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Segunda-feira, 28 de Outubro de 2013
LAURENTINO SABROSA - PENSAMENTOS

 

 

 

 

 

 

 

101 É mais fácil mudar a natureza do plutónio do que mudar a natureza maldosa do homem Einstein

É um pensamento pessimista, científico-literário, que se assemelha ao anterior de Rousseau. Será que o homem, o homem em geral e em termos abstractos, é assim tão mau? Se 5% da humanidade fosse de vigaristas, 5% fosse de assassinos, 5% fosse de proxenetas, 5% fosse de traficantes de droga e de armas, teríamos um total de apenas 20% de indivíduos como escória de toda a humanidade, mas bastariam esses 20% para que a vida em sociedade fosse insuportável. Portanto, ainda temos na humanidade mais de 80% de gente boa e sã! Os grandes matemáticos às vezes não sabem fazer contas!...

 

102 - O mundo tornou-se perigoso porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos Albert  Schweitzer

Não me parece que os homens tenham aprendido a dominar a Natureza. Podem ter a ilusão, provisória, de que a dominaram, mas lá virá tempo em que ela se “vinga” com as tais imperfeições de que falava Pascal, para que a humanidade – quem tiver ouvidos que oiça, quem tiver olhos que veja, como disse Cristo – se venha a corrigir e a compreender que contrariar a Natureza é o mesmo que contrariar o Criador e que dominar-se a si mesmo é melhorar “a sua natureza”, não melhorar a Natureza.

 

103 - Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma – Lavoisier.

 Esta frase é uma sentença filosófica que não foi expressa nestes termos por Lavoisier. Lavoisier era químico, e estabeleceu a lei com o seu nome - Lei de Lavoisier: o peso de um composto é igual à soma dos pesos dos seus elementos. A partir desta realidade científica, na época de grande projecção, é que os filósofos da Revolução Francesa, de que Lavoisier foi um dos guilhotinados, elaboraram a sentença acima mencionada. É possível que isso também se tenha reflectido na Teologia, onde se diz que, pela morte, a vida não acaba, apenas se transforma.

 

 

104  - Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza Marquês de Sade - O marquês de Sade é bem conhecido, justa ou injustamente, pela sua personalidade depravada, para a qual pessoas e circunstâncias, a sociedade, conforme diz Rousseau, se encarregou de acentuar. Para mim, a frase é um pouco dúbia. Refere-se à Natureza ou à “sua natureza”? O mais provável é referir-se à “sua natureza” e, então, confessa-se escravo das tendências humanas nada dignas e dos impulsos condenáveis. Nesse caso, a fama que tem é justa, tanto mais que ele parece estar convencido de que, aquilo que ele é, todos o são. Ainda segundo ele, As paixões humanas não passam de meios que a natureza utiliza para atingir os seus fins – parece que pretende desculpar toda a gente das suas paixões por serem inevitáveis.

 

 

105 - A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana - Charles Darwin  - Mas não é a mais nobre. Mais nobre que ter compaixão pelos animais é ter compaixão pelas pessoas. Sei de um caso real em que uma família, querendo agradar a outra, deu um pastel a um cãozinho de luxo, depois de o ter negado a um rapazinho que se mostrara esfomeado e desejoso dele.

 

106  –  Não fazer o mal porque não se conhece o mal, é bonito mas não tem mérito. O mérito estar em não fazer o mal apesar de o conhecer. Não fazer o mal por não o conhecer, é próprio de anjos papudos; não fazer o mal apesar de o conhecer, é próprio de arcanjos com espada de fogo. Meu Deus, desde há sessenta anos que fizeste de mim alguém que suporta risinhos e sarcasmos por ser figura típica de elegância raquítica, mas eu agora quero acreditar que isso é uma maneira de me dizeres que, também por aí, não queres que eu seja simplesmente anjo papudo. 

 

107 – “Antes quero burro que me leve que cavalo que me derrube”. Antes quero velha que me ame que nova que me despreze.  

 

108 – De muitas pessoas se diz que, apesar das suas aparências de espírito proceloso, são pessoas cordatas e amáveis, a questão é saber lidar com elas.

Mas será que alguém tem o direito de exigir que os outros se adaptem à sua maneira de ser, revoltada ou enfastiada, para as “obrigar” a ser amáveis e fraternas, para ser aquilo que deviam sempre ser, e só o são para quem as lisonjeia, por lhes ter descoberto as manias e as idiossincrasias? É obrigação de todo o ser humano ter um mínimo de cordialidade e de atenções para com todos, e não estar à espera de que sejam os outros a tomar a iniciativa de ter essas atenções e cordialidade para com ele e, depois, retribuir duma maneira distante, cerimoniosa e fria.

O burro teimoso que não quer comer palha, também come palha se lha souberem dar, e o seu agradecimento por isso é tão frio e distante que quem lhe soube dar a palha mal se dá conta dele. Sejamos ser humanos, não asininos.

 

109  - Muitas pessoas, quando não têm razão nem justificações verdadeiramente válidas para se defender, inventam subterfúgios, agarram-se a minudências para se desculparem e se defenderem. No entanto, não passam de náufragos aflitos que querem fazer de palitos tábuas de salvação.

 

110 Quando eu morrer, é a vida que me diz provisoriamente adeus, sem que eu possa dizer adeus à vida. Essa continua, para depois me reencontrar. Quem se suicida, não é a vida que lhe diz adeus, é ele que quer dizer adeus à vida, com quem, também se vai reencontrar, mesmo sem querer. Porque a vida já a tínhamos mesmo antes de nascermos. Por isso, bem se pode dizer que no dia em que saímos do ventre da nossa mãe, não nascemos, não iniciamos a nossa vida, continuamos a vida que já tínhamos, vindo agora para este mundo. Vir para este mundo não é verdadeiramente nascer.

 

111 Uma pagela obituária de um amigo meu dizia: ´Só morre quem nunca viveu no coração de alguém. Com isso se quer dizer que ele, o meu amigo, porque foi amado por diversas pessoas, nunca morrerá, pois continuará a viver no pensamento e no coração dessas pessoas.

Eu, porém, prefiro dizer: Só morre quem nunca teve ninguém a morar no seu coração. Quem não morre por continuar a ser recordado e amado por alguém, vive não pelas suas forças anímicas ou espirituais, mas pelas forças de quem o ama e enquanto viver quem o ama. Tem uma vida passiva. Mas quem morre a amar alguém, com esse alguém a morar no seu coração, vive pelas suas forças activas, numa vida própria que o amor que teve no seu coração lhe confere, serena, espiritual, celeste, angélica, divina, eterna…

 Quem é simplesmente amado, encanta-se, rejubila; quem ama sofre e sublima-se.

 

 

 

LAURENTINO SABROSA    Senhora da Hora, Portugal

laurindo.barbosa@gmail.com

 



publicado por Luso-brasileiro às 09:42
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