A conferência internacional “Rio + 20”, além dos aspectos básicos que constam de sua pauta e agenda, tem a intenção de despertar e aprimorar nas pessoas a consciência ecológica e a necessidade da integração entre o desenvolvimento e o progresso, com o meio-ambiente, buscando-se melhorias na qualidade de vida do ser humano, sem desrespeitar as manifestações em geral da natureza. Embora se realize no mês de junho deste ano, recente pesquisa constatou que poucos brasileiros sabem de sua existência e importância.
Em junho de 2012, o Rio de Janeiro sediar á uma das mais esperadas cúpulas mundiais – a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente chamada de “Rio+20”, reunindo os mais importantes líderes (cerca de duzentos representantes de diversos países), cuja realização se dará após vinte anos da primeira conferência mundial sobre mudança do clima, que propôs o conceito de desenvolvimento sustentável e foi denominada “Eco 92”. Trata-se de um evento de suma importância, posto que a situação continua extremamente perigosa e na realidade, registraram-se no decorrer do tempo, apenas mudanças frágeis diante da gravidade da questão ecológica em geral.
Tanto que Clóvis Zapata, pesquisador sênior do Centro Internacional em Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) das Nações Unidas, assim se manifestou: “Após duas décadas, as promessas ambiciosas não foram cumpridas, a essência do conceito de desenvolvimento sustentável se perdeu e deu lugar ao termo “economia verde”, que se refere à redução dos atuais riscos ambientais e das limitações ecológicas, aliadas ao aumento do bem-estar humano e da equidade social. O foco oficial da Rio+20 é direcionar a transição para economia verde global. O conceito de ‘economia verde’, além de vago, é substancialmente otimista” (Folha de São Paulo – 14.07.2011- A3)
Por outro lado, Denise Hamú, coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, afirmou: “Temos muita esperança na conferência, pois sentimos que o sistema multilateral, mesmo com todas as dificuldades, tem sido colocado em prática” (“O Estado de São Paulo” – 21.12.2011- H3). Na mesma matéria jornalística, Paulo Adário do Greempeace se expressou: “O que mudou de lá para cá foi o nível de consciência das pessoas. Mas o número de pessoas conscientes ainda á insuficiente para dar conta dos problemas”.
Essa última constatação é manifestamente concreta. Para avaliar o nível de conhecimento e interesse da população brasileira sobre a “Rio+20” o Instituto Vitae Civilis fez uma pesquisa em parceria com a Market Analysis – empresa filiada à rede internacional Globescan, que estuda questões ligadas à sustentabilidade e que foi divulgada pela imprensa (“O Estado de São Paulo – 12.10.2011-A20). A enquete mostrou que dois em cada três entrevistados não ouviram nada sobre o evento e 19,3% dizem ter tido pouco contato com o mesmo. Somente 4,4% afirmam ter ouvido “muito” a respeito e 7,1% ouviram “alguma coisa” – ou seja, apenas 11,5% estão familiarizados com essa importante conferência.
A agenda da conferência deste ano enfocará dois temas principais: a economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, e o investidor David Blood publicaram no “Wall Street Journal” no dia 14 de dezembro do ano passado, o artigo “Manifesto para um capitalismo sustentável: como as empresas podem adotar métricas ambientais, sociais e de governança”,citado por Maristela Mafei em artigo publicado pela Folha de São Paulo (27.12.2011-A.3) no qual explicam que vivemos hoje um “turning point” com intensas ameaças: mudança climática, escassez de água, pobreza, enfermidades, desigualdade, urbanização, volatilidade nos mercados financeiros. E mais: “As empresas não podem ser chamadas a fazer o trabalho dos governos, mas empresas e investidores serão os atores que mobilizarão o capital necessário para os desafios sem precedentes que enfrentamos”.
Vários aspectos demonstram que no Brasil, a questão ecológica começa a conquistar espaços, o que é manifestamente salutar. Mas em nosso país, como em todo o mundo se observa o uso indiscriminado de grande parte das riquezas (minerais, madeiras de lei, ervas medicinais e plantas) por instrumentos que agridem frontalmente a natureza. Por isso, mais do que nunca, independentemente de leis, é preciso que as pessoas se conscientizem da importância da preservação da natureza e do ambiente como um todo, sob pena de se tornarem inviáveis, em pouco tempo, à própria sobrevivência humana. Necessitamos manter, ao máximo, aquilo que Deus nos outorgou e que as atenções se voltem para nós mesmos, possíveis vítimas desse massacre incontrolável do Universo, sob o argumento injustificado de que é efetivado em nosso benefício por força de um eventual progresso tecnológico.
Reiteramos que despertar e cultivar o ideal de conservação ambiental, é uma obrigação de todos. Precisamos propagar a consciência ecológica para que a natureza que ainda persiste consiga se recompor com equilíbrio e em caráter permanente. “O que ocorrer com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo...” (Chefe Seattle, 1854). Considerando essas afirmações, pode-se dizer que a responsabilidade ética que recai sobre nós é muito grande. Assim, eventos como o “Rio + 20” revelam-se de nítida relevância e abrem espaços para um amplo debate sobre o meio ambiente, com a busca de possíveis soluções para os problemas ambientais.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário, mestre em Direito Processual Civil pela PUCCamp e membro das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas.
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