Na minha fase escolar, tive dois colegas com o nome Diógenes. Eram pessoas muito boas e estudiosas; aqui em Jundiaí, conheço um senhor e todos fazem jus ao nome. Depois, nunca mais encontrei uma criança que fosse batizada com esse nome, acho que saiu de moda, porque nome também tem moda.
Nestas férias, uma grande amiga viajou à Grécia e trouxe-me lembranças lindas. O culto ao filósofo já arrefeceu por lá, mas ainda existe, informou.
Depois de ouvi-la, resolvi lembrar um pouco esse grande homem, com o objetivo de não deixar sua filosofia de vida cair no esquecimento. Atualmente, seria impossível viver como ele – hoje, mendigo só por necessidade - mas usar um pouco o critério da humildade, sim.
Diógenes nasceu de uma família abastada. Quando seu pai, que era banqueiro, foi acusado, sem provas, de adulterar moedas, toda a família foi exilada. A partir daí, ele começou a viver modestamente.
Diógenes se autointitulava cínico. Os cínicos faziam parte de um movimento filosófico denominado cinismo, que tem como uma das possíveis origens a palavra “cão” (kyov). Eles se autodenominavam cães porque suas vidas se assemelhavam à vida desses animais; dormiam nas praças e nas ruas; usavam apenas uma túnica como vestimenta, uma caneca para beber água e andavam descalços.
Entre as muitas histórias que são contadas sobre o cínico Diógenes, uma é que dormia num tonel, no centro de Atenas, sendo considerado o mais cínico dos homens – cínico no sentido antigo da palavra, que significa total desprendimento e desprezo pelas riquezas e convenções sociais. Era muito inteligente e rápido nas respostas, possuindo o dom da persuasão.
Hoje, cínico e cinismo têm outros significados.
Conta-se que, um dia, Alexandre Magno, rei da Macedônia, visitou a Grécia e quis conhecer o famoso filósofo. Encontrou-o no campo, tomando sol. Como ouvira falar de sua inteligência e o admirava sem conhecer, parou seu cavalo perto do homem deitado e falou:- Diógenes, pede-me o que quiseres que concederei! A resposta veio rápida: - Quero que saias da frente do meu sol.
Dizem que o desprendimento mostrado por Diógenes aumentou tanto a admiração de Alexandre Magno que, quando lhe perguntavam quem gostaria de ser, se não fosse o rei da Macedônia, respondia: - Gostaria de ser Diógenes!
Mais dois acontecimentos interessantes da vida do filósofo Diógenes vão passando através dos séculos. Diz-se que ao ver um rapaz tomando água numa fonte, usando o côncavo da mão, dissera: - Ele me mostrou que ainda tenho coisas supérfluas, e jogou fora a caneca que levava.
Outro acontecimento conhecido é que andava pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa na mão e, quando lhe perguntavam a razão disso, respondia: - Ando à procura de um homem virtuoso. Esse homem, para ele, deveria ter, além de outras qualidades, estas imprescindíveis ao ser humano: bondade, ética e coerência nos atos.
Quando morreu (323a.C.), construíram-lhe um túmulo sobre o qual ergueram uma coluna com a figura de um cão em cima e as seguintes palavras:
“ O bronze envelhece com o tempo, mas tua glória, Diógenes, nem toda a eternidade destruirá, pois tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência e a maneira mais fácil de viver”.
Sendo verdade ou lenda é uma história de vida muito bonita.
Lendas de todos os tempos,
História de Jundiaí, Dona Jiboia e a
Alcateia (sobre as alterações
ortográficas) e Cem piadas sem
dono.
Julia Fernandes Heimann é escritora e poetisa brasileira. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro mas reside em Jundiaí-SP. É autora de sete livros e pertence às Academias de Letras da cidade de Jundiaí e da Academia Brasileira de Literatura, no Rio de Janeiro, sendo membro correspondente da várias entidades similares. Recebeu da Câmara Municipal de Jundiaí, a comenda "Prof. Joaquim Candelário de Freitas" pelas atividades culturais que desenvolve e o título de "Cidadã Jundiaiense"´pelo serviço prestado à cultura da cidade.
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