PAZ - Blogue luso-brasileiro
Segunda-feira, 14 de Outubro de 2013
PAULO ROBERTO LABEGALINI - É DANDO QUE SE RECEBE

 

 

 

 

 

 

 

Gúbio, uma cidade na Úmbria, estava tomada de grande medo. Na floresta da região vivia um lobo feroz que, não somente devorava os animais, como matava os homens, de modo que todos viviam apavorados. Por isso, reforçaram as portas das casas e andavam armados quando saíam do povoado.

Certa vez, quando Francisco chegou naquele lugar, estranhou muito o medo do povo, percebendo que a culpa podia não ser unicamente do lobo. Havia no fundo dos corações uma outra causa que era tão destrutiva como parecia ser a intenção do lobo. E Francisco resolveu sair sozinho ao seu encontro, desarmado, mas cheio de simpatia, benevolência pelo animal e, como dizia, na força da cruz.

O perigoso lobo, de fato, foi ao encontro de Francisco pronto para atacá-lo, mas, quando percebeu as boas intenções do moço e ouviu como se dirigia a ele, parou de correr e ficou observando. As boas vibrações de Francisco de Assis anularam a violência do animal.

De olhos arregalados, o lobo viu que aquele homem o olhava com bondade. Francisco, então, falou para o lobo: ‘Irmãozinho lobo, quero somente conversar com você. E caso esteja me entendendo, levante, por favor, sua patinha para mim’.

O lobo, perante tão forte manifestação de amor, perdeu toda a sua maldade. Levantou confiante a pata da frente e, calmamente, a pôs na mão aberta de Francisco, que lhe disse carinhosamente: ‘Querido irmãozinho lobo, vou fazer um trato com você! Vai morar em minha casa, vou lhe dar comida, irá sempre me acompanhar e seremos amigos. Você também será amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de agora em diante, terá casa, comida e carinho. Sendo assim, não precisará matar nem agredir mais ninguém para sobreviver’.

Com a‘promessa’ de nunca mais lesar nem homem nem animal, o lobo foi com Francisco até a cidade. Também o povo abandonou a raiva e começou a chamar o lobo de ‘irmão’. Prometeram dar-lhe o alimento necessário a cada dia. Finalmente, o irmão lobo morreu de velhice, fato que causou grande pesar no povoado.

Ainda hoje, encontra-se em Gúbio um sarcófago feito de pedra, no qual os ossos do lobo estão depositados e guardados com respeito durante séculos.

Esta história leva-nos à reflexão de quantas vezes deparamo-nos com ‘irmãozinhos’ agressivos, nervosos, impacientes, chegando mesmo a nos atingir com palavras ásperas. Se pararmos para pensar, talvez cheguemos à triste conclusão de que esteja ocorrendo com eles o mesmo acontecido com o animal de Gúbio.

Ele, o lobo, acuado, com fome, sem receber compreensão e carinho, respondia também da mesma forma, com medo, ódio e agressividade. Quando ficou frente a frente com o amor e a paz defendidos por Jesus e praticados por Francisco de Assis, o lobo não teve outra reação senão recuar em suas agressões, passando de inimigo a companheiro de todos.

Assim acontece em nossas vidas: se oferecermos azedume, palavras de pessimismo, rancor e intolerância, receberemos na mesma dose tudo aquilo que semearmos. Como dizia São Francisco:“É dando que recebemos”.

E você, leitor, sabe onde aprender lições de amor? Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos o nosso celular?

Pense como seria se: sempre carregássemos a Palavra de Deus conosco; déssemos umas olhadas nela várias vezes ao dia; voltássemos para apanhá-la quando a esquecêssemos em casa; a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos; a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela; a déssemos de presente às crianças; a usássemos bastante quando viajamos; e, ainda, lançássemos mão dela em caso de emergência!

Mais uma coisa: ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal, pois funciona em qualquer lugar. E não é preciso se preocupar com a falta de crédito porque Jesus já pagou a conta há séculos! E o melhor de tudo: não cai a ligação e a carga da bateria é para toda a vida. Ah, lembre-se disto, que também está nela: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto!” (Is 55,6).

Mesmo aqueles que plantam tempestade, sabem que Jesus Cristo, o maior Homem na História, não teve nenhum empregado, no entanto chamaram-no soberano. Não teve nenhum diploma, no entanto chamaram-no professor. Não tinha nenhum medicamento, no entanto chamaram-no doutor. Não teve nenhum exército, mas os reis temeram-no. Não ganhou nenhuma batalha militar, e conquistou o mundo. Não cometeu nenhum crime, porém o crucificaram. Foi enterrado, no entanto vive até hoje!

Sinto-me honrado por servir Aquele que mais me ama e, tudo o que há de melhor, oferece a mim gratuitamente. Não posso desprezar estas suas palavras: “Se me negar na frente dos homens, negá-lo-ei na frente do meu Pai no céu”.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.



publicado por Luso-brasileiro às 11:40
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Julho 2024

Maio 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links