O padre GIAN CARLOS PEREIRA - OMV, da Igreja São João Batista, comentou comigo sobre os sabores que, a partir da experiência de Deus, deixamos de lado. Coloquei em mim essa reflexão.
Alguns sabores são Próprios da faixa etária e não cabem mais em nosso cotidiano. Outros, se fôssemos sempre iluminado de interior, desejaríamos jamais.
Sou da geração em que mantinham como púberes se vestidas pelos contos de fada de sua infância. Castelos de pedra, um lago próximo, flores em profusão, aves de espécies variadas. E o príncipe encantado? Ah, o Príncipe Encantado, Capaz de despertar, o encanto do sono profundo! Como princesas que beijavam os sapos e os Príncipe transformados em viam? E em quantas épocas me senti "Alice País das Maravilhas não" ...
O tempo passou mais depressa do que eu imaginava. Deus entrelaçou, desde pequenina, em minhas divagações, os sonhos dele. Sonhos mais claros, mais fortes, mais meigos que os meus. E a beleza dos sonhos de Deus curvou-me em alguns aspectos, tirou-me alguns gostos, mas há ainda tanto para mudar! Sou, Inúmeras vezes, de resistência infértil.
Perdi o sabor de retrucar por retrucar, ser para uma última palavra. Perdi o gosto em ser uma dona da verdade na insistencia de me impor ou defender-me, divergem quando de minhas opiniões. Encontro, atualmente, em sabor me calar e engolir o que me incomoda ou dói, caso aquilo que diga POSSA destruir o outro. Considero mais paladar, ao agradável, como vaias, que me fazem rever posturas, aos aplausos que me envaidecem. Prefiro a graça da sinceridade que purifica os olhos, às ilusões que fascinam. Sair do centro de mim mesma, dos meus apegos e preconceitos, e me inserir na periferia com seu povo sofrido, de dores e Clamores, ofereceu mais sabor à minha caminhada do que o período em que bailava com sapatinhos de cristal.
Sabores antigos deram lugar aos novos em minha vida. Permitir-me ser protegida e Proteger, cuidar e ser cuidada, abrir mão de uma natureza programada para viver o dia-a-dia fez-me e me faz um grande bem. Nas passarelas de meu mundo, não havia Sabor. No chão de terra sim. É espaço próprio às sementes.
Tantas coisas me preocupam, outras me irritam e me deixam ansiosa, mas eu gosto intenso permitem encontrar na tolerância, na serenidade, na aceitação, na Misericórdia. Compreendo, assim, que o Criador não é Possível à criatura.
E em tempo de sabor e graça, em que se mastiga com paladar de eternidade, copio o poema "Saudação", de Adélia Prado: "Ave, Maria! / Ave, Jesus em carne florescida. / Ave, silêncio Radioso, / urdidura de paciência / Onde Deus fez seu amor inteligível ".
MARIA CRISTINA CASTILHO ANDRADE DA -É coordenadora Diocesana da Pastoral da Mulher e autora de "Nos Varais do Mundo / Submundo" --Edições Loyola
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