Podem me chamar de brega se quiserem, mas gosto muito das letras das músicas do Roberto Carlos, das composições mais antigas dele. Até seria difícil ser diferente, já que era uma trilha sonora constante na minha casa, fãs que meus pais ainda o são.
De todas elas as letras, sempre me vem à mente “Emoções”. Talvez porque eu mesma seja um turbilhão delas ou talvez porque eu acredite que sem emoção a vida não vale ser vivida.
É claro que todos temos o idílico sonho de uma vida apenas de boas emoções, de momentos felizes. Por óbvio isso é impossível. Primeiro porque as emoções não são apenas boas ou ruins, mas muitas são um pouco de cada, tudo junto e misturado. O próprio chegar a esse mundo é um momento de dor, mas que também é de alegria, alegria que o recém- nascido não reconhece de início, contudo.
Penso que a própria existência humana é emocional. Impossível não termos sido fruto do amor, ainda que tenhamos desvirtuado nosso caminho. Vivemos pelas emoções, pelo prazer, pela busca da felicidade, pelo direito de sentir tudo o que desejamos. As emoções, mesmo as piores, como a inveja ou a raiva, impulsionaram o progresso da humanidade e permitiram que outras pessoas usufruíssem das melhores emoções, como se saber imunizado ou curado de alguma doença, por exemplo.
Fico pensando, de minha parte, em todas as emoções que já vivi, nas boas, nas não tão boas e nas tristes. Tenho a esperança de viver ainda muitas alegrias, mas sei que o futuro, naturalmente, reserva-me emoções dolorosas, aquelas que temos quando perdemos alguém que amamos. Não há como me preparar para elas, mas apenas me permitir viver ao máximo os momentos felizes, para fazer que os difíceis sejam suportáveis...
Por outro lado, conheço muitas pessoas que vivem como se economizassem emoções, como se houvesse um banco para isso, como se fosse possível a eternidade. Não dá para deixar os sorrisos para depois, os abraços e beijos para outra hora, pois a alegria não admite ser deixada de lado. Felizmente, é possível adiar algumas dores, alguma espécie de sofrimento, como aquilo que vem de nossa própria alma ou coração. Quando for inevitável sofrer, que seja inevitável e nada mais.
Gosto de saber que em mim, como em todas as pessoas, há a semente de todas as emoções. Bom saber que é possível domesticar algumas, que se pode ser dominado por outras, que a dor pode ser prazer, que a lágrima pode ser de alegria, que o medo pode ser sobrevivência, que a raiva pode ser passageira e que a mágoa pode ser esquecida...
Seja como for, se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi...
CINTHYA NUNES VIEIRA DA SILVA - Advogada, mestra em Direito, professora universitária e escritora - São Paulo.
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