Celebrado desde 1960 em todo o Brasil, o Dia da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Porém nem sempre tem sido assim. Neste dia 20 de Novembro passado notamos que alguns estados e/ou grandes cidades do País, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro comemoram a data com feriado. Aqui em nossa cidade, por exemplo, a data passou despercebida. Nenhuma comemoração ou evento programado para celebrar o dia. E,segundo apuramos, no Estado da Bahia foi assim. E olhe que as estatísticas sobre a população, fornecidas por órgãos oficiais apontam nosso estado como o que tem ao maior contingente de negros em sua população. E Salvador é considerada a capital mais negra do Brasil, sendo que aqui na Bahia esta percentagem chega aos 70%. E no Brasil a população de afro-descendentes é igual, ou maior, que o contingente considerado branco. No entanto em termos de participação na formação na vida nacional – poder político, grandes decisões e força dirigente, a participação do negro é muito aquém do que seria o desejado e necessário. Por que acontece assim
Para responder a esta indagação devemos retroceder no início das histórias – brasileira e norte americana – onde verificaremos onde estão as diferenças.
A Princesa Isabel, regente enquanto o Imperador D. Pedro II viajava pela Europa, em 13 de Maio de 1988, decretou:: Art. 1º - Está extinta a Escravidão no Brasil. Art. 2º - Revogam-se a disposições
Dessa forma aquela população, que concorreu com suor, sangue e suas lágrimas, na formação da nacionalidade brasileira foi relegada a uma semi-escravidão. Alguns, embora libertos, permaneceram junto aos seus senhores, sendo por estes explorados. Enquanto que outros, em sua grande maioria, foram jogados nas periferias dos quilombos e na marginalidade, permanecendo, dessa forma na pobreza indefinidamente. .
Enquanto isso, a abolição da escravatura na grande nação do norte, ato que desencadeou uma sangrenta guerra civil entre o norte e o sul – a decantada e famosa Guerra da Secessão –após findo o conflito, a população de ex-escravos foi tratada como seres humanos. Em primeiro lugar os americanos, com o poder que já exerciam à época, criaram uma nova nação em África – a Libéria – para encaminhar os negros que quisessem retornar às suas origens. E aos que permaneceram no país foram-lhes doadas terras apropriadas ao cultivo e recursos para iniciarem, já nos primeiros momentos, uma atividade produtiva.
Entendemos que talvez esteja aí a geratriz das diferenças e o porquê de a população negra do Brasil não ter prosperado no mesmo nível da considerada população branca.
Atualmente, ou de uns anos para cá, uma série de políticas institucionais são incrementadas visando diminuir estas diferenças entre etnias. Como, por exemplos, quotas para acesso ao ensino superior e maior abertura com obrigação de as empresas inserirem negros em seus quadros. E outras medidas compensatórias numa clara confissão pública de culpa da sociedade dominante brasileira, que finalmente reconhece a importância deste contingente majoritário para a formação de uma nação consciente de suas origens e de seu importante papel no concerto universal.
VINICIUS LENA -- Jornalista - Editor do jornal Nova Fronteira de Barreiras BA. Membro efetivo da Academia Barreirense de Letras. Livros publicados: "Traçando Barreiras" Histórica (). No prelo: "Pequenas Histórias" - Contos, e "Reflexos" (Poesias)
OS MEUS LINKS