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Sábado, 23 de Fevereiro de 2013
FELIPE AQUINO - A RENUNCIA DE BENTO XVl

 

 

 

 

 

O Papa Bento XVI, por razões de saúde e de idade, decidiu renunciar ao Papado, tendo em vista sentir-se sem saúde necessária para cumprir sua árdua missão, que exige intenso trabalho diário, muitas viagens, audiências, discursos, etc. Em sua renúncia ele disse com toda clareza e sinceridade:

 

“Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando. No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado”.

 

 

 

 

 

 

Fica claro que o Papa rezou muito e meditou bastante antes de tomar a decisão com a consciência tranquila. Foi um ato de humildade diante do seu estado físico e de coragem diante da História da Igreja, sem medo de que seu gesto desgoverne a Barca de Pedro. É um gesto que demonstra a fé de que a Igreja é dirigida por Deus e não pelos homens. É emocionante Bento XVI aceitar diante de si mesmo, da Igreja e do mundo sua “incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado”.

 

Toda a Igreja Católica, e também os não católicos, são testemunhas da grandeza deste homem que deu sua vida pela Igreja, e que a continuará servindo de outra forma. Antes de tudo o nosso agradecimento a Deus por tão grande dádiva para a Igreja. Durante 25 anos ele foi Prefeito da Congregação da Fé da Santa Sé, auxiliar fiel e dedicado ao Papa João Paulo II. Deus seja louvado por Bento XVI!

 

 

Clique no link e veja o vídeo sobre o assunto…

 

 

Desde já rezemos para que o novo papa a ser eleito pelos cardeais seja aquele cujo nome já está no coração do Bom Pastor e Cabeça da Igreja. Aproveitemos o tempo de Quaresma para intensificar as preces e sacrifícios oferecidos a Deus para que os cardeais eleitores sejam iluminados de modo a escolher rapidamente o nosso novo Pastor Universal.

 

A renúncia do Papa é algo legal, prevista no Código de Direito Canônico da Igreja, que diz no Cânon 187 – “Qualquer um, cônscio de si, pode renunciar a um ofício eclesiástico por justa causa”. O pedido de renúncia deve ser feito à autoridade superior; mas, como na Igreja não há autoridade superior ao Papa, seu pedido de renúncia é suficiente para consumar sua decisão.

 

Em uma entrevista dada ao jornalista alemão Peter Seewald, no livro A LUZ DO MUNDO, EM 2010, Bento XVI declarou que “é possível renunciar quando não é mais possível continuar”, quando o papa não está mais em condições físicas adequadas. Nesses casos, chega a ser cogitada inclusive a “obrigação moral” de se apresentar a renúncia.  Portanto, sua renúncia é um gesto de coerência e a certeza de que quem governa a Igreja é Jesus Cristo e que o Espírito Santo é quem guia e assiste o Papa legalmente eleito, seja ele quem for.

É uma decisão corajosa, lúcida e coerente do “humilde servo da vinha do Senhor”, Papa Bento XVI, como ele se apresentou no dia de sua eleição.

 

Na história da Igreja três papas já renunciaram. Ponciano (230-235), porque foi exilado para a Sicília, juntamente com o antipapa Hipólito, pelo Imperador romano Magno, onde ambos morreram mártires. Durante o exílio, o Papa Ponciano renunciou em 28 de setembro de 235, para que a Igreja pudesse eleger seu sucessor.

 

O Papa Celestino V (1294), que foi monge beneditino e eremita, pouco preparado para governar a Igreja, renunciou em idade avançada, mais de oitenta anos e faleceu em um mosteiro.

 

Gregório XII (1405-1415), em 1415 renunciou com mais de oitenta anos para que a Igreja chegasse ao fim do chamado “Cisma  do Ocidente”, um triste período de 40 anos quando a Igreja teve um Papa legítimo em Roma (Gregório XII), e dois antipapas, um em Avignon (Bento XIII) na França e outro em Bolonha (João XXIII) na Itália.

 

O Concílio de Constança (1414-1418), com a renúncia de Gregório XII, depôs os dois antipapas e elegeu Martinho V em 1417;e a Igreja voltou a ter só um Papa.

 

Segundo uma informação do porta-voz do Vaticano, o Papa Bento XVI vai residir em um mosteiro no Vaticano. Poderá ser, quem sabe, um grande colaborador do novo Papa, com sua sabedoria, conhecimentos e santidade.

Enquanto não se eleger um Papa, após o afastamento de Bento XVI, o cardeal chamado de Carmelengo passa a governar o Estado do Vaticano, e o Colégio dos Cardeais governa a Igreja

 

Assim, a Igreja vai continuar sua caminhada e missão na terra, levando o Evangelho a todas as nações. Teremos um novo Conclave, a eleição de um novo Papa, como dizia Santa Catarina de Sena, o “Doce Cristo na Terra”.  Certamente ele virá ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude; talvez o nosso país seja o primeiro a receber o novo Papa.

 

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -   Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:45
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