Iniciou seus estudos em Taubaté e depois parece ter hesitado um pouco quanto à carreira a seguir. Pensou inicialmente em ser advogado, depois em seguir o curso de Farmácia. Mas acabou sentindo-se vocacionado para a vida sacerdotal e ingressou no Seminário Diocesano de S. Paulo.
Recebeu a ordenação sacerdotal em 1892. Depois de breve permanência em Jaú, como coadjutor, foi encarregado de assumir a nascente paróquia de Santa Cecília, na capital. Conseguiu levantar doações para construir a igreja de Santa Cecília e a ornou primorosamente, com os afrescos de Benedito Calixto ainda hoje bem conservados.
Uma curiosidade: o primeiro endereço oficial dessa igreja: Estrada de Campinas, número tanto. É incrível, mas naquele tempo ali já era zona rural, já se estava na estrada de Campinas... Na frente da matriz principiava a famosa alameda de palmeiras (atual Rua das Palmeiras) que conduzia ao Palacete de D. Angélica de Barros, situado na atual confluência da Av. Angélica com a Alameda Barros.
Respeitado como sacerdote culto e refinado, Pe. Duarte lecionou no Seminário e teve seu nome indicado para o Cabido diocesano. Entre outras obras, publicou em 1903 a “Concordância dos Santos Evangelhos ou os quatro Evangelhos reunidos num só”, obra muito bem articulada e que é considerada, internacionalmente, uma das melhores tentativas já feitas de unificação dos quatro Evangelhos.
Aos 37 anos foi nomeado Bispo de Curitiba, com jurisdição, nos Estados de Paraná e Santa Catarina. Lá esteve apenas dois anos, com muita atividade, sendo já no final de 1906 indicado para substituir, na Sé de São Paulo, o Bispo D. José de Camargo Barros, que falecera no naufrágio do navio Sírio, ocorrido a 4 de agosto de 1906 nas costas da Espanha. Uma gigantesca tela de Benedito Calixto, conservada no Museu de Arte Sacra de São Paulo registra o dramático naufrágio.
Ainda outra curiosidade: em 1924, quando foi criada a Diocese de Santos, desmembrada da Arquidiocese de S. Paulo, D. Duarte, já idoso e com problemas de saúde relacionados com a pressão arterial, conseguiu que o Vaticano instituísse um novo enclave da Arquidiocese de São Paulo dentro da nascente diocese de Santos: era uma chácara que possuía à beira-mar, onde lhe fazia bem passar longas temporadas. Chamava-se Vila Betânia. Era de lá que governava a Arquidiocese de São Paulo. O Direito Canônico exigia que o Bispo residisse dentro do território da sua circunscrição eclesiástica. Passando a maior parte do ano na Vila Betânia, D. Duarte não estava fora da Arquidiocese de São Paulo...
Quando foram criadas as 5 dioceses novas, em 1908, D. Duarte tomou uma atitude que lhe pareceu correta e era, de fato, inteiramente razoável, mas que com o tempo se revelou prejudicial. Ele desmembrou os arquivos eclesiásticos históricos de São Paulo e mandou para cada novo bispo todos os arquivos paroquiais antigos, das respectivas áreas. Supunha que os demais bispos e os respectivos sucessores teriam, com esses arquivos, o mesmo cuidado que ele tinha em S. Paulo... Mas nem todos tiveram, e os genealogistas paulistas até hoje lamentam a decisão de D. Duarte, que teve como consequência a dispersão dos arquivos, e a deterioração de muitos deles.
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS, é jornalista profissional e historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
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