Quem acompanha meus textos já deve ter percebido que adoro tanto escrever sobre crianças como escrever sobre quando eu mesma era uma criança. Tive sorte de ter uma infância feliz. Não tínhamos luxo, mas não nos faltava nada, sobretudo amor e alegria. Fui privilegiada por ter pais amorosos e presentes, bem como irmãs amigas e companheiras.
É certo que, como toda família que se preze, tínhamos nossas eventuais diferenças, mas nada que nos pudesse ter afastado ou que tenha nos marcado negativamente. Em resumo, vivemos a infância típica, repleta de inocência, traquinagens, alguma desobediência eventual, mas prontamente corrigida, bem como cercada de amigos e familiares queridos.
Das minhas lembranças de vida, sem dúvida a infância é um local afetivo para o qual retorno em pensamentos sempre que posso. Lá tudo era novidade, conhecimento e encantamento. Nada se compara ao primeiro olhar que depositamos sobre as coisas do mundo e eu não me esqueço da alegria de descobrir o quanto o mundo é rico em vida e mistérios.
Amei ser criança, portanto. E vivi tão bem essa época que não vivo no desejo (inútil que seria) de voltar a sê-lo. Hoje sigo me encantando com as crianças que me cercam, sobretudo com meus sobrinhos. Fotografo mentalmente cada nova palavra que arriscam e vivencio suas descobertas como se eu estivesse começando tudo de novo.
Nesse Dia das Crianças eu desejo que, muito mais do que presentes, que as crianças possam estar a salvo da vilania de alguns adultos, que corrompem seus corpos e almas, retirando delas um tempo que nunca mais será capaz de retornar. Em troca, deixam dores e traumas inesquecíveis. Ninguém deveria ser vítima de ninguém, mas as crianças, sobretudo, deveriam estar, por um milagre divino, a salvo de qualquer mal. Que Deus proteja nossas crianças, a melhor versão que são da humanidade, nossa parte mais digna de viver sob esse céu e sobre essa terra...
Esses dias, assim, estou com a sensação de ter conhecido muitas pessoas ainda crianças, mesmo aquelas mais velhas do que eu. É que no facebook a maior parte das pessoas aderiu à onde de colocar fotos de quando eram crianças. As fotos oscilam entre lindas, emocionantes, hilárias, incríveis, meigas e nostálgicas. É impressionante tentar descobrir, em rostos ainda em desenho, os traços das pessoas que hoje conheço como adultos...
É quase como ter saudades do que não conheci, mas é um sentimento bom, de identidade e reconhecimento, de esperança de que, a despeito do que muitos de nós se transforma, um dia, ao menos, fomos criaturas diferentes.
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