Estou publicando neste mês de dezembro, pela Editora Artpress, de São Paulo, um livro intitulado “Dom Luiz na Grande Guerra: aventuras, desventuras e conjecturas de um Príncipe brasileiro”.
Tinha 11 anos quando a proclamação da República determinou a partida da Família Imperial para o exílio. Recebeu formação na Academia Militar de Viena e destacou-se desde muito jovem como intelectual e autor de livros que lhe garantiram considerável prestígio nos meios cultos europeus e brasileiros. Viajou pelo mundo inteiro, escalou os Alpes, os Andes e picos nevados do Himalaia. Foi testemunha presencial da Guerra dos Boers, na África do Sul.
Entre 1908 e 1914 desenvolveu intensa campanha pela restauração monárquica no Brasil, atuando por meio de uma rede de correspondência e divulgando manifestos políticos. Enquanto viveu, a República brasileira não se sentiu segura. Somente depois de sua morte é que foi revogada a Lei do Banimento e os descendentes de D. Pedro II puderam retornar ao Brasil.
Na Primeira Guerra Mundial, alistou-se como voluntário, combatendo pelos Aliados, e foi condecorado por heroísmo, pelos governos da França, da Inglaterra e da Bélgica. O inverno de 1914-1915, passado nos campos de batalha gelados, lhe produziu uma doença gravíssima de natureza reumática. Afastado da luta ativa e impossibilitado de caminhar, passou os últimos anos de vida lutando contra a enfermidade e tentando recuperar-se, até que a morte o levou em 1920, com apenas 42 anos de idade.
Durante o período em que combateu, redigiu um diário de guerra. Depois de afastado dos combates, continuou escrevendo e analisando os acontecimentos políticos, militares e sociais. Seus escritos, que muitas vezes eram reproduzidos por órgãos da imprensa europeia e brasileira, permitem aquilatar como via e julgava a Guerra, do ponto de vista militar e político, e como previa o mundo do pós-Guerra.
No centenário do seu falecimento, pareceu-me oportuno recordar a figura histórica esquecida, mas tão cheia de lições para os nossos tempos, desse personagem fascinante que passou para a História como “o Príncipe Perfeito”. Foi por isso que me decidi a dar os retoques finais num texto já escrito há vários anos, adequando-o para publicação em forma de livro. O seu mérito, se é que o tem, resulta do fato de se basear quase exclusivamente em documentação primária, a partir de fontes documentais nunca publicadas. Além do seu diário de guerra, cerca de 800 cartas enviadas ou recebidas por D. Luiz foram consultadas, na maior parte nos arquivos da Casa Imperial do Brasil (da qual é Chefe atualmente o neto e homônimo de D. Luiz), mas também no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, na Unicamp e no Instituto D. Isabel I.
As numerosas citações que fiz, dessa abundante correspondência, permitem não somente contextualizar os fatos narrados, mas também penetrar, por assim dizer, na intimidade do Conde d´Eu, da Princesa Isabel, dos seus filhos e do círculo de suas relações sociais e políticas.
Informou-me hoje a Editora que o livro já está sendo impresso na gráfica, e os interessados em adquiri-lo podem solicitá-lo à Livraria Petrus (pelo telefone 11-3331-4522, ou pelo site www.livrariapetrus.com.br). O preço do exemplar – informou também a editora, será de R$ 46,50.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS - é licenciado em História e em Filosofia, doutor na área de Filosofia e Letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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