Sempre gostei dessa época do ano, dos meses de junho e julho, do outono que faz os dias mais frescos, do inverno que torna as pessoas mais elegantes e, sobretudo, das festas juninas/julhinas.
Quando criança, era sempre uma emoção quando a professora avisa que teríamos uma quadrilha. Na verdade, eu me sentia atormentada com o fato de não ter um par. Eu tinha muita vergonha dos meninos, de convidar alguém e eu não era a menina mais popular da turma, o que me causava certo embaraço. Algumas vezes, até mesmo minha mãe se dispôs a me encontrar alguém.
Com o tempo, percebi que teria que fazer os convites e comecei a me virar sozinha, pois o importante era participar. Eu adorava o período dos ensaios, de sairmos no meio das aulas ou mesmo de termos que ir na escola em horário diferente, só para dançarmos. Era um momento de paqueras, de brincadeiras, de risadas e de muita alegria e pureza. Mais do que meninos e meninas, éramos aprendizes da vida...
Outra coisa bacana era escolhermos a roupa. Todos os anos eu queria que minha mãe comprasse um vestido novo para dançar a quadrilha. Algumas vezes isso era possível e daí era uma festa. Tínhamos que escolher o tecido, as fitas, o modelo, a bota, o chapéu, enfim, a vestimenta completa.
No dia da dança era outra emoção. Todo mundo de maquiagem caipira. As meninas com pintinhas no rosto e os meninos com bigode e barbicha de lápis preto. Parecendo adultos, dançávamos ao som da quadrilha e fazíamos parte de outro universo, mesmo que por poucas horas. Ainda tenho muita saudade desse tempo...
Ainda tinha o Correio Elegante. Alguém ficava incumbido desse papel, de entregar os bilhetes aos alvos escolhidos. Eu sempre ficava esperando receber um especial, daquele menino para o qual meus olhos se inclinavam, mas normalmente o que vinha era de quem eu não queria, embora a emoção de receber já valesse a pena, apenas pelo suspense.
Ainda hoje gosto de festas juninas. Não preciso mais esperar pelo correio elegante, mas ainda sinto meu coração bater mais forte quando escuto que é preciso pular a fogueira, quando sinto no ar o cheiro de quentão, pipoca e fogos de artifício... E viva São João, São Pedro e Santo Antônio....
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
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