Dia desses vi minha vizinha varrendo não apenas a calçada, mas também uma boa parte da rua e após cumprimenta-la, aproveitei para fazer um elogio pela iniciativa. Meio sem graça, ela agradeceu e falou que fazia isso também porque tinha interesse nas folhas secas, já que tinha uma composteira. Fiz uma cara de conteúdo e falei: “ah, que legal”. Disse tchau e fui tratar das minhas coisas, mas fiquei com aquela informação na cabeça.
Eu já tinha lido sobre compostagem, mas não fazia exatamente ideia de como era uma composteira e, curiosa que sou, tratei de fazer uma pesquisa na internet. Alguns dias depois e lá estava eu buscando minha própria composteira, bem como uma porção “macarrônica” de minhocas.
Após ter lido sobre os benefícios da compostagem, fiquei convencida de que era essencial ter a minha própria. Adquiri uma para uma família de duas a três pessoas, já que a achei que a de duas pessoas era muito acanhada. Formada por quatro caixas de plástico, havendo uma pequena torneira na última, a composteira funciona à base de lixo orgânico e minhocas.
Segundo o vendedor, eu recebi cerca de trezentas minhocas com meu kit, mas é claro que eu não as contei, mas a imagem era de uma bela e viva macarronada ao molho de húmus. De acordo com as instruções, os anelídeos formam colocados na primeira das caixas, sendo cobertos com folhas secas grosseiramente picadas e cascas de frutos e restos de vegetais. A partir daí compete às minhocas o trabalho de comer, comer e comer o quanto forem capazes.
Assim que a caixa um for enchendo, devo pegar um punhado de minhocas e colocar na caixa dois, repetindo o procedimento. Igualmente com a terceira caixa. Em torno de um mês, aproximadamente, devo começar a recolher, através da torneira alocada na caixa quatro, na qual não irão minhocas, o chorume, liquido que resulta da compostagem, da digestão das minhocas. Esse líquido é um rico adubo e poderá ser usado em meus vasos de flores, hortaliças, frutas e legumes.
Com a compostagem, passarei a aproveitar muito do que jogava fora e ainda vou sair no lucro com meu próprio adubo orgânico. Embora eu já usasse as folhas que caiam no quintal, colocando-as nos meus vasos, era complicado colocar cascas ou restos de frutas, pois atraiam muitas moscas drosophilas.
Além de me sentir bem por estar colaborando com o meio ambiente, eu também agi motivada por outro fator: o de amar a fauna minúscula! Não me canso, assim, de espiar minhas minhocas trabalhadoras gulosas e silenciosas, da mesma forma como fazia isso quando era criança, procurando incessantemente por elas sempre que mexia na terra ou levantava um vaso. Agora tenho trezentas (ou não, rs) e todas para mim!
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
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