As férias de janeiro foram muito abençoadas para mim; primeiro porque eu precisava descansar um pouco depois da correria do final de ano, e também porque convivi com pessoas maravilhosas o mês inteiro. Nem as chuvas que castigaram tantas regiões atrapalharam meus passeios. Isso não significa que não fiquei triste com tantas desgraças ocorridas no Haiti, em Angla, São Paulo etc. Rezei algumas vezes pelas vítimas da nossa natureza tão agredida.
Iniciando os relatos pelo dia 19, estive na Matriz Nossa Senhora da Soledade para agradecer os 54 anos de vida e, quando lá chegava, o CD no carro começou a tocar ‘Graças Pai’. Fiquei arrepiado porque era exatamente o que eu queria dizer a Deus naquele momento. E sozinho no banco da igreja após o almoço, rezei um terço em agradecimento a tantas coisas boas em minha vida. Aproveitei para pedir bênçãos às pessoas que solicitam minhas orações e também a você, leitor deste renovado jornal. Não tenho dúvidas que o Santiago e o Trotta presentearão a região com grandes trabalhos.
No mesmo dia, alguns amigos foram ao meu apartamento me dar um abraço. Comentei que aquilo era inédito para mim porque sempre passei a noite do aniversário na missa. Gastamos bastante saliva e só falamos de coisas boas; também pudera, onde estão o Amaury, o Lenarth, o Elzo e o Wlamir, bons papos fluem com naturalidade. Ah, e ainda acabei combinando um retorno a Ubatuba no final de semana.
Antes, porém, fui com a família a Taubaté e resolvemos passar na Basílica de Aparecida para saudar a Mãezinha. Ao entrar no templo sagrado, o bispo que presidia a Celebração da Eucaristia se preparava para a distribuição da comunhão e a bênção do Santíssimo. Minha filha, Soraia, ainda comentou que não foi coincidência a nossa presença no Santuário naquele momento.
Chegou o sábado, dia 23, e descemos para a Praia das Toninhas. No mesmo condomínio estava a família do grande amigo Lenarth – um exímio cozinheiro! O macarrão com atum que ele nos recebeu foi elogiado por todos. Comentei que nunca mais comerei outro igual, e acharam que eu disse isso porque não gosto de atum. A verdade é que desceu gostoso. A fome também ajudou a ingestão. Hehehe...
Foram dias maravilhosos, mas quero enfatizar o que aconteceu na noite de 25 de janeiro. Chegamos à praça central de Ubatuba às 19h30 e reparei que a missa estava por começar na igreja matriz. Era dia de São Paulo, padroeiro dos cursilhos de cristandade; data importante para mim porque nasci na cidade de mesmo nome e me chamo Paulo. Participei da missa e me senti privilegiado por ter passado pelo local exatamente no início da Celebração. Também não foi simples coincidência, mas outro chamado para eu estar mais próximo de Deus nas férias.
E no dia seguinte, quando eu e minha esposa pegávamos a estrada de volta, atendi o sinal de um veículo que vinha atrás, pedindo que eu parasse. O motorista veio até meu carro com estas palavras: ‘O senhor é de Itajubá? Puxa, que sorte! Meu sogro, o doutor Renato, tem um carro igual ao seu e está voltando agora para Pouso Alegre com meus filhos gêmeos. Acontece que, por engano, levaram a minha carteira e me deixaram sem nenhum dinheiro. Preciso pagar o borracheiro e colocar gasolina para retornar a Santa Rita do Sapucaí. Sou professor lá há muitos anos! Pode me emprestar alguma quantia para me tirar desse apuro? Anotarei seu telefone e o pagarei assim que chegar’.
Moral da história: caí no golpe que nem um pato e perdi setenta reais! Foi tudo tão rápido, no meio da chuva, que acabei compadecendo daquele cidadão em dificuldade. Hoje, vejo que poderia ser pior. Depois que parei o carro, muita coisa ruim teria para acontecer se não tivéssemos proteção do Céu. Com certeza, o terço que rezamos no caminho nos ajudou a não sofrer mal maior.
Nestas férias também visitei minha netinha em Rio Negro, minha mãe e minha irmã em Monte Sião. Foram viagens muito agradáveis que me deram força para agüentar mais um período de saudades. Como é bom ser querido pela família e estimado pelos amigos! Mesmo não merecendo tantos presentes, a infinita misericórdia Divina me concede prêmios que nunca imaginei receber. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo por isto também!
Enfim, há anos eu não jogava pebolim, ping-pong, baralho, frescobol e disco na areia. Há bastante tempo eu não mudava tantas vezes de ambientes no mesmo mês. Nem me lembro se algum dia piquei cebolas para fazer vinagrete, mas executei com perfeição essa tarefa na praia! E além disso tudo, conheci três cursilhistas de Cachoeira Paulista e o padre Daniel de Cruzeiro. Ficamos amigos e irão ler este artigo também.
Estou lembrando agora da história do menino que viu a mãe pôr um prato de lingüiça e torradas bastante queimadas defronte ao pai. O garoto nunca se esqueceu que o pai comeu as torradas com alegria e ainda perguntou a ele como tinha sido o seu dia na escola. No final do jantar, quando a mãe se desculpou por ter queimado a torrada, o pai sorriu e respondeu: ‘Eu adoro torradas queimadas’.
Qualquer semelhança da história com o macarrão com atum que comi na praia é mera coincidência.
PAULO ROBERTO LABEGALINI- Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI
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