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Sexta-feira, 30 de Abril de 2021
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - PRIMEIRO DE MAIO. DIA DO TRABALHO

 

 

 

 

 

 

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Determinados meses do ano são marcados por características fortes e importantes para a vida de uma nação ou das pessoas. Maio, por exemplo, logo em seu início, exalta o trabalho, nitidamente relevante  à manutenção do equilíbrio social. Além de dignificar a pessoa, permite o desenvolvimento de suas capacidades, define o tempo e a história humana, contribui à promoção do bem comum e garante a subsistência do trabalhador e de sua família. Constitui-se ainda em elemento à realização pessoal deste, quando executa seu ofício com prazer, unindo satisfação com precisão.

Sob a ótica existencial e geral, é fonte de sentido para a vida humana. Com efeito, o exercício de uma atividade digna se faz necessária ao ser humano, constituindo-se num direito e num dever de todos os que têm condições e idade de trabalhar. Buscar soluções que não ameacem as conquistas já alcançadas e que propiciem ao mesmo tempo estabilidade de emprego é o grande desafio de nosso tempo. Para tanto, é preciso vontade política para obtenção de medidas que mantenham a meta de garantir e proteger os anseios básicos dos empregados em geral.

Por isso o DIA DO TRABALHO é marcante em quase todo o mundo, já que   foi instituído para reverenciar o passado de lutas das classes laboriosas, reafirmar o compromisso com as mesmas propostas no presente e meditar sobre o futuro de uma sociedade igualitária, sem explorados, nem exploradores. Sua origem já enseja tais atributos. No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, registrou-se um episódio de horror: a passeata de trabalhadores daquela cidade, em busca da redução da jornada para 8 horas diárias, terminou numa chacina praticada pela polícia, insuflada pelos patrões. Três anos depois, no Congresso Socialista realizado em Paris, foi oficializada a data como aquela em que se homenageariam os trabalhadores de todo o mundo.

 

         Dia da Literatura Brasileira

 

Também se celebra em primeiro de maio o Dia da Literatura Brasileira, em homenagem ao romancista José de Alencar, que nasceu nessa data em 1829 e dentre suas obras mais conhecidas estão ”O Guarani” (1857), “Iracema” (1854) e “Lucíola” (1862). Uma data que deveria ser reverenciada com ênfase, já que a literatura se constitui num instrumento de educação e formação do ser humano, dotada de importante função social.

 

Liberdade de Imprensa

 

Em 1993, a Assembléia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas proclamou três de maio como o DIA INTERNACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA, com base numa resolução da UNESCO que estabeleceu o preceito de que  uma imprensa livre, pluralista e independente, é componente essencial de qualquer sociedade democrática. Esta data foi assim designada em homenagem a Declaração de Windhoek para Promover uma Imprensa Africana Independente e Pluralista, aprovada a 3 de maio de 1991 pelo Seminário realizado em Windhoek (Namíbia) sobre o mesmo tema. Efetivamente, a liberdade de imprensa é de grande importância ao  regime democrático, pois não pode aceitar distorções tanto no caminho da apuração como na divulgação ao leitor, respeitando ainda princípios éticos. Por outro lado, ela “é uma reação espontânea: produto do pensamento, jamais há de morrer” (Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine)

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)



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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - AINDA SOBRE OS RELIGIOSOS CONSTRUTORES DE PONTES ( conclusão)

 

 

 

 

 

 

 

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Concluo hoje a exposição do pensamento tomista sobre as Ordens Militares de Cavalaria, que permite a compreensão não só delas, mas também das Ordens dos construtores de pontes, dos copistas de livros e outras mais que tenham existido, com objetivos específicos que nós, em nossa cultura e com nossa mentalidade contemporânea, não podemos deixar de considerar bastante singulares.

A questão 188 da Suma Teológica é dedicada a uma ampla exposição sobre a diversidade de ordens religiosas. Essa questão, assim como as anteriores que comentamos no artigo da última semana, era bastante polêmica na segunda metade do século XIII, já que São Tomás de Aquino estava vivamente empenhado, naquela altura, em disputas doutrinárias contra mestres que se opunham às ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos). Acompanhemos sua argumentação.

Em primeiro lugar, deve-se destacar que era conveniente à beleza e ao esplendor da Igreja Católica que houvesse variedade nas formas de vida religiosa. Todas elas se ordenavam à perfeição da caridade, que é o amor de Deus e do próximo. Por isso, era conveniente que houvesse ordens dedicadas especificamente ao culto e ao louvor de Deus - e estas são as ordens da vida contemplativa; e também convinha que houvesse, a par delas, ordens dedicadas à vida ativa, para servirem ao próximo por amor de Deus. Por isso, é lícito, por exemplo, constituírem-se ordens religiosas destinadas ao estudo e à pregação, para a formação dos fiéis e sua defesa contra as heresias - este era bem o caso dos dominicanos, também impugnados por doutores sorbonnianos que viam, em seu modo de vida, algo contrário à essência da vida religiosa como até então se entendera; ainda aqui, o caráter polêmico da Suma Teológica é bem patente.

Quanto à liceidade de uma ordem religiosa ter como objetivo a vida militar, Tomás recorda o ensinamento de Santo Agostinho, que rejeitou a afirmação de que a vida militar é desagradável a Deus, lembrando que o rei Davi foi grande militar e muito agradou ao Senhor. Tomás pondera que, se o fim das ordens religiosas é agradar a Deus e a vida militar pode agradar a Deus, em princípio não há obstáculo a que se funde uma ordem religiosa para a prática da milícia. A seguir, desenvolve mais largamente seu pensamento:

Pode-se fundar uma ordem dedicada não só às obras da vida contemplativa, mas também às da vida ativa, naquilo que têm de serviço ao próximo e ao amor de Deus, e não no que se referem a negócios humanos. Ora, o serviço militar pode se ordenar ao serviço do próximo, e não só em ordem às pessoas privadas, mas também para a defesa de todo o estado. Por isso se disse que Judas Macabeu “combateu com alegria nas batalhas de Israel e aumentou a glória de seu povo”. Uma ordem religiosa pode, ademais, se ordenar à conservação do culto divino, pelo que se lê, do mesmo Judas Macabeu: “Lutaremos por nossas vidas e nossas leis”. E seu irmão Simão disse, por sua vez: “Sabeis quanto lutamos, eu e meus irmãos e a casa de meu pai, por nossa lei e nossas coisas santas”. Logo, pode-se convenientemente fundar uma ordem religiosa para a vida militar, não com um fim mundano, mas para a defesa do culto divino, do bem público, ou dos pobres e oprimidos, de acordo com o Salmo que diz “Salvai o pobre, livrai o indigente das mãos do pecador” (II-IIae, qu. 188.).

Qualquer obra de misericórdia poderia servir de elemento material para a constituição de uma ordem religiosa nova, desde que o elemento formal lhe fosse fornecido pela chancela da Igreja - mediante a aprovação de sua regra. Ora, defender os peregrinos e os fiéis em geral contra os que se opunham a seus atos de piedade e à prática da sua religião era, sem dúvida, uma obra de misericórdia, podendo perfeitamente servir de elemento material para a constituição de ordens religiosas. Esse é o argumento original e determinante de Santo Tomás a respeito das ordens militares. Contém ele, por extensão, a justificação teológica da instituição de ordens dedicadas a outras práticas de benfeitoria material, tal como a construção de pontes.

As obras de misericórdia são muitas, podendo revestir-se de modalidades bastante diversificadas. Mas elas são redutíveis, nos clássicos tratados eclesiásticos, a catorze, sendo sete espirituais e sete corporais. São obras de misericórdia espiritual: dar bom conselho; ensinar os ignorantes; corrigir os que erram; consolar os aflitos; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do próximo; e rogar a Deus por vivos e defuntos. E são obras de misericórdia corporais: dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; assistir aos enfermos; visitar os presos; e enterrar os mortos.

Essa é a síntese do pensamento tomista a respeito, formulado adequadamente por um teólogo do século passado, Mons. Paul Philippe, que foi Secretário da Sagrada Congregação dos Religiosos: “De modo geral, escreve Santo Tomás, ‘não existe obra de misericórdia em vista da qual não se possa instituir uma Ordem religiosa, mesmo se esta ainda não tiver sido fundada’” (Les fins de la vie religieuse selon Saint Thomas d’Aquin. Atenas: Éd. de la Fraternité de la Très-Sainte Vierge Marie, p. 88).(*)

Também a outro título a construção de pontes podia ser interpretada como eminente obra de misericórdia: tornava mais cômoda e mais realizável uma prática de piedade amplamente difundida na Idade Média, quais eram as peregrinações. Além dos três grandes focos de atração para os peregrinos medievais - Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela - inúmeros outros santuários de maior ou menor projeção continuamente atraíam os fiéis, que empreendiam trabalhosas romarias, em grupos ou isoladamente. Para esses, as pontes, facilitando a travessia dos cursos de água, aliadas aos “hospícios” (hospedarias que abrigavam gratuitamente os peregrinos ao longo dos seus roteiros) eram uma obra de misericórdia assinalada.

 

(*) Ver, a respeito, COSTA, Ricardo da; SANTOS, A. A. dos . O pensamento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274) sobre a vida militar, a guerra justa e as ordens militares de cavalaria. Mirabilia (Vitória. Online), v. 10, 2010, p. 145-157; e SANTOS, A. A. dos. Sobre instituições religiosas medievais dedicadas à construção de pontes e sua justificativa teológica. Atas do X Encontro Internacional de Estudos Medievais (EIEM). Brasília: Associação Brasileira de Estudos Medievais - ABREM, 2013, v. 1, p. 188-196.

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.

 



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CINTHYA NUNES - GIHI,MEG e EU

 

 

 

 

 

 

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            Até alguns dias atrás eu não fazia a menor ideia do que significava a sigla MEG, muito menos de que a doença por ela nominada iria fazer parte do meu cotidiano. Embora seja bem clichê, a vida reserva surpresas e nem todas são boas. Em tempos de notícias dolorosas, acrescentei uma que jamais me passara pela cabeça.

            Em novembro do ano passado nossa cachorrinha Gigi, então com um ano de vida, apresentou crises epiléticas e precisou ser hospitalizada por um dia. O episódio me assustou e consumiu, custando-me muitas horas e muitos recursos financeiros. Fizemos exames que não apontaram nada em específico e as crises cessaram, seguindo a vida sem maiores alterações nessa área.

            Nascida na casa de amigos, uma cruza de Shitzu e Lhasa, Gigi é uma cachorrinha gorduchinha, brincalhona, gulosa e cheia de vida. Amorosa e apegada, está sempre por perto, procurando por carinho. Nosso caso foi de amor à primeira vista. Chegou em casa com dois meses e nunca chorou ou demonstrou qualquer dificuldade de adaptação, tornando-se companheira inseparável da Juju, nossa outra cachorrinha,  meses mais velha.

            Em março desse ano, quando já considerávamos que tudo não passara de algo isolado, talvez causado por alguma intoxicação, as crises voltaram em uma madrugada e dessa vez um pouco mais fortes, sendo necessários dois de internação, seguidos de uma consulta com profissional especializado, uma veterinária neurologista.

            Mesmo com muito receio, decidi submeter a Gigi a uma ressonância magnética com coleta de líquor, pois era necessário descartar algumas doenças. No dia marcado lá fomos nós. Muito boazinha, aceitou todos os procedimentos, procurando-me com os olhos e, sendo possível, o meu colo. Aguardei durante três horas até que me devolvessem uma cachorrinha meio cambaleante pelo efeito da anestesia.

            Um dia depois, com os resultados já no meu e-mail, mesmo sendo leiga, comecei a desconfiar que havia algo de errado, o que foi confirmado pela Neuro em uma difícil e dolorosa conversa. Gigi tem meningoencefalite granulosa, uma doença autoimune e degenerativa, para a qual, na maior parte dos casos, não há cura, mas tão somente tratamentos que visam aumentar a sobrevida do paciente. E foi assim que conheci a MEG.

            Minha reação, logo após a incredulidade e revolta, foi de absoluta tristeza, eis que o prognóstico de vida não é muito longo, mesmo após um tratamento que é complexo e caro. Chorei os rios que há tempos vinha represando dentro de mim. Chorei porque me parece injusto demais com ela e porque não precisávamos passar por isso, nenhum de nós.

             Fui dormir desolada, porque tudo me parecia despedida. Acordei com ela me trazendo o Pateta, boneco de pano que carrega pela boca o tempo todo, correndo em disparada para buscá-lo assim que o arremessamos pela casa. Como não lutar pela vida que ali ainda é tão evidente? Assim, reuni meus cacos, contei com o auxílio da minha família, minha fonte maior de amor, carinho e proteção, e decidi que lutar é a única opção.

            Pesquisei todas as possibilidades, fiz contas, entendi-me com os Santos e agora estou reunindo minhas armas para enfrentar o invisível, o que se esconde por detrás do cérebro de minha pequena, minha companheira, minha filhinha de quatro patas. Não sei o que o futuro nos reserva, mas MEG não vai me encontrar desprevenida. Não tombaremos sem combate. Estarei com a Gigi na frente de batalha, pronta para levar o primeiro e o último tiro e que São Francisco de Assis nos ajude!

 

 

 

CINTHYA NUNES  é jornalista, advogada, professora universitária e não é amiga de uma MEG qualquer – cinthyanvs@gmail.com/www.escriturices.com.br



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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - DE HOJE EM DIANTE...

 

 

 

 

 

 

 

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Na semana passada, aniversário do cantor Roberto Carlos, meu irmão escreveu um artigo, que repercutiu, com o título: “O primeiro Roberto a gente nunca esquece”. Comentou sobre o show do cantor em Jundiaí, em 1966, no Polytheama. Meu pai comprou o ingresso e minha mãe costurou uma camisa de listras finas e pregou botõezinhos com o desenho do calhambeque. Acrescentou um anel brucutu, feito com uma peça de metal que protegia a saída de água para lavar o para-brisa do fusca. Tempo da Jovem Guarda.
Compartilhei em meu Facebook e os comentários foram inúmeros a respeito de lembranças bonitas. Mencionaram vivências próprias em outros shows na cidade, como na Festa da Uva e na Esportiva. Na Esportiva, eu também me encontrava. Uma das pessoas contou que seu contato com o cantor foi na escola “Liceu Munis Freire” em Cachoeiro de Itapemirim – ES. Estudaram juntos.
Um parênteses porque amo esta música: “...Recordo a casa onde eu morava/ O muro alto, o laranjal/ Meu flambuaiã na primavera/ Que bonito que ele era/ Dando sombra no quintal. / A minha escola, a minha rua/ Os meus primeiros madrigais/ Ai como o pensamento voa/ Ao lembrar a terra boa/ Coisas que não voltam mais! /Meu pequeno Cachoeiro/ Vivo só pensando em ti/ Ai que saudade dessas terras/ Entre as serras/ Doce terra onde eu nasci!”
Houve quem o viu passando de carro. Segundo diversas pessoas: recordações inesquecíveis dos chamados anos dourados. A Pérola Maria Dolce destacou que, na organização do show, estava o seu afilhado radialista Reinaldo Basile. O Dr. Luiz Carlos Branco salientou que, na época, era militar e foi designado para ficar no camarim. Juntos, com Roberto, Jerry Adriane e Vanderléa. A Rosa Castarde e a Cristina Nasser Zanni, que seguem o Rei, se emocionaram e a Miralice Moreira também, dizendo que voltou nas décadas.
Uma de minhas amigas, lá do Jardim Novo Horizonte, contou a sua história, bem diferente, com as apresentações do ídolo da Jovem Guarda. Fugiu de casa, aos 14 anos, para assistir ao Rei na Record.  Residia em Guariba, interior de São Paulo, a 337 km. Sozinha e de carona, nada temia. Rezava: “Pai, não me deixe sozinha”. O retorno do mesmo jeito. Ao chegar em casa, apanhou. Escondida da mãe, em seguida, escreveu na parede da casa: “De hoje em diante vou modificar o meu modo de vida...” A mãe se alegrou, concluindo que mudaria sua maneira de ser e jamais voltaria a fugir, até que descobriu que eram versos da canção: “Só vou gostar de quem gosta de mim”. Apanhou outra vez.
Suas músicas preferidas eram “O Calhambeque” e “Mexerico da Candinha”, até porque, adolescente rebelde, fora vítima, inúmeras vezes, de fofoca: “...A Candinha vive a falar de mim em tudo... / E eu não vou ligar pra mexerico de ninguém.”
Depois de um período, adolescente ainda, concluiu que não poderia mais ficar na “beira do caminho” e se casou. Faltava, naquela época, a Lei Maria da Penha”. Na delegacia, após relatar a violência sofrida, ouviu do delegado que mulher precisava respeitar o marido em qualquer situação. Separaram-se e passou a cantar: “Quero que vá tudo pro inferno”. Uma figura ela e demais querida. Encerrou a conversa com outra música: “Detalhes de uma vida/ Histórias que eu contei aqui (...) /Eu sei já sofri/ Mas não deixo de amar. (...)/ Se chorei ou se sorri/ O importante é que emoções eu vivi. / (...) São momentos que eu não esqueci...”
Faz bem essa memória musical. Passa pelo coração e desperta sentimentos. Lembrei-me de uma integrante da Pastoral da Mulher/ Magdala, já na Eternidade, das doçuras nos bolos, da meiguice que encantava. Ao passar por lá, gostava de interpretar para mim a canção country de Curly Putman (1930-2016), do álbum “Green, Green Grass of Home” que lhe trazia sua Minas Gerais: “Se algum dia/ À minha terra eu voltar/ Quero encontrar/ As mesmas coisas que deixei/ Quando o trem parar na estação/ Eu sentirei no coração/ A alegria de chegar/ De rever a terra em que nasci/ E correr como criança/ Nos verdes campos do lugar...”
“Detalhes de uma vida/ Histórias que eu contei aqui...”

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil

 

 

 

 



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ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - 8. ATENCIOSO ( Completo)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atencioso é  adjectivo que é composto do substantivo atenção  com o sufixo “oso”.

Este adjectivo tem  diversos significados:

-Demonstra atenção.: que está atento .

-Expressa consideração: cortês, gentil: por exemplo - marido atencioso

-Realizado ou desenvolvido com atenção: feito com minúcia, rigoroso.

 

Atencioso tem diversos sinónimos: cortês, atento, respeitoso, amável, deferente, dócil, obsequioso, rigoroso.    Há vários exemplos com a palavra atencioso:

-

“Mas o atendimento atencioso  dos garções compensa alguns desacertos”

“Compro  o jornal, todos os dias numa loginha de uma. atenciosa senhora”

“Tem um serviço atencioso e ambiente confortável, com detalhes graciosos na

  decoração”.

 

Há diversas palavras relacionadas  com “atencioso”:

-Atento, cuidadoso, aplicado, vigilante, estudioso, alerta, ligado, observador, diligente,

 desvelado, deferente, obsequioso.


Como ser atencioso? Ser  atencioso
implica sentir empatia pelos outros e demonstrar afecto, amor e compaixão pelas pessoas que convivem consigo. Ser atencioso  significa escutar, notar quando alguém precisa de ajuda, ajudando a sua comunidade sem esperar recompensa. Se  quiser saber como pode começar a ser mais atencioso siga  estes princípios:

1  Seja mais sensível aos sentimentos dos outros. Se  você  quiser ter uma perspectiva mais atenciosa, vai precisar passar mais tempo, pensando sobre como as outras pessoas estão se sentindo. Fique atento para ver como os outros reagem a uma situação ou como estão se sentindo quando chegam a um lugar. As pessoas atenciosas ficam ligadas no humor dos outros, conseguem saber se alguém está triste ou chateado  fazem alguma coisa sobre isso.

  1. 2. Pense sobre como as suas acções afectam as outra pessoas. Você pode estar muito ocupado, tentando ter as suas próprias necessidades atendidas para pensar sobre como o que você diz ou faz sobre uma outra pessoa..Da próxima vez que você  fizer algo, seja deixar a cozinha  suja para  outra pessoa da sua casa limpar porque está apressado ou ignorar um telefonema da pessoa amiga, reflicta sobre como a outra pessoa  É claro que isto não quer dizer que as pessoas precisam de concordar sempre em tudo o que você faz. Algumas vezes você precisa fazer o que acha mais certo sem, ceder  aos outros. Mas, se o seu comportamento for egoísta, grosseiro, ou desagradável,  está na hora de você estar em mudar.

3..Escolha as suas  batalhas. As respostas atenciosas tendem a concretizar-se em manter relacionamentos saudáveis e positivos. Algumas vezes, isso significa ter discussões ou se envolver m conflitos para resolver um problema. Se você quiser ser atencioso, pode evitar a chateação e tentar manter relações positivas e saudáveis, em vez de estar sempre a brigar, Da próxima vez que  começar a discutir com alguém, analise se isso vale a pena ou se está apenas querendo libertar a sua raiva. Se não achar que o seu confronto pode trazer nada produtivo, evite. As pessoas atenciosas falam sobre as suas preocupações quando estão  tendo problemas num relacionamento ou situação. Mas elas  tendem a concentrar-se em manter a positividade  em vez e brigar quando isso pode ser evitado.

4.- Aprecie as pessoas em sua vida. Demonstre. O máximo de gratidão que puder para se tornar mais atencioso. Seja grato pela sua família, amigos, parceiro ou qualquer outra pessoa que torne a sua vida mais significativa e positiva, parceiro ou qualquer outra pessoa que torne a sua vida mais significativa e positiva.  Não se concentre no que estiver faltando ou nos comentários desagradáveis que escuta
às vezes e pense sobre a alegria e felicidade que essas pessoas trazem pela sua vida. Isso deixa você num estado de espírito melhor e fica  mais fácil importar-se com os seus  entes mais queridos:

- Para apreciar realmente as pessoas. Agradeça sempre que puder. Agradeça pela ajuda em tempos difíceis, pelos favores. Deixe  que elas saibam nque a sua presença realmente importa em sua vida.

 

  1. 5. Evite os sentimentos de egoísmo. Pode ser um desafio parar de ser completamente egoísta de um dia para outro, mas todo o mundo pode trabalhar para ser cada vez menos egoísta no dia a dia. Passe mais tempo pensando sobre os sentimentos dos outros, em vez de estar sempre p+reocupado apenas com você.

 

  1. Preste atenção. As pessoas atenciosas prestam atenção na vida quotidiana, no que as pessoas fazem quando estão falando com elas e são sensíveis às suas necessidades e sentimentos. Prestar atenção às expressões faciais, gestos, roupas e até mesmo os  comentários casuais  podem ajudar a formar um quadro geral sobre o que a  pessoa  está pensando  e sentindo, de verdade, e levá-lo a ser mais atencioso.

 

                     Aprenda as habilidades para ser mais atencioso

 

  1. Seja educado. A boa educação deixa você mais atencioso e determinado a tratar as pessoas ao seu redor com o devido respeito. Ser educado significa ter boas maneiras, não ser excessivamente vulgar ou grosseiro na frete dos outros,. Segurar portas para as pessoas passarem. Também é uma questão de sorrir para os outros, ter bons modos e não atrapalhar os outros. Tenha sempre como objectivo,    ser o mais educado  possível, seja no escritório ou  andando na rua.
  2. Escute as pessoas. Dedique l mais tempo para escutar os outros. As pessoas não passam o dia inteiro, falado delas mesmas, porque estão genuinamente interessadas no que os outros têm a dizer Quando alguém estiver falando com você faça contacto visual, pare de mexer no celular ou fazer outras coisas distractivas e não interrompa a pessoa.

3.Trate os outros como gostaria de ser tratado. Isso pode parecer muito óbvio, mas você ficaria   surpreendido  se soubesse o número de pessoas que assim não procedem.

Você pode não estar a passar muitas dificuldades, mas outras pessoas podem estar. Tente imaginar como é estar nessa situação antes e ser brusco ou desatento com pessoas menos privilegiadas.

4.Tenha consideração pelos outros. Ter consideração é outro factor importante para ser atencioso. Respeite as pessoas ao seu redor e evite incomodar. Isso inclui não faltar alto no celular, prestar.  Ter consideração inclui fazer perguntas para as pessoas se elas estão bem,. As palavras e como elas são ditas são um aspecto  muito  importante  de ter em consideração. Se tiver algo de negativo para dizer para um amigo ou colega, escolha as  palavras não ofensivas e um momento adequado,

.

O atencioso e a Bíblia.”Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos  outros. E perdoem uns aos outros. Assim como Deus., por meio de Cristo. Perdoou a vocês” Efésios  4,32.

 

 

 

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES   -   Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira.  -    Email   goncalves.simoes@sapo.pt

 



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VALQUÍRIA GESQUI MALAGOLI - NOTORIEDADE

 

 

 

 

 

 

 

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Vejo ao longe a represa azulada

e imagino a paleta de Deus

por divinos pincéis bem marcada,

pois já no Éden pintou sobre os breus.

 

Que talento celeste, especial!

Quem supera esse Artista ímpar? Quem

a Ele pode igualar-se afinal?

É notória esta rima: ninguém!

 

Enegrece a longínqua represa;

muito inspira o Senhor o negrume

semelhante à primeira tela onde

 

tal Pintor iniciou com destreza

a carreira de glória e de lume,

pela qual no presente responde.

 

In Testamento (2005)

Livro disponível para download – gratuito – em www.valquiriamalagoli.com.br

 

 

 

Valquíria Gesqui Malagoliescritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br



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PÉRICLES CAPANEMA - A DEMOLIÇÃO DESPERCEBIDA DOS SIMPLIFICADORES

 

 

 

 

 

 

 

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Plateau de fromages. Este artigo vai ser um “plateau de fromages”, prato de variados queijos, espero que aproveite a alguns dos eventuais leitores. Foco em particular tipo humano comum entre nós (explico a seguir a razão), o simplificador. Tantas vezes simplórios, os simplificadores fogem dos contrafortes do pensamento, das nuanças nascidas da observação de quem não tem medo do esforço de enxergar com cuidado. Após reflexões superficiais, saltam de suas cacholas soluções toscas e definitivas, não raro enfáticas. Tortas, atalhos para desastres. Enfim, o simplista em suas reflexões amputa parte substancial da realidade, julga com base em quadro sem elementos fundamentais. Vício entranhado, em parte enraizado na ignorância pretensiosa, difícil de extirpar na maioria das vezes. No longo prazo, é um demolidor das causas que até pode julgar defender. Demolições em geral despercebidas. Se quisermos, um autodemolidor, mesmo que inconsciente e até de boa-fé.

 

Têm audiência tais pregoeiros de atalhos para fracassos inevitáveis? Têm; e muita. “Stultorum numerus infinitus est” (Ecl 1, 15), infinito é o número de imbecis, constatou Salomão milênios atrás; continua palpitante a desabusada sentença do sábio rei judeu. Também por isso é necessário ter o olho posto nos obstinados amputadores da realidade inteira.

 

Além da audiência que conseguem, podem ser atraentes? Sem dúvida. Com efeito, para as emaranhadas questões debatidas na esfera pública, os simplificadores indicam soluções fáceis para problemas difíceis; de outro modo, analgésicos para dores lancinantes, até mesmo poções mágicas ▬ na vida privada acontece o mesmo. Sempre é simpático, para quem se sente no pântano, ver gente mostrando trilhos de saída. O problema é que, via de regra, não são carreiros que irão dar na terra firme.

 

Mais observação, mais pensamento, menos palpites. Por que entrei em tal vereda? Porque pretendia futurar sobre a intricada situação nacional. Mas trombei logo com pilhas de irritantes declarações simplificadoras ▬ o que mais encontrei, aliás, de alto a baixo, em todos os quadrantes. E veio a certeza entristecida, em ambiente dominado por simplificadores, não vai aparecer solução que preste. O debate então pressupõe saneamento prévio, profundidades translúcidas nas concepções, gente menos pitaqueira, que saiba observar bem.

 

Tirar a pedra do caminho. Por associação de ideias, veio-me incontível ao espírito Jackson de Figueiredo (1891-1928). Lá atrás, década de 20, com profundidade translúcida ele já havia realçado o perigo das simplificações para a política brasileira. Valeria a pena divulgar tais opiniões, mas havia uma pedra no caminho (lembrando Carlos Drummond de Andrade), obstáculo que era necessário afastar: o desconhecimento de quem foi Jackson de Figueiredo. Poucos sabem do polemista corajoso, menos ainda, têm noção do seu magnetismo notável ▬ carisma, em qualificação hoje muito empregada ▬ e do seu impacto no Brasil de então. Lembro, ambiente de República Velha, população do Rio de Janeiro naqueles anos a maior cidade do Brasil, pouco mais de um milhão de habitantes; São Paulo, a segunda, em torno de 600 mil. “Veni, vidi, vicit”, frase atribuída a Júlio César sobre trabalhos seus. Deste sergipano mirrado se poderia dizer o mesmo; chegou cedo à antiga capital federal, participou da vida pública com força e logo triunfou com brilho no meio das escaramuças. Lembrar por alto traços da presença de Jackson de Figueiredo no Brasil, além de tornar mais assimiláveis eventuais citações, é providência útil para elevar os debates em nossos dias.

 

Meteoro brilhante. Jackson de Figueiredo nasceu em Aracaju, formou-se em Direito na Bahia, teve vida pública no Rio de Janeiro até a morte trágica e inesperada por afogamento na Barra da Tijuca. Jornalista e escritor, publicou seu primeiro livro em 1908 aos 17 anos. Destacou-se como polemista, marcou a cena pública em especial como líder católico de grupos de intelectuais. Estadeou com desassombro suas convicções, embora tenha começado a vida pública como anticlerical raivoso ▬ converteu-se ao Catolicismo em 1918. A partir daí, ascensão segura no meio de certames acirrados. Organizou o movimento de leigos católicos. Fundou o Centro Dom Vital, núcleo de pessoas de valor, criou a revista A Ordem, que marcou a vida da inteligência nacional. Jackson sentia-se bem na luta, combateu pela pluma e palavra o liberalismo e o comunismo. “Troquei toda a veleidade de construir por mim só ou com a ajuda deste ou daquele grande espírito uma filosofia da ação. Preferi ser o humilde soldado que sou da Igreja Católica, e me sinto tão orgulhoso disso como se fora um rei”. E assim lutou com denodo para colocar os católicos e os temas católicos nos galarins, enfim retirar a Igreja da situação melancólica sinalada por dom Sebastião Leme em sua carta pastoral de 1918: “Somos uma maioria que não atua; somos uma maioria asfixiada. O Brasil que aparece, o Brasil nação, esse não é o nosso. É da minoria. A nós, católicos, apenas dão licença de vivermos”. Apaixonado, controverso, homem de seu tempo, parte de sua ação seria vista hoje com justas reservas, mas não é o que pretendo realçar. Meu assunto é outro, simplificadores, ou simplistas, vou voltar a ele. Estou apenas aproveitando a ocasião para lembrar em traços rápidos uma personalidade, cujos reflexos no Brasil contemporâneo enriqueceriam o debate, tantas vezes amputado de aspectos importantes, e assim, côngruo lembrá-lo aqui, entre outros efeitos, diminuiria a importância deletéria dos simplificadores.

 

Morto Jackson, o Brasil ficou mais pobre. Logo após o falecimento de Jackson de Figueiredo, 4 de novembro de 1928, Carlos Drummond de Andrade, então poeta de pouca nomeada, vivendo na pequena Belo Horizonte, na época pouco mais de 100 mil habitantes, homem de esquerda, “rigorosamente agnóstico” (palavras suas), publicou uma “Ode a Jackson de Figueiredo” (texto integral estampado em A Ordem, dezembro de 1929), que ecoou Brasil afora: “Jackson, nem amigo, nem inimigo [...] espiando teus gestos, tuas palavras e obras, mas distante, extraordinariamente distante daquilo que foi a tua vida, mais distante ainda dos mundos que explorastes [...] aqui estou, testemunha, depondo. Jackson, os que te conheceram e te amaram, os que te conheceram e não te amaram, os que não tiveram tempo de te amar, os que não cruzaram no teu destino, os que ignoram o teu nome, os que jamais saberão que exististes, estão todos um pouco mais pobres do que eram antes. Uns perderam o amigo. Outros, o inimigo, o grande e belo inimigo que orgulha. Outros nada perderam, e é tão triste, tão doloroso não perder nada. Como estes, eu me sinto pobre da pobreza de não ter sido dos teus, Jackson, e eu sinto verdadeiramente por todos aqueles que jamais suspeitarão disso. Voltou o tempo dos prodígios. Ainda há pescas maravilhosas, eu sei. E os peixes que arrebatastes a um mar mais crespo que o de Tiberíades, estão cantando a glória do Senhor. Milhares de [...] almas elevam um cântico tão puro que a terra se mistura com o céu [...] E nem se percebe o pescador que as ondas arrebatam, que as ondas arrebatam violentamente, [...] enquanto o corpo mergulha. [... ] Muitas coisas nos ensinou a tua morte, que a tua boca não soubera exprimir”. O prodígio havia se calado. Permaneceu o eco. Até hoje.

 

O maior paladino suscitado pela Providência. Anos mais tarde, outubro de 1941, em artigo comemorativo do cinquentenário de seu nascimento, o professor Plinio Corrêa de Oliveira, no “Legionário”, afirmou de Jackson de Figueiredo: “Invulgar figura, o maior paladino suscitado pela Providência nas fileiras do laicato católico, dele se pode afirmar que não foi dos tíbios que causam asco ao Senhor. Alma forte e inteiriça, atingiu rapidamente em suas obras as culminâncias do senso católico, ao menos sob vários pontos de vista. Batalhador audaz, inteiriço e leal; abominava os silêncios covardes, os disfarces indignos; impávido, pronto para atacar, para discutir e para censurar”. Na conclusão, a nota do serviço único: “Jackson prestou ao Brasil um serviço incomparável”.

 

Embates duros no Brasil da República Velha. Desembarco enfim na simplificação. Artur Bernardes  (1875-1955) governou o Brasil de 1922 a 1926 sob oposição do tenentismo, de correntes liberais, de setores que hoje seriam apodados de progressistas. Duro, seco, de algum modo representava a reação. Jackson apoiou-o desde o início, via retrocessos preocupantes nas forças que procuravam abatê-lo, estuário de posições revolucionárias por ele guerreadas. Dessa forma, em 1921 se aliou à candidatura Bernardes, considerando-a garantia da ordem e favorecedora da religião. Por ricochete, era, ficava claro, apoio aos grupos políticos que dominavam a política brasileira desde vários lustros. Entre 1922 e 1924, já no governo Bernardes, Jackson agiu contra o tenentismo, movimento perpassado por diagnósticos simplificadores, arroubos autoritários e crença ingênua no poder redentor do Estado. Nesse contexto devem ser analisadas as observações de Jackson: “Como católico, devo declarar que o que mais admiro em quem quer que seja é a firmeza, a coragem das convicções. (...) Criado entre militares, que abundam em minha família, sempre mantive relações de amizade com muitos oficiais. (...) Confesso que, se comparo essa gente com as de outras classes com que tenho convivido, acho que a porcentagem de homens de caráter, de vergonha, é maior entre militares. (...) O militar é, como o sacerdote, um homem a quem, no início da juventude (...) foram impostos hábitos de ordem, método, disciplina e vivamente incutidas as mais nobilitantes virtudes de ordem prática, sobre o valor moral da obediência, do sacrifício de si mesmo”.

 

Depois de mostrar um lado da moeda, expõe o reverso: “A vida do quartel e o estudo de suas especialidades, isolando-o, até certo ponto, nesse agitado meio social fazem com que o militar seja, quase sempre, um simplista”. Continua dizendo, um homem mais de imaginação que de experiência. Vale para a profissão das armas, vale para qualquer profissão. Sem cuidados próprios, a maioria das profissões tende a formar profissionais simplificadores. Prossegue Jackson de Figueiredo: “O nosso político, o nosso tão malsinado político tem, em relação ao bom militar, esta indiscutível superioridade; está muito mais a par de nossas necessidades sociais de cada momento, sabe que administrar não é somente mandar e ser obedecido, tem muito mais complexidade intelectual”. Lamenta a inexistência entre muitos homens de uniforme “dessa finura de tato que se requer de um verdadeiro político”.

 

Planar como o açor. Longo o texto, brado contra simplificações deletérias, curto o espaço meu, vou parar. O que Jackson de Figueiredo lamentava, a análise parcial e geométrica da realidade, amputada de facetas essenciais, persiste ovante, satisfeita, entulha jornais, de modo especial as redes sociais. Sem o hábito de se elevar muito alto, como o açor em caça, e de lá perceber os problemas em toda sua extensão, o debate nacional necessariamente terá premissas pobres e deformadas. E soluções pecas que farão o país deslizar despercebidamente para abismos. Aqui está ponto prévio, indispensável a qualquer discussão proveitosa, cujo destaque é mais uma das benemerências de Jackson de Figueiredo.

 

 

 

PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"



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FELIPE AQUINO - O PODER COMPROVADO DA INTERCESSÃO DE SÃO JOSÉ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Você vai se surpreender com os testemunhos destes grandes santos sobre o poder de São José!

Numerosos escritores josefinos e santos defenderam o grande poder de intercessão de São José, justamente por reunir em si um tesouro de riquezas, concentrando os esplendores de todos os santos.
O grande teólogo Tomás de Aquino ensina que “alguns santos receberam o privilégio de nos proteger em casos especiais; a São José, porém, foi conferido o encargo de nos socorrer em todas as necessidades”.

 

 

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Santa Teresa d’Ávila diz que: “no céu é feito tudo o que São José pede”. De fato, depois de Maria, São José ocupa o primeiro lugar no coração de Deus; assim, ninguém depois de Maria e do Salvador pode nos conceder mais graças que São José.

Gerson diz que: “No céu São José não pede, mas manda, não impetra, mas impera”.

Afirmou Santa Teresa, uma grande devota de São José: “que nunca me lembro de haver pedido uma graça a São José sem que a tenha recebido imediatamente”.

 

 

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Leia também: A antiga oração a São José que é “conhecida por nunca ter falhado”

Súplicas a São José

Curiosidades sobre São José

 

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O fundador da Congregação dos Oblatos de São José, o bem-aventurado José Marello, confiava tanto no poder de intercessão de São José, que afirmava: “Se São José não concedesse graças, não seria mais São José”. Para Santa Teresa, as graças que São José concede são: a busca do perdão dos pecados, o amor a Jesus e Maria, uma vida interior e uma boa morte.

É diante de tamanho poder de intercessão que o Papa Bento XV considerou que os devotos de São José têm o caminho mais breve para a OSJ)santidade; e Pio XI, grande devoto do pai de Jesus, afirmou que ele tem diante de Deus uma intercessão “onipotente”.

 

(Pe. José Antonio Bertolin,OSJ)

 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2018/03/06/o-poder-comprovado-da-intercessao-de-sao-jose/

 

 

 

FELIPE AQUINO   -      é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino.



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PAULO R. LABEGALINI - VOCÊ GANHA O QUE MERECE ?

 

 

 

 

 

 

 

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Ouvindo uma emissora de rádio, despertou a minha atenção essa chamada: ‘Você ganha o que merece?’ A conclusão da matéria foi mais ou menos assim: ‘Deixe a emoção de lado e faça uma análise racional de seus rendimentos. Você pode descobrir que não ganha tão pouco como imaginava ou perceber que está mesmo sendo explorado. Nesse caso, pode conseguir bons argumentos para negociar com o chefe aquele tão sonhado aumento salarial.’

Quanto ao que foi dito, não tenho nada a contestar, mas, no meu caso, tenho certeza que ganho aquilo que Deus acha que mereço. Por outro lado, se a minha família não fosse tão abençoada na saúde, os recursos poderiam não ser suficientes sequer para um bom tratamento.

Considero que poderia estar ganhando mais dinheiro se fosse um pouco mais materialista, mas também sei que não mereço tantas graças que recebo; portanto, vivo no lucro! Por isso, procuro sempre estar de bem com a vida e transmitir alegria às pessoas, porque isso também é um ganho inestimável a quem recebe. Mas, aceitar esse meu modo de pensar fica meio difícil àqueles que só sabem reclamar e nunca perdoam as ofensas que receberam.

Se você assistiu o filme ‘Forrest Gump, o Contador de Histórias’, tente se lembrar da cena em que a namorada de Forest voltou do submundo das drogas e os dois passaram pela casa onde ela foi criada. Recordando a violência que sofreu do pai quando criança, a jovem ficou transtornada, pegou uma pedra e a jogou com toda força na direção da cabana. Mesmo quebrando uma das janelas, Jenny não se contentou, pegou outra pedra, atirou na casa, depois outra e mais outra, até que caiu no chão, cansada e desolada. O namorado, puro de coração, disse a ela: ‘Às vezes, não há pedra suficiente.’

Creio que ele quis dizer que quando o sofrimento é muito forte, pouco podemos fazer para aliviá-lo e nem a vingança resolve a dor. Realmente, para Jenny, nem mesmo um caminhão de pedras derrubariam o barraco do sofrimento. Mas o que fazer quando estamos nessa situação?

Quem caminha com Jesus Cristo no coração não precisa de pedras para quebrar vidraças, pratica a virtude do perdão e mantém a esperança da felicidade eterna. Ele transforma todas as derrotas em vitórias e humilhações em graças à família. Somente quem já experimentou é que pode testemunhar o quanto isso é verdade, enquanto aquele que só pensa em curtir a dor e não pede a ajuda Divina, continua derramando lágrimas, guardando ressentimentos e não vendo que o alívio do sofrimento está na missa da igreja mais próxima.

Disse Jesus: ‘Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’ (Mt 11, 28). Você já pensou se todas as ‘pedras atiradas com raiva’ fossem usadas para construir casas de oração? Acho que nem haveria espaço na Terra para isso!

Na atualidade, uns querem um emprego melhor; outros, só um emprego. Uns querem uma refeição mais farta; para outros, basta ter o que comer. Alguns querem uma vida mais requintada; outros, apenas viver. Uns querem pais mais modernos; outros, só queriam ter pais. Uns gostariam de ter olhos claros; outros, só enxergar. Muitos compram dezenas de sapatos novos; outros, só queriam ter pés! Uns dão valor ao supérfluo; outros, lutam pelo necessário.

Eu agradeço a Deus por tudo o que sou e tenho, não reclamo de nada e sei que já recebi muito mais do que mereço

 

 

 

 

PAULO R. LABEGALINI   -  Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre - MG).



publicado por Luso-brasileiro às 10:31
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - A CALUNIA E A INVEJA

 

 

 

 

 

 

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Em: “ Olhai os Lírios do Campo”, o escritor gaúcho, Erico Veríssimo, apresenta-nos a personagem: Eugénio Fontes, médico, que desprezou a vida fácil de genro de homem rico, para se entregar à medicina quase como sacerdote.

De médico respeitado, graças ao sogro, após o divórcio, passa a clínico da classe média e da gente pobre.

Um dia, o amigo, igualmente médico, o Dr. Seixas, diz-lhe: - ” Você está a tornar-se importante! …”

Apanhado de surpresa, pergunta: Porquê?

-“ É que começam, os colegas, a dizer mal de si.”- Responde-lhe o Dr. Seixas.

Quando, em qualquer profissão, alguém começa a ser atacado justamente ou não, é sinal, quase sempre, que está a subir na escala social; a tornar-se conhecido.

A maledicência, tem raiz na inveja. Miguel Ângelo, queixava-se que os males entendidos, com o Papa, tinham origem em Bramonte e Rafael, devido à inveja.

Já o Padre António Vieira, dizia:” “ Sabeis porque vos querem mal vossos inimigos? Ordinariamente porque vêm em vós algum bem que eles quiseram ter e lhes falta.

“ A quem não tem bens, ninguém lhe quer mal.”

 Pateadas e calúnias, são resultantes, quase sempre, do mesmo mal.

É o caso de Anita Ekberg, que foi atacada, no palco, com tomates, lançados pela cantora Evelyn, porque aquela abandonara a sala, enquanto cantava.

O escritor, ao ser conhecido, logo é vítima de inveja e da calúnia.

Camilo, em: “ Noites de Lamego”, refere-se que o vulgo costuma enxovalhar, por maldade, o homem distinto: “ A canalha urra triunfalmente a cada homem distinto que sopesa e recalca no seu esterquilino.”

Entre os intelectuais, basta alguém do seu meio, ter sucesso ou ter sido premiado, para os confrades e amigos, espalharem boatos desagradáveis.

Está nesse caso a “ zanga” entre o pintor Júlio Dupré, grande amigo de Teodoro Rousseau; quando Júlio recebeu o grau de Cavalheiro da Legião de Honra, Teodoro, afasta-se, por inveja e ressentido.

Helena Sacadura Cabral, referindo-se à calúnia, declara ao: “ Diário de Notícias”: “ Em Portugal há uma longa tradição de murmúrio, de inveja, de cobiça e de preguiça, também. Os valores raramente são reconhecidos e os inteligentes constituem o repasto ideal para a calúnia.” - “ O Dia” – 09/09/02.

A calúnia costuma andar de braço dado com a inveja. Sempre que se alcança, em qualquer profissão, lugar de destaque, logo surge o boato mesquinho -  “o dizem…que dizem…”

Mesmo entre figuras da ciência, a inveja, existe. É conhecida a disputa ridícula entre dois lentes de Coimbra: o Brites e o Ferrer, no final do século XIX, por antagonismo de doutrina.

Entre os intelectuais, há o costume de criar “ capelinhas”, por ideologias.

Chianca Garcia, disse ao “ Século” (18/01/1959,) depois do sucesso do filme: “ A Aldeia da Roupa Branca”, teve que ir para o Brasil, porque sentia má vontade de muitos, de a excluir das “ capelinhas” e de contratos.

Criada a tertúlia, cria-se a “ capelinha”, elogia-se mutuamente; se o neófito pretende ingressar no reduto, logo é corrido, a não ser que tenha “ padrinho forte”, na “ capela”.

Que o digam os que se iniciam na difícil e ingrata Arte das Letras, a dificuldade que sentem em serem acolhidos. Os próprios editores, em geral, sofrem do mesmo mal.

O medo de serem destronados do pedestal, que elegeram, leva-os apartar todos, que podem vir a fazer-lhes sombra.

 

 

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA   -   Porto, Portugal



publicado por Luso-brasileiro às 10:17
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EUCLIDES CAVACO - GUITARRA SÍMBOLO DO FADO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Com desejos dum magnífico fim de semana partilho o nosso programa de ontem, neste link:
 
 
 


https://www.facebook.com/euclides.cavaco/videos/10157603646266557
 
 
 
 
 
 
O meu fraterno abraço de sincera amizade.
 
 
 
 
 
 

EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

 

 

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NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP

 

 

 https://dj.org.br/

 

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Leitura Recomendada:

 

 

 

 

 

Resultado de imagem para Jornal A Ordem

 

 

 

 

 

Jornal católico da cidade do Porto   -    Portugal

 

Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

 

https://www.jornalaordem.pt/

 

***

 

HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL

 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confissões

 


publicado por Luso-brasileiro às 10:01
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Sexta-feira, 23 de Abril de 2021
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI - DIA MUNDIAL DO LIVRO

 

 

 

 

 

 

 

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            A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)  escolheu 23 de abril como o Dia Mundial do Livro em 1995, em Paris, durante o seu XXVIII Congresso Geral,  por ter sido  a data da morte de três grandes escritores da história, William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de la Veja. A celebração também se inspirou na tradição catalã de dar uma rosa para quem comprar um livro  no dia de São Jorge (23 de abril), sendo que trocar flores por eles já se tornou um salutar hábito em outros países.

            Além de homenagear e destacar a importância da Literatura e dos escritores através dos séculos, a comemoração também busca conscientizar as pessoas sobre os prazeres da leitura. Com efeito, desde a Antiguidade, a obra literária é a grande companheira do ser humano, que através dela, pode adquirir os mais diversos conhecimentos.  Tem sido de grande  relevância para o desenvolvimento das sociedades e para o crescimento intelectual do ser humano, permitindo-lhe registrar fatos relevantes da sua história, tornando-se um dos maiores  vetores da sabedoria geral.

         Mesmo com a utilização plena e quase total da internet, muita gente se mantém fiel aos livros, sendo diversos já publicados “on line”,  mostrando que a evolução dos meios de comunicação e da própria tecnologia não impediram que as pessoas se afastassem do maravilhoso costume de ler. Eles realmente transmitem ideias, sonhos, fantasias, realidades e tantos outros atributos através das palavras, propiciando-nos entretenimento e educação,  desenvolvendo a criatividade, a imaginação e a aquisição de valores.

            A literatura ainda desperta a nossa sensibilidade. É por isso que André  Maurois assim se expressou: “A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”. Na mesma trilha, vale dizer que os livros estão diretamente ligados ao nosso bem estar. Antonio Costta escreveu: “A leitura de um bom livro é o caminho mais curto 
para se descobrir que a vida vale à pena”.  

E nessa trilha, reitere-se que a nossa cidade é visivelmente privilegiada na área da literatura, contando com inúmeros e bons escritores, além de editoras e livrarias. Possui três academias literárias, a Jundiaiense de Letras, que honrosamente presido; a Feminina de Letras e Artes e a Jundiaiense de Letras Jurídicas; uma associação, o Grêmio Pedro Fávaro;  uma ótima biblioteca municipal e uma particular, o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa

 

                   Direitos autorais

 

A criação do ser humano é resguardada de forma que lhe sejam assegurados os direitos patrimoniais e morais sobre sua obra intelectual. A legislação dos direitos autorais no Brasil – 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, a qual sofreu recente alteração pela Lei n. 12.853 de 2013 - assegura ao autor, por exemplo, a proteção de seus trabalhos, o direito de obter os créditos por sua criação, de não tê-las alteradas sem autorização prévia e de ser remunerado por terceiros que queiram utilizá-las. Hoje também se comemora o Dia dos Direitos Autorais que tem por objetivo principal amparar a atividade intelectual e criativa das pessoas nas áreas literária, científica e artística.

 

         Uma homenagem a Monteiro Lobato

 

No último dia 18 de abril, comemorou-se o DIA NACIONAL DO LIVRO em homenagem a MONTEIRO LOBATO que nasceu nesta data, em 1822, na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, em São Paulo. O seu nome completo era José Bento Monteiro Lobato e ele morreu com sessenta e seis anos de idade, em 1948. Tendo estudado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, escreveu trinta obras, sendo treze de literatura para adultos e dezessete dedicadas ao público infantil.  É de se ressaltar que se frustrava ao perceber que a hegemonia do ter e do parecer, o estímulo à futilidade e o egoísmo, geraram um isolamento entre os indivíduos, onde os seres, pareciam apenas fingir e camuflar seus semelhantes. Por esta razão, procurava criar um clima de fantasia, onde as crianças pudessem se alegrar com suas criações fantástica, repletas de aventuras, magia e encanto. Para ele, o mundo efetivamente só será melhor, quando o homem conseguir encurtar a distância que o separa da infância.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:15
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ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - RELIGIOSOS CONSTRUTORES DE PONTES: UMA VISÃO TEOLÓGICA

 

 

 

 

 

 

 

 

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Falei, na semana anterior, de meus estudos sobre os Irmãos Pontífices, que se coligavam na Idade Média em associações religiosas destinadas à construção de pontes. Vejamos agora, numa perspectiva estritamente teológica, a figura dessas instituições.

Na ótica dos homens contemporâneos, habituados à separação das esferas espiritual e temporal da vida, não deixa de ser singular a ideia de que a construção de pontes possa ser matéria adequada para motivar a criação de uma ordem religiosa. Construir pontes é, por sua própria natureza, uma atividade civil, destinada a melhorar as condições da vida material dos povos, nada tendo, em si mesma, de religiosa.  Por que ver nela a motivação básica para a instituição de uma ordem religiosa?

Enquanto estudava o assunto, encontrei também referências a outra ordem religiosa, existente na Baixa Idade Média na região das Flandres e em certas partes do Sacro Império, a qual tinha por objetivo a educação das pessoas e se aplicava especificamente à transcrição de manuscritos antigos. Seus membros, por voto e por obrigação de cunho religioso, se empenhavam em trabalhar para a difusão do conhecimento, transcrevendo manuscritos religiosos e também profanos que não versavam sobre temas religiosos. Com o advento da imprensa, no século XV, esses religiosos se adaptaram aos tempos novos e passaram a exercer por meio de obras impressas sua atividade. Os membros dessa singular instituição - aliás, bastante comentada e até controvertida - eram chamados de Irmãos da Vida Comum. Ao que parece, foi membro dela o famoso Tomás de Kempis, autor da clássica obra Imitatio Christi.

Outras instituições religiosas medievais que também causam estranheza à mentalidade contemporânea são as Ordens Militares de Cavalaria. Eram constituídas por religiosos que se consagravam a combater os infiéis, defendendo a Terra Santa e protegendo militarmente os peregrinos contra os maometanos. A Ordem do Templo de Jerusalém (dos Cavaleiros Templários), a Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém (dos Hospitalários, atualmente de Malta), a Ordem do Santo Sepulcro, a dos Cavaleiros Teutônicos, a de São Tiago da Espada (Cavaleiros Espatários ou Gladíferos) e muitas outras são exemplos de Ordens militares de cavalaria.

Como explicar que matérias que, de si, nada têm de religioso, como construir pontes e copiar manuscritos, ou que até têm algo que parece chocar-se frontalmente com o espírito religioso, como derramar sangue em batalha, possa ser objeto de motivação primária para uma Ordem religiosa?

De acordo com a mentalidade medieval, que era profundamente teocêntrica, toda a vida humana se regia pela religião, tudo se ordenava à prática religiosa e tinha a Deus como início e fim. Assim sendo, a noção de que a esfera religiosa e a vida civil constituem compartimentos estanques pura e simplesmente não existia. Sendo tão ampla a esfera do sagrado, não restava muito espaço para o profano. Nada havia que não pudesse ser, de algum modo, abarcado pelo sagrado e pelo religioso.

Estudando o pensamento de São Tomás de Aquino sobre as Ordens Militares de Cavalaria, exposto na Suma Teológica, encontra-se base para a compreensão não só delas, mas também das Ordens dos construtores de pontes, dos copistas de livros e outras mais que tenham existido, com objetivos específicos que nós, em nossa cultura e com nossa mentalidade contemporânea, não podemos deixar de considerar bastante singulares.

É interessante seguirmos a argumentação de Tomás de Aquino, para justificar a existência de ordens religiosas destinadas à luta armada. É uma argumentação curiosa, que surpreende pela originalidade.  O Aquinate estuda a vida religiosa in genere na Suma Teológica, parte II-IIae, questões 186 a 189.

Na qu. 186, discorre sobre natureza do estado religioso, que consiste verdadeiramente num estado de perfeição, no qual os religiosos fazem a Deus o sacrifício de suas pessoas, num ato de oblação que constitui como que um holocausto. O estado religioso, conforme explica essa questão, se ordena à perfeição da caridade e é constituído, essencialmente, pelos votos de obediência, de castidade e de pobreza.

Por meio desse tríplice voto, o religioso oferece em oblação a Deus tudo quanto lhe pertence, sacrificando: 1) seus bens exteriores (pelo voto de pobreza); 2) seu corpo (pelo voto de castidade); 3) e sua própria vontade, ou seja, sua liberdade individual (pelo voto de obediência). Dos três votos, o mais excelente é o de obediência, porque a vontade humana é, de si, um bem mais valioso do que o corpo ou os bens exteriores, e também porque o voto de obediência de alguma forma contém os outros dois. Por força da consagração própria da vida religiosa, qualquer ato virtuoso ordenado ao serviço de Deus e para a honra divina, ainda que de si sejam materiais, humanos e até profanos, converte-se em ato religioso. Por isso, todos os atos bons realizados por religiosos adquirem mérito e valor especiais, pela excelência da própria virtude de religião.

A qu. 187 trata das coisas que são permitidas e proibidas aos religiosos, e a 189 estuda as condições para o ingresso na vida religiosa. Essas duas questões apresentavam, na época, não apenas interesse puramente especulativo, mas revestiam-se de atualidade e tinham caráter apologético, porque se inseriam na polêmica travada por São Tomás, em companhia do franciscano São Boaventura (1221-1274), contra os partidários de Guillaume de Saint-Amour (1202-1272) e Gérard d’Abbeville (†1272), inimigos das então novas ordens mendicantes.

 Na qu. 187, Aquino sustenta que é lícito aos religiosos viverem de esmolas, não por ociosidade, mas para exercitarem a virtude da humildade. E que lhes é lícito, igualmente, vestirem-se de modo mais pobre e vil que o comum das pessoas. Com sua argumentação, ele defendia os franciscanos contra os que criticavam o seu modo de vida.

A qu. 188, que mais diretamente nos interessa, é dedicada a uma ampla exposição sobre a diversidade de ordens religiosas. Concluiremos no próximo artigo.

 

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.



publicado por Luso-brasileiro às 15:03
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