Comemora-se a 18 de outubro o Dia dos Médicos, em homenagem a São Lucas, padroeiro da medicina e cuja data consta da tradição litúrgica. Ele exercia a profissão de médico e também tinha vocação pela pintura. Foi o autor do terceiro evangelho e o “o ato dos apóstolos” da Bíblia Sagrada. Nasceu na Turquia no século I, quando esta ainda se chamava Antióquia. Discípulo de São Paulo, ele o seguiu em missão, sendo chamado pelo religioso de “colaborador” e “médico amado”.
O Dia dos Médicos se constitui numa data extremamente significativa por homenagear uma das mais importantes categorias profissionais do mundo. Aproveitemos a celebração para reverenciar uma organização não governamental de Direitos Humanos, que em 1999, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Trata do grupo Médicos Sem Fronteiras, entidade internacional de socorro que agrupa mais de dois mil médicos em oitenta países com a finalidade de dar assistência urgente e eficaz a populações que, atingidas por flagelos naturais ou vítimas de conflitos, estejam indefesas. Além desses profissionais, a entidade, com seu secretariado executivo instalado em Bruxelas dispõe de enfermeiros, pessoal de laboratório, estrutura logística e técnicas administrativos espalhados em doze sedes nos cinco continentes.
Num mundo em que os anseios populares são freqüentemente desrespeitados e numa época em que o profissionalismo ganha visíveis caracteres mercantilistas, essa organização se revela num comovente exemplo de solidariedade, desenvolvendo um trabalho humanitário, independente e civil, numa verdadeira cruzada em favor da universalização, sem fronteiras, da defesa dos direitos do homem, enaltecendo um de seus princípios básicos: “As fronteiras nacionais e as circunstâncias ou afinidades políticas não devem ter nenhuma influência sobre a questão de saber quem deve receber a ajuda humanitária”.
A organização surgiu na década de 60 na França quando alguns médicos, sensibilizados com o drama da província nigeriana de Biafra, resolveram atender gratuita e espontaneamente a sua população, que se encontrava doentia, em estado de absoluta miséria e manifestamente desnutrida. A partir daí, criaram o lema: “Todas as vítimas de desastres de origem humana ou natural têm direito a uma assistência profissional prestada com rapidez e com a maior eficiência possível”.
A atuação do grupo orgulha e emociona a todos. Para muitos indivíduos, instituições e entidades, é um exemplo de que a cooperação entre os povos é capaz de propiciar uma autêntica justiça social. Sua obra nos inspira a refletir sobre a necessária conscientização na busca de um mundo solidário e socialmente equilibrado, reafirmando que os direitos só valem na medida em que se enraízam no respeito à dignidade humana, dele derivam, são sua expressão e a ele se referem.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário.
OS MEUS LINKS