Através de uma palavra, de um gesto, de um escrito ou de uma ação malfazeja o mal-intencionado arrasa a verdade e destrói a virtude na alma do próximo. Expressões faladas ou escritas, gesticulações maliciosas, atos escandalosos que ferem o senso moral, propagam o vício e se tornam um obstáculo para o bem. Há dois aspectos na conduta iníqua de quem viola a ética: um ativo da parte daquele que pratica ações condenáveis e outra passiva da parte de quem recebe e assimila o erro, seguindo o mesmo caminho da perversidade. Quem fere a moralidade não somente é um calamitoso, mas ainda faz a desgraça de outrem. Ele oferece o veneno que vai matar os valores morais no indivíduo, na família e na sociedade. Semeia a erva daninha que vai danificar o bem e impedi-lo de crescer e de se desenvolver no mundo. Nada mais danoso, de fato, que os maus exemplos, a disseminação da obscenidade, os quais levam os outros aos vícios e às atitudes torpes. É o que se dá, sobretudo, nos filmes, nos sites pornográficos da internet, nas novelas televisivas, nas revistas, nos perversos formadores de opinião que atropelam os preceitos divinos e ridicularizam a religião. Aqueles que não controlam suas paixões desregradas e os ímpetos de sua natureza malvada guiam para as veredas trevosas os incautos e todos que não possuem um senso crítico apurado. Eis porque Davi pedia a Deus: “Preservai-me do laço que armaram e das armadilhas dos malfeitores Caiam os malvados nas suas próprias malhas, enquanto ao mesmo tempo eu passo adiante” (Sl 142,9-10). A virtude não pode florescer na alma dos que não agem como este salmista que assim desejava não se prender nas emboscadas dos maliciosos. Os libertinos usam as armas mortíferas do poder das trevas e flagelam o mundo com o cancro da iniquidade que vai destruindo as qualidades inatas no ser humano que se deixa enredar pela fascinação das ilusões terrenas. Esta triste realidade, infelizmente, está por toda parte, em todos os recantos, em todas as sociedades, em todos os lares. São Pedro já alertava: “Sede sóbrios e vigiai! O vosso adversário, o diabo, rodeia-vos como leão que ruge, à procura de quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé. [...] E Deus autor de toda a graça, que vos chamou para a sua eterna glória em Cristo, depois de um pouco de sofrimento, ele mesmo vos aperfeiçoará e vos tornará firmes, fortes, inabaláveis” (1 Pd 5, 8-10), O Príncipe dos Apóstolos adverte e oferece, ao mesmo tempo, o recurso para a vitória e incentiva com o resultado faustoso de quem não cai na garra de satanás e seus adeptos. Alerta, sim, porque as forças diabólicas devoram como um incêndio que se alastra, arruinando as almas, de tal sorte que neste início de milênio com a tecnologia a seu serviço o príncipe das trevas ilude facilmente os que não buscam as armas da luz. Cumpre evitar as más companhias e policiar os cinco sentidos, mortificando-os e, outrossim, é necessária muita oração, reflexão e usufruir as maravilhas que o Criador espalhou pelo mundo. Embora o quadro acima descrito seja tétrico, é preciso, porém, ter otimismo, porque o bem é mais poderoso do que o mal. Este precisa fazer alvoroço, enquanto a santidade que reina em milhares de seguidores de Cristo também se comunica e coloca barreiras à voragem horripila da improbidade. Sem número os que sabem se blindar e buscam a honra, a paz, o verdadeiro amor. Morigerados, entregam-se às conquistas gloriosas rumo à pátria celeste. Sabem vencer o antagonismo entre o bom senso e a insensatez e evitam toda compatibilidade com o que pode perverter os corações retos, honestos e idealistas. Oram para que os impudicos, os tímidos, os fracos se convertam e fazem um apostolado admirável que arranca das trevas os iludidos por aqueles que se enriquecem através das multinacionais dos crimes. Apóstolos denodados que cooperam com Cristo na redenção da humanidade, coadjutores na obra divina da salvação, iluminando os horizontes fulgurantes da vida futura na Casa do Pai. É esta têmpera dos justos que contrabalança a justiça divina, a qual sempre oferece oportunidade de conversão para todos. Os autênticos cristãos necessitam, contudo, estar à altura de sua nobre missão que é serem “sal da terra e luz do mundo”. Estejam conscientes de que eles reparam pela sua vida modesta, humilde, santa os estragos causados pelos crápulas e irradiam os esplendores da dignidade e do pundonor
CÔN. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO - da Academia Mineira de Letras. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos. - Viçosa, Brasil.
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