Algumas pessoas acabam curtindo costumes do povo norte-americano pelos mais diversos motivos, desde interesses econômicos até por puro modismo ou simples diversão. Um exemplo forte dessa constatação é a comemoração do “Dia das Bruxas”, o popular “Halloween” que ocorre no último dia desse mês. Embora nada tenha a ver com a nossa cultura, mesmo assim, de acordo com recentes pesquisas conduzidas pelo Ministério Público Federal, quase metade das escolas públicas da capital de São Paulo o festeja. Em contrapartida, na mesma data, passa quase despercebido, o Dia do Saci-Pererê, consagrado personagem do folclore nacional.
A origem do primeiro remonta às festas pagãs da Idade Média, que celebravam a passagem do outono para o inverno, nas quais imensas fogueiras eram acesas no alto das colinas, para afugentar os maus espíritos. Acreditava-se que as almas dos mortos visitavam a Terra no dia 31 de outubro, razão pela qual as lanternas feitas com abóboras serviam, na verdade, para orientá-los neste retorno terreno durante o Dias das Feiticeiras. Elas foram levadas aos Estados Unidos por imigrantes, principalmente irlandeses e acabaram por influenciar, curiosamente, a solenidade cristã de “All Hallows’Eve” (Dia de Todos os Santos), celebrada em primeiro de novembro. Daí o nome “Halloween” (véspera do Dia de Todos os Santos) indicar a “festa das Bruxas”.
Nessa ocasião, crianças batem às portas das casas dos outros para pedir doces, dizendo “travessuras ou gostosuras?”. Se receberem o que solicitaram, agradecem, mas em caso contrário, jogam papéis ou sujam as frentes das residências. Em nosso país, elas tentam mostrar uma alegria que apesar de não espontânea pelo costume estar fora de nossa realidade, começa a ganhar terreno a cada ano. E está incorporando ao calendário de nossos festejos, o que traz também alegria e diversão.
No entanto, apesar de aceitar essa situação até por entendê-la o seu caráter festivo e alegre, surge a questão: por que também não vivenciar a música caipira, o forró, o catererê, o catira, a capoeira, o boi de mamão, a folia dos reis, os folguedos, os sambas de rodas, o pagode e tantas outras manifestações culturais da nossa bela pátria? Talvez este seja o único percurso para recuperarmos nossa nação, tanto econômica como socialmente. Seria interessante que muitos estabelecimentos de ensino, com o mesmo empenho que demonstram ao saudar o dia das bruxas, o façam com nossas tradições.
Nesse sentido, promover ações e iniciativas culturais deve ser uma constante, para de certa forma, combater o que se convencionou chamar, de forma depreciativa, de colonialismo cultural. Isso é atribuído à nossa vulnerabilidade em relação a produtos externos, destacando-se a forte presença cultural entre nós de “Tio Sam”, através de seus filmes, seriados de televisão, literatura, música e agora também de festas típicas. Tal argumento deve ser usado como um estímulo na luta para mudar radicalmente esta realidade, mesmo porque esta mania de copiar eventos estrangeiros às vezes chega a ser degradante e manifestamente absurda.
A cultura é um direito de todos e implantação de realizações na área levando em conta aspectos sociais, regionais, locais, econômicos e políticos, possibilitará atingir a desejada participação da sociedade, respeitando o pluralismo, a diversidade e a integração de todos. Necessitamos assim, manter nossas tradições para que não sejam influenciadas diretamente pelas de outros países, sem quaisquer referências com o nosso passado e o próprio futuro. A não ser que despreocupadamente estejamos perdendo definitivamente a nossa identidade cultural.
FINADOS
A morte realmente é uma circunstância normal do ciclo da vida, que não devemos temer, ao contrário, necessitamos acolhê-la com serenidade, requerendo para tanto, empenho no progresso de conversão pessoal e no testemunho de realizações fraternas e solidárias. E não adianta recusarmos a sua ocorrência, nem tentar desmistificá-la, pois a nossa passagem por este planeta é breve e exata.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLIé advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
Na fase de transição da Antiguidade Tardia para a Alta Idade Média, e no estabelecimento das novas monarquias bárbaras que se estabeleceram após a queda do Império Romano do Ocidente e o desmoronar do gigantesco edifício administrativo imperial, a Igreja é que assegurou a manutenção, em toda a medida do possível, da ordem e da estabilidade. Por recomendação papal, os bispos e o clero em geral permaneceram nos seus postos, passando a dedicar aos novos senhores da situação a mesma atenção pastoral que até então haviam tido em relação aos antigos.
Numerosas cidades europeias têm origem em torno de velhos mosteiros e santuários. Quando todas as instituições do mundo antigo se dissolviam, a Igreja permaneceu, se adaptou às transformações e assegurou um elemento de continuidade e proteção paralelo e complementar ao elemento militar. O feudalismo, como salientou o historiador francês Alain Guerreau, é incompreensível sem o papel da Igreja. (O Feudalismo: um horizonte teórico. Lisboa: Edições 70, 1980, p. 244-257).
Os mosteiros beneditinos - masculinos ou femininos - exerceram, durante séculos, um papel de extrema importância.
Já no século XIII, foram fundadas, para fazer face às necessidades que as circunstâncias impunham, novas ordens religiosas, que diferiam muito das anteriores. Foram as chamadas Ordens Mendicantes, porque seus membros, em princípio, deveriam viver exclusivamente de esmolas, sem que as Ordens, institucionalmente, pudessem acumular bens. As principais ordens mendicantes foram a dos franciscanos, fundada por São Francisco de Assis (1182-1226) e a dos dominicanos, ou irmãos pregadores, fundada por São Domingos de Gusmão (1170-1221). Estes últimos dedicavam-se, por vocação, ao estudo, à pregação e à defesa da ortodoxia cristã contra as heresias. Os franciscanos, por sua vez, dedicavam-se à prática radical da virtude da pobreza.
Toda a visão do mundo franciscana se centrava no culto à virtude da Pobreza, prioritariamente pregado pelo fundador. Os franciscanos representavam uma espécie de contraponto ao espírito requintado e fruidor dos prazeres e riquezas da terra. Numa época em que o apego intemperante às riquezas minava profundamente a espiritualidade medieval, apareceu Francisco, dizendo-se enamorado da “Dama Pobreza”, para restaurar o equilíbrio necessário. Renunciou à herança de seu pai (o opulento burguês Pietro Bernardone, próspero comerciante da cidade de Assis) e decidiu viver sem nada, levando a prática da virtude da pobreza até um radicalismo difícil de conceber. Fundou a Ordem dos Frades Menores, que em poucos anos se transformou numa das maiores da Cristandade. Fundou, com Santa Clara de Assis (c. 1193-1253), o ramo feminino da mesma Ordem. Para os leigos que viviam no mundo, mas desejavam ser fiéis ao espírito de pobreza e participar das graças e privilégios da espiritualidade franciscana, instituiu a Ordem Terceira – atualmente conhecida como Ordem Franciscana Secular.
De acordo com a pregação e o exemplo de vida de São Francisco, a posse de bens (e sobretudo o apego a eles) era o maior mal a ser evitado, o maior escolho no caminho da perfeição. Bens, no caso, eram imediatamente aqueles materiais, os de raiz, as riquezas, o dinheiro. Mas também deviam ser evitados os bens imateriais, como a honra, o prestígio, a consideração, a vanglória, pois se opunham à perfeição da pobreza e igualmente podiam desviar do amor de Deus e do próximo. No seu entusiasmo pela pobreza, num momento inicial de radicalismo que depois compreendeu ser excessivo, Francisco chegou a desejar que seus frades fossem ignorantes, porque até o conhecimento e a cultura lhe pareciam formas de apropriação indevidas, contrárias à prática suprema da pobreza e do despojamento. Só mais tarde, compreendeu, em face das circunstâncias concretas, que esse ideal podia ser sublime, mas não era razoável e tampouco correspondia às necessidades da Igreja, que precisava de teólogos, de doutores, de pregadores da palavra de Deus. Mesmo depois da morte de São Francisco, durante algumas décadas ainda persistiu entre os franciscanos certa tendência a ver com maus olhos os estudos, por julgá-los contrários ao verdadeiro espírito do seu fundador. Em 1260, no Capítulo geral da Ordem realizado em Narbona, o então superior geral São Boaventura (1218-1274) precisou fazer uma defesa formal dos estudos, sustentando que eles eram um eficiente meio de amar a Deus e fazer Deus amado pelos outros (cfr. ULLMANN, Reinholdo Aloysio. A Universidade Medieval. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000, p. 227).
Toda a espiritualidade franciscana se centra na compreensão de que os bens materiais ou imateriais, quando desviados da sua reta finalidade, afastam os homens, e sobretudo os religiosos, da verdadeira caridade e, portanto, de Deus.
A espiritualidade franciscana marcou profundamente a Baixa Idade Média, desde inícios do século XIII até à passagem para os Tempos Modernos. E permanece viva até nossos dias.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
Alguns talvez considerem como alienação, outros, no entanto, podem entender meu ponto de vista, mas tenho evitado, desde o início da pandemia, assistir aos noticiários de televisão e, de forma geral, as notícias mais alarmantes. Não quero com isso afirmar que esteja alheia aos acontecimentos ou que não me importe com o que se passa. Em verdade é exatamente o contrário. Atualizo-me todos os dias, de modo rápido, mas não me sinto capaz de mais do que isso.
Em 2020 era o terror pelo desconhecido, o medo e a tristeza das perdas. Quisera isso tivesse ficado no passado, entretanto. Nesse ano, além de tudo isso, permanecem as outras mazelas do mundo, acrescidas de mais e mais fatos horríveis. Claro que houve e há boas coisas também, pois sem elas seria impossível prosseguir, mas por vezes sinto que a maldade e a vilania ganham cada vez mais espaço, sufocando o bem que tenta sobreviver.
Quem acompanha meus textos sabe que de forma geral evito assuntos desagregadores, como política por exemplo. Evito porque meus pensamentos e convicções não são o único lado possível de se ver as coisas, mas também porque há muita intolerância a distorcer tudo que se escreve ou diz. Só que as vezes ficar calada é uma omissão imperdoável.
Tenho plena consciência de que minhas palavras nesse espaço não têm força para mudar nada. Entretanto, como cidadã que trabalha todos os dias, muito mais do que oito horas diárias, que não recebe nenhum tipo de auxílio governamental e nem nunca recebeu, que paga impostos e mantém, a duras penas, suas contas em dia, sinto-me autorizada ao menos a desabafar, eis que nada mais posso do que isso.
Estamos vivendo um momento de caos econômico para o qual não vejo saída. E nem me venham dizer que a solução é colocar velhos e podres políticos de volta ou mesmo manter os que estão no poder. Aumentos de salários dos políticos e servidores, aumentos na conta de luz, de água, gás de cozinha nas alturas, criação de novos impostos, auxílio absorvente, auxílio isso e aquilo e nada se fala sobre cortes em verbas destinadas aos políticos e funcionários públicos de altos escalões.
Há dias nos quais eu me sinto uma escrava que precisa trabalhar para sustentar os mil auxílios eleitoreiros e mais os outros que se prestam a manter o luxo de certos privilegiados cidadãos brasileiros. Para nós, classe trabalhadora, restam os impostos cada vez mais altos, a necessidade de cortar despesas que já nem podemos ter e a desesperança em um sistema que, com louváveis e mínimas exceções, existe para se autofavorecer.
O triste é que quando a população realmente precisa de auxílio estatal, tem as portas fechadas na cara. Esmolas em forma de auxílios e vales não resolvem a vida de ninguém a médio prazo. Valem como medidas extremas e pontuais, por óbvio, como no início da pandemia, mas a longo prazo perdem o sentido. Mais valeria se todos os brasileiros, os que trabalham, tivesse direito a um salário digno, capaz de colocar comida e respeito na mesa.
Cada vez que ligo a televisão em jornais matutinos, assim, sinto o estômago embrulhar e um imenso nariz de palhaço virtual se instala em meu rosto. Vivo com essa sensação de que os homens e mulheres de bem, acuados, não tem mais voz para mudar nada e que o mundo é um grande esquema operado por quem tem o vil metal nas mãos. O restante pouco parece importar.
Nessa semana, para agravar a minha revolta, hoje indisfarçável, vi uma cena que me trucidou. Um cretino de um caçador e registro que se dependesse de mim TODOS OS CAÇADORES seriam transformados em amebas, matou uma onça preta no Maranhão. Esse ser humano lixo, feliz da vida, ainda posou em fotos e vídeos, gabando-se do feito de ter abatido um animal em risco de extinção. Sequer era algo destinado à alimentação, porque se fosse o caso, de abate para comer, por necessidade, eu seria capaz de compreender. Foi apenas pelo prazer de matar, mesmo prazer que eu sinto agora em sabê-lo preso e em desejar que tenha uma excelente estadia junto aos seus. Desejo a ele tudo de mau e que Deus me perdoe, se puder, por isso.
Sei, por óbvio, que é um ser ignorante e que nem de longe é o único, porque nesse país, a proteção ao meio ambiente e o respeito pelos animais também é regido por interesses de outra monta.
Então que me desculpem meus leitores ou aquele que, inadvertidamente ler esse texto. Hoje sou revolta.
CINTHYA NUNES é jornalista, advogada, professora universitária e, feita de carne, ossos e emoções, tem seus dias ruins também – cinthyanvs@gmail.com/www.escriturices.com.br
Após ler, no Jornal de Jundiaí - Regional, em 17 de outubro, excelente matéria da jornalista Nathália Sousa sobre a falta de absorventes para as meninas pobres – fato que constatamos -, tenho pensado muito no assunto e conversado com gente adolescente e adulta.
Somente a mulher pode testemunhar sobre as dores da menstruação que, embora transborde o ser mulher, padece no físico e no emocional. São as alterações hormonais que, tantas vezes, se somam a outras amarguras.
As meninas me disseram que, no período menstrual, se sentir mulher as torna mais independentes, contudo, além das cólicas, sofrem com a irritação, a angústia, o nervosismo, o desânimo, ficam mais sensíveis. Não querem que os outros saibam. Falaram-me que se sentem envergonhadas, embora seja algo natural. Há quem também me disse que, nesse período, dói mais é não ter alguém que a “acuda”, esteja junto, preocupe-se em saber se está bem. São dores diversas.
Com esse desconforto todo, imagine não ter um absorvente adequado?! Os riscos para a saúde. O medo de que vaze, por exemplo, na escola. É a sua intimidade revelada e por certo poderá sofrer as consequências do bullying. É capaz de ser alvo de brincadeiras de mau gosto. Uma delas contou que, como são duas jovenzinhas em casa, é um absorvente por dia para cada uma delas. Os recursos financeiros não possibilitam dois pacotes.
Para quem vive com as moedas contadas não é fácil arcar com essas despesas. Improvisam. Imagine uma família com três ou quatro meninas e a mãe sendo a única provedora da casa?
Mulheres mencionaram que, sendo impraticável comprar absorvente, já utilizaram ou conhecem alguém que usou ou faz uso de: algodão, papel higiênico, pedaço de espuma de colchão, miolo de pão, barra de calça, manga de blusa, meia, sacolinha de mercado, pedaço de avental, laterais de fralda, ao possuírem algum bebê próximo.
Quando a pessoa não possui nem dinheiro para comprar o necessário de comida, itens de higiene, como absorventes, passam a ser considerados de luxo. Além disso, muitas adolescentes desconhecem a importância da higiene menstrual para a sua saúde.
Assunto tão sério, denominado pobreza menstrual, que chegou ao Senado por iniciativa popular. Em 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou a higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Segundo matéria do Senado Federal, dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma dentre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorvente.
Relatório da Unicef, na mesma matéria, aponta os riscos para a saúde física de um manejo inadequado da menstruação, bem como insegurança e estresse.
Recordo-me da moça de 18 anos. Veio de Minas. Aos dez anos, fugiu do orfanato onde era judiada e chegou a ser abusada sexualmente, inúmeras vezes, por um considerado “colaborador” da entidade. Não acreditaram nela. Na rua, sozinha, foi um passo para cair nas malhas da prostituição. Depois de oito anos no comércio do sexo, suas carnes deixaram de ser novidade. Buscou outros municípios e chegou em nossa cidade.
Não a conhecia quando me chamaram para acudi-la. Instalada em um hotelzinho, quarto sem banheiro, jogada na cama com febre acima de 40 graus. Resistia a ir para o hospital. Temia o desconhecido. Aceitou que a levasse. Da emergência para o centro cirúrgico. Na impossibilidade de comprar absorventes, utilizou um pequeno pedaço de espuma de colchão que entrou no corpo e apodreceu, assim como alguns órgãos.
Ao sair do hospital, me disse que ficara oca e que sua esperança em ter uma família, realidade que ela nunca experimentara, terminava ali. Fez questão de me mostrar, dentre seus poucos pertences, um vestido rosa de bailarina, que usara, aos cinco ou seis anos em uma festa no orfanato. Recordação bonita. Seria para a filha que sonhara.
Dolorosa a pobreza menstrual. Assunto significativo que fragiliza meninas e mulheres empobrecidas.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -
Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
Ah, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil, Brasil
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil, Brasil
Uma sociedade ideal. “Aquarela do Brasil”, canção de Ary Barroso (1903-1964), composta em 1939, já se vão mais de oitenta anos, é conhecida no mundo inteiro e de todo mundo. Nenhuma canção da música popular brasileira marcou tão longe e tão fundo. Carlos Heitor Cony (1926-2018), em 2008, escreveu: “Na virada do ano 2000, a Rede Globo fez uma enquete para saber qual teria sido a música popular mais importante do século 20. Deu ‘Aquarela do Brasil’ na cabeça, votação que só não foi unânime porque um dos questionados votou em outra”. Um dos motivos de seu enorme prestígio salta à vista. A melodia evoca uma sociedade ideal, ainda no nascedouro, forte em raízes. mas que já apresentava traços característicos marcantes. Começava a se firmar e a se afirmar, apresentando a todos uma forma de relacionamento humano com potencialidades regenerativas. Num mundo dilacerado pela guerra, surgia uma canção cicatrizante.
Censuras sulfurosas. Hoje, contudo, a letra provoca críticas acerbas e rejeições totais; é politicamente incorreta. Um resumo delas poderia ser “país ideal da era ufanista”; “mera criação cultural o Brasil idealizado”. Procedem? São pelo menos injustas em sua parcialidade, cerebrinas, feitas com viseira. A aquarela é pintura de país ideal, sem dúvida. Existia certo ufanismo no ar, refletido no texto, correto. Houve muita criação cultural deslocada dos fatos reais, desprovida de observação social; também é verdadeiro. Mas tais censuras, em parte amontoado de frases feitas e slogans canhestros, não abarcam a realidade inteira. “Aquarela do Brasil” assenta suas bases mais fundas em um substrato real, presente na sociedade do Brasil, mais naqueles anos que agora, que não merece ser empurrado para o corredor da morte, à espera da cadeira elétrica ou da injeção letal. Merece outra coisa, de sentido contrário: viver, ser nutrido, prosperar, afirmar-se. E o encanto que a canção despertou em grande parte foi pela percepção da realidade incipiente que retratava. O que lhe trouxe a perenidade no prestígio não foi o ufanismo oco nem a idealização postiça, foi o substrato palpitante da existência que exprimia. Dela evolou um aroma que a perenizou na memória dos homens.
O Brasil,verde que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil!Brasil! Pra mim!Pra mim!
Evocação de convívio exemplar. E como o autor fez isso? Inicialmente, abrindo as cortinas do passado e ali recolhendo sementes do que poderia ser chamada com alguma liberdade a fórmula brasileira de convívio. Do passado o autor retira em primeiro lugar a mãe preta e a apresenta. Vejam, admirem, entendam, imitem, mesmo que ainda no grão, a elevação de sentimentos e a compreensão correta da vida. Chama a atenção para o afeto da preta que nutre o menino branco, o que faz lembrar a estima mútua que permanecia entre eles; ia pela vida afora. Suscita ainda a recordação da proximidade entre as duas mães, a natural, branca, e a ama de leite, preta, igualmente vida afora. E observem agora o rei congo que canta no congado, vejam o gingado, o que expressa, o que auspicia. Perpassa a letra a benevolência mútua entre as raças, da qual florescerá, se bem entendida e aperfeiçoada, convívio racial benéfico a todos, favorecedor do bem comum.
Negrume com cintilações. Foi horrível a escravidão? Foi, deixou feridas de difícil cicatrização, sequelas das quais devemos nos livrar. Mas naquele ambiente carregado de senões, coloquemos olhos lúcidos, por exemplo nas relações entre a mãe preta, a mãe branca e a criança, como fez Ary Barroso. Observemos também a beleza da dama do 1º ou 2º Reinado bailando em salões ainda tão desprovidos de recursos. Fixemos o olhar no tom, na elegância e educação que ali nascem. Está surgindo uma nação, proporções gigantes, respeitam-na. Todos nela têm seu lugar; entre outros, o mulato ardiloso, com ginga: “Meu Brasil brasileiro / Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos / Ah, este Brasil lindo e trigueiro”. Hoje, não seria admitida tal versificação, proibida pela patrulha ideológica
Evocações que embalam. A música suscita evocações. Todos as sentem no clima criado pela melodia e letra, aquarela de muitas cores, deixam-se embalar por elas, ninguém ou quase ninguém as explicita. Mas elas existem fortes, enleantes e encantadoras. É uma aquarela de muitas cores que começa a ser pintada.
Não fechemos as cortinas do passado. Deixemos cantar de novo o trovador. Um trovador, não de trovas, mas de textos esclarecedores sobre o Brasil, publicados na mesma época de “Aquarela do Brasil” foi Stephan Zweig, insuspeito no caso. Membro da burguesia judaica rica e culta de Viena, escritor consagrado, viveu o fim da vida em Petrópolis. Percebeu e descreveu o clima retratado por “Aquarela do Brasil”. A visita que ele fez às favelas, mais pobres que as atuais, é expressiva: “Tinha um mau pressentimento. Esperava receber um olhar raivoso ou uma palavra injuriosa. Mas para esses indivíduos de boa-fé um estrangeiro que se dá ao trabalho de subir aqueles morros, é um hóspede bem-vindo e quase um amigo”. Visitasse-as hoje, sem autorização do chefe do tráfico, no mínimo seria depenado. Sequestro ou morte não seriam surpresas. Comenta ainda Stephan Zweig o convívio entre os vários tipos de brasileiro: “O Brasil, por sua estrutura etnológica, se tivesse aceito o delírio europeu de nacionalidades e raças, seria o país mais desunido, menos pacífico e mais intranquilo do mundo”. Discorre a seguir sobre a imensa diversidade de raças e continua: “Da maneira mais simples o Brasil tornou absurdo o problema racial que perturba o mundo europeu, ignorando simplesmente o presumido valor de tal problema”. Ou seja, constatou ambiente de benquerença generalizada, hoje desaparecido infelizmente. Tal ambiente traz no bojo, incoativa, a resolução do problema do racismo. Não fechemos as cortinas do passado, repito. Ali se descobrem raízes de seiva preciosa.
PÉRICLES CAPANEMA - é engenheiro civil, UFMG, turma de 1970, autor do livro “Horizontes de Minas"
A jovialidade é o substantivo feminino que indica o espírito jovial, a disposição para a alegria, o bom humor. O substantivo jovialidade expressa a alegria no comportamento.Se uma pessoa está de bom humor, optimista e com atitude alegre podemos dizer que é uma pessoa jovial. A ideia de jovialidade envolve um estado de alegria e, ao mesmo tempo, uma energia interior.
Sinónimos da jovialidade: agrado, alacridade, alegria, gracejo.
Ser jovial é geralmente um comportamento de vida, por conseguir manter-se com esta personalidade diante d quase todas circunstâncias. Esta expressão d alegria é muito comum na infância, já que normalmente as crianças comportam-se com vitalidade e animação. Quando afirmamos que uma pessoa é jovial, estamos descrevendo uma qualidade positiva, pois trata-se de uma maneira de enfrentar a vida fugindo da melancolia e da tristeza.
Sentir-se jovial é uma necessidade. Sendo assim, há uma grande variedade de manifestações culturais que são dirigidas a este fim: frequentar festas, bailes, jogos e estar de bom humor. De maneira espontânea fugimos da tristeza e buscamos aquilo que é lúdico e estimula a jovialidade. É tão importante este aspecto que se encontra expresso em vários contextos. Na verdade, existe uma moda jovial, assim como a decoração de uma casa ou de um ambiente pode ser jovial.
A jovialidade está relacionada com a personalidade, e também pode estar relacionada com o meio onde vive. De facto, há culturas com esta forma se ser. Por exemplo, a população caribenha é conhecida pelo seu espírito descontraído e amigável, assim como por suas manifestações culturais alegres(por exemplo, dançar e cantar). A sua jovialidade está relacionada à sua localização geográfica, pois quando se vive numa zona tropical o clima é agradável com muitas horas de claridade. Assim, as circunstâncias ambientais têm um papel fundamental no estado de ânimo das pessoas, algo que se torna evidente também quando se trata de climas frios, desagradáveis e com poucas horas de claridade.
A jovialidade e a coragem da vida, características da juventude, devem-se em parte ao facto de estarmos a subir a colina, sem ver a morte situada no sopé do outro lado. Porém, ao transpormos o cume, avistamos de facto a morte, até então conhecida só de ouvir dizer. Ora, como ao mesmo tempo a força vital começa a diminuir, a coragem também decresce, de modo que, nesse momento, uma seriedade sombria reprime a audácia juvenil e estampa-se no nosso rosto. Enquanto somos jovens, digam o que quiser, consideramos a vida como sem fim e usamos o nosso tempo com prodigalidade. Contudo, quanto mais velhos ficamos , mas o economizamos.
Jovialidade e maturidade podem caminhar juntas. A jovialidade de uma pessoa não está ligada à idade, assim como a velhice também não está ligada à idade. Contudo é maravilhoso quando jovialidade e maturidade caminham juntas, com respeito admiração pelo tempo conquistado, sabendo respeitar a faixa etária e o que é peculiar a cada fase. Um jovem é admirável pelo seu vigor. Uma pessoa madura é admirável pela sua inteligência e experiência. E como é bom quando os jovens se submetem para aprender com os mais velhos, com os mais maduros! Podemos dizer que um jovem é a conquista do presente e que no homem maduro está o conselho do futuro. Os dias passam para ambos. E quando um jovem aproveita os seus dias, os dias passam para ambos. E quando um jovem aproveita os seus dias, os dias de forma a fazer deles homens ou mulheres estruturados e maduros em Deus para serem a conquista do presente e o conselho do futuro. Alguém só pode ser usado para ensinar a outrem quando alcançou maturidade naquela determinada área de ensino que está militando. Por isso é importante que os jovens vivam em santidade. Claro que a santidade é importante para todo o cristão. Mas um jovem que anda em santidade estremece o inferno e tem autoridade para ensinar a outro jovem a verdadeiro caminho. Não precisa esperar envelhecer, amadurecer para isso, pois a sua vida espiritual é uma referência.
O catecismo Jovem da Igreja Católica”- chamado o “YOUCAT” – abreviação de Yout Catechism. Esta obra baseada no Catecismo da Igreja Católica” foi desenvolvida por um número considerável de padres, teólogos e professores de religião, para apresentar a mensagem e a doutrina da Igreja em linguagem juvenil e mais acessível. O YOUCAT vem atender à vontade de muitos jovens que, inspirados e entusiasmados pela dinâmica das Jornadas Mundiais da Juventude, pediram um catecismo que lhes falasse directamente. Além disso, muitos deles trabalharam, voluntariamente, no desenvolvimento deste material. Justamente por isso, o Papa Bento XVI que escreve o prefácio da obra, recusa a ideia de que os jovens não estão interessados no que a Igreja tem a dizer.
Juventude e jovialidade. Algumas pessoas preocupam-se em se cuidar p+ara se manterem jovens, muitas vezes às custas de sacrifícios físicos e até financeiros. <Mas a luta contra o tempo vai muito mais além disso. Ela começa de dentro para fora e nunca de fora para dentro! Se levarmos uma vida moderada, simples, humilde, com paciência alegria na nossa juventude, com certeza alcançaremos na fase adulta a tão sonhada jovialidade. Juventude e jovialidade são coisas totalmente distintas! Numa determinada fase de nossas vidas, rodos nós somos jovens. Mas, essa fase passa. A jovialidade pode ficar! Acho que se cuidar é natural. Querer manter-se jovem também. Faz parte da natureza humana! Só acho que muitos se esquecem que aparentar alguns anos a menos é muito mais que isso. A juventude que mostramos é unicamente física(aparência).A jovialidade ´+e uma coisa mais profunda e por isso dura toda a nossa vida., se assim quisermos. Ela nasce no espírito, na cabeça, na maneira de viver, de transportar dificuldades, de sorrir de se comunicar e também de confortar! Ser jovial é rir de coisas banais, emocionar-se com coisas simples, valorizar-se a si mesmo e aos outros, sem menosprezar ninguém! É ter sempre um sorriso, uma palavra de carinho ou de esperança a quem precisar. É acordar feliz pela manhã: A vida é «um presente que se renova a cada dia. Ser jovial é cuidar do espírito, do corpo e da aparência como um todo, mas sem exageros! Ser jovial
E ter o poder d aparecer sempre bem mais jovem do que se é! Em resumo: somos jovens só uma vez na vida! Joviais podemos ser para sempre! Depende só de nós!
Procuremos ter um espírito de jovialidade em todas as nossas actividades da nossa vida. Façamos as coisas com optimismo, com alegria e jovialide
ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira. - Email goncalves.simoes@sapo.pt
Toda a natureza fala-me com clareza
que se você, meu amado, não existisse,
então, a Terra estaria, eu tenho certeza,
sem uma raiz para que dela eu surgisse.
O vento não teria abrigo sem seus braços,
e nem o sol se aninharia em seus olhinhos.
Muito vazio o mundo, solto nos espaços,
viajaria em canções mudas de pardaizinhos...
Borboletas, sentadas à sombra das flores,
passariam tardes sem bater suas asas;
um eterno anoitecer cobriria casas.
Portanto, este universo todo sem ter cores,
um oceano pálido, preguiçoso e triste
enfim, seria. Mas, ah, que bom!... você existe!
In Testamento (2005)
Livro disponível para download – gratuito – em www.valquiriamalagoli.com.br
Valquíria Gesqui Malagoli, escritora e poetisa, vmalagoli@uol.com.br
O livro: " Vitor Hugo chez lui", inclui a curiosa visita, Realizada pelo Imperador, a 22 de Maio de 1877, ao célebre poeta.
Não li a obra, mas a tradução, que Ramalho fez a 30 de Julho, para a " Gazeta de Noticias"; mais tarde incluída, pela Livraria Clássica Editora, em: " Notas de Viagem".
Pedro II desejava, ardentemente conhecer Vítor Hugo, em pessoa, mas receava comparecer em sua casa.
Resolveu, então, pedir-lhe, através da embaixada brasileira, se lhe dava a honra de o vir visitar.
Respondeu-lhe Vítor Hugo, que não ia a casa de ninguém.
Combinaram, todavia, encontrarem-se no Senado; mas também não se concretizou.
Uma manhã, pelas nove horas, o Imperador, pôs de parte o receio e o protocolo, e bateu timidamente, à porta da casa de Vítor Hugo.
Vitor Hugo
Segundo a tradução livre de Ramalho, o encontro decorreu deste jeito:
- " Peço-lhe Sr. Vítor Hugo, que me diga uma palavra de animação; acho-me cheio de timidez" - disse D. Pedro.
O poeta ofereceu-lhe, gentilmente, um fauteuil.Pedro II agradeceu, e continuou:
- " Sentar-me em um fauteuil ao lado de Vítor Hugo, eis o que verdadeiramente me produz o efeito de ocupar um trono."
E falando das monarquias, prosseguiu:
- " É preciso, não queremos demasiadamente mal aos meus colegas: são homens de tal forma rodeados, de tal modo traídos, por tal forma enganados, que na verdade eles não podem pensar como a gente pensa."
Ao que Vítor Hugo, respondeu:
- Oh! Vossa Majestade é único...felizmente.
Como D. Pedro mostrasse gosto de conhecer a família, Vítor Hugo mandou chamar os netos, que como avô, dedicara-lhes o livro: " L'Art D'être Grand-Père":
"Jeanne (menina de olhos azuis, que o poeta amava enternecidamente) apresento-te o Imperador do Brasil."
E logo de seguida:
- " Tenho a honra de apresentar, meu neto Jeorge."
O Imperador fez-lhe um carinho, e:
-" Aqui, meu jovem amigo, não há senão uma majestade; é a do seu avô."
E virando-se para Jeanne:
- " Queres dar-me o prazer de me abraçar?...
Deu-lhe a face para o Imperador beijar.
-"Então?... vamos, abraça-me tu, que é o que eu te peço!"
Jeanne (a medo) abraça o pescoço de D. Pedro.
-"Bastará – Jeanne, bastará! Creio que não quererás dar o luxo de começar o teu dia esganando um Imperador!..."
A conversa continuou:
Contou-lhe, o poeta, a sua vida e seus hábitos, em Paris: todos os dias após o almoço dava uma volta pela cidade, no alto de um ómnibus. Prazer que o Imperador não podia...
-" Privado, eu, de trepar ao alto dos ómnibus. Mas de modo algum! É precisamente no alto dos ómnibus que eu tenho o meu lugar - um lugar de imperial." - Disse D. Pedro.
Vítor Hugo interroga-o se não receava sair tanto tempo do Brasil:
- " Não: eu sou substituído no Brasil por gente que vale tanto e que vale mais de que eu. Além do que, não perco o meu tempo aqui. Reino sobre um povo jovem e é principalmente em o esclarecer, em o guiar, em o melhorar, em o fazer progredir que eu desejo usar dos meus direitos...Ou antes...Não me exprimi bem...Eu tenho direitos. Do que uso apenas é do poder que recebi do acaso, da sorte e da herança da família."
Vítor Hugo amaciando a voz:
-" A família de Vossa Majestade é venerável. Vossa Majestade é um filho de Marco Aurélio."
O aprazível encontro durou meio-dia. D Pedro foi convidado a jantar, no dia seguinte. Vítor Hugo oferece-lhe o último livro, com dedicatória: " A D. Pedro de Alcântara, Vitor Hugo."
Depois desta visita, a família de Vítor Hugo, tornou-se grande amiga do Imperador.
Os diálogos apresentados, foram transcritos, literalmente do livro: "Vitor Hugo chez lui", segundo a tradução livre de Ramalho Ortigão.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto, Portugal
D. Pedro II
Entre as qualidades que um ser humano precisa para servir a Deus com alegria estão: a bondade, a humildade, a sinceridade e o amor próprio. Duas virtudes são para carregar dentro do peito – humildade e amor próprio – e as outras, de comportamento, devem ser disponibilizadas ao próximo – bondade e sinceridade.
O conjunto das qualidades é importante para o crescimento pessoal e discernimento de diversos problemas na vida de qualquer pessoa. Havendo equilíbrio entre elas, estaremos combatendo no dia a dia uma série de fatores que também impedem a nossa felicidade. Quando erramos, a correção de rota exige o resgate de alguma das quatro qualidades em maior grau.
A verdadeira caridade estará presente nas ações daquele ser humano que possui quatro qualidades no coração. Então, se temos que praticar a bondade, a sinceridade, a humildade e o amor próprio, é tempo de deixarmos tudo o que é velho para trás e buscar somente aquilo que promove a vida.
Temos que ser solidários com o próximo porque Deus é solidário conosco; e isso não deve acontecer de vez em quando, mas continuamente precisamos experimentar o amor do Pai. Ele nos criou para sermos felizes!
E você, como está a sua vida? Caminha junto com os irmãos ou procura chegar sozinho? Pratica a oração e a caridade? Será que estará vivo no ano que vem para ter nova chance de ajudar o próximo? Quem aceita o amor Divino pratica esse mesmo amor com as pessoas, promove a paz e a vida em abundância. Lembre-se: para não cair nas trevas, busque a luz de Jesus – o único caminho para a nossa salvação!
Há uma história de um monge peregrino à procura de um homem que estava com baixa autoestima e vivia em profunda depressão. Logo que o avistou no bosque, percebeu que ele abaixou a cabeça e evitou mostrar sua tristeza. O religioso, então, puxou conversa: ‘O que faz aqui sozinho?’ E ouviu a franca resposta: ‘Sou um ex-criminoso, perdi o afeto dos meus amigos e não tenho esperança de sair da lama em que me encontro. Deixe-me em paz porque sei que ninguém pode me ajudar’.
Sabiamente o monge falou: ‘Mas eu preciso da sua ajuda, meu senhor. Pode ao menos segurar esta corda para eu descer até o riacho e beber um pouco d’água?’ Depois de algum tempo lá embaixo, o monge gritou: ‘Já bebi bastante. Pode puxar’.
Com toda a força, o homem tentou erguê-lo, mas não conseguiu. Tentou novamente, e nada! Foi quando viu que o monge abraçava uma pequena árvore e evitava ser içado. Então, meio bravo, o robusto homem, mesmo deprimido, desabafou em voz alta: ‘Que brincadeira boba é essa? Eu tentando ajudá-lo e você propositalmente resistindo?’ Lá de baixo, o monge respondeu: ‘Só estou retribuindo o que o senhor tem feito com todos que tentam ajudá-lo!’
Portanto, se desejar mudar qualquer tipo de situação, é necessário se desprender das ideias negativas que o impedem de enxergar os melhores caminhos – da justiça e do amor. Ame-se de verdade e cresça espiritualmente a ponto de se alegrar com a felicidade alheia.
Numa palestra que ministrei, contei a história de um filhote de águia que foi achado no mato por um camponês. Sem saber como cuidar dela, ele a criou junto às suas galinhas. Depois de muito tempo, um ambientalista soube da enorme águia que existia no terreiro do camponês e foi conversar com ele:
– Ei, amigo, você não pode tratar esse lindo animal assim como galinha!
– Mas esta águia se tornou uma galinha – disse o camponês.
– De jeito nenhum! Vou provar a você que os instintos dessa ave continuam presentes nela.
Então, o ambientalista levou a águia para cima do telhado e a soltou para que voasse. Ela foi ao chão e voltou para junto das galinhas. Não conformado com o resultado, ele voltou a pegar a águia e a soltou de cima de uma grande árvore. Novamente ela não voou. Foi quando ele a levou para o alto da montanha, fez com que olhasse na direção do sol e a jogou para o alto. Sem encontrar apoio no firmamento, a águia continuou voando por muito tempo.
Também somos a imagem e semelhança de Deus. Às vezes é necessário alguém nos lembrar disso e até nos ajudar com algum empurrãozinho, porém, quando decolamos na fé, as virtudes que estavam guardadas no coração voltam com mais força e alegria.
Nosso Pai nos criou para sermos felizes na Terra e, principalmente, junto Dele no Céu.
PAULO R. LABEGALINI - Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre - MG).
Próximos à noite de Halloween, celebrada a cada 31 de outubro, compartilhamos 8 coisas que todo cristão deve saber sobre esta festa pagã que aos poucos foi difundida no mundo inteiro.
“Como o demônio faz para nos afastar do caminho de Jesus? A tentação começa brevemente, mas cresce: sempre cresce. Esta cresce e contagia o outro, é transmitida e tenta ser comunitária. E, finalmente, para tranquilizar a alma, justifica-se. Cresce, contagia e se justifica”, advertiu o Papa Francisco em abril de 2014.
A seguir, os 8 dados:
A Solenidade de Todos os Santos é comemorada no dia 1º de novembro e é celebrada na Igreja desde às vésperas. Por isso, a noite de 31 de outubro, no inglês antigo, era chamada “All hallow’s eve” (véspera de todos os santos). Mais tarde, esta expressão virou “Halloween”.
No século VI a.C., os celtas do norte da Europa celebravam o fim de ano com a festa do “Samhein” (ou Samon), festividade do sol, iniciada na noite de 31 de outubro e que marcava o fim do verão e das colheitas. Eles acreditavam que naquela noite o deus da morte permitia aos mortos retornarem à terra, fomentando um ambiente de terror.
Segundo a religião celta, as almas de alguns defuntos estavam dentro de animais ferozes e podiam ser libertadas com sacrifícios de toda índole aos deuses sacrifícios, inclusive sacrifícios humanos. Uma forma de evitar a maldade dos espíritos malignos, fantasmas e outros monstros era se disfarçando para tentar se assemelhar a eles e desta maneira passavam despercebidos ante seus olhares.
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Oito coisas que você deve saber sobre o Halloween antes de fantasiar seu filho
Quando os povos celtas foram cristianizados, nem todos renunciaram os seus costumes pagãos. Do mesmo modo, a coincidência cronológica da festa pagã de “Samhein” com a celebração de todos os Santos e a dos defuntos, comemorada no dia seguinte (2 de novembro), fez com que as crenças cristãs fossem misturadas com as antigas superstições da morte.
Através da chegada de alguns irlandeses aos Estados Unidos, introduziu-se neste país o Halloween, que chegou a ser parte do folclore popular do país. Logo, incluindo a contribuição cultural de outros migrantes, introduziu-se a crença das bruxas, fantasmas, duendes, drácula e diversos monstros. Mais tarde, esta celebração pagã foi difundida no mundo inteiro.
Segundo o testemunho de algumas pessoas que praticaram o satanismo e depois se converteram ao cristianismo, o Halloween é considerada a festa mais importante para os cultos demoníacos, porque se inicia o novo ano satânico e é como uma espécie de “aniversário do diabo”. É nesta data que os grupos satânicos sacrificam os jovens e especialmente as crianças, pois são os preferidos de Deus.
No Halloween, as crianças e alguns adultos costumam se disfarçar de seres horríveis e temerários e vão de casaem casa exigindo “trick or treat” (doces ou travessuras). A crença é de que se não lhes dão alguma guloseima, os visitantes farão uma maldade ao morador do lugar. Muitas pessoas acreditam que o início deste costume está na perseguição aos católicos na Inglaterra, onde suas casas eram ameaçadas.
Existe uma antiga lenda irlandesa que conta que um homem chamado Jack tinha sido tão mau em vida que supostamente não podia nem entrar no inferno por ter enganado muitas vezes o demônio. Assim, teve que permanecer na terra vagando pelos caminhos com uma lanterna, feita de um legume vazio com um carvão aceso.
As pessoas supersticiosas, para afugentar Jack, colocavam uma lanterna similar na janela ou na frente de suas casas. Mais adiante, quando isto se popularizou, o legume para fazer a lanterna passou a ser uma abóbora com buracos em forma do rosto de uma caveira ou bruxa.
Hollywood contribuiu para a difusão do Halloween com uma série de filmes nos quais a violência gráfica e os assassinatos criam no espectador um estado mórbido de angústia e ansiedade. Estes filmes são vistos por adultos e crianças, criando nestes últimos medo e uma ideia errônea da realidade. Do mesmo modo, as máscaras, as fantasias, os doces, as maquiagens entre outros artigos são motivos para que alguns empresários fomentem o “consumo do terror” e favorecem a imitação dos costumes norte-americanos.
Segundo Padre Jordi Rivero, grande apologista, celebrar uma festa à fantasia não é intrinsecamente ruim, sempre e quando se cuidar para que esta não esteja contra o pudor, o respeito pelas coisas sagradas e a moral em geral.
É por esta razão que nos últimos anos cresceu a comemoração alternativa do “Holywins” (a santidade vence), que consiste em disfarçar-se do santo ou santa favorito e participar na noite de 31 de outubro de diversas atividades da paróquia, como Missas, vigílias, grupos de oração pelas ruas, adoração eucarística, através de cantos, músicas e danças em “chave cristã”.
Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/8-dados-que-todo-cristao-deve-saber-sobre-halloween-85634
FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
EUCLIDES CAVACO - Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.
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NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO
NOTICIAS DA DIOCESE DE JUNDIAÍ - SP
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Leitura Recomendada:
Jornal católico da cidade do Porto - Portugal
Opinião - Religião - Estrangeiro - Liturgia - Area Metropolitana - Igreja em Noticias - Nacional
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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL
https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes
Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confissões.
As praças humanizam as cidades e as relações entre as pessoas. São centros de lazer democráticos e gratuitos; abertas a pobres e ricos, crianças e idosos. Sem preconceitos, nela brincam as crianças, os idosos jogam cartas, os namorados se beijam, os cachorros passeiam e fazem xixi nos postes, todos batem papo e se encontram para fazer o que tiver vontade.
Há muita poesia e música falando de seus encantos e da sua concepção democrática. No final dos anos 60, Ronnie Von no Brasil cantava as lembranças de “um banco da pracinha onde um amor nasceu”. O compositor Caetano Veloso a celebrizou indicando que “a praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião”. Na TV, há trinta anos no Brasil, “A Praça É Nossa” traz ao SBT muita diversão com personagens autênticos e universais.
As praças são carregadas de gente de fé. Muitas delas abrigam igrejas que promovem atos litúrgicos prestigiados por fiéis que acabam passando por elas. São tão simpáticas as nossas recordações, que até uma pessoa quando é boa, recebe carinhosamente a indicação “boa praça”.
Falamos tudo isso, porque 22 de outubro, é o Dia da Praça no Brasil. Momento de celebrarmos esse centro- um pouco limitado durante a pandemia - que, como propósito urbano que vincula o indivíduo à sociedade, faz com que partilhe construtivamente da vida do seu semelhante, encerrando vários aspectos que nos levam a solidariedade.
As ágoras, na Grécia, podem ter sido as primeiras praças na história, já que era um ambiente público aberto para os cidadãos discutirem política. Historicamente se formaram nas cidades europeias, normalmente relacionadas com a configuração natural de um espaço livre a partir dos planos de edifícios que foram sendo construídos ao redor de construções importantes, como mercados centrais, igrejas, catedrais e prédios públicos, conforme publicações sobre o assunto.
No entanto, para nós, constitui-se ainda em espaços ao ar livre, importantes à convivência social, principalmente à consolidação de relações amistosas, local de encontros e até de reflexões e reinvindicações.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)
No século XIX e em princípios do século XX, era frequente o recurso à poesia na propaganda comercial. Os modernos jingles eleitorais ou comerciais não dão sequer ideia do que era a penetração dos versinhos antigos! Esse poderoso recurso, que o moderno Marketing desprezou completamente, tinha, entretanto, grandíssima valia.
Para ouvidos habituados à rima, à métrica e ao ritmo, como eram habitualmente os de nossos avós, uns versinhos bem torneados se gravavam na memória de modo assombroso.
Infelizmente, hoje nem versejadores que se autoatribuem o título de poetas são capazes de pegar, de ouvido, o ritmo de uma composição poética digna desse nome, com os acentos tônicos devidamente marcados. Quando muito conseguem produzir versinhos de pé quebrado com algumas rimas forçadas de permeio... e já acreditam estar produzindo poemas clássicos!
Aconteceu com a poesia o que aconteceu com muitas outras manifestações artísticas que, facilitadas pelos recursos tecnológicos modernos, vulgarizaram-se em demasia e, por isso mesmo, perderam a qualidade. Tal se deu com a pintura, a escultura, a fotografia,
Os leitores brasileiros que tenham mais de 60 anos com certeza se lembrarão dos velhos e saudosos bondes, nos quais, indefectivelmente, a par do anúncio da Pomada São Sebastião, vinha a figura de um rapaz forte e bem apessoado, com os seguintes versinhos: “ Veja, ilustre passageiro, / O belo tipo faceiro / Que o Sr. tem ao seu lado; / E no entanto, acredite, / Quase morreu de bronquite, / Salvou-o o Rum Creosotado.”
Graças a Deus, não sofro de bronquite... Mas se algum dia tiver a infelicidade de apanhar essa doença, com toda a certeza imediatamente procurarei saber, em alguma farmácia, se ainda existe esse miraculoso "Rum Creosotado", de tal maneira me ficou ele na memória desde a primeira infância.
Lembrei-me mais uma vez do Rum Creosotado em minha penúltima viagem a Portugal, quando tive ocasião de rever ─ e quantas saudades tinha disso! ─ o tradicional bar A GINJINHA, bem no centro lisboeta. Fica ele na Travessa de São Domingos, n° 8, a dois passos do Rossio, em direção a quem vai à Rua das Portas de Santo Antão, ou à Igreja de São Domingos (igreja que há mais de 40 anos incendiou-se e até hoje conserva as terríveis marcas do incêndio).
Minúsculo, terá, no máximo, uns 10 ou 12 metros quadrados, e está quase sempre cheio. Nele se consome exclusivamente a ginjinha, aquele delicioso licor popular tipicamente luso, obtido por maceração das ginjas - espécie de cereja muito comum na Extremadura portuguesa -em bagaceira e açúcar. Atribuem-se (ignoro se com razão)─ excepcionais qualidades reconfortantes à ginjinha. Ela é servida, habitualmente, num copo pequeno, no fundo do qual se deposita uma das frutinhas, que é comida após o último trago.
A propaganda dessa taberna é feita exclusivamente por meio de versinhos, sem falar, é claro, da difusão de boca a ouvido dos incontáveis apreciadores. Na parede externa, figura uma imensa estampa, com o desenho de um velho saboreando aprazivelmente a bebida, e o seguinte sexteto: “É mais fácil com uma mão / Dez estrelas agarrar / Fazer o sol esfriar / Reduzir o mundo a grude / Mas ginja com tal virtude / É difícil de encontrar.”
Nas duas folhas da porta de vidro, vêm outros desenhos e mais versinhos. Do lado esquerdo, dois homens, um deles magro, feio, doentio, faz o gesto de quem recusa uma bebida; o outro, forte, vendendo saúde, está precisamente tomando a bebida. Os versos explicam as imagens: “O Matheus é um chochinha / Mais feio que um camafeu / Magro, tísico, um fuinha / Nunca na vida bebeu / Nem um copo de ginjinha. / O irmão, que sabe a virtude / Desta divina ambrosia / É gordo como um almude / Bebe seis copos por dia / Por isso goza saúde.”
Bons tempos aqueles em que não havia a mania dos regimes de emagrecimento, nem a ditadura da dietética!
Na folha direita da porta, figuram duas mulheres, igualmente de aspectos bem diversos. A da esquerda é magra, feia, com ares pouco sadios, a da direita é gorda, forte, saudável, vistosa. Por baixo, os seguintes versos: “Dona Fedúncia da Costa / Delambida e magrizela / Fez de ser tola uma aposta / Diz que ginjinha, nem vê-la, / Porque, coitada, não gosta. / E a ama de um reverendo / Que é das bandas da barquinha / Tem um aspecto tremendo / Bebe aos litros de ginjinha / E é isto que se está vendo.”
A pobre Dona Fedúncia da Costa, assim ridicularizada, por certo nasceu em época errada. Em nossos dias, talvez sua magreza lhe valesse o título tão ambicionado de top-model. Seria considerada maravilhosamente elegante...
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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