Desde os primórdios dos anos 70 a infância vem sendo cravejada de incertezas e modismos passageiros e a criança passou a ser o imbróglio inibidor da liberdade nas projeções profissionais. E num deslizante infortúnio, crianças dos anos 80 foram declaradas filhos de ninguém com o surgimento da maternidade irresponsável, apesar dos modernos recursos impeditivos da gravidez indesejada, a que surge na barriga da mulher-criadeira, jamais no ventre materno. Gerar é fácil, amar é complicado! Amar é dar prioridade ao filho dependente e sedento de carinho. Amar é abrir caminhos e semear segurança para os primeiros passos! Nos anos 90, mulheres se distanciaram mais e mais da maternidade em busca do sucesso profissional e a infância restou à deriva e, enquanto a família se desintegrava, o lar foi permutado pelas instituições e o falso modernismo foi aplaudido em pé. Com a entrada do novo século, se fez necessário dar continuidade ao malogrado projeto e surgiram as infrutuosas Casas Abrigo. Substituído o lar, apagada foi a chama que aquecia o coração do homem! Hoje questionamos: De onde vem tanta violência infantil? A resposta está na ponta da língua, mas ninguém ousa falar, todos se calam. Límpido está que a agressividade infantil foi crescendo alimentada pelo abandono, rejeição, desamor e solidão entre muitos. Ninguém pode oferecer o que nunca recebeu! A maior agressividade durante décadas foi a falta de colo, carinho e coração. Sem essas ofertas jamais teremos seres humanos amorosos e pacíficos. Colhemos o que durante décadas semeamos. Podemos culpar a modernidade, o consumismo, porém a essência da alma humana não aceita ser agredida e ferida continuadamente com o chicotear da irresponsabilidade. A criança é a maior riqueza de uma Nação, pois é na infância que formamos o cidadão do futuro, o líder, o profissional, o guardião da Pátria! E o que estamos criando? Jovens sem rumo, sem limites e sem herança cultural! Jovens solitários, ociosos e abandonados que abraçam as drogas, que se aliam aos crimes e se afastam de Deus. Falta colo, carinho e coração à infância brasileira! Falta responsabilidade do governo quanto ao cumprimento das obrigações de fazer. Faltam professores e educadores preparados e respeitados que, em parceria com a família, possam desenvolver a verdadeira educação. Quando, na sala de aula, sobre a mesa do mestre, retornar o buquê de flores, colhidas pelas crianças nos coloridos jardins de suas casas, poderemos com sucesso resgatar a infância brasileira!
Valderez de Mello, Pedagoga, Psicopedagoga, Advogada. Autora de Trama e Urdidura e Quintal de Sonhos.
valdemello@gmail.com
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