Celebra-se a 06 de janeiro, o DIA DE REIS. Durante muitos anos em Portugal e na Espanha (e aqui na América, no Brasil e nos países de idioma castelhano), era nessa data que se fazia a entrega dos presentes às crianças, lembrando as oferendas (ouro, incenso e mirra) que os Três Reis Magos levaram ao Menino Jesus.
Segundo relata o Evangelho de Mateus, eles chegaram a Jerusalém e ali indagaram onde estava o rei dos judeus que acabara de nascer e cuja estrela tinham visto no Oriente, de onde chegavam para adorá-Lo. Embora sempre apareçam como persas em representações artísticas, de acordo com a tradição popular, os personagens em questão seriam reis de reinos não especificados, e no sentido bíblico, representavam as nações que reconheceram no menino o monarca prometido. Seus nomes eram Melquior, Gaspar e Baltazar e os presentes que ofertaram significavam divindade, transcendência e eternidade.
A festa dos Reis Magos encerra o ciclo natalino, marcando o tempo de se desarmarem as árvores, guardarem as guirlandas e os festões prateados, entendendo muitos que ela encerra a magia, arquiva os milagres e os encantos até o próximo ano. No entanto, com as demonstrações de desprendimento dos reis - que podemos dizer foram os precursores da globalização -, reafirma-se as mensagens de solidariedade e fraternidade do Natal, induzindo-nos a vivenciá-las durante todo o ano.
Eles nos convidam a abrir o coração para contemplar novamente o mistério da vida que renasce, para transformar este mundo tão carente e sofrido. Tanto a celebração festiva carrega consigo uma rica simbologia que felizmente resiste ao tempo e às indiferenças de milhares de pessoas, ultrapassando fronteiras geográficas e culturais. Em muitas cidades do Interior, mesmo de São Paulo, grupos apresentam a denominada “Folia de Reis”.
Trata-se de um folguedo popular tradicional. O termo folguedo, na cultura, quer dizer representação teatral, cênica; ou seja, é um teatro do povo. A tradição chegou ao Brasil com os portugueses na época colonial. Mas possui uma conotação muito diferente aqui. Enquanto os portugueses vêem a folia como um momento de diversão, os brasileiros atribuem valores religiosos a ela.
A comemoração conta a história da viagem dos Reis Magos à gruta de Belém. E assim, como os magos, a folia vai, de casa em casa, adorar o Menino Deus no presépio ou lapinha. À frente do grupo vai uma bandeira, que para os foliões significa o sagrado.
Dentro deste quadro, procuremos pelas cores do afeto, da amizade, da tolerância e do respeito indistinto a todos, notadamente por eles representarem uma globalização solidária, fraterna e justa.
João Carlos José Martinelli é advogado, jornalista, escritor e professor universitário
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