Tenho por costume anotar o que Deus me fala, a cada dia, numa agenda reservada especialmente para isso. Inspirações que me despertam após: as preces, as leituras escritas pela revelação e pela fé, acontecimentos no cotidiano, a escuta da vida das pessoas. No final do ano, releio na tentativa de incorporar a fragrância da ressurreição que se perdeu em minhas fragilidades. É o meu balanço maior do ano que se finda. Partilho, portanto, com meus leitores, um pouco do que consta na agenda de minha alma em 2011.
Deus, que se afeiçoa a todas as suas criaturas, me convidou e renovou o convite, para, como caminhante, não me deter, na busca pelo Reino. Aceitar as dores das mudanças na liberdade não somente para agir, mas também para me conter. Dominar as próprias paixões, visto que a maior virtude é resistir e não agredir. Deus empresta ao homem a Sua força, se ele estiver cônscio de sua fraqueza. E, em minha missão de batizada, devo procurar somente os interesses de Jesus Cristo, não destinando ao proveito próprio aqueles por quem somente Ele derramou o Seu sangue.
Insistiu que é necessário negar-me em minhas inclinações inférteis. Renunciar às pretensões do eu, abafar as vozes interiores de vanglória, pois a vida cristã não é êxito, mas serviço. Não diminuir, em momento algum, a força da bondade de Deus. Agir sem me preocupar com a aprovação do outro – Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje e as consequências de segui-Lo também – em busca unicamente da glória do Pai. Quem é de Deus, renuncia ao que não é dEle, porque a única vontade santa e santificante é a vontade de Deus.
Em relação aos pobres, solicito com delicadeza que comprove aquilo que escreveu Santo Agostinho: “O amor do próximo purifica o teu olhar, porque os teus olhos passam a contemplar a Deus claramente”. Só a caridade pode dilatar o coração e quanto mais dilatado estiver, mais consigo ver a Deus. Ao ter dificuldade com alguém, relembrar que o Criador quando não pode ter o ser humano por amigo, ama-o como obra de Suas mãos, ama-o por aquele bem que ainda resta nele. Viver em paz com os que me são contrários e com caridade longânime a fim de, através do amor, pouco a pouco, abrir passagem à luz. A misericórdia humana atende a miséria dos pobres e a misericórdia divina concede-nos o perdão dos pecados. Para a caridade não há tempo e espaço.
Agradeço a Deus por Ele me chamar com voz tão forte, que rompeu a minha surdez, e encontrar caminhos para mostrar a minha insignificância. Respondo-Lhe com palavras do Profeta Jeremias (20, 7): “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu te tornaste forte demais para mim, Tu me dominaste”.
Feliz 2012, meus queridos, em intensa amizade com Deus!
Maria Cristina Castilho de Andrade
Educadora e coordenadora da Pastoral da Mulher/ Magdala
OS MEUS LINKS