PAZ - Blogue luso-brasileiro
Terça-feira, 20 de Abril de 2010
Cfd. ALUIZIO DA MATA - ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

                        

 


Nós costumamos criticar o assistido por fazer coisas que fazemos e por
ter o que temos.
Criticamos por ele ter o vício de fumar, mas muitos de nós também
temos esse vício. Costumamos criticar o assistido por ele criar um
cachorro em casa quando nós temos, às vezes, até mais de um em nossa
casa.
Não nos interessa saber se é cachorro de estimação de alguma criança
ou mesmo de algum adulto. Só sabemos que é mais uma despesa para a
Conferência.
Não deixa de ser verdade, mas a maioria de nós possuímos também
animais de estimação. E não achamos que o que gastamos com eles seja
um desperdício.
Há muitas histórias envolvendo cães, considerado o melhor amigo do
homem e um dos mais fiéis. Na televisão e nos jornais, de vez em
quando, vemos notícias contraditórias sobre eles. Umas falam de
animais quer atacaram adultos ou até crianças. Outras nos relatam atos
heróicos dos cães que salvaram alguém, correndo o risco até de morte.
E vocês devem conhecer alguns bem interessantes. Sabemos de casos de
cães que eram alegres e brincalhões e que se entristeceram quando
sentiram que os seus donos haviam morrido.
Cada caso é um caso.
Na minha família, para ficar só no exemplo de casa, sempre tivemos
animais de estimação. Meus filhos e meus netos os têm. Eu, por
exemplo, quando ainda solteiro, tinha uma maritaca que sabia a hora
que eu ia chegar para almoçar e descia do seu poleiro e andava até a
porta por onde eu iria entrar. Ela associava minha chegada ao apito de
uma fábrica que havia perto da minha casa e que soava avisando o
horário do almoço. Eu a pegava colocava-a no ombro e ela só descia
quando eu voltava ao trabalho. Um insano a matou, sem mais nem menos.
Imaginem a minha tristeza.
Tivemos em nossa casa inúmeros cães e cadelas, mas quero contar o caso
de apenas uma. Inicialmente os cães eram cachorros perdigueiros, isto
é, que sabiam caçar perdizes. Isto foi há muito e muito tempo.
Essa, a qual me refiro, era chamada de Diana, uma cadela perdigueira,
talvez a melhor que o meu pai já tivera e a qual ele tratava como se
fosse alguém da família.
Lembro-me de três fatos acontecidos que a envolveram.
No primeiro, meu pai estava caçando com alguns amigos e ele e a Diana
deles se afastaram. Passado algum tempo, os amigos estranharam a
demora da sua volta e ouviram o latido estridente e contínuo da Diana.
Correram seguindo a direção de onde vinham os latidos e acharam meu
pai caído. Ele tinha sofrido um princípio de enfarte. Levaram-no
apressadamente par a camionete e depois para o hospital. Foi o tempo
suficiente para salvá-lo.
De outra feita, estava o mesmo grupo de amigos caçando em outro
município, bem longe de onde moravam.
Por circunstâncias que ninguém sabe, a Diana se perdeu no meio dos
grotões. Todos a procuraram, mas não a acharam e nem ouviram os seus
latidos. Depois de muitas horas de procura em campos e grotões
vasculhados, resolveram ir embora, contra a vontade do meu pai. Foi a
primeira vez que vimos lágrimas nos olhos dele por causa da Diana.
Umas semanas depois, eis que a Diana aparece em nossa casa, magérrima,
toda ferida, sedenta, mas balançando o rabo de alegria de rever a sua
gente. Foi a segunda vez que vimos lágrimas nos olhos do meu pai, por
causa daquela cadela de estimação.
A Diana era de uma docilidade difícil de acreditar que existisse.
Eu, irmão do meio, e mais seis meninos e meninas “pintávamos e
bordávamos” com ela. Ela era o “cavalinho” dos irmãos menores. Os
maiores brincavam de lutar com ela, rolando no chão do quintal.
Um dia ela teve uma briga com um cachorro que apareceu lá pelas bandas
da nossa casa. E ela for mordida. Onde morávamos não havia vacinas de
prevenção contra a raiva. Passados alguns dias ela começou a ficar
estranha, rosnava por qualquer coisa, negava-se a beber água. Começou
a babar. Meu pai não teve dúvidas de que ela estivesse hidrófoba e
tentou de tudo para tratar dela, mas não houve jeito.
Ele, então, teve que tomar a decisão que acho ter sido a mais dolorosa
de sua vida. Levou-a para bem longe da nossa casa e a matou com um
tiro de espingarda. Ele não aquentava vê-la sofrer tanto. Foi a
terceira vez que vimos meu pai chorar.
De uma coisa tenho certeza: o animal que é amigo é amigo de fato. Quem
dera que todos os racionais fossem assim também.
Da próxima vez que você for visitar o seu assistido, não implique com
os animais que lá encontrar, pois podem ser a maritaca ou a Diana que
o faz feliz. E, quem sabe, a única alegria que ele tenha seja seu
animal de estimação!
Teremos direito de negar isso a ele?

 

ALUIZIO DA MATA - Vicentino, Sete Lagoas, Brasil



publicado por Luso-brasileiro às 19:28
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