PAZ - Blogue luso-brasileiro
Quinta-feira, 29 de Maio de 2014
FELIPE AQUINO - AS BÊNÇÃOS DE UMA FAMÍLIA NUMEROSA

 

 

 

 

 

 

 

Eu nasci numa família de nove irmãos. Perto da minha casa, morava um tio, que tinha quinze filhos. Um pouco mais longe, morava o senhor Guatura com seus 24 filhos e mais um adotivo. Era assim há uns cinquenta anos. E que festa era! Faltava bola para jogarmos futebol no quintal; então, fazíamos bolas de pano.

 

No aniversário de cada filho, bastava convidar os primos para a casa já ficar cheia. Minha mãe fazia um delicioso “pão de ló” coberto com suspiro. Era o manjar dos deuses! Cada um tinha o direito – só naquele dia – de tomar um guaraná “caçula”. Para acabar devagar, pedíamos ao papai para fazer um furinho na tampa. Que tempo bom!

 

 

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Não tínhamos quase nada, só um rádio. Não havia TV, internet, fogão a gás, geladeira, batedeira, freezer, nem micro-ondas, mas não nos faltava nada, havia muitos irmãos e muito amor.

 

É por isso que o Catecismo da Igreja diz que “a Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem, nas famílias numerosas, um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais” (n.2373). E ainda: “O filho não é algo devido, mas um dom. O “dom mais excelente do matrimônio” e uma pessoa humana’” (n. 2378).

 

Ora, se Deus diz, pela boca da Sua Igreja, que “os filhos são o dom mais excelente do matrimônio”, então, dentro dessa lógica, quanto mais filhos melhor. Ninguém rejeita um dom de Deus, certo? Nunca vi alguém rejeitar um presente. É por isso que, no altar, o padre pergunta aos noivos: “Prometem receber os filhos que Deus lhes enviar, educando-os na fé de Cristo e da Igreja”?

 

Bem, sabemos que o mundo mudou muito nesses cinquenta anos. A vida ficou mais cara e os pais têm mais dificuldades para criar e educar os filhos. Mas não há justificativa para irmos ao outro extremo, pois há muitos casais que já não querem ter filhos ou adiam o nascimento destes por muitos motivos.

 

Todos os países da Europa já estão com a população diminuindo, e muitos deles fazendo fortes campanhas para aumentar a natalidade. O Japão, por exemplo, está investindo três bilhões de ienes para fomentar o nascimento de mais crianças.

 

O Brasil tem somente 20 pessoas por km2, enquanto o Japão tem 330; dezesseis vezes mais. E eles querem aumentar a população, pois esta está envelhecendo. E o Brasil quer diminuí-la.

 

 

 

 

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A Igreja ensina que cada casal deve viver segundo a “paternidade responsável”, isto é, deve ter todos os filhos que puder criar adequadamente. O critério de natalidade não deve ser o egoísmo, o medo ou o comodismo, mas o amor a Deus e ao filho, “o dom mais excelente do matrimônio”. Num casal cristão não pode faltar “a fé que move montanhas”. A Bíblia diz que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6) e que o “justo vive pela fé” (Rom 1,17, Hab 2,4). Hoje faltam filhos porque falta fé.

 

Quanto maior uma família tanto mais alegria há nela. Como é gostoso, nos fins de semana, os cinco filhos, o genro e as quatro noras, mais os onze netos! É uma festa que não tem preço! É claro que tudo isso custou caro, muito trabalho, suor e lágrimas. Mas é uma festa contínua. Só quem dela participa sabe o seu significado.

 

Nós damos valor a uma família grande sobretudo na hora da dor e do sofrimento, quando todos se juntam para ajudar aquele que sofre. Como foi bom ver meus filhos e noras acompanhando, todos os dias, em revezamento, a minha esposa no hospital, em São Paulo, em um mês de internação, antes de Deus a chamar! Como é bom compartilhar as alegrias e as lágrimas com aqueles que têm o nosso sangue!

 

Portanto, mesmo com as dificuldades da vida moderna, o casal deve, na fé, não negar a Deus os filhos que puder ter. Afinal, o Catecismo diz que “os pais devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas” (n.2222).

 

A maior glória que podemos dar ao Senhor é gerar um filho, pois nada neste mundo é tão grande e belo quanto ele. A nossa liturgia reza que “tudo o que criastes proclama o Vosso louvor”. Pode a criação dar mais glória a Deus do que quando surge uma vida humana? Um cientista disse que “o Cosmos chorou quando viu o homem surgir”.

 

Infelizmente, caiu sobre o mundo todo um pavor estranho, um medo enorme de ter filhos; mas o casal cristão não deve se deixar levar pelo pânico de muitos ecologistas exagerados e de outros catastrofistas de plantão.

 

 

 

 

FELIPE AQUINO   -  Escritor católico. Prof. Doutor da Universidade de Lorena. Membro da Renovação Carismática Católica.



publicado por Luso-brasileiro às 10:53
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