Surpreendo-me com isto, mas ainda existem pessoas que pensam assim. E pelo que tem demonstrado nossa cara humanidade, existirão sempre.
Afirmar que ter animais ou dar atenção e protegê-los é algo que prejudica o amparo às crianças é, no mínimo, digno de uma pobreza de intelecto imensurável.
A frase feita que permeia tal assertiva causa-me repulsa não só por seu conteúdo raso e oco e por sua pieguice, mas porque planta um sofisma próprio de um pensamento ogro. E quem não entende direito... vai repetindo, passando para frente a inverdade.
O cuidado com um não exclui o cuidado que se deve ter com o outro. E vice-versa. Ao contrário, complementam-se. Mesmo porque convivemos neste mundinho tão grande, habitado por seres das mais variadas espécies e se ignorarmos o cuidado e o respeito que temos de ter com o outro - racional ou irracional - vamos dar cabo rapidinho de nossa existência.
Inclusive porque dependemos tantas vezes dos irracionais para nos dar guarida de todo tipo, não só em questões práticas, mas também, e especialmente, em questões afetivas.
Os que não se julgam preconceituosos e se acham detentores de um conhecimento capaz de resolver os problemas sociais existentes são, em média, os que insistem em disseminar o dito cujo pensamento. Como se essa visão tosca não fosse um preconceito!
Pior os que saem por aí matando animais porque estes os incomodam. O abandono incomoda, não?! "Como pode o abandono morar à minha porta? É preciso eliminá-lo!", assim pensam esses racionais. Curioso é que se encontram uma criança abandonada, apesar de igualmente isto incomodá-los, não matam. Mas só não o fazem porque há pena, porque diante de tal ato a lei não é branda.
Penalizar um assassino de animais é missão quase impossível.
E ambos são crimes, pois ambas são vidas, da criança e do bicho.
O Homem precisa conviver mais com animais para se tornar humano, pois a convivência amiúde com máquinas vem extinguindo sua essência, sua sensibilidade e sua racionalidade, visto que o pensar aí tem encontrado dificuldades em se estabelecer. Tudo é imitação, tudo tem que ser igual. Adeus à criatividade, adeus ao que faz sentido.
Hoje, quanto menos as coisas fizerem sentido, melhor!
Sou do tempo em que havia partidos de direita e de esquerda. Hoje, ambos ocupam o mesmo lado da moeda.
Renata Iacovino, escritora, poetisa e cantora / reiacovino.blog.uol.com.br /
reval.nafoto.net / reiacovino@uol.com.br
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