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Quinta-feira, 2 de Junho de 2022
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - NEPOTISMO MEDIEVAL E REPUBLICANO

 

 

 

 

 

 

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No clero da Idade Média, a Igreja procurou combater tenazmente um desvio muito prejudicial à religião: o nepotismo. Nepos, nepotis é palavra latina que tanto designa e neto como o sobrinho e, mais largamente, qualquer descendente. Chamava-se nepotismo o favorecimento ilícito de sobrinhos ou outros parentes, por parte de um eclesiástico. Ele não podia casar e não podia, por isso, ter descendentes diretos legítimos, mas tendia a estender à sua parentela um afeto como que paternal – o que era contrário à disciplina e ao desinteresse próprios da condição eclesiástica. Ainda na linguagem corrente do Brasil atual a palavra nepotismo é usada para designar o favorecimento ilícito de parentes, por parte do detentor de um cargo público. A república brasileira, aliás, é “useira e vezeira” dessa prática ilícita, a começar pelo seu fundador Deodoro da Fonseca.

Entre eclesiásticos que não tinham e não podiam ter filhos, era muito frequente que favorecessem sobrinhos como se filhos fossem. Daí uns versinhos de autoria desconhecida, que outrora ensinavam nos seminários religiosos: “Se filhos, aos sacerdotes, / Cristo na Igreja negou, / Uma turba de nepotes (sobrinhos) / O diabo lhes legou.”

O nepotismo eclesiástico era uma praga que vicejou largamente no Medievo e ainda mais no Renascimento, deixando traços na literatura, facilmente perceptíveis por quem analisa obras literárias de época. Um exemplo entre incontáveis outros pode ser encontrado em Fèlix o el Libre de meravelles, obra escrita em 1288-1289 pelo filósofo e polígrafo catalão Ramon Llull (Raimundo Lúlio) com o intuito enciclopédico de condensar e vulgarizar todo o conhecimento humano. Trata-se de um livro ficcional com algo de fantástico, no qual o protagonista Félix é enviado por seu pai a percorrer o mundo e apreciar as maravilhas que nele colocou o Criador. Dividido em dez partes, nele se expõem noções teológicas, filosóficas, morais, cosmológicas e práticas do universo criado e da vida humana, nos seus aspectos mais variados. O estilo é muito leve, com inúmeras historietas e exemplos pelo meio, utilizando recursos literários fantasiosos que somente no século XX se tornariam habituais. É, desse ponto de vista, obra extraordinariamente pioneira. A certa altura do texto, encontra-se uma passagem digna de nota:

“– Era uma vez um bispo que tinha um sobrinho que muito amava. Aquele bispo tinha um castelo belo e muito rico em seu bispado, e tinha inveja daquele castelo que era seu, pois o invejava porque desejava que fosse de seu sobrinho. O príncipe daquela terra também invejava aquele castelo, e foi apresentada a questão sobre quem tinha mais inveja: o bispo ou o rei?” (Félix, ou O Livro das Maravilhas. Tradução de Ricardo da Costa. São Paulo: Editora Escala, 2009, p. 140-143)

 À primeira vista, o texto parece absurdo: como o bispo podia ter inveja de um castelo que já lhe pertencia? E como podia, por inveja, desejar que algo que já lhe pertencia fosse de outra pessoa, no caso seu sobrinho? Para os homens que viviam naquele tempo, isso não era absurdo, mas era algo corrente; para eles, a explicação para a aparente absurdidade era muito clara, até mesmo intuitiva: o castelo pertencia à diocese e o bispo dele tinha somente o usufruto; mas, por inveja, desejava que aquele patrimônio eclesiástico passasse à posse de sua família, na pessoa do sobrinho. Tratava-se, pois de uma típica tentação de nepotismo.

 

 

 

ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS  -  é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História



publicado por Luso-brasileiro às 15:11
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CINTHYA NUNES - AINDA ENTRE NÓS

 

 

 

 

 

 

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            Depois das três ou quatro doses da vacina e da quase total abolição do uso de máscaras, a maior parte das pessoas retomou a vida normal, seja lá o que isso significa agora. Reuniões com amigos e festividades com aglomerações foram retomadas e, em alguns momentos, é até possível esquecer a existência do flagelo chamado COVID.

            Certo que diante de um cenário de crise política, alta de preços e desemprego, não há exatamente a alternativa, para grande maioria dos brasileiros, de se ficar em casa, trancado, à espera de que seja cem por cento seguro novamente. Até mesmo porque, parece-me, nunca foi e nem nunca será.

            Por algumas semanas ou até poucos meses, o maldito vírus esteve mais escondido e os índices de mortes e de infecções pela COVID-19 chegaram a patamares razoáveis, por assim de dizer, considerando-se as taxas de outras doenças. Nada aceitável ou a se comemorar, no entanto, já que qualquer morte é irreparável.

            O tal coronavírus, entretanto, é bicho tinhoso e bastou as pessoas relaxarem um pouco que ele já veio mostrando as garras novamente. Toda semana fico sabendo de novos casos, inclusive na família. Ainda bem que, aparentemente, os sintomas são mais fracos e os infectados se recuperam mais rapidamente, sem complicações ou sequelas. Ao que se sabe, é claro.

`           No momento em que escrevo esse texto posso dizer que ainda não positivei para Covid ou ao menos não que eu tenha conhecimento. Ao que me consta, por ora sigo ilesa. Qualquer mísera dor de garganta ou crise de espirros e eu já fico em alerta, pensando se devo ou não fazer o teste. Com uma renite alérgica que é minha companheira há décadas, especialmente nas manhãs de inverno e nos dias mais secos, é complicado separar sintomas e ter diagnósticos precisos.

            Acredito que os números atuais da Covid estejam bem defasados, inclusive por conta do narrado acima. Muitas pessoas optam por não fazer o teste que, apesar de tudo, ainda é caro. Ir ao hospital e fazer pelo SUS nem sempre é viável. Enfrentar filas e ter que faltar ao trabalho ainda são óbices presentes. Então, diante de sintomas leves, tudo vai sendo tratado como gripe mesmo e vida que segue.

            Leiga, ainda não estou convencida, pelas minhas simples leituras sobre os fatos, se no futuro tudo será assim mesmo. A questão é que a COVID ainda está entre nós e suspeito que veio para ficar. Em algum lugar eu li que todas as pessoas irão, em algum momento, ter contato com o vírus. Talvez algumas, mais resistentes, não desenvolvam sintomas, enquanto outras poderão ter formas mais graves. Tudo uma loteria onde sorte e genética se misturam sem medida.

            Mas como nós, os peões desse tabuleiro da Rainha louca de Copas, devemos agir? É com esse dilema que meus neurônios têm dividido as jogadas. Sigo tendente a viver o mais próximo da normalidade que me é possível, mas posso estar errada. Uso máscara ainda em alguns locais, porém em outros eu sequer me lembro de que um dia as usei. Óbvio que temo o vírus, já que nunca sabemos como ele se manifestará, mas creio que não sei mais viver com medo do ar que eu respiro.

            Coisa doida isso de estarmos nesse mundo sempre pendurados por um fio frágil, invisível, cuja outra ponta desconhecemos. Parece-me um paradoxo insolúvel. Eu não sei vocês, mas cá comigo, vez ou outra, tenho a sensação de que somos marionetes comandadas pelo Chapeleiro maluco. Mas sei lá, que Deus nos livre disso tudo. Amém.                      

 

 

CINTHYA NUNES é jornalista, advogada, professora universitária e poderia, em muitos dias, se chamar Alice – cinthyanvs@gmail.com/ www.escriturices.com.br

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 15:02
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MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - CEREJA NO PÃO

 

 

 

 

 

 

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Dia diferenciado na Associação Socioeducacional Casa da Fonte, projeto idealizado e mantido pela Companhia Saneamento de Jundiaí - CSJ. Portões abertos, pessoas diferentes, latas de tinta, pinceis, escada, pallets... Em um dos bancos de entrada: bolas, jogos, bonecas, bichinhos de pelúcia... No outro, material de higiene pessoal. A brisa da manhã, à espera de que o sol esquentasse mais, espalhava o aroma dos sabonetes. As crianças curiosas ao ver. Apreciavam pensando no propósito de cada item.  
Dia dos 125 anos da Dow Química, celebrado com maratona global de voluntariado. Os funcionários de todas as unidades se uniram para realizarem a primeira Serve-a-thon. Na camiseta, a frase “Imagine Better”. Imagine Melhor.
A Dow Química é uma corporação estadunidense de produtos químicos, plásticos e agropecuários com sede em Midland, Michigan, Estados Unidos. A unidade de Jundiaí – para felicidade nossa - escolheu a Casa da Fonte para sua ação.
Para o Presidente da Dow para a América Latina e Dow Brasil, Javier Constante, a ação foi alinhada à busca da empresa para que os funcionários enxerguem o voluntariado como um ponto importante para o seu desenvolvimento pessoal”.
O primeiro contato, para a ação na Casa da Fonte, foi através da Camila Agostinho e em seguida a Ana Paula. Adoráveis as duas. Com visitas e conversas fomos alinhavando a atividade. No espaço, pintaram e melhoraram os brinquedos de madeira, restauraram a brinquedoteca e a equiparam com brinquedos e jogos educativos novos, restauraram o espaço e organizaram o material de esportes, brincaram com os alunos, fizeram uma entrega voltada à pobreza menstrual...Os livros, doados para a biblioteca, com histórias de princesas, da Carolina do Ziraldo, gibis... O que estava desbotado, ganhou cores. O que estava esmaecido, pela solidariedade que salva, renasceu. Um dos espaços foi pintaram com tinta de lousa, onde os alunos puderam interagir escrevendo o que lhes vinha na hora. Fizeram festa.  Alguém escreveu: “Um amor/ Uma vida/ Uma Casa/ Uma Fonte”. Diversos colocaram a Casa da Fonte como sua segunda casa.
Os funcionários da Dow, de sorriso largo, olhos com brilho, de dedicação ímpar, respingados de tinta e felizes. Os alunos encantados. Gente que veio de fora e deu a eles a importância que todo ser humano deve ter.
Um dos alunos destacou que a harmonia com quem veio de fora e com todos eles lhe fez bem. Amaram tirar fotos com os funcionários e saber que, de alguma forma, iriam com eles. Coisas da alma. Proximidade de acréscimo.
Ah, e teve um lanche especial com sanduíches, salgadinhos, bolo, picolé! Um dos adolescentes, olhou pelo vitrô do refeitório, entrou na sala de aula e disse, maravilhado, à professora: “Tem uma cereja espetada no pão!”
Cereja espetada no pão foi ímpar, do mesmo modo que as atividades todas.
Lembrei-me da flor de cerejeira com seu significado místico. Uma das explicações para sua origem afirma que a princesa Konohana Sakuya Hime teria caído do céu próxima do monte Fuji, transformando-se na bela flor.
Ao observar a saída dos funcionários da Dow, com as crianças correndo ao encontro deles para abraçá-los e agradecer, constatei que se fizeram, no espaço, floradas de cerejeiras, para cativar os olhos e o coração.

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.



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ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES - 38 - ESCRUPULOSO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                           

 

A palavra “escrupuloso” provém do   substantivo “Escrúpulo” com o sufixo “oso” formando o  adjectivo “escrupuloso”.Também  vem do latim, escrupuloso” que é minucioso., que  diligente. Melindroso, que  é  solícito e zeloso.:”.Que tem escrúpulos, que é consciencioso. Que é muito exigente no plano moral, que é muito recto, que segue estritamente as regras impostas, que é rigoroso, que é minucioso na execução de suas tarefas,  que é cuidadoso. É uma característica da pessoa que age com  excesso de cuidados; meticuloso .Por exemplo:”era uma pessoa que  analisava tudo com excesso de detalhes”.É uma pessoa que pode ser magoado com facilidade. Por exemplo, era um músico muito escrupuloso e acabava sempre por chorar nas suas apresentações.

Há tempos lia-se num “jornal” esta notícia:”António Costa sublinha a necessidade de cumprimento” escrupoloso” das regras de saúde pública, não baixando a guarda no combate à pandemia.

 

Há várias frases que usam o termo “escrupuloso”. Exemplos:

-“ Estas medidas prevêem um escrupuloso respeito dos direitos  humanos nos centros de acolhimento.

-“Este escrupuloso encobrimento das pistas que puderam deixar…

  confirma sua  precisão”-

-“Senhora deputada,  tratarei pessoalmente de que essa verificação

  seja efectuada da forma mais escrupulosa possível.

-“Ele era sempre tão escrupuloso sobre a sua aparência

-“Certifique-se sempre de que o  conteúdo tem que ser  escrupuloso

  e dando justiça ao título do artigo”

-“Naturalmente o tópico das relações íntimas é escrupuloso e não permite interferência externa”-

 

Escrúpulos: Como são? Como curá-los? Os escrúpulos de consciência são  um estado de alma que vê pecado em tudo, situação esta que gera  profunda angústia e mesmo desânimo e desespero. Podem ter uma fundo doentio ou  neurasténico. O escrupuloso tende a se fechar em seus julgamentos de ordem moral e não dar crédito  aos conselhos que sabiamente lhe são ministrados para que se liberte de seu estado aflitivo. A escrupulosidade pode ter  causas de ordem  física, outras  e ordem psíquica ou ainda de ordem moral. A superação de tal condição mórbida s+o pode ser obtida pela oração e pela obesidade  incondicional às normas provenientes de um director espiritual firme e bondoso. Pode ser útil também a colaboração de um psicólogo ou de um médico de formação cristã respeitoso dos valores da fé.

O estado da alma escrupulosa pode-se reconhecer mediante alguns sintomas característicos:

a)A insegurança do alvtre. A pessoa  escrupulosa julga nunca poder chegar à certeza em questões de moral, por istodificilmente toma algum alvitre, e mais dificilmente mantém alvitre tomado.

  1. b) A impermeabilidade ao juízo alheio. A atmosfera de incerteza em que a alma escrupulosa versa, torna-a mais ou menos impermeável aos pareceres de outras pessoas, mesmo que ele lhes reconheça grande autoridade,. Assim, o escrupuloso, depois de ouvir a sentença tranquilizadora de algum sacerdote ou conselheiro,  procura esquivar-se à mesma, alegando não haver relatado suficientemente o seu caso, ou não haver sido devidamente entendido pelo  conselheiro, ou não haver compreendido com lucidez o teor do conselho… Em consequência,, a pessoa escrupulosa ou tenta relatar de novo a “história” ao seu interlocutor ou vai consular  outros, com esperança de encontrar finalmente “a sentença acertada”. Passando, porém. de sacerdote a sacerdote ou de conselheiro a conselheiro, o escrupuloso arrisca-se a cair em estado de perplexidade ainda maior, pois é de crer que ouça pareceres diversos pelo facto mesmo de que nem todos o conhecem de modo a  julgar adequadamente o seu caso.
  2. c) A inquietude quanto à integridade da confissão sacramental. O escrupuloso receia não ter manifestado todos os pormenores característicos do seu pecado, por isto deseja renovar acusações sacramentais já validamente efectuadas. Também costuma identificar exageradas e inverosímeis, ao enunciar quantas vezes pecou. Interroga, sem acabar, o seu confessor a respeito do que este lhe tenha mandado ou sugerido fazer… Tendo-se confessado no sábado à tarde, deseja voltar a confessar-se no domingo de manhã para comungar.
  3. d) Recurso a situações nervosas. Intencionando resistir de maneira bem concreta ao que eles julgam ser tentação, muitos escrupulosos realizam gestos descontrolados, fazem caretas e tomam atitudes de corpo assa estranhas. Tendem a repetir as mesmas orações, julgando-as inválidas por falta de atenção, entregam-se assim a uma tensão física mais ou menos doentia.

 

Um dos sinais característicos a que não raro recorrem as pessoas escrupulosas, é a  “ loção das suas mãos” ou, mais largamente, o culto constante do asseio do corpo, atitude mediante  a qual confessam o seu desejo de pureza de alma.

Conta-se o caso de um mulher que tinha a preocupação exagerada da limpeza. Seu marido queixava-se de que ela lhe tornava a vida quase  insuportável  por  exigir o mais rigoroso asseio para ela, suas vestes, seus filhos e o domicílio inteiro, tratava-se da maneira mais imaculada possível. Desprezando todas mulheres que não compartilhassem os seus austeros princípios, que ela chamava simplesmente seus “bons modos”,Ora, em vista dessa obcecação foi submetida a um exame  psíquico, dando então a saber que, durante cinco anos de vida conjugal, tivera relações extra conjugais. Havia cedido a esse vício, depois e receber em suja adolescência uma educação muito severa; tinham-lhe dito frequentemente que os abusos sexuais não convinham a jovens da sua categoria, pois eram o apanágio das pessoas “sujas”.

 

 

ANTÓNIO FRANCISCO GONÇALVES SIMÕES   -   Sacerdote Católico. Coronel Capelão das Frorças Armadas Portuguesas. Funchal, Madeira.  -    Email   goncalves.simoes@sapo.pt



publicado por Luso-brasileiro às 14:51
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FELIPE AQUINO - 10 ENSINAMENTOS DE SANTA EDITH STEIN

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Judia, filósofa, religiosa, mártir — como foi afirmado por João Paulo II no dia da Beatificação, a 1 de Maio de 1987, em Colónia — a Santa Edith Stein representa a síntese dramática das feridas do nosso século. E, ao mesmo tempo, proclama a esperança de que é a cruz de Jesus Salvador que ilumina a história”.

 

 

Conheça algum dos ensinamentos deixados por ela:

 

  1. “Quanto mais alguém está imerso em Deus tanto mais deve sair de si, isto é, ir para o mundo a fim de levar a este a vida divina”.
  2. “A Igreja é inabalável justamente porque une a absoluta defesa da verdade eterna a uma inigualável elasticidade em adaptar-se às situações e exigências de cada tempo”.

 

  1.  

 

 

 

Leia também: 09/08 – Santa Edith Stein

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Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Edith Stein e a ciência da cruz

 

 

  1. “O lugar de cada um de nós depende unicamente da nossa vocação. A vocação não se encontra simplesmente depois de ter refletido e examinado os vários caminhos: é uma resposta que se obtém com a oração”.
  2. “Debaixo da cruz, compreendi a sorte do povo de Deus…”.
  3. “Quanto mais escuridão se faz ao nosso redor, mais devemos abrir o coração à luz que vem do alto”.
  4. “Uma coisa é certa, que vivamos no momento e no lugar presentes para alcançar a nossa salvação e a daqueles que nos foram confiados”.
  5. “Há circunstâncias em que nos entendemos mais facilmente sem palavras”.
  6. “O que conhecemos de nós mesmos não é senão superfície. A profundidade permanece-nos em grande parte oculta. Só Deus a conhece”.
  7. “O que vale a pena possuir, vale a pena esperar”.
  8. “Responder o chamado de Deus é sempre uma aventura, mas vale a pena correr o risco”.

 

 

 

FELIPE AQUINO - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:44
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JOSÉ RENATO NALINI - MAGISTRADOS ABANDONAM A TOGA

 

 

 

 

 

 

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            O onipotente CNJ estaria a apurar conflito de interesses em relação a magistrados que abandonaram a toga e passaram a atuar em casos “bilionários” de recuperação judicial.

            Os comentários variaram, mas o tom de reprovação parecia predominar, principalmente entre os profissionais do direito. O tema se presta a uma serena reflexão.

            É natural que a Magistratura de primeira instância se sinta desconfortável no atual quadro da Justiça brasileira. A adoção de um sistema de quádruplo grau de jurisdição converte a sentença numa espécie de minuta, que passará – obrigatoriamente – pela Segunda Instância e, se o caso for de real interesse para as partes – leia-se: importância financeira – chegará, também de forma inevitável, à Terceira e Quarta Instâncias.

            Essa espécie de “minuta” em que se transformou a decisão que deveria ser a mais importante, é um fator de frustração para a Magistratura. Por que a mais importante? O juiz monocrático é aquele que toma conhecimento direto com os fatos, olha nos olhos das partes – ainda que, hoje, em parte virtualmente – e tem contato com as testemunhas. Apreende, como nunca mais se fará, o cerne do conflito. Penetra suas entranhas. A partir dele, tudo passa a ser narrativa teórica. Não mais a cena real, nunca mais a flagrância do fato.

            Essa é uma explicação para o desencanto daqueles que sonharam com a perspectiva de fazer justiça.

            Outra circunstância é o agigantamento das estruturas judiciárias. Com o crescimento vegetativo dos quadros, a relevância que um juiz possuiu em tempos heroicos desapareceu. Há juiz para tudo. As comarcas passaram a ser enormes coletivos de magistrados. O simbolismo se dilui. Nunca mais os tempos em que a autoridade municipal era o prefeito, o vigário e o juiz.

            Isso chegou aos Tribunais. Em São Paulo, trezentos e sessenta desembargadores, mais cento e quinze Substitutos em Segundo Grau. Mais Câmaras Extraordinárias. Passa a ocorrer o que acontece no aeroporto de Brasília: grita-se “Ministro!” e dezenas olham para atender a quem chamou.

            Acrescente-se o aumento do volume de feitos, o controle e fiscalização por parte das Corregedorias, as planilhas a serem preenchidas, a burocracia das prestações de contas, as reclamações das partes, dos advogados, da mídia, da sociedade. O Judiciário não está nos primeiros lugares da credibilidade e do apreço entre as instituições brasileiras.

            Compreende-se, portanto, que os jovens que se apercebem disso tudo tenham a coragem de se exonerar. Não se sentem confortáveis no exercício de uma função que vem sofrendo profundas mutações, seja no imaginário popular, seja na prática. O declínio dos valores atinge todas as esferas. Não é apenas o pai, o professor e o padre ou o pastor que sofrem desprestígio. É também o magistrado.

            Louve-se a coragem de quem se exonera. Deixa a vaga para alguém vocacionado. Pois ainda existem os que se satisfazem com a missão de realizar justiça, ainda que no varejo, no espaço que lhe foi reservado para tanto. Não fazem questão de enriquecer. Pois a Magistratura, como vocação, pode ser maravilhosa. Como profissão é sofrível.

            Melhor deixar a Magistratura para os vocacionados do que se comparar com CEOs de grandes conglomerados e reclamar dos vencimentos inferiores à sua capacidade e ao seu talento.

            Quem se considerar injustiçado na Magistratura – e isso vale para o Ministério Público, para as Defensorias, para as Procuradorias e todos os demais cargos reservados aos bacharéis em direito – deve procurar horizontes compatíveis com suas qualidades.

            Por isso não recrimino, longe disso, os jovens ex-juízes que foram enfrentar outros desafios. A iniciativa privada é inclemente para com aqueles que prometem desempenho e não correspondem às expectativas. É preciso estar atento, aprimorar-se continuamente, oferecer resultados, adaptar-se ao surpreendente, porque no mundo real, o inesperado é a regra.

            A toga deve ser reservada para os que ainda se maravilham com a restauração da ordem justa, ainda que a conta-gotas. Nada é mais gratificante por saber que alguém se sentiu justiçado, foi-lhe retirado um fardo e lhe foi restituída a confiança na Justiça dos homens. É uma significativa expressão do imperativo categórico kantiano. Adequada tradução da felicidade possível neste sofrido planeta.

 

 

.JOSÉ RENATO NALINI é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022. 

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 14:36
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ALEXANDRE ZABOT - O QUE HOUVE ANTES DO BIG BANG ?

 

 

 

 

 

 

Alexandre Zabot

 

 

 

 

 
Escrito em 10/2015


Não há resposta para o que houve antes do Big Bang. Para ser sincero, não se sabe nem mesmo o que pode ter causado o Big Bang e se ele foi um evento único ou se aconteceram vários (talvez infinitos!) Big Bangs. Há várias teorias, mas nenhuma aceita totalmente pela comunidade científica.
O grande sucesso da teoria do Big Bang não está em explicar como o universo surgiu, mas em como ele evoluiu a partir de um estado inicial muito compacto. O surgimento e a evolução do universo são questões diferentes. Mesmo teologicamente os conceitos são distintos, ainda que profundamente interligados. Uma coisa é dizer que Deus criou o universo a partir do nada, outra bem diferente é dizer como esse universo foi se desenvolvendo com o passar do tempo, que criaturas surgiram primeiro, etc.
Quando o padre jesuíta Georges Lemaître publicou seu primeiro trabalho sobre a expansão do universo, em 1927, não fez qualquer referência ao surgimento do cosmos. Lemaître só estava preocupado em responder a questão da expansão, propondo um modelo matemático e cosmológico consistente com a recém criada teoria da gravidade de Einstein. O jesuíta belga mostrou que era possível encontrar uma solução das equações da Relatividade Geral compatíveis com um indício de expansão do universo observado por Vesto Slipher e interpretado teoricamente por Arthur Eddington.
Somente mais tarde, em 1931 é que Lemaître publicou dois artigos discutindo maneiras de como o universo poderia ter surgido e sido colocado em expansão. Usando a complicadíssima Teoria Quântica, ainda em desenvolvimento na época, mostrou em um artigo na Revista Nature (uma das mais conceituadas do mundo), que o início poderia ter acontecido em um estado que ele denominou “ovo cósmico”. O universo estaria contido num só ponto, com temperatura e densidades infinitas quando houve uma “grande explosão” (daí o nome que a teoria ganharia mais tarde - Big Bang), dando origem ao processo de expansão e formação das estruturas que observamos hoje - desde átomos até galáxias e aglomerados de galáxias.
Portanto, ainda que a Teoria do Big Bang tenha tido um enorme sucesso científico, ela só é capaz de explicar como ocorre a expansão do universo, não como ele surgiu. Podemos dizer que certamente houve um instante de tempo em que o universo inteiro era muito pequeno, quente e denso, nada mais.
Esse instante inicial é consistente com várias possibilidades de surgimento do universo e, mais especialmente, com várias teorias sobre o que havia antes do Big Bang. É possível que o universo seja cíclico: surja, se expanda e volte a se contrair, retornando a um ponto e depois resurja novamente. E há muitas outras possibilidades, alguma bastante esquisitas.
De qualquer maneira, pelo que sabemos de física hoje podemos dizer que certamente o tempo passava com uma velocidade bastante diferente antes do Big Bang. É provável até que enquanto o universo estivesse no estado de extrema pequenez, não houvesse passagem de tempo! Mas é mais honesto dizer que hoje os físicos não têm a resposta e que é interessante que apesar de não a termos, o modelo do Big Bang é um enorme sucesso porque explica como o universo evoluiu ao longo dos seus 14 bilhões de anos. Além disso, coloca algumas restrições importantes nas teorias sobre sua origem. Estão descartadas, por exemplo, as teorias que não consideram um universo jovem muito pequeno e em expansão.
 
 
 
 

ALEXANDRE ZABOT   -    Fisico. Doutorado em Astrofisica. Professor da Universidade Federal de Santa Catarina.   www.alexandrezabot.blogspot.com.br



publicado por Luso-brasileiro às 14:31
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JORGE VICENTE - JUNHO

 

 

 

 

 

Jorge Vicente.jpeg

 

 

 

 

 

Pode ser uma imagem de texto que diz "Junho Junho, mês quente de Verão, Tambén das Comunidades. Dia 10 é a sua celebração, Com todas celebridades!... Relembramos nosso Camões, Grande combatente e poeta. Seus versos enchem corações, Não seria um homem pateta!... Junho, o amor também existe, Vivemos alegremente. Como o mês dos namorados!... Mês dos santos populares, Festejos, dão p'ra pulares, Há enlaces organizados!... Jorge Vicente junho"

 

 

 

 

JORGE VICENTE - Fribourg ( Suiça)



publicado por Luso-brasileiro às 14:27
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APENAS POESIA - PINHO DA SILVA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um soneto, não é catorze versos,

que alinhá-los é muito pouco, ainda:

- interessa o qu eles "dizem" !...

                                                      Ela é linda,

 

a poesia, por si!... Por contraversos

versos... nunca o será, porque diversos

serão, sempre, os conceitos; e não finda

quem diga que o soneto não alinda

uma " ideia", que vale os universos.

 

O soneto... " transforma-se " na " ideia" !

Será o " esqueleto ", em que ela se encadeia,

como qualquer outra forma de expressão;

 

o que deve interessar, ao fim de tudo,

é não fazer... um " poema surdo-mudo " ,

que não sirva de " voz " ao coração.

 

 

PINHO DA SILVA (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.

Tem textos  dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:55
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PAULO R. LABEGALINI - SEDE PERFEITOS

 

 

 

 

 

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            O livro ‘Maria, a maior educadora da história’, de Augusto Cury, nos leva a admirar ainda mais a perfeição de Nossa Senhora. O autor, que diz não praticar nenhuma religião, tira conclusões impressionantes ao estudar os comportamentos e a inteligência da Mãe de Jesus. Segundo Cury, o livro expressa “a visão da psicologia, psiquiatria e pedagogia sobre a mulher mais famosa e desconhecida da História”, e indaga: “Por que não foi escolhido um grupo de intelectuais para formar o Homem que dividiria a humanidade?”

            Descobriu-se que a inteligência de Maria era fascinante e sua capacidade de ensinar, deslumbrante. Os dez princípios utilizados por ela para educar Jesus são uma fonte de lucidez para a educação moderna. Eis um trecho do livro sobre o Mestre:

            “Jesus certa vez disse: ‘Felizes os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus’. Não disse que os filhos de Deus são os que fazem orações o dia todo, os que têm atitudes angelicais, os que são isentos de falhas, mas os pacificadores. Suas palavras deixaram maravilhada a multidão que o ouvia.”

            E falando da Virgem Maria:

            “Ninguém conseguiria produzir um poema de uma complexidade intelectual e existencial tão grande como o Magnificat e, ainda mais, de improviso e fatigada, se não fosse sobredotada. Esta frase pode surpreender o mundo religioso: Maria tinha intelecto de um gênio.”

            E o autor rasga ensinamento:

            “Muitos que se achavam especialistas em Deus mataram, excluíram, arruinaram vidas, silenciaram vozes. Construíram um deus no teatro da sua mente para excluir seus semelhantes. Um deus da dimensão do seu egoísmo, do tamanho das suas verdades dogmáticas. Os ignorantes olham para baixo e acham que o mundo é do tamanho dos seus passos, os sábios olham para cima e vêem o mundo sem dimensão.

Maria olhava cada vez mais para o alto. O seu Magnificat era o retrato vivo de uma pessoa humilde e inteligente que enxergava algo além da nação judaica e da tradição dos seus pais. Muitos querem ter uma espiritualidade obediente, Maria tinha sonhos mais altos, queria uma espiritualidade inteligente.”

E por aí vai. Portanto, não há como negar que a educação de Jesus foi aprendida no lar de Nazaré. Tudo o que pregou, foi vivido na Sagrada Família, com Maria e José à frente. No capítulo 6 do Evangelho de São Mateus, por exemplo, Jesus diz: “A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado. Se, porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo andará em trevas”.

No mesmo capítulo, Ele recomenda: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas”.

E para não alongar demais, eis um conselho maravilhoso de Jesus: “Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos?” E conclui pedindo que imitemos o Pai celeste que é perfeito!

Fácil, não? É só não pecar com os olhos, perdoar sempre e amar os inimigos. Nossa Senhora fez muito mais que isto! E mesmo pensando ser impossível uma mudança radical de vida, podemos dar um passo por dia. Que tal nos comprometermos em não excluir algum irmão do nosso serviço a Deus? Assim, veremos que a união faz a força e faremos também a vontade do Bom Pastor, que sempre chamou suas ovelhas para a missão.

Eis uma linda oração, pedindo bênçãos para o nosso caminho rumo ao Céu. Reze isto você também:

“Torna-nos puros de coração para contigo parecer. Torna-nos humildes de alma para sermos semelhantes a Ti. Torna-nos amor, Senhor, para podermos amar a todos. Torna-nos verdade, meu Pai, para que possamos conseguir que a mentira não se infiltre no mundo. Torna-nos guerra, Senhor, para podermos exterminar o mal. Torna-nos paz, Mestre, para podermos apaziguar a todos os necessitados. Torna-nos semelhantes a Ti, para salvarmos a humanidade e morrer por nossos irmãos. Amém!”

E uma história relata a vida de um homem muito exigente que procurava encontrar a mulher perfeita para desposar. Os anos passavam e ele não conseguia encontrá-la. Então, resolveu correr o mundo e buscar realizar seu sonho. Depois de muito tempo viajando, finalmente a conheceu: era uma jovem de bela plástica, alegre e de grande espiritualidade. Sem perder tempo, propôs casamento a ela, mas recebeu como resposta:

– Eu só me casarei quando encontrar o homem perfeito!

Pois é, nos aproximarmos da perfeição é importante para servir a Deus, mas julgar e excluir o irmão nos torna mais imperfeitos.

 

 

PAULO R. LABEGALINI   -  Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre - MG).



publicado por Luso-brasileiro às 11:51
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HUMBERTO PINHO DA SILVA - EM DITADURA OU DEMOCRACIA É MISTER TER " PADRINHO"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao reler Érico Veríssimo, deparei em: " Olhai os Lírios do Campo", a passagem referente a homem, que desejava ir para o hospício.

Este ironicamente esclarecia que estava louco: Nunca perdera ponto. Só faltava ao trabalho por doença grave. Nunca aceitara gorjeta. Achava que o funcionário público tinha obrigação de atender todos com presteza. O que arranjou com isso? Nada. Os malandros subiram. Ele ficou.

O lúgubre desabafo desse inditoso homem, ao Dr. Eugénio, fez-me recordar, com mágoa, operário – que subiu a pulso na hierarquia da empresa.  Conheci-o na última década do século vinte; - e durante quase quarenta anos, labutou arduamente, mas no crepúsculo da vida profissional, apartaram-no do cargo, por estar velho!...

Foi o que lhe disseram, mas a verdadeira razão era colocarem no seu lugar, trabalhadora, militante do partido dos patrões. De olhos taciturnos e baços, dizia-me amarguradamente: - " Quantas vezes trabalhei para além das horas obrigatórias, para que o serviço estivesse pronto à hora combinada. Não ganhava mais por isso, apenas recebia um: muito obrigado...quando recebia! Os meus camaradas riam-se à socapa dessa dedicação e murmuravam entre si: " Ainda vai receber medalha de cortiça!..."

“ Não ganhei de cortiça, nem de prata, nem de ouro...mas surpreenderam-me quando me louvaram pelos anos de lealdade.

"Alegrei-me: afinal fui reconhecido!... Meses depois – três – o capataz, já falecido, chamou-me para informar: Estava próximo de ser aposentado; merecia, portanto, descansar...Teria no tempo que restava, menos tarefas, portanto redução de salário, mas devido à idade, compensa!.. - Disse. Compensou...  a redução drástica na reforma...

"Ainda levantei a voz em modesto protesto, mas o capataz -chefe, aos brados, abafando as minhas tímidas palavras de espanto, vociferando quase histericamente: " Foram eles!...Foram eles!... " (Eles quem?!)

Hoje o taciturno homem, quando me cruzo com ele, na rua, vejo-o de passo compassado, rosto envelhecido e macerado, de semblante descaído e sorumbático, e fico a cogitar: - quantos, como ele, ainda julgam candidamente, que – ser honesto, respeitador e cumpridor, basta para ser compensado?!

Esquecessem os ingênuos, – que nos nossos dias, o sucesso não depende apenas da: inteligência, dinamismo e dedicação. Para alcançar cargo iminente, em qualquer firma importante, além desses predicados, é mister ser militante de partido do poder, e, principalmente, possuir "padrinhos" poderosos.

Disse nos nossos dias, mas diria muito melhor: -  sempre assim foi, em democracia ou ditadura...

 

 

HUMBERTO PINHO DA SILVA

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:34
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EUCLIDES CAVACO - HOMENAGEM a VASCO DA GAMA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HOMENAGEM a VASCO DA GAMA por Euclides Cavaco.
Mini programa de 13 minutos com poemas em videoalusivos às Caravelas Portguesas e ao nosso herói marinheiro VASCO DA GAMA,na celebração da efeméride do dia da MARINHA.
https://www.youtube.com/watch?v=9UuIPmMEwzc
 
 
 
 
 
 
 
O meu fraterno abraço de sincera amizade.
 
 
 

  EUCLIDES CAVACO  -   Director da Rádio Voz da Amizade , Canadá.

 

***

 
 
 

 

NOTICIAS DA DIOCESE DO PORTO

 

 http://www.diocese-porto.pt/

 

 

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 https://dj.org.br/

 

***

 

Leitura Recomendada:

 

 

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Opinião   -   Religião   -   Estrangeiro   -   Liturgia   -   Area Metropolitana   -   Igreja em Noticias   -   Nacional

 

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HORÁRIOS DAS MISSAS NO BRASIL


https://www.horariodemissa.com.br/#cidade_opcoes 

 

Site com horários de Missa, confissões, telefones e informações de Igrejas Católicas em todo o Brasil. O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode informar dados de sua paróquia, completar informações sobre Igrejas, corrigir horários de Missas e confissões

 

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publicado por Luso-brasileiro às 11:29
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