Maior líder da luta pela isonomia na África do Sul, tornando-se um exemplo mundial, Nelson Mandela chegou aos 95 anos no último dia 18 de julho de 2013. Toda essa consideração lhe é outorgada, não apenas por sua história de vida, mas também pelas bandeiras que ergueu em seu governo, como educação e luta contra a Aids, o que contribuiu ainda mais para consolidá-lo como ícone da igualdade.
A vida de Nelson Mandela foi marcada pela decisão de libertar não só a si mesmo, mas a todos os negros oprimidos sob o apartheid, regime institucionalizado de segregação racial por supremacia branca, extremamente opressor. Nascido a 18 de julho 1918 em Mvezo, com o nome de Rolihlahla (“criador de problemas”), passou a ser chamado de Nelson por sua professora em 1925.
A sua luta pela igualdade começou em 1943, quando aderiu ao partido Congresso Nacional Africano (CNA) cujos propósitos tomaram grandes proporções, com enfrentamentos e mortes. Em 1960, uma passeata de 10 mil manifestantes que entoavam canções de liberdade terminou com a morte de 69 pessoas e mais de 200 feridas. O CNA passou então para a clandestinidade em 1964 e milhares de militantes foram presos, inclusive ele, sendo condenado à prisão perpétua por sabotagem e conspiração contra o Estado sul-africano. “Mesmo preso, ele continuou fazendo convocações à luta”, lembra a consultora do Ministério da Educação (MEC) e pesquisadora, Ira Maciel, em matéria publicada pelo jornal Gazeta do Povo de Curitiba (“Bandeiras, firmeza e prisão de Mandela o tornaram um ícone”- 20/7/2008, p. 11, Helena Carnieri).
Durante quase 27 anos, foi o detento 466/64 do presídio da Ilha de Robben, número esse que hoje dá nome à campanha contra a AIDS que ele promove. O grito de seus partidários “Libertem Mandela”, com campanhas em inúmeros países e shows com a participação de consagrados artistas internacionais, fez eco por todo o mundo, até que, aos 72 anos, ele foi libertado. O maior evento foi o festival “Free Mandela” (Liberdade para Mandela), realizado em Londres em 1988, comemorando seus 70 anos.
Ganhou incontáveis prêmios pela defesa dos direitos humanos, sendo o mais notório, o Nobel da Paz de 1993. Em 1994, pela primeira vez na história da África do Sul, os negros puderam votar – e o elegeram para governar o País. Honrando a palavra, ele foi presidente por apenas um mandato. Após um trabalho em nível mundial para que o dia de seu aniversário, o “Mandela Day” – 18 de julho – fosse anualmente dedicado ao voluntariado, desde o ano passado é celebrado nesta data o Dia Internacional de Nelson Mandela, definida pela Assembléia Geral da ONU. “Nós ficaríamos honrados se esse dia pudesse reunir as pessoas ao redor do mundo para combater a pobreza e promover a paz e a reconciliação”, afirma uma declaração divulgada em seu nome. A comemoração foi idealizada pelas organizações de caridade da Fundação Nelson Mandela e pela Campanha 46664 para homenagear e dar continuidade ao seu legado.
A transição que conduziu, do regime do apartheid para a democracia, uniu e auxiliou no desenvolvimento da África do Sul. Uma das suas bandeiras foi a da educação, que sempre disse ser o fator mais importante para mudar o mundo. “Ele nunca pensou na educação isoladamente, mas num plano econômico”, explica Ira Maciel. Mandela se tornou ícone também por realizar ações afirmativas (que visam diminuir diferenças socioeconomicas entre as raças), que têm seu apoio até hoje. “Elas foram fundamentais para diminuir desiquilíbrios”, disse o antropolólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Dagoberto Fonseca, na matéria jornalística supramencionada.
“Ninguém nasce odiando outro por cor, origem ou religião. Precisa aprender e pode ser ensinado a amar.” - "Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão foram feitos para viverem como irmãos." - "Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação."- "A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre." - "A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo." Com esses pensamentos e com suas firmes convicções, Mandela se tornou um dos homnes mais admiráveis de todos os tempos, demonstrando empenho, firmeza, dedicação, altruísmo, desapego e total desprendimento em favor de seus objetivos e de sua ideologia anti-racista. Um permanente exemplo a ser seguido.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, professor universitário e escritor.
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