disso, obriga fabricantes, vendedores e prestadores de serviços a fornecer assistência técnica aos consumidores e a incluir nas embalagens e contratos informações claras e didáticas sobre as especificações técnicas dos produtos
Por outro lado, todo ser humano é um consumidor real ou em potencial. As pessoas adquirem ou consomem produtos e bens diversos e se utilizam de vários serviços. Consumir é uma responsabilidade sem par, porque afeta as relações de trabalho, ecologia e ambiente, relações humanas e empresariais. Comprar um produto ou serviço significa, de alguma maneira, chancelar ou não comportamentos, práticas e decisões. É o chamado “consumo consciente” que começa a ganhar inúmeros adpetos.
Assim, nas decisões de compra devemos levar em consideração a responsabilidade social das empresas produtoras, verificando se elas estão comprometidas, entre outras circunstâncias, com a preservação do meio ambiente; com investimentos nas comunidades; com a participação de seus funcionários nos lucros e com os direitos trabalhistas.
Todos os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços do Brasil devem ter um exemplar do Código de Defesa do Consumidor disponível para consulta. É o que determina Lei 12.291/2010. Segundo a norma, o código deve estar em local visível e de fácil acesso ao público.
ORIGEM DA DATA
O Dia Mundial do Consumidor teve origem em um discurso feito em 15 de março de 1962 pelo então presidente dos Estados Unidos John Kennedy ao Congresso americano. Naquele dia, ele expressou sua visão sobre os direitos relativos à área: “Por definição, a palavra consumidor diz respeito a todos nós. Ela estabelece um grupo econômico amplo que afeta e é afetado por quase toda decisão econômica pública ou privada. E que, estranhamente, é o único grupo importante, cujas opiniões raramente são consideradas”. Foi a primeira vez que o tema foi discutido formalmente no mundo. A data foi oficializa 21 anos depois, em 1983 pela Organização das Nações Unidas- ONU
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
Tive o gosto de prefaciar o excelente livro Brava Gente Brasileira: Patrulhas da FEB no Front italiano - 1944-1945, de José Eduardo do Amaral Rosa, lançado pela Editora Letras do Pensamento.
Sobre a FEB é muito ampla a bibliografia existente, englobando livros técnicos de estratégia e tática militar, exposições históricas mais ou menos abrangentes e muitas obras de cunho memorialístico, geralmente produzidas por comandantes ou oficiais superiores. Já a visão da guerra na ótica do “pracinha”, do soldado raso ou do graduado, não é tão fácil de encontrar na bibliografia existente. Ou melhor, ela até existe, mas dispersa e perdida em obras com enfoques mais generalistas, ou em blogs e sites da internet. Muitas vezes, são singelos e despretensiosos relatos pessoais, coligidos por filhos ou netos de antigos combatentes, que jamais sonharam em vê-los impressos em letras de forma.
Com muita dedicação, em anos de paciente labor, o autor compilou, analisou, classificou e, afinal reuniu em forma de livro dezenas desses relatos. Focalizou de modo especial a atuação das patrulhas de pracinhas; numa introdução breve, mas densa, contextualizou o envio da FEB para a Itália e forneceu explicações técnicas indispensáveis para o leitor leigo, não acostumado com a terminologia militar. Seu trabalho veio preencher uma grave lacuna na bibliografia brasileira e, sobretudo, veio saldar uma dívida de justiça e gratidão a tantos heróis anônimos que na Europa derramaram seu sangue pelo Brasil.
O autor, assim como eu, pertencemos a uma geração que nasceu depois do fim da Guerra, mas foi muito influenciada por ela. Ambos passamos a infância e a adolescência ouvindo, dos pais, tios e professores, inúmeros testemunhos sobre a Guerra de 1939-1945. Mesmo brasileiros civis e não mobilizados, que não tiveram a glória de ser incorporados à FEB, de alguma forma colaboraram para o esforço comum de guerra. Relatos sobre automóveis de gasogênio, sobre os blackouts que nossas cidades, especialmente as costeiras, faziam à noite, embalaram nossas infâncias. No meu caso concreto, tive a feliz oportunidade de ter acesso a uma rica coleção de “Seleções do Reader´s Digest” encontrada na casa de um tio, cobrindo quase toda a década de 1940 e a de 1950. Devorei, ainda menino, toda essa coleção de revistas que traziam invariavelmente, a cada número, 5 ou 6 matérias sobre a Guerra.
Uma razão de alegria me proporcionou a leitura da obra: a menção carinhosa e profundamente justa que faz do saudoso Dr. Túlio Campello de Souza, que conheci muito bem em Pindamonhangaba, e com o qual mantive largas conversações, na década de 1970. Ele falava muito sobre suas recordações de guerra, sobre seu ferimento em combate, sobre o tratamento bem sucedido que recebeu nos EUA. Conheci também sua mãe, D. Maria Carvalho Campello de Souza, que muitas vezes me narrou, de modo tocante, sua visão pessoal do conflito, como mãe aflita que recebeu, certo dia, a notícia de que o filho fora ferido, mas cujos pormenores não estavam inteiramente claros. Como mãe, tendia a ver o quadro de modo mais trágico do que realmente foi. Conheci também dois colegas do Dr. Túlio, seus contemporâneos de Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que me narraram várias vezes o ambiente de entusiasmo que tomou conta das velhas Arcadas quando o Brasil entrou no conflito. Foi nesse ambiente que se apresentou como voluntário o Dr. Túlio. Seus colegas, que não escondiam a admiração por ele, eram os Drs. José Fernando de Camargo, aqui de Piracicaba, e Dep. Israel Dias Novaes, de Avaré. Fazia parte da mesma turma, ou pelo menos foi contemporâneo deles, o rioclarence Ulisses Guimarães, que não cheguei a conhecer pessoalmente.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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