Sempre tive mania de guardar. Objetos, papéis, lembranças, um pouco de mim...
Tenho dificuldade em me desapegar dos meus pertences, afinal, sinto-os como parte de minha história. Então, o que parece inútil, em mim guarda um significado imenso.
Mesmo assim, de tempos em tempos (e aqui, leia-se o conceito de "tempo" de quem nasceu no século passado), com a dificuldade que me é peculiar, arrisco-me a algum descarte...
A relutância manifesta-se, inclusive, em pequenas mudanças de leiaute dentro de casa ou no trabalho. Gosto de manter tudo no seu lugar, por meses, anos. E se tiro algo de onde está, em seguida já tenho que guardá-lo.
Minha tranquilidade é saber que outras pessoas são assim e que isto não é uma compulsão, mas um modo de encarar a vida, já que aí reside, também, nossa personalidade, nosso gancho para outras situações que vivenciamos, opinamos e nos colocamos.
Serei, pois, conservadora? Prefiro permanecer longe de definições fechadas.
Não sei se por conta dessas características é que, desde criança, adquiri o hábito de colecionar.
Dizem os especialistas que o colecionismo beneficia a memória, a paciência, a ordem e a perseverança. Se isto é verdade, não sei se absorvi tudo ou parte disto.
Enfim, colecionei algumas coisas, como selos, chaveiros, figurinhas, gibis, autógrafos, canetas, ídolos, revistas, matérias de jornais, cartões postais, frases... Alguns destes objetos colecionáveis tenho até hoje. E de outros, continuo uma ávida amante, como canetas, por exemplo.
Depois passei a colecionar livros e discos, o que faço até hoje. Isto sim se tornou um hábito. Digo hábito, pois a mim me parece que manter e apreciar estes objetos - e muito mais que objetos! - não é um vício.
Dos chaveiros guardo boas recordações. Lembro-me que, pequena, montei uma barraquinha no portão de casa e coloquei à venda alguns de minha coleção. Não os favoritos, claro. E não é que arrumei alguns compradores?
Já os selos me levaram ao meu primeiro contato com o clube filatélico de Jundiaí, à época, que remonta à década de 1980.
Não tenho ideia de como funciona o colecionismo na atualidade, em tempos que nada é feito para durar, desde objetos mais descartáveis, passando pelos de longa duração, até chegar nos sentimentos... "Lembranças", como a palavra já diz, parece algo do passado.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
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