Quem fale de Jesus, com singeleza,
ou seja S. Francisco ou Escrivá,
apostoliza mais, mais paz no dá
que S. Tomás de Aquine!...
Na riqueza
filosófica deste, a simpleza
do povo ignorante ( onde nem há,
além da intuição que Deus pôs lá,
um nada de razão...), colhe sagosa?!
Eco do Estagirita, fala ás almas
de maneira diferente; mas as calmas
palavras de Jesus de Nazaré,
são claras como a própria madrugada!...
Nem que seja na boca consagrada
dum padre Lacordaire, ou Boussuet!
PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes , e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Barcos e Redes"
Das figuras mais sisudas que conheci, foi, sem dúvida, a do Professor Vitorino Nemésio. Suas eloquentes palestras, interessantíssimas, pecavam, quase sempre, pelo rebuscado da frase, que o tornavam, muitas vezes, para os menos versados, incompreensível.
Isso não o impediu de se tornar popular, graças à simpatia, e principalmente à TV.
Certo dia o nosso Maestro João Nobre assistia a uma aula de Vitorino Nemésio, e tomado pelo sono e pela aridez, como o professor tratava a matéria, resolveu levantar-se e sair.
Ia a dirigir-se para a porta, quando o mestre o interroga, em tom de censura:
- Então vai sair?!
A que João Nobre respondeu com toda a franqueza:
- Não aguento mais… O Sr. Professor é um grande maçador!
No dia imediato, refletindo na atitude, o maestro receou ser repreendido, e não teve coragem de enfrentar o professor.
Decorrido dias, como nada lhe dissessem, nem corresse atoarda, entre os estudantes, compareceu, novamente às aulas.
Sentou-se e ficou muito quietinho, de cabeça inclinada, a escutar o mestre.
De súbito, Vitorino Nemésio, interrompe a exposição e voltando-se para o aluno que abandonara a sala tão inesperadamente, disse:
-Pensei no que falou e conclui que tem razão. Vou tentar ser menos pesado.
Era assim Vitorino Nemésio.
Não será necessário dizer, aos leitores portugueses, quem era o intelectual, já que é sobejamente conhecido; mas como a crónica aparecerá, também, na imprensa brasileira, vou reunir brevíssimos dados biográficos, deste eminente professor, que foi membro da loja maçónica” A Revolta”.
Nasceu nos Açores, na Praia da Vitória, em 19-12-1901. Foi Professor Catedrático da Universidade de Lisboa. Educado no seio da Igreja Católica, aos poucos afastou-se.da Fé. Tinha 21 anos de idade quando se tornou membro do cenáculo da loja maçónica.
Cursou Filologia Românica na Faculdade de Letras de Coimbra, com elevada classificação. Escreveu várias obras literárias. Foi o intelectual mais requisitado da sua época, e manteve, com sucesso, a rubrica: “Se bem me lembro…”, na RTP.
Numa quarta-feira da Semana - Santa de 1955, o Professor dirigiu-se ao reitor do Seminário, D. Manuel Almeida Trindade, depois Bispo de Aveiro, e durante três horas palestrou animadamente. No final, Vitorino Nemésio, abraçou-o. As lágrimas corriam-lhe pelo rosto, em catadupa.
O Catedrático, o conhecido intelectual, o “velho” republicano, o poeta famoso, abraçara definitivamente o cristianismo.
Vitorino Nemésio, que foi diretor do matutino “O Dia”, casou, em 1926, com Dona Gabriela Monjardim Azevedo Gomes e é pai de Georgina, Jorge, Manuel e Ana Paula.
HUMBERTO PINHO DA SILVA
Conhecido de D. Francisco Manuel de Melo, contava entre seus bens, a quantidade de amigos que possuía e, tinha razão, porque, quando são leais, sinceros e dedicados, são bens mais valiosos que oiro e prata. São anjos, que Deus nos proporciona para amenizar as agruras da vida.
Infelizmente, anjos bons, são raros, a maioria dos amigos comportam-se como as formigas, que só procuram celeiros cheios, como os de Job; outros, hipócrita, buscam: fama, influencia e glória, como os de Camilo, que tendo " Cento e dez, tão serviçais", mas vendo-o doente, pobre e quase cego, diziam: " - Que vamos lá fazer? Se ele está cego, não nos pode ver!..."
Também eu, durante a minha longa existência tive amigos, companheiros de jornadas, que Deus, na Sua infinita bondade, colocou-os no meu caminho, a quem lhes devo o que fui e o que sou.
Muitos perdi-os no correr dos anos, ceifados pela impiedosa Morte, mas ficaram, para sempre, gravados no filme da memória, com gratidão e saudade.
Entre eles, destaco o Silvério, que me abriu as portas, que muito necessitava, não por amizade, porque mal me conhecia, mas pelo bondoso coração, que tudo fazia para ajudar quem muito precisava.
Deparei, também, na estrada da vida, muita ingratidão, falácias e cambalachos, e ainda quem utilizando a política (que devia servir para o bem de todos,) me prejudicou no termo da carreira profissional; e tudo porque não sou, não era, nem quero ser – porque abomino opinião de cabresto, nem penso por cabeça alheia – militante de partido político...
Porém Deus sempre me amparou, como Pai que cuida dos filhos, não que fosse ou seja merecedor, que não sou, mas creio, como supunha Jean Guitton: a Misericórdia divina é superior à Sua Justiça.
Jesus sempre me enviou e certamente enviará, nos momentos angustiosos, anjos da guarda, que permanecem presentes nas horas de amargura.
Foram e são mãos humanas, guiadas pela Mão de Deus, que consolam, apoiam e abraçam.
Seria justo citá-los, mas muitos já não se encontram entre nós, e os mortos não têm vaidade; os que restam, certamente, não gostariam de se verem em letras de forma.
Decerto, o leitor, também deparou e deparará, ao longo da vida, " anjos", que o acolheram e o protegeram. Se atribuiu, alguma vez, o auxílio à sorte ou acaso, está redondamente enganado, foi certamente, a Mão de Deus que fez a mão dos homens agir.
Não foi sem razão, que o conhecido do nosso clássico, incluía no rol dos bens, os amigos fiéis e dedicados.
Porém não é fácil topar, no percurso da nossa peregrinação terrena – "anjos".
Os que nos abordam, em geral, não são "anjos" da Luz, mas das trevas. Buscam interesses e o vil metal, que tudo compra e tudo corrompe.
Já o ilustre Rei Salomão, dizia: " As riquezas granjeiam muitos amigos; mas os pobres, o seu único amigo, a deixa." - Pv.19:4
Infelizmente era assim, e continua assim, e para nosso mal, continuará assim...
HUMBERTO PINHO DA SILVA
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