Desde os primórdios do cristianismo a quaresma marcou para os cristãos uma fuga ainda maior das futilidades do mundo. Assim sendo, há uma entrega com mais ardor à oração, não pela multiplicação de preces, mas se dedicando mais atenção e piedade aos momentos de uma mais intensa união com Deus. Uma prece mais contemplativa, na qual se ouça com amor as inspirações do Divino Espírito Santo. Todas as tarefas realizadas conscientemente na presença do Ser Supremo, o que leva a um maior desvelo no cumprir as obrigações cotidianas. Isto dá uma amplitude notável às menores ações, afastada toda a indolência e abolidos os pretextos vãos para uma comodidade que na verdade é, tantas vezes, o culto da ociosidade, mãe de tantos vícios. Ressoa lá no íntimo de cada um as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).Jesus, porém, não quer nada de extraordinário, mas, sim, o dever de cada instante bem feito com o fito de reparar falhas passadas e de propiciar cada um a si mesmo crescimento espiritual. Deste modo se atinge o núcleo do autêntico espírito de sacrifício: a contrição do coração e a mortificação do corpo. Esta pode ser via de ascese, quando são afastados alimentos saborosos, mas que, ao invés de contribuir para a saúde, só servem para aumentar o campo das mais variadas doenças. A verdadeira homenagem a Deus abrange o homem todo: corpo e alma. A expiação dos pecados é, portanto, uma meta quaresmal de suma importância. Rompimento total, absoluto com o pecado, o que é a essência mesma da conversão interior. Ilusão de muitos cristãos é se julgarem irrepreensíveis,. São aqueles que se entregam a uma falsa segurança, sem preocupação alguma em comparar sua vida com os exemplos de Cristo e dos santos. Que se reaviva a coragem dos filhos de Deus que aspiram a paz interior que só é garantida para a alma verdadeiramente penitente. Cumpre se reparem pecados. Além disto, a esmola que inclui todas as obras de misericórdia para com o próximo, é de suma valia e será sobretudo providenciando remédio para o pobre que se terão as bênçãos divinas. É deste modo que o cristão se prepara para o Banquete pascal do glorioso 8 de abril. Nem se pode esquecer que a Campanha da Fraternidade deste ano é um clamor a favor do esforço para que a saúde se difunda por toda a terra. Cumpre a cada um prestar ainda mais atenção aos doentes, sobretudo aos que estão sob o mesmo teto. É preciso cooperar, realmente, para que não falte remédio aos mais necessitados. Nem se pode esquecer que é importante preservar a própria saúde, evitando tudo que a prejudica, seguindo fielmente o roteiro de um nutricionista competente, mantendo o peso ideal e fazendo os exercícios físicos prescritos pelos bons fisioterapeutas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
CÔN. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - da Academia Mineira de Letras. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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