Eu amo cães. Sempre os amei, diga-se de passagem. Implorei aos meus pais que me dessem, aos cinco anos, meu primeiro cãozinho, o Totó. Nossos quatorze anos juntos rendaram um livro infantil, muitas lembranças e muita saudade. Desde então, embora tenha havido hiatos nos quais não tive a companhia de um cão de estimação, a maior parte da minha vida foi, por assim dizer, canina.
Atualmente, ao meu lado estão Peteco e Floquinho, respectivamente com 10 e 11 anos. São duas crianças peludinhas, que me esperam, já brandindo altos latidos, quando inicio o movimento de virar a chave no portão. Do mesmo modo, dão verdadeiros escândalos quando fecho a porta e os deixo para trás. Aliás, qualquer saída é retribuída como alguma manifestação de inconformismo...
Algumas vezes, assim que retorno, encontro a vasilha de água arremessada, sabe-se Deus como, do outro lado da área de serviço. Espanta-me o fato de serem cães já idosos (esqueceram de dizer isso aos dois) e de pequeno porte, bem como a vasilha ser de alumínio, mas com peso, exatamente concebida para não ser arrastada de lado para o outro. Eu mesma, quando preciso limpá-la, se cheia de água, tenho certa dificuldade para fazê-lo.
Outro pobre coitado que sofre os efeitos da revolta canina é o pano que fica dentro das casinhas. Nesse momento, há neles, sem exagero algum (posso provar por fotos!), mais buracos do que panos. Ou seja, hoje é um não-pano... Além de rasgá-lo, o infeliz ainda é atingido por jatos abundantes do cruel liquido amarelo conhecido também como urina. O que me resta, em prol da higiene, é reservar uma máquina de lavar roupas pequena, apenas para finalidade ingrata de lavar esses arremedos de cobertor. Ainda bem que os eletrodomésticos ainda não tem direitos especiais, ou eu teria que pagar adicional de insalubridade...
Em outros momentos, minhas pequenas feras escolhem espalhar a ração que, tento, deveria ficar guardada no alimentador automático. O que me dói é menos o ter que recolher e jogar um pouco fora, mas mais é pensar que preciso comprar uma ração especial para cães cardíacos, paga a preço de ouro...
Não sei o que dá na cabeça oca dos dois, mas as vezes desconfio que o cérebro menos favorecido nessa história toda é o meu. Limpo, lavo, remendo e pago. Eles? Saem impunes, todas as vezes, até porque eu cedo diante dos olhinhos que parecem me dizer que, no fundo, tudo isso é uma grande cachorrada...
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