"Agora, pois, permanecem a
Fé, a Esperança e a Caridade, estas três;
mas a maior é a Caridade."
( isto é: o Amor).
1º Corínt.13 - 13
Inda que muitas línguas eu falasse,
e não tivesse Amor, nada seria;
fraco metal, que apenas ressoasse,
ou como um sino oco, eu soaria.
E se fosse profeta, ou se tivesse
toda a ciência; ou a Fé com que ergueria
até os próprios montes, se quizessem...
em não tendo Amor, nada seria!
E se, também, eu desse quanto tenho
p'ra sustento dos pobres; e queimasse
este meu corpo, inteiro, como um lenho,
que seria de mim, se não amassa?!
O Amor, é sofredor, e faz o Bem;
o Amor, não tem inveja, nem faz mal;
o Amor, não é altivo p'ra ninguém;
o Amor, jamais se mostra um imoral.
Não busca os seus interesses; não se irrita;
nunca suspeita o mal, em seu irmão;
não gosta de injustiça. luta e grita,
tão-só pela Verdade: é coração!
O Amor, que tudo crê e tudo espera,
e que tudo suporta, em Caridade,
jamais se extinguirá; e sempre impera
onde houver um Cristão, numa cidade.
Tudo se acabará, se é deste mundo
profecias e línguas, findarão;
o saber findará, por mais profundo,
pois tem muitos limites a razão.
A ciência, é de "menino", e p'ra "menino";
nós temos de subir, e deixar tudo:
prever o face-a-Face diamantino,
amar, amar somente, e sobretudo!
Cultivemos a Fé, mais a Esperença,
e mais a Caridade ( que é o Amor);
com Carinho Cristão, tudo se alcança,
pois que, entre todo o Bem, é o maior!
PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes , e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Barcos e Redes"
Que formosa tu és, amada minha,
adornada de pérolas e lua;
talhada em neblina, e toda nua,
suspensa dum par de asas de andorinha.
Coluna de prata és, ó toda minha,
ó Torre de David, joia sua;
teu aroma é de nardo, e flutua
como brisa da tarde numa vinha.
Minha fonte selada, minha irmã;
do Líbano jardim; ó doce rosa,
gazela assustadiça, minha amada;
-és a cerva amarosa;uma romã
composta de rubís, ó donairosa,
ó rola de marfim, luz da alvorada!
PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes , e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Barcos e Redes"
Os que são da minha idade, certamente se recordam do programa do grande comunicador, António Lopes Ribeiro, acompanhado ao piano pelo Maestro António Luís de Melo.
Chamava-se o programa, que tinha larga audiência: " Museu do Cinema".
Lembram-se que após o cineasta se despedir, o pianista, endireitava o nó da gravata e pronunciava roucamente, e de forma tímida: " Boa noute"
O singelo gesto de arranjar a gravata, que sempre repetia, era sinal dirigido a sua mulher, que significava que nesse momento, estava a pensar nela.
Segundo Dona Marta, em declarações que fez à RTP, na rubrica: " O RESTO SÃO CANTIGAS", o Maestro, além de ser muito simples era igualmente muito tímido.
Certa ocasião – contou sua mulher, – depois de a ter conhecido em casa de um tio, solicitou a este, que transmitisse, à menina, que estava interessado nela.
Foi incapaz, por timidez, de lhe pedir namoro pessoalmente.
Só mais tarde, quando foi para Moçambique, tocar, enchendo-se de coragem, manifestou o afecto que nutria por quem seria mais tarde sua mulher.
No entusiasmo da paixão escreveu-lhe trezentas cartas de amor!
Apesar da extrema timidez não o impediu de se tornar num grande pianista e excelente compositor. Além de trabalhar, como pianista, na Extinta Emissora Nacional, musicou várias canções para filme, e a convite do Maestro Frederico Freitas, compôs musicas para o teatro Avenida, em Lisboa.
Quase todos somos tímidos, devido, em regra, à educação que recebemos durante a infância ou insucessos que se teve em actos ou encontros pessoais
O tímido isola-se. Teme o que os outros possam pensar.
Na escola raras vezes brinca ou participa em jogos, e em adulto exprime-se timidamente, receando ser criticado ou ser contrariado.
Se fala num grupo, as palavras atropelam-se, e as pernas tremem, como varas verdes.
A forma de a combater é enfrentar o que mais se receia ou destacando-se no desporto ou obtendo sucesso em alguma actividade.
Todavia não o impede, como no caso de António Melo, de se tornar numa figura de alto mérito.
HUMBERTO PINHO DA SILVA
Moura e Sá, disse na curiosa obra: " Vida Literatura" (vol. Póstumo,) uma grande verdade, que poucos se aventuram a escrever em letra de forma:
"Quando dizemos: João é bom, queremos dizer que antes ele nos afirmou a sua admiração pelas nossas qualidades; quando dizemos: João é estúpido queremos realmente significar que ele antes não nos tirou o chapéu com amabilidade suficiente. Exatamente da mesma maneira que, quando dizemos: este poema é mau, queremos muitas vezes afirmar que o autor pensa em matéria política de forma diferente da nossa."
Mutatis mutandis: quando dizemos: este escritor é mau, é porque não tem afinidade religiosa ou política connosco.
São poucos os que analisam uma obra em total imparcialidade.
Em regra, a fama está quase sempre dependente do: talento, da capelinha política, da máquina comercial e da época em que se vive (o gosto varia consoante as décadas.)
O vulgo, que não sabe avaliar nem pensar, é sempre levado, como águas dum rio, pela mass-media; bate palmas e aplaude o que não entende, mas dizem-lhe ser bom.
Basta que em unicíssimo lhe digam: é excelente, para que as vendas subam astronomicamente.
Todos sabemos que os candidatos ao Nobel, são propostos pelos governos, que arrendam páginas na imprensa internacional e tempo de antena na Rádio e Tv.
Há firmas especializadas nesse serviço, em Estocolmo (Jerry Bergstroem AS, é uma delas) - veja-se: " O Comércio do Porto", de 6/09/99.
Suspeitava Agustina Bessa- Luís, quando participou - membro do júri -no Prémio Internacional de Literatura da União Latina, que alguns membros do júri, mal conheciam obras de alguns candidatos. (C.P.- 23/11/95)
Pelo que se disse, pode-se afirmar que o escritor, é bom ou mau, conforme a crítica vem da direita ou da esquerda.
Sem mérito, ninguém alcança o estrelato, mas desenganem-se os ingênuos, que se pode singrar sem o "jeitinho"
É costume dizer-se: "Há sempre uma grande Mulher por trás de um grande Homem", e é verdade; mas sem máquina comercial ou política, bem montada, dificilmente nasce um grande Homem.
HUMBERTO PINHO DA SILVA
Machado de Assis, num dos seus encantadores romances, narra a curiosa história do Sr. Custódio, deveras preocupado com a mudança do regime, no Brasil – Monarquia para República
O Sr. Custódio mandou pintar no estabelecimento o nome da pastelaria:
CONFEITARIA IMPÉRIO
Com a mudança do regime político, em 1889, ficou preocupadíssimo. Seria afronta à República?!
Para solucionar o intricado problema, pediu parecer a amigo, que lhe sugeriu:
CONFEITARIA DA REPÚBLICA
Mas, o Sr. Custódio não ficou sossegado. Se a monarquia voltasse?
O Imperador era figura grata do povo; Deodato, respeitava Dom Pedro II; o General Hermes da Fonseca, irmão de Deodato, era leal ao Imperador; melhor era repintar o letreiro assim:
CONFEITARIA DO CUSTÓDIO
Nessa época começou no Brasil o "baile das casacas": escritores, militares, jornalistas e artistas, não perderam tempo: louvando "convictos", a República, na ânsia de benesses.
As placas das ruas andaram em roda-viva: a Praça Dom Pedro II, passou a Marechal Deodato; o Largo da Imperatriz, a Quintino Bocaiúva; a Rua da Princesa, Rui Barbosa.
O que aconteceu no Brasil, acontece em quase todo o mundo, em nome da liberdade e da democracia...
Também em Portugal houve caso semelhante ao do Sr. Custódio, só que foi verídico, e não fictício, como o de Machado de Assis.
O proprietário da Confeitaria Nacional, no final do século XIX, foi a França e conheceu o bolo confecionado na "Festa dos Reis"
Trouxe-o para o seu País e deu-lhe o nome de:" Bolo-Rei". Logo os lisboetas o adotaram nas festas natalícias.
Entretanto mudou o regime e os republicanos não gostaram do nome: “Rei".
Mudou-se para: " Bolo de Natal" ou " Bolo de Ano Novo".
No correr do tempo, acalmados os ânimos, voltou a ser: "Bolo-Rei".
Como no Brasil, igualmente, as placas das praças e ruas foram substituídas, na 1ª,2ª e 3ª República.
A Ponte Salazar passou a ser: " 25 de Abril". Hoje, o povo, batizou-a: "Ponte Sobre o Tejo".
O estadista já o previa, quando disse que o nome devia ser aparafusado para não terem trabalho de o arrancarem (Pedro Mexia- Revista Expresso, 10/09/2016.
No Porto, a Rua 31 de Janeiro (coitadinha!) desde que me conheço, uma vez é de Santo António, outra vez de 31, consoante o regime que se instala em Lisboa.
Tudo se fez e se faz em nome da liberdade...e da democracia.
HUMBERTO PINHO DA SILVA
Parece ser afronta aos descendentes do escritor. - As autoridades, com apoio da Fundação Eça de Queiroz, querem transladar os ossos do autor dos: " Maias", para o Panteão, alegando ser figura nacional.
Todavia a família não concorda, declarando – que o antepassado deve permanecer onde se encontra desde 1989 – após três transladações, – no cemitério de Santa Cruz – Baião, em jazigo de família, ao lado da querida filha Maria e do neto Manuel, estando dispostos a recorrerem à Justiça, caso seja necessário.
Para já enviaram ao Presidente da Assembleia da República, carta assinada pelos bisnetos, invocando que era vontade do bisavô ficar em Baião. Argumentando, ainda, que os restos mortais pertencem, legalmente, á família e não ao Estado.
Entretanto as autoridades parecem querer trasladá-lo, a 27 de setembro, para Lisboa.
Que Eça é merecedor de permanecer no Panteão, onde repousam ilustres escritores e figuras notáveis da nação, ninguém dúvida, mas parece-me que a homenagem póstuma deve ter o acordo da família.
Desconheço porque, mesmo contra a vontade dos descendentes, querem prestarem-lhe essa honra, e deixando, há décadas, esquecido, quase abandonado, o maior prosador da língua portuguesa, Camilo Castelo Branco, de quem Castilho escreveu: " Sim senhor! é mestre e cem vezes mestre, e de todos os nossos clássicos nenhum há que eu leia com tanto gosto e aproveite." - in: " Carta a Camilo, Lisboa, 02/01/1866.
E o grande Unamuno, referindo-se ao:” Amor de Perdição", afirma: " Es uno de los libros fundamentales da literatura ibérica." - " Por Terras de Portugal Y Espana".
Não entendo certas atitudes, a não ser que haja razões que desconheço.
HUMBERTO PINHO DA SILVA
"Agora, pois, permanecem a
Fé, a Esperança e a Caridade,
estas três; mas a maior destas á a Caridade."
(isto é :o Amor).
1º Corínt. 13-13
Inda que muitas línguas eu falasse,
e não tivesse Amor, nada seria;
fraco metal, que apenas ressoasse,
ou como um sino oco, eu soaria.
E se fosse profeta, ou se tivesse
toda a ciência; ou Fé com que ergueria
até os próprios montes, se quizesse...
em não tendo Amor, nada seria!
E se, também, eu desse quanto tenho
p'ra sustento dos pobres; e queimasse
este meu corpo, inteiro, como um lenho,
que seria de mim, se não amasse?!
O Amor, é sofredor, e faz o Bem;
o Amor, não tem inveja, nem faz mal;
o Amor, não é altivo p'ra ninguém;
o Amor, jamais se mostra um imoral.
Não busca os seus interesses; não se irrita;
nunca suspeita o mal, em seu irmão;
não gosta de injustiça, luta e grita,
tão-só pela Verdade:é coração!
O Amor, que tudo crê e tudo espera,
e que tudo suporta, em Caridade,
jamais se extinguirá; e sempre impera
onde houver um cristão, numa cidade.
Tudo se acabará, se é deste mundo:
profecias e línguas, findarão;
o saber findará, por mais profundo,
pois tem muitos limites a razão.
A ciência, é de "menino", e p'ra "menino":
nós temos de subir, e deixar tudo:
prever o face-a-Face diamantino,
amar, amar somente, e sobretudo!
culltivemos a Fé, mais a Esperança,
e mais a Caridade (que é o Amor);
com Carinho cristão, tudo se alcança,
pois que, entre todo o bem, é o maior!
PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes , e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Barcos e Redes"
Ei-lo!...Vem o amor, pelo outeiro,
pulando, como um ganso, entre as flores;
todo feito de prata e mil odores,
porque o Inverno se foi, passou Fevereiro!...
Ei-lo!... Como ele vem!... Salta, ligeiro,
por sebes salpicadas de mil cores!...
Parece todo de oiro!...Seus ardores,
como raios de sol quente e trigueiro!...
Reluzindo entre grades, eis que diz:
- "Acorda, amada minha!... Acorda, e vem!...
É tempo de cantar!...O céu, reluz,
e, nos campos, voeja a codorniz!...
Acorda, pomba minha!...Vem, meu bem,
formosa de marfim e de rubis!...
PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes , e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Barcos e Redes"
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