A capacidade de sorrir do novo presidente iraniano para tão rapidamente refazer a imagem internacional do Irã, sem uma única concessão substantiva quanto ao seu programa nuclear, tem certamente ultrapassado as expectativas mais otimistas do aiatolá Khamenei, a personalidade que, de fato manda no regime islamofascista persa.
O Presidente Houhani, sucessor de Ahmadinejad, do Irã, com seu 'semblante amigável' que, no entanto, precisa de ações concretas para impressionar o Ministro Benjamin Netanyahu, de Israel.
Todo mundo sabe que Mahmoud Ahmadinejad, o desgrenhado, negador do Holocausto, e presidente homofóbico do Irã era o melhor argumento daqueles que, liderados por Israel, alertavam contra os perigos que o regime islamofascista do Irã representa para o Ocidente e, por consequência, para a paz entre as nações. Enquanto esse sujeito, tão obviamente desagradável e possivelmente dotado de graves desequilíbrios mentais, era o rosto público eleito do regime de Teerã, foi relativamente fácil para o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyanu galvanizar um alarme internacional sob a perspectiva de um Irã com armas nucleares.
No entanto, agora, com o novo presidente Hasan Rouhani, isso que todo mundo sabia começa a parecer desatualizado. Num retrospecto, os oito anos de governo de Ahmadinejad funcionaram espetacularmente bem para a república islamofascista dos aiatolás pelo fato de terem criado um profundo contraste com a imagem do novo, sorridente, de aspecto pacificador, ocupante da presidência persa. Agora que o novo líder iraniano perorou com sua fala macia da tribuna da ONU de uma forma clerical, realmente a novidade preocupou os judeus e todos os mais que tiveram parentes assassinados pelos nazistas de Adolf Hitler, que estão a dizer que o Irã é um estado que se faz passar por manso, que não representa mais risco para ninguém, e que fala um inglês mais do que suficiente para enviar mensagens de amizade ao povo americano em entrevistas de televisão, e despertar na comunidade internacional uma imagem de que o país se submeteu a uma autocrítica para não apenas eleger Rouhani, mas aparentemente, refazer a nação naquilo que ele agora diz representar. Afinal, diz ele, “o povo me elegeu sabendo como eu penso e isso mostra a vontade desse povo de mudar o rumo do país”. Acredite quem quiser...
Na verdade, Rouhani, bem como Ahmadinejad antes dele, representa apenas o que o regime deseja que ele represente, uma tática do aiatolá. Rouhani atua como presidente, mas a critério do líder supremo Ali Khamenei, que indicou um entre apenas meia dúzia de políticos para serem candidatos à eleição para a ‘presidência’, em junho último.
Rouhani era visto como o candidato mais reformista, e, como tal, a sua vitória não diz nada sobre a mentalidade do eleitorado iraniano, mas sim surge como uma nova tática de Khamenei para lidar com o resto do mundo. A mentalidade do povo sempre contou pouco como fator decisivo, mesmo antes de um protesto popular em 2009 ser brutalmente esmagado e reprimido, domando a opinião pública pelo medo da violência, como é típico dos regimes socialistas.
Como não se pode enganar a todos por muito tempo, é provável que Khamenei venha a dar mais margem de manobra a Rouhani no cenário internacional, e, quem sabe, permitir que haja um pouco de ‘oposição’ bem controlada, mais para fins de publicidade doméstica.
A eleição de Rouhani parece cada vez mais um golpe de mestre de Khamenei. Rouhani deve funcionar como um “cavalo de Troia” entre os líderes da ONU para seduzi-los com uma nova imagem de um “Irã Paz e Amor”. Todavia, até agora, entre caras e bocas bem mais agradáveis do que as do seu antecessor, Rouhani não foi ainda capaz de fazer uma única concessão substancial quanto ao seu programa nuclear, principalmente na menor delas, que é a de permitir uma fiscalização minuciosa e irrestrita de seus trabalhos nucleares pelos agentes da AIEA da ONU.
NETANIAHU VAI AOS EUA E PROMETE CONTAR ‘TODA A VERDADE’ SOBRE O IRÃ
Logo depois da reunião com Obama e seu discurso na ONU, o Primeiro Ministro israelense ridicularizou os gestos e palavras de Rouhani como sendo "mais conversa mole para boi dormir”.
Benjamin Netanyahu desembarcou em Nova York, domingo de manhã, hora local para uma visita de quatro dias aos Estados Unidos, prometendo revelar "toda a verdade" por trás das recentes ‘aberturas’ do Irã para os Estados Unidos. Israel está preocupado com o degelo nas relações Ocidente-Irã, que tem se acelerado nos últimos dias e que culminou na sexta feira última com um telefonema entre os presidentes, estadunidense e iraniano.
"Vou aos EUA para mostrar os interesses de Israel, a nossa disponibilidade para nos defendermos e a nossa esperança para uma paz de fato e não meramente alegórica", disse Netanyahu a jornalistas, no avião, antes de decolar para os EUA. "Vou lá contar toda a verdade, que está por trás da conversa fiada e dos sorrisos de Rouhani. Só a verdade, hoje em dia, é vital para a segurança do mundo e, claro, essencial para a segurança do nosso país", que é ordeiro e nunca agrediu ninguém.
Na segunda feira próxima, Netanyahu está na agenda de reuniões do presidente dos EUA, Barack Obama, na Casa Branca. No dia seguinte, ele proferirá o discurso de encerramento deste ano da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
O primeiro-ministro disse que considera o lance do Irã como uma "cortina de fumaça" projetada para "enganar" o Ocidente, enquanto avança em direção a uma capacidade de produzir ogivas nucleares. Ele vai sugerir e aconselhar condições que acha que a comunidade internacional deve exigir antes de qualquer redução de sanções econômicas vigentes.
O encontro de Netanyahu com Obama marcará a primeira vez que os dois líderes se sentarão juntos, desde março, quando o presidente americano visitou Israel e, mais dramaticamente, desde o intrigante telefonema entre Obama e seu colega iraniano, Hassan Rouhani. A última vez que um presidente dos EUA falou com um presidente iraniano, no plenário da ONU, foi a antes da Revolução Islâmica do Aiatolá Khomeini, em 1979.
Na terça-feira, Netanyahu será o último orador a discursar na Assembleia Geral na sede da ONU, em Nova York. Após seu discurso, ele se reunirá com o secretário-geral da ONU, Ban Ki–Moon e, após uma reunião com os líderes judeus americanos está programada a sua volta à Israel.
NÃO BASTA SER SIMPÁTICO
O Presidente Barack Obama falando com seu par iraniano, Hassan Rouhani, na última sexta feira, 27 de setembro de 2013, algo que marca a primeira vez que os líderes das duas nações conversam entre si desde 1979.
Já os comentários do vice-chanceler Abbas Araghchi parecem destinadas a acalmar iranianos linha-dura, que se opõem a essas medidas de reaproximação diplomática depois de 34 anos de silêncio com os EUA.
Alguns críticos do presidente iraniano, Hassan Rouhani gritaram-lhe insultos após o seu retorno da reunião anual da ONU em Nova York, que incluiu um convite inovador de 15 minutos com o presidente dos EUA, Barack Obama.
Araghchi foi citado pela agência de notícias FARS, no domingo, dizendo que "relações normais" com Washington precisarão de mais do que "um telefonema, e atitudes simpáticas" – numa referência crítica aos esforços do Irã para reiniciar as negociações paralisadas sobre seu programa nuclear. Os dois países não têm relações diplomáticas desde 1979, após a revolução islamofascista dos aiatolás.
CONSELHO DO IRAQUE
O Ministro das Relações Exteriores do Iraque, Hoshyar Zebari, disse ontem que “a mudança do Irã em relação ao Ocidente é para valer”. “Meu conselho é que o Ocidente leve a sério o que diz a nova liderança iraniana”, exorta o líder iraquiano.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani fala durante uma coletiva de imprensa no Hotel Millennium, em Manhattan, na última sexta feira, 27 setembro de 2013, em Nova Iorque.
Segundo o ministro, o novo governo iraniano liderado pelo presidente Hassan Rouhani oferece "a melhor chance depois de 34 anos de animosidade" para melhorar as relações com os Estados Unidos e o resto do Ocidente e o que ele diz deve ser levado a sério. Zebari também disse à Associated Press que está trabalhando nos bastidores para tentar unir os diferentes grupos de oposição antes de uma conferência de paz que está marcada para novembro e para promover o degelo nas relações entre Teerã e Washington.
Zebari disse que o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu ao Iraque para, na sua reunião de sábado, pressionar a oposição a entrar com uma delegação e uma posição. O chefe da ONU também disse que ele não ouviu qualquer oposição ao Irã, um aliado do presidente sírio, Bashar Assad, que porventura vá participar da próxima conferência de paz, em Genebra. "Antes disso ele teria oposicionistas lá", disse Zebari. "Desta vez, todo mundo ficou quieto e ninguém se opôs".
O Iraque está numa posição única no Oriente Médio. Seu governo dominado pelos xiitas tem laços confortáveis com o Irã xiita – um importante aliado do regime sírio de Bashar Assad, apesar deste ser alauíta. E, de acordo com Zebari, o Iraque também tem boas relações com ambos os lados no conflito sírio. Ele também tem fortes laços com Washington depois de 10 anos de guerra, liderada pelos Estados Unidos, que derrubou o ditador Saddam Hussein.
O Secretário de Estado Kerry e o Ministro das Relações Exteriores Hoshyar Zebari cunprimentam-se após o encontro.
Zebari disse que o Iraque teve inúmeras discussões com os americanos e os iranianos depois da eleição de Rouhani, em junho passado. "Nosso papel não teve a pretensão de ser decisivo ou instrumental, mas foi útil", disse ele.
Quando Rouhani teve uma vitória esmagadora no primeiro turno, ele disse que o Iraque entendeu, antes de muitas outras pessoas, "que isso é real, é verdadeiro, porque se o regime quisesse afundar, eles poderiam ter forçado um segundo turno das eleições. E eles não o fizeram".
O líder supremo linha-dura do Irã, Ali Khamenei, que insiste em dar um caráter belicoso a todas as questões importantes do estado persa, parece agora estar dando o seu apoio crítico à uma aproximação de Rouhani com o Ocidente e, na última sexta feira, os presidentes, Barack Obama e Rouhani, falaram ao telefone por 15 minutos, sendo essa conversa os contatos de mais alto nível entre os dois países desde 1979.
Zebari, do Iraque, deu outra indicação importante da seriedade de Rouhani, quando disse que o novo presidente iraniano tinha sido o negociador nuclear e é responsável por ter esse papel chave das mãos junto à AIEA da ONU, agora com o beneplácito aparente dos aiatolás.
A verdade é que o isolamento do Irã tem se tornado crítico e insuportável, depois que o Conselho de Segurança levou adiante todas as mais variadas e severas sanções econômicas contra Teerã.
é claro que os iranianos já se convenceram que não terão prejuízos nucleares – exceto o de serem impedidos de desenvolverem ogivas nucleares – em permitir uma fiscalização total e irrestrita de suas usinas atômicas pela AIEA da ONU e que o preço que o país está pagando é caro demais, uma vez que, mesmo que consiga fabricar armas nucleares, corre o risco de serem destruídos pelo Ocidente e por Israel por medidas cautelares e medo de uma agressão amplamente prometida por Ahmadinejad.
(da mídia internacional)
Domingo, 29 de setembro de 2013
FRANCISCO VIANNA- Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil
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