Muitos universitários ao inscreverem-se na Faculdade, começam a frequentar núcleos políticos, esperançados na obtenção de rendosos cargos e benesses na carreira que pretendem iniciar.
Este hábil estratagema, não é novidade, fui procurado nos conturbados tempos da Primeira República e praticado no Estado Novo, quase sempre com reconhecida vantagem.
Mas, nem sempre os bajuladores, os que tecem encómios a políticos, empresários e figuras públicas, obtêm a desejada benesse, por vezes, o servilismo exasperado é-lhes nefasto e contraproducente para as desmedidas ambições.
Conta-se que certa vez intimo vassalo de D. Afonso de Aragão, observando que o rei era por vezes mais clemente e generoso com os que o afrontavam e menos benigno com os validos, atreveu-se a interroga-lo da razão de tal procedimento.
Sua majestade, com acerto e graça, respondeu-lhe:
- Aos cães lançam-se ossos para que não ladram nem mordam!
Este apotegma lembra o que os políticos experientes e gestores manhosos utilizam para se manterem sempre sobre as inquietas ondas.
Com cortesia recebem, nos gabinetes, os que os afrontam e prevaricam e mostram-se rápidos a distribuírem prémios e benesses aos que podem agitar as “ massas”. Sendo, quantas vezes, severos com os contubernais e os que andam em simplicidade, para que sirvam de exemplo, dizem.
Bem sábio era o rei de Aragão, mas não era bom rei, porque rei, quer dizer: pai, e todo pai deve ser justo e honesto.
Se os nossos políticos e gestores públicos escolhessem os colaboradores pela competência e dedicação, por certo não haveria tanto concurso de povo nos comícios, nem tantos militantes nas secções profissionais; mas havia, certamente mais justiça, mais honestidade e até mais liberdade e progresso.
HUMBERTO PINHO DA SILVA - Porto,Portugal
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