A Feira da Amizade neste ano aconteceu num misto de nostalgia, romantismo e inovação. Idealizada e organizada, no final da década de 60, por Da. Mercedes Ladeira Marchi, que tem olhos aprimorados e sensíveis para as dificuldades de inúmeras e inúmeros, marcou, por décadas, a vida de incontáveis jundiaienses.
Trabalhei, por alguns anos, na Barraca dos Importados, sob o firme e dedicado comando da Profa. Maria de Lourdes Torres Potenza. Nas barracas, éramos todos voluntários de idades diversas. No ambiente não existiam lamúrias a respeito de um possível cansaço. Os aromas diferentes da cozinha dos países participantes davam um ar de viagem. E havia dança típica ritmada pelas palmas. Vestíamo-nos de trabalho e festa. Foi sempre assim: solidariedade com alegria. Quando o evento deixou de existir, ficou um vácuo. Setembro perdeu um pouco o seu florescer.
Assim que assumiu a presidência do Fundo Social de Solidariedade, nossa primeira dama, Margarete Geraldo Bigardi, dentre seus sonhos, revelou o de trazer de volta a Feira da Amizade. Recordei-me de uma colocação de Rubem Alves: “Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno”. Compreendi que o acontecimento marcara o coração e a juventude da presidente do FUNSS.
Em suas visitas às entidades, para conhecer o trabalho e as integrantes, os olhos da Margarete brilhavam ao se referir a um setembro que ficara no passado e que ela, agora, se propunha a fazê-lo presente, de acordo com a atualidade. Mais do que um projeto formatado, estava a batida de seu coração para que retornasse aquilo que trouxera generosidade e beleza. A Da. Mercedes e a Margarete são bem assim: do empoderamento social com alma grande e meiguice.
A Associação “Maria de Magdala” esteve presente com duas barracas: uma de quitutes e outra de artesanato. Decidimos que as quituteiras e as artesãs estivessem no local, comercializando seus produtos com renda integral para elas. Uma experiência fantástica! Sentiram-se parte da organização e se perceberam capazes de integrar-se em outros eventos. As oportunidades e o convívio são sempre mais importantes que o lucro financeiro. A entidade, em espaços como esse, ganha visibilidade e propostas posteriores. Uma das mulheres da Magdala, por exemplo, passou a produzir tapetes de crochê, com barbante cru, para um artesão de Alagoas, que trabalha com tear. Já entregou a primeira encomenda, com 25 tapetes, e recebeu antecipadamente.
A estrutura foi muito boa e os funcionários do FUNSS, o tempo todo a serviço, por demais solícitos e agradáveis no trato.
A Margarete conseguiu, com o apoio da Da. Mercedes, recuperar a rede da Feira e, com elas, prosseguimos tecendo solidariedade, que é a salvação de tantos.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE - É coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil
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