PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sábado, 28 de Abril de 2018
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - BENTANÁS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cinthya Nunes Vieira da Silva.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Quando adotamos o gatinho preto que achamos na rua no último dia do ano, o nome adotado foi Bento. Como alguns dias antes tínhamos achado um outro gatinho preto que logo ganhou no nome de Benedito, em homenagem ao Santo, achamos que Bento seria uma boa opção, mais porque combinava com o outro nome e porque desconfiamos que ambos fossem irmãos.

            Conforme já contei nesse espaço, tentamos doa-lo de todas as formas, mas, diante da ausência de interessados, ele acabou indo morar em casa mesmo, aumentando para 4 o número de felinos residentes. Nem de longe era o idealizado, mas foi o que acabou acontecendo.

            De início, como era bem filhote, o gatinho comportou-se de acordo com o nome de Batismo. Dócil, alegre, mansinho. Descobrimos que ele é praticamente surdo, ouvindo o mínimo possível. Talvez o silêncio no qual ele viva contribua para ele se comunicar de forma diversa, já que praticamente não mia. E assim a rotina da casa prosseguia sem maiores alterações.

            Com certa de duas semanas de chegado a nossa casa, ele mostrou um apetite extremamente voraz. Difícil até mesmo de acreditar que ele fosse capaz, sendo tão magrinho e pequeno, de comer aquela incrível quantidade de comida. Todas as semanas tínhamos que correr para repor o estoque de sachês e de ração. Era quase como se tivéssemos colocado mais três gatos em casa e todos famintos.

            O resultado de tanta fome, para além de caixas de areia que precisavam ser limpas várias vezes ao dia, foi que a criaturinha, em pouquíssimo tempo praticamente dobrou de tamanho e, para nosso pânico, adquiriu uma agilidade e uma energia até então não constatada por nós no comportamento das outras três gatas.

            Comentando sobre isso com uma amiga que tem gatos ouvi dela a simples, lógica e assustadora explicação para o “fenômeno”: _ ah, é porque é macho!

            Na hora eu falei: _ Mas como assim? Tanta gente tem gatos machos que são tranquilos... Logo esse meu, que se chama Bento?

            Segundo pesquisei, no que espero estar certa, esse comportamento é mais predominante nos machos adolescentes. Ele já está castrado e atualmente com seis meses. Embora seja manso, é como se diz por aí, “atentado”. Corre como um louco, se joga dos lugares mais improváveis, derruba coisas que estão sobre a mesa ou mesmo sobre a geladeira, corre atrás das gatas e até do cachorro, cujo rabo ele elegeu como brinquedo. Não bastasse isso, desenterra vasos, morde plantas e se enfia na minha bolsa para de lá sair em desabalada carreira com meus fones de ouvido ou elásticos de cabelo.

            De toda forma, é, no fim das contas, uma fonte de risadas, já que cada dia promete uma nova aventura. Quando se cansa, permite ser pego e acariciado até dormir, quase sempre encostado a nós. Não me arrependo nem por um segundo de tê-lo salvo do abandono das ruas, mas, se fosse hoje, soubesse eu do que sei, teria lhe dado outro nome...

 

 

 

 

 

CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada,professora universitária, membro da Academia Linense de Letras e escritora.  São Paulo.



publicado por Luso-brasileiro às 15:11
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Julho 2024

Maio 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links