PAZ - Blogue luso-brasileiro
Segunda-feira, 21 de Outubro de 2013
PAULO ROBERTO LABEGALINI - SENSO DE GRATIDÃO

 

 

 

 

 

 

 

No mês de agosto de 2001, Moshê, um bem sucedido empresário judeu, viajou para Israel a negócios. Na quinta feira, dia 9, entre uma reunião e outra, ele foi fazer um lanche rápido numa pizzaria, esquina das ruas Yafo e Mêlech George, centro de Jerusalém. Logo ao entrar, Moshê percebeu que iria esperar muito tempo na fila e não dispunha de tanto tempo.

Impaciente, pôs-se a ziguezaguear perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Vendo a angústia do estrangeiro, um israelita perguntou-lhe se aceitaria entrar na fila à sua frente. Mais do que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção ao local da próxima reunião.

Cerca de 2 minutos depois, ele ouviu um estrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar um explosivo na pizzaria Sbarro`s.

 

Moshê ficou pasmo. Por apenas 2 minutos ele escapara do atentado! Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Atemorizado, correu para confirmar se ele necessitava de ajuda, e encontrou uma situação caótica.

 

A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista de 23 anos, outras 18 pessoas morreram, sendo 6 crianças. Outras 90 pessoas ficaram feridas, algumas gravemente.

 

As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua tentando ajudar de alguma forma. Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários. Um dispositivo adicional também estava sendo desmontado pelo exército.

 

Moshê procurou seu ‘amigo’ entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo. Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida. O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o aguardava e começou a percorrer os hospitais da região.

 

Finalmente encontrou o israelense num leito de hospital. Estava ferido, mas não corria risco de morte. Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando o pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse preciso por estar extremamente grato àquele que lhe salvou a vida. Depois de alguns momentos, se despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele.

 

Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema no seu escritório em Nova Iorque, contando que o israelita precisava de uma operação de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer a delicada cirurgia ficava em Boston, Massachussets.

 

Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que ficava a uma hora de avião de Nova Iorque.

 

Talvez outra pessoa não tivesse se esforçado tanto apenas pelo senso de gratidão. Alguém poderia ter dito: ‘Ele não teve a intenção de salvar a minha vida, apenas me ofereceu um lugar na fila’; mas Moshê sabia perfeitamente como retribuir um favor.

 

Naquela manhã de terça-feira, ele foi pessoalmente acompanhar seu amigo e deixou de ir trabalhar. Assim, pouco antes das 9 horas daquele dia 11 de setembro de 2001, Moshê não estava no seu escritório – 101º andar do World Trade Center Twin Towers.

 

Caro leitor, você considera isso uma mera coincidência? Se Moshê recebeu uma bênção especial pelo espírito de gratidão e amor ao próximo, por que não agimos sempre assim?

 

Um outro caso é do índio que foi ao relojoeiro e pediu:

 

– Conserte estes dois ponteiros. Há muito que não funcionam direito.

 

– Mas, onde está o seu relógio?

 

– Ficou lá em casa.

 

– Bem, mas se não trouxer o relógio, não poderei fazer o conserto! – disse o relojoeiro.

 

– Não há nada para consertar no relógio, só nos ponteiros. Você quer o relógio para, depois, poder apresentar uma conta bem salgada. Não trarei o relógio aqui.

 

 Talvez achemos esse índio um ignorante, mas será que não agimos assim? Será que só estamos preocupados com as aparências e naquilo que os outros pensam a nosso respeito? Estes são os nossos dois ponteiros!

 

Queremos que eles andem bem; mas o relógio, o nosso coração que rege tudo, deve ficar como está? Não o entregamos ao Pai para que o conserte, pois tememos os custos – as mudanças mais profundas que poderiam acontecer.

 

 Tememos expor os nossos pecados secretos e a imagem distorcida de Deus em nossos corações. Saímos bufando, dizendo que não precisamos de conversa porque não somos burros! Pensamos  que o problema está nos ‘ponteiros’, mas, na verdade, o ‘relógio’ lá dentro é que precisa de conserto. Nosso coração necessita de cura, pois limpeza de fachada  não resolve.

 

Sejamos, no mínimo, gratos ao nosso Criador, participando semanalmente da Santa Eucaristia.

 

 

 

PAULO ROBERTO LABEGALINI -    Escritor católico, Professor Doutor da Universidade Federal de Itajubá-MG. Pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária da UNIFEI.

 

 



publicado por Luso-brasileiro às 11:22
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