A violência sofrida e cometida por nós está no dia a dia. Não se encontra unicamente em crimes reconhecidos por lei, mas reside em atos aparentemente inofensivos, que tomam uma proporção gigante e acabam por influenciar o curso de nossa história, negativa e – aparentemente – irreversivelmente.
Dessas pequenas violências cotidianas brotam – e proliferam – as grandes violências, conhecidas por todos nós; como o desrespeito, a agressão física, a discriminação, o homicídio, o roubo, o tráfico, o latrocínio, o estupro...
O que leva uma sociedade a tal colapso de conduta? Que fatos impedem a Educação de realmente fazer seu papel? Quais práticas descarrilaram, rendendo-se a um novo estilo de vida?
As respostas podem ser inúmeras, ou pode ser nenhuma.
Esse existencialismo acentuado por vezes pode apontar para um ceticismo exagerado. Mas... é a minha natureza. É assim que consigo refletir, tentar remexer no que está inerte.
A inércia talvez seja um dos (não) movimentos cotidianos que desembocará numa atitude violenta. Dela vem a anodinia, uma patologia social bastante em moda ultimamente. Cultivada sem perceber e descontroladamente. Sim, a insensibilidade impera nesta era.
E ela gera algumas ausências. Ausência de gentileza, ausência de solidariedade, ausência de altruísmo, ausência de empatia, ausência de tolerância, ausência de diálogo, ausência de humanismo, enfim, ausência.
Há bem pouco tempo nenhuma dessas ações era difícil de ser praticada. Hoje, são raridades a gritar quase que mudamente aqui e ali.
As pequenas violências cotidianas são aparentemente inofensivas e, algumas vezes, não são levadas a sério.
Mas como dito no início, somos receptores de algo e também praticantes desse algo. Vítimas e algozes. O tempo atual nos cobra fugacidade, superficialismo, utilitarismo, individualismo... e quando vemos torna-se irresistível não ceder aos apelos da modernidade e seus modismos, do materialismo e sua infinitude perversa, da busca incessante pelo distante de mim, embora eu esteja ensimesmado...
E então, no desespero, busca-se a autoajuda, a religião, o consumismo, tudo que pode parecer nos indicar um caminho para a felicidade, ou para alguma solução.
E assim vamos... nos violentando com teses frágeis e, por vezes, inescrupulosas, para que todos os fins justifiquem os meios.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
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