Não poderia deixar de escrever a respeito do Sr. Valdemar. Era ele da chama de louvor no altar da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito – Santuário Eucarístico Diocesano -, onde mamãe e eu participamos da Missa aos domingos. Se me perguntassem qual é a primeira imagem que me vem dele, é exatamente essa: a de sua reverência diante do altar para, em seguida, acender as velas, cuja claridade indica que nos reunimos em torno de Jesus Cristo, Luz do mundo, que o Pai enviou a fim de nos libertar das sombras funestas. Como escreveu São João no princípio de seu Evangelho: “Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem”. (Jo 1, 6-9). Sr. Togni, pelo respeito profundo com que também acendia as velas e o Círio Pascal, demonstrou ser discípulo da luz da Ressurreição.
Tratava do que era da Igreja de maneira precisa e com solenidade. Não era um técnico apenas em assuntos burocráticos do conselho administrativo ou na análise das reformas necessárias para glorificar a Deus e acolher os irmãos. Por opção de leigo, nas incumbências dele, vivia na alma o que preparava, da melhor maneira possível, para os fiéis que se aproximavam do Santuário e lhe somos gratos por esse zelo de tantos anos. Cuidava, igualmente, da Liturgia e integrava o coro de vozes de anjos. Parece-me, contudo, que alumiar mais se destacava aos seus olhos. Lembro-me do entusiasmo dele com o terço iluminado na imagem de Nossa Senhora e com o lustre, através do qual resplandecem as pinturas que dizem do Reino de Deus.
Admirava as Leituras de Isaías, por certo porque o Profeta anunciou: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz” (Isaías 9,1).
Seu coração batia forte: pela esposa querida, Gislaine, a quem por toda a vida diria sim, pelos filhos, pelas netas, por toda família. Era verdadeiro e de carinho ímpar com os amigos.
No domingo, dia nove, estava na Igreja, coordenando a Liturgia. No dia 16, ausentou-se por não se sentir bem. Na madrugada do dia 18, se foi. Creio que, ao se despedir lentamente a noite do dia 17, após a Unção pelos Padres Donizeti e José Brombal, recebeu a graça de vislumbrar o amanhecer róseo da Eternidade e se entregou nos braços do Criador. Na contemplação de Jesus da Eucaristia pede, agora, pelos que amou na Terra.
De presença humana digna e clara a intercessor no Céu.
Maria Cristina Castilho de Andrade
É educadora e coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher/ Magdala,Jundiaí, Brasil
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