A festa de CORPUS CHRISTI, expressão latina que significa CORPO DE CRISTO, é uma das mais importantes do calendário católico e visa reverenciar a EUCARISTIA, na qual, segundo a crença, Cristo se encontra presente, sob as aparências do pão e do vinho, alma e divindade. Efetivada anualmente na quinta-feira após o domingo que sucede o Dia de Pentecostes, outra solenidade litúrgica, a sua principal cerimônia consiste numa tradicional procissão, que com a pandemia não será realizada. Esse cortejo, em muitas localidades, segue por ruas enfeitadas com trabalhos artesanais, cujos temas são predominantemente religiosos e geralmente elaborados pelos próprios membros das comunidades, que, entre outros materiais se utilizam de pétalas de rosas e resquícios de madeira.
Por seu próprio significado e por ressaltar uma das partes centrais de todo o culto da Igreja - a instituição da COMUNHÃO, talvez o maior dos sacramentos cristãos -, a comemoração de hoje se revela de suma relevância, trazendo-nos à memória, o dia que antecedeu a morte de Jesus no Calvário, quando Ele se despediu dos apóstolos e transformou o pão em seu corpo, pedindo aos seus seguidores que continuadamente repetissem o ato, propagando assim, a lembrança da Sua presença entre os homens. Historicamente, a celebração surgiu na Bélgica para saudar o início da prática eucarística, sendo posteriormente institucionalizada pelo Papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264. Preliminarmente deveria ocorrer na Quinta-Feira Santa, coincidindo com a última ceia, mas foi transferida para outra data, entendendo-se que a anterior seria sensivelmente prejudicada pelas liturgias em torno da cruz e da morte do Senhor, na Sexta-Feira Santa.
Solenizar, portanto, esta data santificada, significa abrir corações e mentes aos nossos semelhantes, principalmente os injustiçados e oprimidos. É compreender que a palavra de Deus é a que ensina, reconforta e traz esperança, revelando-se nas mais diversas formas, tais como um sorriso infantil, a emoção de uma descoberta, um instante de reflexão, os gestos solidariedade, a liberdade, a luta por igualdade, a fraternidade, o respeito ao próximo e principalmente, a partilha. A maioria das pessoas tem consciência desses atributos, mas por comodidade e apego material, adapta os ensinamentos divinos aos próprios interesses. Interpretam-nos de acordo com tudo que lhes convém, modificando a essência clara e extremamente nítida dos princípios e pregações cristãs. Cria normas de conduta específicas, justificando isoladamente o egoísmo de que é dotada, permanecendo inaudita aos verdadeiros valores. Pratica uma auto-religião, simula atos caridosos e tenta enigmaticamente esconder-se do remorso que a persegue.
É por isso que o mundo se encontra moralmente tão instável e frágil, no qual o predomínio de uma cultura consumista, obediente a ditames exclusivamente econômicos, vem sufocando a espiritualidade e esfriando a convivência humana. Não é só a crise energética, advinda da imprevidade e da falta de planejamento de nossos administradores que nos afeta diretamente. As graves alterações que estão sobrevindo e afetando o curso de nossas vidas, acarretando um estado crônico de desequilíbrio, de preconceitos, de reações violentas ou agressivas, de retrocesso das coisas, fatos e ideias, de dúvidas, incertezas, conflitos e tensão, de desesperança, de alienação e de massificação, na realidade, assentam-se num generalizado afastamento da humanidade de Deus ou até de uma aproximação, que não se concretiza pela ausência de autenticidade no cumprimento de Sua palavra.
Aproveitemos assim a data religiosa, para meditarmos sobre o grau de participação que estamos desenvolvendo na busca de um universo melhor para todos, procurando desvencilharmos da pesada carga de negligências, incompreensões, defeitos e individualismo que vêm assenhorando nossas mentes, impedindo-nos de contemplar a Verdade em razão da névoa de interesses materiais que tem cegado o entendimento quase geral das pessoas.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Pe. Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas – (martinelliadv@hotmail.com))
Em 1940, ainda no início da Segunda Guerra Mundial, o poderoso exército da França foi fulminantemente derrotado pela Blitzkrieg (guerra relâmpago) alemã. A rapidez espantosa dessa derrota chocou todos os contemporâneos e ainda hoje é estudada nas academias militares e nos cursos de História Militar de todo o mundo.
A blitzkrieg era um conceito tático que se revelou muito eficaz, em perfeita coerência com o conceito estratégico de guerra total, desenvolvido e praticado pelos alemães. Somente num clima de guerra total, com envolvimento maciço de todas as forças nacionais, a Alemanha pôde, no curto espaço de quatro anos (1935-1939), constituir a mais formidável máquina de guerra que até então a humanidade conhecera, com milhares de tanques e aviões de combate ultramodernos e prontos para a luta.
Estrategicamente, a Alemanha procedera com grande habilidade. O Partido Nacional Socialista subira ao poder em 1933. Dois anos depois, em março de 1935, a Alemanha rejeitou oficialmente o Tratado de Versalhes, de 1919, no que dizia respeito a restrições ao rearmamento alemão. Até então, numericamente o contingente militar alemão era muito limitado por imposição das potências vencedoras da Primeira Guerra. Mas a Alemanha tinha, hábil e astutamente, montado um exército pouco numeroso, mas constituído por homens com ótima formação de oficiais. Quando denunciou o Tratado de Versalhes, rapidamente procedeu ao recrutamento maciço da população e, em poucos meses, tinha milhões de homens em armas. O mais difícil, ou seja, a formação dos quadros de oficiais, já tinha sido feito na surdina.
Em oposição ao brilhante pensamento estratégico alemão, que era todo ele baseado na agressividade, na ofensiva rápida e total, o pensamento estratégico francês se baseava na defensiva, na passividade, quase na inércia.
Por trás dessa opção francesa estava uma posição psicológica. A Primeira Guerra fora tão terrível que muita gente preferia acreditar que jamais ocorreria outra grande guerra. Cândida e ingenuamente, acreditavam que o mundo estava “vacinado” contra novas guerras. Essa mentalidade pacifista foi a que prevaleceu na França, nas décadas de 1920 e 1930, e também na Inglaterra exerceu considerável influência. Num curioso fenômeno de “wishful thinking”, os franceses médios chegaram a acreditar sinceramente nessa utopia. O pensamento estratégico francês, que conduziu a França ao colapso de 1940, foi inteiramente fruto dessa mentalidade. Foi nesse contexto que se criou a Linha Maginot, uma formidável linha de defesa que defendia a França de invasões do Leste, estendendo-se por mais de 400 km, desde a fronteira da Suíça, ao Sul, até os limites de Luxemburgo, ao Norte, onde a floresta das Ardenas parecia constituir um obstáculo intransponível para o deslocamento maciço de tropas, especialmente se motorizadas.
O pacifismo tolo permitiu que Hitler se armasse, se fortificasse cada vez mais e, por fim, escolhesse, ele mesmo, o momento que lhe fosse mais conveniente para desencadear a guerra.
Declarada esta em 3/9/1939, seguiram-se os 9 meses de luta na frente oriental, nos quais a Alemanha, com o apoio de Stalin (que depois passaria por “herói” antinazista, mas na realidade deu total apoio a Hitler na fase inicial da Guerra), deglutiu a Polônia e dominou os países escandinavos.
Nesses 9 meses, enquanto a Alemanha estava empenhada na frente oriental, na frente ocidental houve a chamada drôle de guerre, um simulacro ou fingimento de guerra. Foi um tempo precioso que a França deveria ter usado para se preparar convenientemente para a guerra. Mais do que isso, nessa fase inicial da guerra, deveriam os aliados ter tomado a ofensiva. Mas o pensamento estratégico errado fez com que esses 9 meses fossem perdidos. A França continuou mantendo a sua linha Maginot, julgando-se protegida por ela. Esqueceu que os alemães poderiam fazer de novo exatamente o mesmo que haviam feito em 1914 - ou seja, dar a volta pela Holanda e pela Bélgica e invadir pelo Norte o território francês. E esqueceu que uma linha defensiva tão extensa poderia ter sido eficiente em outras circunstâncias históricas, mas não oferecia grandes defesas contra modernos bombardeios da Luftwaffe e poderia, também, ser facilmente ultrapassada pelo adversário se este aerotransportasse suas forças.
Continuaremos na próxima semana.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Nessa semana completei quase um mês sem consumir qualquer tipo de carne. Embora eu já viesse reduzindo progressivamente o consumo há alguns anos, ainda comia peixes e frango. Para ser honesta nem sinto falta, apenas ainda não consegui criar um cardápio variado, nutritivo e saboroso como eu gostaria. Ovos mexidos, cozidos, fritos e omeletes tem sido os grandes protagonistas das minhas refeições.
Às sextas, dia em que vou até a feira livre que ocorre há menos de cem metros de minha casa, tenho comprado ao menos uma dúzia de ovos. Prefiro os caipiras, seja pelo sabor, seja pela esperança que tenho de que venham de galinhas criadas livres. São ovos de tamanhos irregulares e menores do que os de granja, mas também com cascas mais firmes e brilhantes.
Não gosto de comprar ovos no supermercado, pois sempre me dão a impressão de serem menos frescos. Há quase 10 anos eu os adquiro na mesma barraca, sempre montada no mesmo canto da feira. No início eram vendidos por uma senhora, cujo filho, adolescente, auxiliava. Agora, adulto, somente o rapaz continua vindo. Cada cliente escolhe os ovos, de acordo com seus próprios critérios e os coloca na forma de papelão, para serem embalados.
E foi na semana passada, selecionando os ovos que comporiam minha dieta semanal, que me lembrei de quando eu mesma criava galinhas, na infância e na adolescência. Recordei-me especialmente de quando eu e minha avó paterna, Sebastiana, conhecida como Dona Nena, escolhíamos os ovos que seriam chocados, em um ritual que só a nós duas pertencia.
Em geral separávamos uma média de seis a oito ovos, os quais seriam colocados sob uma das galinhas que estivesse choca. O mais curioso é que sabíamos identificar os ovos de cada uma de nossas quinze galinhas. Havia uma de pescoço pelado, a Pescocinho, uma carijó, a Xadrez, uma galinha ruiva que tinha pés enormes, a Pezão, as galinhas de ovos azuis, entre outras.
Invariavelmente tentávamos prolongar as linhagens de nossas preferidas e por isso era tão importante escolher os ovos corretamente. Ter uma galinha que fosse boa mãe e não muito brava também era crucial e sabíamos exatamente como a maior parte delas se comportava nesse quesito. Tivéramos experiências anteriores com galinhas que não gostavam de ficar muito tempo aguardando os pintinhos e saiam dos ninhos antes que todos nascessem, bem como algumas muito bravas, das quais sequer podíamos nos aproximar.
Decididos a mãe e os potenciais filhos, começava nossa espera, que durava perto de vinte e um dias, todos contados a dedo. Perto da data prevista já ficávamos de olho e era uma alegria quando nascia o primeiro e quando constatávamos que todos os ovos haviam vingado. Acompanhar o crescimento dos pintinhos era uma diversão à parte e torcíamos para que nenhum deles fosse macho, porque não tínhamos como ter mais um galo no local.
Lembrar desses momentos fez com que eu me transportasse ao passado. É quase como se o quintal dos meus avós continuasse existindo de algum modo, escondido em uma dobra do tempo. De certa forma é mesmo assim que sinto, tal como se as camadas da minha existência se sobrepusessem, mas pudessem ser folheadas, páginas que são de uma única história.
Manuseio os ovos que comprarei, pensando nas galinhas que os puseram e divago imaginando se alguém as seria capaz de identificar como um dia eu fui. Incrível, por outro lado, que máquinas do tempo existam em locais tão inusitados como em uma barraca de ovos de uma feira livre...
CINTHYA NUNES, é jornalista, advogada, professora universitária e aceita receber sugestões de como preparar ovos para o almoço – cinthyanvs@gmail.com/www.escriturices.com.br
Passado e presente se confundem no que carregamos de histórias e vivências. É pelo passado que Santa Isabel de Portugal chegou até mim.
Meu avô, Benedicto Castilho de Andrade, construiu, em 1894, como tributo de amor, no Cemitério Nossa Senhora do Desterro um jazigo para seus pais: João Nepomuceno de Andrade (1810-1893) e Angélica Rosa de Souza Castilho (1854-1871). Minha bisavó faleceu de varíola com o filho recém-nascido. No túmulo a imagem de Santa Isabel de Portugal.
Isabel de Aragão, esposa de Dom Dinis de Portugal, filha mais velha do rei Pedro III de Aragão e Constança de Hohenstaufen, princesa da Sicília. Viveu aproximadamente do ano 1282 até 1336. Padroeira da cidade de Coimbra e, no Brasil, de duas cidades em Minas Gerais e uma no Pará. Creio que a escolha, de nosso avô, se deveu aos Andrades serem de origem portuguesa e os Castilhos de espanhola, mas alguma devoção a ela, por parte do filho, ou mesmo do pai, deveria haver.
De seu casamento teve dois filhos: Constança e Dom Afonso IV. Era considerada Rainha da Paz. Conseguiu serenar, dentre outras situações, um conflito entre D. Afonso, seu filho, com um filho bastardo de Dom Dinis, Afonso Sanches, que era o preferido do pai na sucessão.
Ao morrer D. Dinis, em 1325, Isabel teria peregrinado ao santuário de Santiago de Compostela e ofertado muito dos seus bens pessoais, como sua coroa e joias. Recolheu-se por fim ao Mosteiro de Santa Clara, onde está sepultada, em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas, mas não fazendo os votos, o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade.
Muito piedosa e dedicada às causas da misericórdia, cuidava de pobres e enfermos, passava grande parte do seu tempo em oração e ajuda aos pobres. Foi canonizada pelo Papa Urbano VIII em 1625.
A história mais popular da Rainha Santa Isabel é a do milagre das rosas. Teria ela saído do Castelo de Leiria, numa manhã de inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano que lhe inquiriu aonde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: “São rosas, Senhor!” Desconfiado indagou: “Rosas no inverno?” Isabel expôs então o conteúdo do regaço de seu vestido e neles havia rosas, ao invés dos pães que ocultara.
Em 1987, nosso pai foi sepultado nesse túmulo e, neste ano a mamãe. Reformado, ficou pronto na semana passada. O luto tem fases, como sempre me lembra o Padre Márcio Felipe, e essa foi a de observar a placa com o nome dos dois e, no meio, a foto. Sem dúvida me emocionei. E que bom esse sentimento que mistura o passado com o presente para se tornar convite; convite para transformar em rosas o que se possui. Nossos pais eram assim. Recordo-me do reencontro, com nosso pai, pelas ruas da cidade, de diversos egressos da cadeia de Jundiaí, que se localizava onde é o Fórum e de quem ele comprava a produção de trabalhos em cerâmica. Era uma alegria dos dois lados e o papai fazia questão de pagar um café e saber como estava a vida. A mamãe é de presença mais recente. Partilhou os conhecimentos que possuía com aulas em diferentes bairros, principalmente voltadas para os que mais necessitavam de aprendizagem e ternura. Inúmeras fotos tenho dela inclinada para ensinar. Pais de mãos dispostas a repartir; pais preciosos.
Levei quatro meses, juntamente com a Áurea Marcelino, que nos assessora e cuida, para abrir os armários e as gavetas de nossa mãe e transformar seus pertences em doação. Um sentimento de amarras, como se reter a bagagem a tornaria mais presente. Conforme me disse o nosso querido Bispo Diocesano, Dom Vicente Costa: “Mas a lembrança dela fica para sempre viva e renovada, pois ela não se prende a coisas materiais, não é mesmo?”
Sábado passado fui ao cemitério para plantar nas jardineiras. Flores de cores diversas e resistentes ao ar livre e sementes. Calandivas e Beijos. Eles espalharam flores e sementes nos caminhos dos filhos.
A memória de nossos pais está bem adequada sob a imagem antiga de Santa Isabel com rosas nas dobras da roupa. Somente o amor dá sentido à vida.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
A veracidade é um substantivo feminino que nomeia o que está em conformidade com o que é verídico. É a qualidade de veraz, adjectivo que qualifica situações em que há representação fiel da veracidade. Veracidade especifica um facto real, verídoco. É um acontecimento em que não suscita dúvidas, ou contradições que comprometem a sua autenticidade. Comprovar a veracidade expressa a necessidade da avaliação dos factos, da comprovação da verdade, da ausência de contradições ou da eliminação das dúvidas. Da mesma forma, numa situação de denúncia sobre actos que podem incriminar um indivíduo, é indispensável a investigação da veracidade dos factos.
A veracidade faz falta à harmonia das relações sociais em todos os ambientes. Para compreendermos melhor o que é a veracidade apresentamos algumas considerações sobre a falsidade – o contrário da veracidade, sobre a veracidade fundamental e sobre a ladeira da veracidade
A falsidade. Todos nós condenamos a palavra mentirosa, a palavra que não corresponde à realidade. Há por toda a parte uma reprovação da palavra mentirosa. O facto é que a falsidade é muito vasta, muito variada e às vezes não notamos que incidimos um pouco nela. Não é puramente nas palavras que uma pessoa é falsa; pode ser falsa também no seu comportamento.
Há três tipos de falsidade que convém recordar para se entender bem o que é veracidade. Há uma primeira falsidade que é a do que vulgarmente se chama de “mentiroso”.O mentiroso é aquele que engana propositadamente os outros para atingir um objectivo egoísta. Há uma outra falsidade diferente que dos homens ou das mulheres que se enganam a si mesmos. E há a falsidade daqueles a quem falta a
autenticidade.
A falsidade é o contrário da veracidade. Então, o que é a veracidade? É verdadeiro não apenas o homem ou a mulher que faz declarações verdadeiras, exactas, mas aquele que no se comportamento exprime toda a plenitude do seu ser humano. O Papa João Paulo dizia dizia numa mensagem que emitiu em Janeiro de 1980:” A primeira mentira, a falsidade fundamental, ´é não acreditar no homem: no homem, em todo o seu potencial de grandeza; mas também na necessidade de redenção do mal e do pecado que ele tem«m em si”.
Há uma falsidade fundamental que consiste em uma pessoa não se comportar de acordo com a grandeza real do ser humano. O verdadeiro homem ou mulher é aquele que faz o que diz, diz o que pensa e pensa a verdade. As três coisas, não apenas uma delas.
Veracidade. Veracidade é viver, comportar-se, exprimindo no comportamento toda a plenitude do ser humano. Às vezes confunde-se veracidade com sinceridade. Esta palavra sinceridade é um tanto ambígua. Em muitas ocasiões não serve para exprimir a plenitude do ser humano, mas apenas as suas emoções mais primitivas e mais superficiais.
Para ser sincero não é necessário pensar a verdade: uma pessoa pode não pensar nada e exprimir com sinceridade tudo o que lhe passa pela cabeça, mesmo sem pensar e sem raciocinar. Há sinceridade certamente numa pessoa que dá vazão a todos os seus impulsos: de agressividade, de medo, de sexualidade etc. É o caso das pessoas que soltam pela boca tudo o que lhes ocorre .Mas essa sinceridade não é suficiente para exprimi tudo o que se passa no ser humano, toda a natureza, toda a grandeza do ser humano, todo o “potencial de grandeza”, para usar a expressão do Papa.
Veraz, verdadeiro é a pessoa que, fiel ao seu ser, realmente se comporta de acordo com a transcendência do seu próprio ser, isto é, de acordo com a sua tendência profunda para um ideal de perfeição: de maneira tal que se supera, não se comprazendo na sua mediocridade. No fundo de si mesmo, todos os homens e todas as mulheres têm uma tendência para o absoluto; uma tendência que se confunde com a tendência para amar ou com a tendência para a felicidade.
Viver verdadeiramente, com comportamento verdadeiro, é exprimir na postura e no agir esta tendência que o ser humano tem para superar-se.
É verdadeiro aquele que querendo viver o ideal da sua perfeição, d acordo com os desígnios de Deus, em conformidade com as suas tendências mais profundas, procura aprofundar no conhecimento de Deus, no conhecimento daquilo que Deus espera dele. Esse vive de acordo com o seu destino, com a sua natureza. Mas é claro que apesar da tendência que o homem e e a mulher têm para a superação, para atingir um ideal de perfeição, apesar de tudo isso, o ser humano peca, comete erros, e por isso – e chegamos ao terceiro passo - a veracidade reveste-se não poucas vezes do carácter de uma rectificação: é verdadeira a pessoa que ao reconhecer os seus erros, a sua fraqueza em face do ideal, dá a mão à palmatória.
Neste sentido diz o Papa, na observação que antes foi citada, que a falsidade fundamental é não acreditar na necessidade da redenção do mal e do pecado que o ser humano traz em si.
Arrepender-se é veracidade. E rectificação é tudo aquilo que na vida corrente significa reconhecer um erro, pedir desculpa; é a coragem de voltar-se para um amigo dizendo: Eu enganei-me, peço perdão.
Uma pessoa é verdadeira na medida em que ama a verdade, na medida em que a procura sempre, na medida em que a exprime, na medida em que retorna a ela depois de a ter abandonado.
Aproximar-se da verdade é sempre aproximar-se do Criador, aproximar-se da verdade é sempre viver de acordo com a grandeza humana, com o destino humano, com a natureza humana.
A veracidade e a Bíblia.
“A verdade é a essência da tua palavra, e todas as tuas justas ordenanças são eternas” Salmos 119.
“Guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo” Salmos 25,5.
“Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça”. S. Paulo aos Efésios 6,14.
Vale a pena reconsiderar muitas vezes a importância da veracidade na nossa vida. A nossa vida que atinge harmonia, realiza-se mais a fundo, fica cheia de paz quando amamos e praticamos a verdade.
ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira. - Email goncalves.simoes@sapo.pt
JORGE VICENTE - Fribourgo, Suiça
O conceito de “evolução” tornou-se central na Ciência moderna. É absolutamente impossível compreender os rumos que ela toma hoje ignorando esta chave de interpretação. Esse conceito foi estendido para bem além dos campos biológicos e já permeia todas as áreas da Ciência. Deste modo, não é mais possível pretender um diálogo entre a Filosofia, a Teologia, a Ciência e até mesmo a cultura moderna que não esteja enraizado no que se entende por evolução.
Considero a evolução como algo tão central em todas as teorias científicas modernas que julgo necessário escrever uma série de artigos mostrando como esse conceito é aplicado nas mais diversas áreas do conhecimento, desde as ciências biológicas até a Astronomia. Naturalmente, está fora do meu alcance, e também foge ao objetivo destes artigos, fazer um tratado acadêmico sobre o tema. A respeito disso, há inúmeros autores muito mais indicados. Meu objetivo é de divulgação científica e de promoção do diálogo entre Ciência, Fé e Cultura.
Alguns exemplos da aplicação da ideia de evolução em ramos distintos da Ciência podem ajudar a esclarecer o alcance que o conceito tomou. Nos próximos artigos vou retomar estes exemplos com mais detalhes e citarei outros.
Naturalmente todos conhecem a aplicação na Biologia, onde a Teoria da Evolução das Espécies, formulada por Charles Darwin no final do século XIX, tornou-se quase como um dogma central. Essa mesma Teoria supõe que a evolução pode acontecer (dentre vários outros modos) quando ocorre uma mudança no ambiente.
No entanto, há muito tempo que a Geologia já detalhou vários mecanismos que, no seu conjunto, podemos chamar de evolução geológica da Terra. Nosso planeta muda a todo instante, transforma-se de vários modos. Muitos podem, neste instante, dizer que estou exagerando e misturando conceitos distintos. Não estou. O que faço, na verdade, é ampliar a ideia de evolução e entendê-la como “mudança”, “transformação”. O cerne do conceito será sempre que essa mudança acontece de um ente para outro. Não estamos falando de criação. Também é importante destacar que há um conjunto de leis que regem essa mudança e que tais leis são o objeto de investigação da Ciência.
Continuando na exemplificação, não é só o nosso planeta que evolui, mas nosso Sol também, assim como todas as estrelas. Mas se as estrelas sofrem mudança ao longo de suas vidas, os conjuntos que elas formam, as galáxias, também evoluem, e de modo bem drástico.
Penso que estamos tão impregnados destas ideias que nem nos assustamos mais quando se fala em “evolução do universo”. Quando trato do tema em palestras, as pessoas nem se mexem em suas cadeiras, sendo que por certo deveriam cair delas! Há menos de cem anos os astrônomos não conheciam a fonte de energia das estrelas e não acreditavam em galáxias. Hoje falamos com tranquilidade nas leis de evolução do cosmos!
A Física também identificou fenômenos que podem ser conceituados dentro da ideia de evolução. Aparentemente, toda vez que temos um sistema formado por muitos entes que interagem entre si por uma ou poucas leis simples, encontramos um comportamento coletivo que hoje são estudados com o nome de fenômenos complexos.
Mas não é só no âmbito das ciências empíricas clássicas que a evolução se estabeleceu. As próprias ciências sociais apoderaram-se dos conceitos chaves da ideia para explicar muito sobre a natureza humana.
Os exemplos são muitos e trarei muitos casos interessantes com mais detalhes. No próximo artigo vou tentar identifcar as origens do conceito de evolução e definir um pouco melhor o que é e o que não é a evolução. Em especial, quero explicar porque tantas pessoas religiosas opõe-se a esta ideia e porque estão erradas ao fazer isso. Do mesmo modo, vou falar sobre os cientistas que enganam-se acreditando que a evolução prova que a fé é falsa.
12/2014
ALEXANDRE ZABOT - Fisico. Doutorado em Astrofisica. Professor da Universidade Federal de Santa Catarina. www.alexandrezabot.blogspot.com.br
TESTEMUNHO
Salvo da morte por Maria
Para a glória da Santíssima Virgem Maria, relato aqui como Ela salvou-me da morte, em um grave acidente na via-Dutra, no dia 17 de outubro de 1994. É um agradecimento à Mãe de Deus e nossa Mãe, e um testemunho de amor.
Maria, passa na frente
Tinha acabado de dar aulas na UNESP, em Guaratinguetá, SP, e seguia para a minha cidade vizinha, Lorena, o que faço há mais de 15 anos. Entrei na via-Dutra. Chovia forte. De repente, mil metros à frente, percebi que o trânsito estava parado por causa de um acidente na pista. Fui freando o carro até quase parar.
Quando já estava quase parado, a uns 150 metros do final dos carros já parados, um caminhão pesado, com 20 toneladas de carga, chocou-se violentamente contra o meu carro, por trás. A batida foi tão forte, que o encosto da minha poltrona quebrou, e eu fiquei deitado, com a cabeça no acento do banco de trás do carro.
Leia também:
A mediação de Maria
Aquele que recorre à Virgem Maria não deve se desesperar
De que modo Maria também é a nossa mãe?
Como Maria pode ouvir as nossas preces?
Pode Maria ajudar-nos realmente?
Tudo por Jesus, nada sem Maria!
Nesta batida, o carro girou cento e oitenta graus na pista e ficou de frente para o caminhão desgovernado. Pude vê-lo à minha frente, chocando-se violentamente com o meu carro e arrastando-o pela pista à fora, num barulho ensurdecedor e apavorante. Naquele momento, lúcido, em poucos segundos muitos pensamentos vieram à minha mente.
Primeiro, pensei que fosse morrer esmagado. Senti-me como se estivesse dentro de uma lata que vai sendo amassada. No mesmo instante comecei a clamar por Nossa Senhora. Lembro-me de que eu tive tempo de dizer umas três ou quatro vezes: ‘Nossa Senhora Aparecida, protegei-me’. Disso eu tenho certeza. A cada batida eu repetia esse clamor à nossa Mãe Santíssima e, interessante, não sentia medo, percebi nitidamente que embora o carro fosse ficando cada vez mais amassado, eu, contudo, nada sofria. Tudo muito rápido.
As mãos de Maria me amparavam e protegiam milagrosamente
Eram exatamente 6:00 horas da tarde, e eu rezava o terço, como sempre faço quando estou nas estradas. Em que pese todo o tumulto do acidente, percebi que o terço continuava em minha mão quando tudo terminou.
Com alguma dificuldade consegui sair do carro e, tão logo me vi fora dele, fui socorrido por um rapaz muito assustado. Este, quando me socorreu, disse-me: ‘Moço, como é que você conseguiu sair vivo deste carro? ‘Eu que ainda estava com o terço na mão, lhe disse: ‘Com isto’, mostrando-lhe o terço. A estupefação daqueles que me viam ileso perto daquele carro totalmente destruído, era enorme. Não sei quantos me disseram: ‘Você nasceu de novo’.’O seu aniversário agora é 17 de outubro’. O carro ficou tão danificado que a sua perda foi total. Quase nada se aproveitava.
Para ser retirado da estrada precisou ser levantado por um guincho e colocado sobre um caminhão, pois não tinha a menor condição de rodar. No meu coração eu não cessava de agradecer a Deus e à Virgem Maria pela graça que acabara de receber. Sabia que tudo era para a glória de Deus, que nunca nos abandona, e que nos ensina que ‘tudo concorre para o bem dos que amam a Deus’ (Rm 8,28).
Seja feita a Vossa vontade! Sempre, graças a Deus, senti e experimentei a proteção e amor dessa Mãe, a quem Santa Isabel, cheia do Espírito Santo, chamou de ‘Mãe do meu Senhor’, e que o Anjo Gabriel declarou ser a única que ‘achou graça diante do Senhor’; mas desta vez senti o seu amor como nunca. Foi para mim uma prova extraordinária do seu amor, para que jamais duvidasse de sua maternal proteção. Lembrei-me das palavras de São Bernardo, que do fundo da alma rezava:
Lembrai-vos ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que se recomendaram à Vossa proteção, imploram o Vosso socorro e invocaram o Vosso auxílio, fosse por Vós desamparado…’
No vidro da frente do carro, eu tinha colocado um adesivo de Nossa Senhora Rainha da Paz. Eu o tinha ganhado de um guarda da portaria da Faculdade. Um dia, saindo da escola, o ‘Arnô’, o guarda, me disse: ‘Professor, a minha esposa ouve os seus programas na Rádio Canção Nova, e pediu-me para lhe entregar este adesivo de Nossa Senhora’. Imediatamente preguei o adesivo no vidro da frente do carro, e disse a Ela:
‘Maria, segue na minha frente!’
Quando tudo terminou, o vidro dianteiro do carro, todo estilhaçado, estava jogado no asfalto frio da via-Dutra; mas ainda intacto, estava o rosto de Maria nos olhando. Meu filho mais velho, Mateus, foi quem me mostrou, com grande emoção, e ainda me disse: ‘Essa é a maior prova do milagre!’ No dia seguinte, quando peguei o ‘Boletim de Ocorrência’, na Delegacia de Guaratinguetá, nele estava registrado: ‘Horário do Acidente: 18:00 horas’. A hora de Maria.
O meu carro havia sido totalmente destruído; e eu não tinha seguro dele. Mas nada disso me preocupou; graças a Deus eu estava vivo e sem nenhum ferimento. Contudo, quando fomos à Delegacia, encontramos o motorista do caminhão que havia causado todo o acidente; e ele me informou que o seu caminhão tinha seguro, inclusive contra terceiros e que tentaria pagar pelo estrago do meu carro. Senti aí o dedo de Deus e a mão materna de Maria querendo me devolver um carro novo. Como fiquei sem carro, e precisava dele para meus trabalhos, comprei outro carro por nove mil e quinhentos reais.
Depois de dois meses, fui informado pela Seguradora, que eu receberia, pelo prejuízo do meu carro, a quantia de dez mil reais. Eu não lhes informei o quanto tinha pago pelo carro novo. Não tenho dúvidas, Nossa Senhora, não só guardou-me no acidente, como deu-me um carro ‘zerinho’, mais novo do que o que acabou-se no acidente.
Como é bom ser filho e servo desta boa Mãe e Rainha. Somente aqueles que estão debaixo de sua materna proteção é que sabem o quanto Ela é maravilhosa.
Um fato que me chamou à atenção foi que, poucos dias antes do acidente, eu tinha terminado de escrever um livro sobre Nossa Senhora: A Mulher do Apocalipse (Ed. Loyola, 1994), para a honra e glória de nossa Mãe. Este livro estava no meu coração, e eu o havia escrito com grande amor e devoção à Virgem Maria. Ia colocar nela o nome de ‘A coroa de glórias da Virgem Maria’, mas padre Jonas Abib sugeriu que fosse ‘A Mulher do Apocalipse’, o que aceitei de bom grado.
O acidente fez-me lembrar daquele fato que se passou com o Santo Cura D’Ars, São João Maria Vianney, que estava confessando os seus fiéis, quando chegou o sacristão para avisar-lhe que, sem qualquer razão, o seu quarto estava pegando fogo. Muito calmamente, o santo disse ao sacristão: ‘Não se incomode, é o demônio, não podendo pegar o pássaro, está queimando a sua gaiola’.
Retirado do livro: ”Entrai pela porta estreita”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.
FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
Após inúmeros e belíssimos trabalhos, um artista queria pintar a sua melhor obra. Procurando um motivo para o quadro, perguntou a um sacerdote: ‘Qual é a coisa mais bela do mundo para eu retratar?’ E recebeu a resposta: ‘A fé, meu filho, é a coisa mais bela do mundo!’
No outro dia, perguntou a mesma coisa a uma jovem noiva, que lhe disse: ‘O amor enriquece os pobres, suaviza as lágrimas e torna tudo muito mais belo!’ E, para concluir a pesquisa, resolveu consultar também um soldado que cruzou seu caminho. Ele, cansado das batalhas, desabafou: ‘A paz é a coisa mais bela do mundo. Sem dúvida, onde você a encontrar, será mais feliz.’
E o artista ficou refletindo com as respostas que obteve, sem saber como pintar a fé, o amor e a paz numa só obra. Ao chegar em casa, percebeu o amor brilhando nos olhos da esposa, a paz irradiando das ações dos filhos e a fé que ele próprio tinha no coração. Assim, o grande pintor colocou no quadro a obra prima que tanto sonhou: a sua família.
Que bela conclusão! Tudo de bom ou de ruim começa na família e temos que lutar pela paz em nossos lares. Com fé no coração, a Virgem Maria sempre nos abençoa e nos conduz a maravilhosos encontros com Cristo.
Em outra história, o menino olhava a avó escrevendo numa folha de caderno e puxou conversa:
- Vó, você está contando uma historinha?
- Estou escrevendo sobre você, porém, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Quando crescer, quero que você seja como ele.
- Mas ele é igual a todos os outros que já vi!
- Tudo depende do modo como você olha as coisas, querido. Há cinco qualidades nele que, se conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo. Primeiro, você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma mão que guia os seus passos. Essa mão nós sabemos que é de Deus e devemos nos deixar conduzir por ela.
- Como um lápis, vó?
- Sim, como este lápis. E eis a segunda qualidade dele: de vez em quando, eu preciso parar o que estou escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas, no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o ajudarão a ser uma pessoa melhor.
- E a terceira qualidade?
- O lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que erramos. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente vergonhoso, mas algo importante para nos manter no caminho de Cristo.
- Pedindo perdão, vó?
- Exatamente, e com humildade! Preste atenção agora na quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou a sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
- O meu coração fica dentro de mim!
- Sim, e também sua fé! Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços e procure ser consciente de cada ação.
- Puxa, eu nunca havia pensado tudo isso do lápis que a senhora está usando. Como ele é importante!
- E você é muito mais do que ele, meu netinho. A sua geração estará definindo o futuro do nosso planeta, portanto, reze e peça a Deus que nunca falte em você: o amor, a fé e a esperança. Vou deixar tudo isso escrito aqui nesta folha para você não se esquecer das cinco qualidades do lápis.
- Não vou esquecer nadinha e quero contar pra todo mundo também; prometo!
Pois é, se podemos tirar várias lições no uso de um simples lápis, o que dizer do estudo bíblico? Todos os ensinamentos para a nossa felicidade e salvação estão nas páginas sagradas! Então, responda: você quer ser feliz por algum tempo ou eternamente? Confiando na sua inteligência, sei que disse: ‘para sempre!’; então, aprenda a viver a Palavra de Deus a cada dia e não deixe ninguém desviar a sua atenção – centrada na oração e na família!
PAULO ROBERTO LABEGALINI - Escritor católico. Vicentino de Itajubá - Minas Gerais - Brasil. Professor Doutor do Instituto Federal Sul de Minas - Pouso Alegre.‘Autor do livro ‘Mensagens Infantis Educativas’ – Editora Cleofas
Havia há muito e muitos anos, viúva que vivia sozinha com a filha. Um dia, esta, estando em idade de se casar, matrimoniou-se.
A mulher vendo a filha sem casa própria, e o genro sem grandes posses, assentou auxiliá-los.
Chamou a filha, á parte, e disse-lhe:
- Eu sei que quem casa, quer casa. Tenho dinheiro arrecadado. Sou velha e poucos anos de vida irei ter. Fala ao teu marido e compra uma casinha.
A filha, metida num fole, foi logo contar a oferta materna, ao homem.
Este, radiante, agradeceu a rara generosidade, e convidou-a para viver com eles, já que tinha doado tudo quanto tinha.
Ao verificarem a quantia recebida acharam que podiam comprar não uma casinha, mas uma quintinha, e construíram cómoda moradia. Reservaram, porém, quarto para a velha.
Decorridos poucos anos, a sogra parecia rejuvenescer. Cansados de a terem em sua companhia, pensaram mete-la num asilo.
Certa noite, estavam a conversar na possibilidade, quando a velha passou no corredor. Coseu-se com a porta e ouviu a intenção dos filhos.
Foi para o quarto, e pensou na má sorte de ter doado tudo em vida.
Cogitando muito, lembrou-se deste estratagema:
Após o jantar, recolhia-se no quarto, abria a arca, e começava a contar pedrinhas: “ Aqui estão dois mil, mais cinco, perfaz sete mil” e assim por diante.
A filha estranhando o recolher antes do serão, foi escutar à porta, para se inteirar o que a mãe estava a fazer.
Ouviu que esta contava “dinheiro”…
Foi entusiasmada dizer ao marido. Ambos se convenceram que a velha tinha no baú enorme fortuna.
Receosos que entregasse tudo a Casa de Caridade ou à Igreja, pensaram que melhor era aturarem a velhinha, até morrer.
Decorrido alguns anos, veio a falecer. Depois de se terem ausentado, os que a vieram velar, os filhos foram muito lampeiros destrancar a arca, cuja chave andava sempre recatada com a velha.
Ao abrirem a caixa, encontraram-na cheia de pedrinhas. Por cima havia subscrito. Abriram-no sofregamente, pensando conter o extrato bancário.
Dizia o bilhetinho:
“ Não tenho dinheiro, mas deixo-vos conselho que será muito útil:
Não distribuam, pelos vossos filhos, os bens, antes de falecerem: é que uma vez recebidos, esquecem a sorte que tiveram.”
Muitas vezes ouvi, a idosos da família, contar a velha e relha historieta – julgo de inspiração popular, – da velha e as pedrinhas no baú. Contareco que ilustra bem, a ingratidão do ser humano.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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Santo Ivo, francês, empregou a sua mocidade no estudo das letras. Dedicou-se com particular desvelo (sem esperança alguma de interesse humano) no seu ofício de advogado à proteção dos miseráveis, órfãos e viúvos, por onde veio a merecer o título de "Advogado dos Pobres”, sendo posteriormente considerado o PADROEIRO DOS PROFISSIONAIS DO DIREITO. A dezenove de maio, celebrou-se o DIA DE SANTO IVO, que faleceu nesta data, a mesma em que também foi canonizado em 1390. Trata-se de um momento manifestamente oportuno para se meditar sobre os seus ensinamentos e sua obra, voltados ao desempenho no amor ao próximo e no cumprimento de sua missão de fé.
"Ó Deus de Misericórdia, dignai-vos a conceder-me a graça de desejar com ardor o que é de Vosso agrado, procurá-lo com prudência, reconhecê-lo com sinceridade e cumpri-lo com perfeita fidelidade para honra e glória de Vosso Nome. Amém". Assim rezava, no início de cada estudo ou trabalho, o santo padroeiro que hoje reverenciamos, recordando no aniversário de sua morte, há setecentos e um anos, o seu insuperável ensinamento duma vida inteira dedicada a fazer o bem e amar ao próximo.
Nascido na Bretanha América em 1253, pertencente à alta pobreza da França, ele foi advogado, juiz e sacerdote da ordem franciscana. Durante toda a sua vida, lutou pelos direitos dos pobres, principalmente contra os senhores feudais e demais poderosos da época, tendo como magistrado, criado a isenção de custas para os necessitados, razão pela qual muitos o indicam como criador da JUSTIÇA GRATUITA.
O seu juramento, prestado na Catedral de Tregular, aos quatorze anos de idade, quando sagrado Cavaleiro do Santo Sepulcro, constitui-se num verdadeiro símbolo do Cristianismo:- "Juro pela pureza das minhas intenções. Quero ser a fortaleza dos fracos, dos humildes dos pobres e dos necessitados."
Sua atuação se pautou no entendimento de que as virtudes do homem de Justiça são a probidade e a competência, comuns e naturais à atividade honesta e, principalmente, o amor à verdade, que desvenda e impõe a causa justa. Por isso, o seu primeiro mandamento recomenda aos advogados que recusem o patrocínio de causas contrárias à Justiça, ao decoro ou a própria consciência.
Homenageando o patrono dos advogados, invocamos Dr. Ruy Homem de Melo Lacerda, ex-presidente da Associação dos Advogados de São Paulo, Brasil:.
"Nesta época de transformações sociais em todo o mundo, quando se procura assegurar, também nas nações menos desenvolvidas, o desfrute pleno da vivência democrática, valorizando o ser humano, mais se acentua em nós, homens dedicados à defesa do Direito e à realização da Justiça, o dever de contribuir, na luta cotidiana, como Santo Ivo, para a elevação dos costumes e a garantia de vida digna, notadamente aos mais humildes e desassistidos, que hoje abrangem grande porção da coletividade brasileira.
Que o seu exemplo nos inspire, na certeza de atender com essa conduta, ao mandamento maior da nossa fé, deixado pelo Divino Mestre. E que saibamos, como nos orienta o Decálogo herdado de Santo Ivo, pedir ajuda de Deus nas nossas demandas, pois Ele é o primeiro protetor da Justiça." (ASSP nº 1692 - Suplemento)
ADVOCACIA
Um povo só pode ser tido como civilizado quando crê na Justiça e quando ela efetivamente se realiza. A cidadania só se exerce por meio da certeza do respeito que cada um tem do direito alheio. Violado esse direito, a sua reparação deve se tornar efetiva, perante um Judiciário célere, imparcial e eficiente. Nesse sentido, há muito a comemorar no Dia de Santo Ivo, considerado até o ano de 2000 no Brasil, o Dia do Advogado, quando o Conselho Federal da OAB, transferiu esta data comemorativa para 11 de agosto, dia da criação dos Cursos Jurídicos no país. Enquanto instituição, a advocacia tem sido líder da cidadania. Através dela, os princípios fundamentais insculpidos na Carta Magna são cumpridos e respeitados. O advogado, no seu ministério privado, presta um serviço público essencial e as entidades representativas dos profissionais do Direito não se omitem nas questões institucionais. Sempre estarão presentes, onde houver ofensa à dignidade e aos direitos humanos.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com
Não é por “orgulho de casta” que os “casamentos desiguais” se tornaram indesejáveis para as dinastias, mas por razões muito ponderadas.
Na Idade Média, quando o feudalismo estava em pleno vigor, era menos demarcada a diferença entre as Casas reais e as grandes Casas feudais. Reis e príncipes casavam então sem nenhuma dificuldade com filhas ou irmãs de grandes senhores feudais. Pouco a pouco, entretanto, foi-se generalizando, entre as Casas soberanas do Continente europeu, o costume de seus membros só se casarem com princesas.
Há, sem dúvida, algumas vantagens dignas de nota, nesse costume. A primeira delas, apontou-a João Camillo de Oliveira Tôrres quando salientou que, casando os membros da Família reinante só com membros de outras Casas estrangeiras de mesmo nível, os monarcas em via de regra não têm parentes próximos para favorecer nos respectivos países. E com isso se evita um mal endêmico das repúblicas, que é o nepotismo, a tendência para favorecer os próprios parentes (Cfr. "A Democracia Coroada", José Olympio, Rio, 1957, p. 174).
Outra vantagem que se apontava para tais casamentos é que eles favoreciam notavelmente as relações diplomáticas entre os países. Os reis procuravam casar seguindo uma política de alianças que fosse conveniente ao seu país. De maneira que até num ato eminentemente da vida privada, como é o casamento, o que fazia um soberano era servir ao bem comum.
Nos últimos dois séculos, o costume de só casarem príncipes com princesas adquiriu particularmente força de lei consuetudinária em muitas dinastias. E é muito explicável que assim tenha ocorrido. É explicável como mecanismo de defesa das dinastias contra a perda da noção da própria missão histórica.
Em consequência da disseminação, por todo o Ocidente, da mentalidade e dos princípios da Revolução Francesa, produziram-se repúblicas em série, destronaram-se dezenas de Casas soberanas, e mesmo nas dinastias remanescentes dos sucessivos furacões que abalaram a ordem europeia, a influência igualitária e antimonárquica da Revolução deixou marcas profundas.
Ora, para as dinastias, ainda que destronadas e ainda que banidas de sua pátria, era fundamental dever de consciência se conservarem sempre preparadas para, a qualquer momento em que as chamassem de volta as respectivas nações, atender imediatamente a esse chamado. Para isso, precisavam absolutamente - era para elas questão de sobrevivência - não perder a noção da própria missão histórica.
Nessas circunstâncias, quando toda a tendência avassaladora impelia os príncipes e princesas a se diluírem na alta e na média burguesia, é compreensível que os chefes de Casa zelosos tenham fechado questão na observância estrita de um costume que já tendia a se tornar lei consuetudinária. A se abrirem exceções nesse ponto, os casamentos desiguais se transformariam em regra geral e, ao cabo de poucas gerações, a dinastia teria perdido inteiramente a noção de sua missão. Assim, insista-se, o que antes era um costume mais ou menos generalizado passou a ser requisito fundamental para a fidelidade à própria missão histórica.
Uma objeção que se faz, a esse costume, é que esses casamentos entre príncipes e princesas, que são mais ou menos parentes entre si, podem resultar em doenças hereditárias e, assim, conduzir à degenerescência das raças.
Muito se falou - e, sobretudo, muito se exagerou - no passado a respeito das supostas taras das dinastias reinantes. Na sua sabedoria bimilenar, a Igreja, já bem antes da generalização de tais temores, recomendava evitar casamentos entre parentes muito próximos. Mas nunca levou esses temores ao ponto verdadeiramente obsessivo a que parecem levá-los certos objetantes antimonárquicos, que só veem nas dinastias raças degeneradas, repletas de taras e heranças mórbidas. Não é o caso de me estender aqui sobre esse assunto, que para ser convenientemente explanado, exigiria um desenvolvimento que as dimensões deste artigo não comportam.
Limitemo-nos a uma constatação de fato.
Existe em teoria genealógica uma noção um tanto convencional, mas muito definida, de família. Entende-se por família o conjunto dos descendentes de um determinado homem, até que esses descendentes se reduzem a um único varão que morre sem deixar descendentes varões. Numa família, a tendência natural é ir-se abrindo um leque; ao cabo de quatro, cinco, seis gerações, há um número maior ou menor de varões; depois, pouco a pouco eles tendem a ir diminuindo, e acabam por se extinguir. Por linhas femininas, evidentemente, prossegue a sucessão do gênero humano, mas já em outras famílias que não aquela. Quanto maior a "eugenia" de uma família, mais duradoura ela é, evidentemente. Quanto menor, mais rapidamente ela tende a decair, vai-se fechando o leque, até que morre o último varão e se extingue a família.
A duração média de uma família, sabe-se também por estudos genealógicos, é de cerca de trezentos anos, mais ou menos dez a doze gerações. Ora, a grande maioria das dinastias europeias tem bem mais do que isso: os Capetíngios, por exemplo, são uma dinastia que tem mais de um milênio. Descendem de Hugo Capeto, que subiu ao trono da França em 987. Os Capetíngios varões, ainda hoje, são muitas dezenas, espalhados por várias Casas, a do Brasil, a de Portugal, a da França, a da Espanha, a das Duas-Sicílias, a de Parma, a de Luxemburgo. É uma família que está pujante, muito longe de se extinguir.
Os Wittelsbach, da Casa Real da Baviera, já eram Duques da Baviera em 907, ou seja, 80 anos antes da coroação de Hugo Capeto... É uma família que tem mais de 1.100 anos.
Serão essas famílias decadentes? Como pretendê-lo?
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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