Quarta-feira, dia 21 de setembro, alegrei-me por estar em uma classe do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual “Parque Residencial Almerinda Chaves”. Destaco que admiro bastante a direção, a coordenação pedagógica, os professores e funcionários daquela escola, pelo interesse e empenho na formação de seus alunos e pela postura em relação a limites, que são essenciais para o equilíbrio e o discernimento do ser humano.
Uma palestra na escola foi proposta minha. O tema: “Os danos emocionais e sociais da promiscuidade sexual”. Fico desassossegada com as campanhas dos setores de saúde dirigidas a adolescentes, a respeito de DSTs e gravidez, que podem incentivar a promiscuidade com frases como: “Seja com quem for, use sempre camisinha” e “Você não precisa parar de transar. Precisa parar e pensar”. Como assim, “seja com quem for”? Não é ofensivo à moral dos adolescentes? E o “parar e pensar” está relacionado somente ao preservativo? Unir-se desordenadamente é promiscuidade sexual. Conheço bem, em 29 anos de convívio com mulheres em situação de vulnerabilidade, na Pastoral da Mulher/ Magdala, os estragos que carregam, feridas que não cicatrizam. Nos meus quase 29 anos de magistério, de 1973 a 2002, sempre vi as crianças e os adolescentes muito além do físico. Assim igualmente os vejo na Casa da Fonte – CSJ, na qual trabalho.
De início, os alunos me olharam com estranheza. Logo em seguida, notaram que refletir sobre a preservação da dignidade do indivíduo é um ato de amor. Ao final, responderam um questionário, identificando somente o sexo e a idade. Dos 37 alunos, 70% afirmaram desconhecer as sequelas emocionais e sociais da promiscuidade e situações decorrentes dela como compulsão pelo sexo, prostituição, abuso sexual infanto-juvenil, traumas, depressão etc. e a pornografia como vício. 97% concluíram que a promiscuidade pode ter consequências negativas no emocional da pessoa e 92,5%, que prazer de imediato, “seja com quem for”, não faz bem. Uma das alunas, impressionada com a constatação do egocentrismo nos relacionamentos, sem uma proposta de amor, escreveu: “Como se o corpo da mulher fosse elástico e cheio de água. O homem satisfaz sua sede, amassa o corpo e joga fora”. Interessante os recados: que retornasse, para, em cada aula, aprofundar um dos itens abordados; a importância das considerações, já que ninguém aborda o emocional, e a formação dos pais nesse aspecto. Há quem indagou sobre os caminhos para se conter diante do desejo que nada acrescenta. Chamou-me a atenção a mensagem sobre a importância, para o jovem, do choque com a realidade é que é indispensável, aos pais, conversarem dessa forma com os filhos, para que não caiam nas desgraças do uso/abuso.
Fui convidada, ao término, pela direção da escola, a retornar. Que bom! Regressarei, pois creio que somente o amor é cataplasma – termo usado pela escritora Adélia Prado -, capaz de acalmar as dores existenciais.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala, Jundiaí, Brasil
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