PAZ - Blogue luso-brasileiro
Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2015
FRANCISCO VIANNA - RECESSÃO SE APROFUNDA NA VENEZUELA

  

 

  

 

 

 

 

El presidente Nicolás Maduro durante la rueda de prensa del martes en el Palacio de Miraflores.

 

                    O Banco Central da Venezuela confirmou oficialmente aquilo que todos os mercados já sabiam, que a economia do pais sob o tacão do “socialismo do século XXI” mergulhou numa recessão profunda ao longo deste ano. O documento, ao invés de tentar explicar as causas económicas da situação caótica em que se encontra o país sulamericano, preferir culpar os adversários políticos do governo socialista de Nicolás Maduro por terem se dedicado a “sabotar a atividade econômica”...

 

clip_image001[2].jpg

 

O Presidente Nicolás Maduro durante a rodada de imprensa da terça feira de ontem no Palácio Miraflores. (Foto de arquivo EFE)

 

                   Com uma contração de 2,3 por cento do PIB registrado apenas no terceiro trimestre de 2014, a economia venezuelana, o Banco Central da Venezuela afirmou que o relatório é o primeiro oficial sobre o desempenho econômico do país ao longo do ano que termina. No segundo trimestre desse ano a queda foi de 4,9 por cento, logo após registrar uma contração de 4,8 por cento nos três primeiros meses do ano. Conforme os parâmetros internacionais mais usuais, com dois trimestres contínuos registrando quedas no PIB, o país já é considerado em recessão econômica.

                    A contração ocorre enquanto so preços internacionais do petróleo caem de forma constante, já sendo cotados em torno de 46 dólares o barril. Com isso a Venezuela fecha o ano com uma inflação acunulada de 63% anual e é o segundo país do mundo com as maiores taxas de homicídio no ano que se finda.

 

clip_image003[2].jpg

 

 Enquanto isso, o líder oposicionista Capriles aceita a convocação de Maduro para explicar como conseguiu comprar       em Nova Iorque um apartamento no valor de 5 milhões de dólares.   

 

                     A Venezuela praticamente não produz quase nada pelo fato de ter sido submetida por muitos anos a ideia de que o petróleo que tem seria o suficiente para prover todas as necessidades de seu povo.  

As necessidades da população fortemente dependente do petróleo consomem 96 por cento de toda a renda que o país consegue auferir de todas as suas exportações petrolíferas.

                 Como a queda dos preços internacionais ocorre numa hora em que a Venezuela enfrenta uma inflação galopante e severos problemas de escassez e desabastecimento de produtos básicos para a sua população, e o fato da contração econômica ocorrer em meio a um contexto de aceleração de aumento de preços, os analistas estimam que a Venezuela entrou num ciclo de “estagflação”, que implica contração econômica e inflação alta.

                Seria se esperar que o Presidente Maduro anunciasse ontem algumas medidas econômicas, e de política monetária, recomendadas por analistas para reverter essa situação, entre elas a desvalorização do “Bolívar” e o aumento do preço da gasolina que é a mais barata do mundo. No entanto, depois de uma verborragia inútil que levou varias horas consumindo a paciência dos ouvintes, quase ininterruptamente numa entrevista de imprensa, o mandatário apenas apresentou algumas metas de seu “programa de recuperação econômica” para 2015, sem anunciar qualquer medida concreta imediata.

                 “Estou convencido de que o ano de 2015 será o ano da ‘grande mudança’ do modelo econômico”, assegurou Maduro, que deixou para depois do fim de ano as medidas na política cambial. Maduro disse aos jornalistas que “parece haver uma recuperação da dinâmica de crescimento, e talvez possamos ter a possibilidade de controle dessa inflação induzida”, que é esperada chegar a 64% em 2014, em termos oficiais. No câmbio negro, a inflação já supera os 110 por cento.

                 “Já desde o segundo trimestre estávamos em recessão. Dois trimestres consecutivos de queda na economia já é tecnicamente uma recessão”, afirmou o economista José Guerra, ex-gerente de Investigações Econômicas do BCV. Por outro lado, essa expectativa inflacionária de 64% será a más alta taxa de inflação desde 1996, segundo a consultoria Ecoanalítica.

                  A Venezuela, ao longo de 2014 viu secar sua reserva de moedas fortes graças aos pagamentos de armamentos das compras feitas por Chávez à Rússia e outros itens bélicos adquiridos inclusive do Brasil.Com isso a importação caiu em 12,3 por cento no já reduzidíssimo setor privado, e a queda do preço do petróleo fez o resto do estrago criando uma forte escassez de alimentos e medicamentos, entre outros itens. A queda dos preços de petróleo reduziu em menos de meio ano à metade a renda do país com a exportação da mercadoria, que também diminuiu em volume.

                  Maduro, com a cara de pau que Deus lhe deu, alegou que com a queda do preço do barril de petróleo que está em $46.77 dólares o barril, mas tudo não passa de uma “estratégia da elite dos EUA para destruir a OPEP e golpear outras economias, como a da Rússia, a do Irã e a da própria Venezuela”.

                 Os maus resultados econômicos afetam a popularidade de Maduro – que beira os 24 por cento – e ameaçam a possibilidade de que o chavezismo vença as eleições parlamentares que devem se realizar em 2015. Maduro e aliados asseguram que a oposição venezuelana e interesses estadunidenses e colombianos têm dirigido uma “guerra econômica” que – afirma – aspira destruir a economia da Venezuela. Ou seja, os maus resultados dos socialistas são sempre atribuídos aos outros, nunca à própria incompetência ou insustentabilidade do sistema.

                 A complicada situação econômica do “bolivarianismo” fez com que o governo impedisse a divulgação dos indicadores como a taxa de inflação, o PIB e a balança de pagamentos, levantando entre a oposição dúvidas sobre a autonomia do Banco Central frente ao executivo e denunciando a ingerência de Havana no governo venezuelano. O Banco Mundial qualificou as medidas de Caracas como práticas ultrapassadas.

                 Recentemente, a agência de graduação financeira FITCH baixou de forma severa a qualificação de solvência da Venezuela, de “B” para “CCC”, uma gradação destinada aos países nos quais o calote é uma “possibilidade real e iminente”. A Venezuela deverá enfrentar, pelo menos, o vencimento de $10 bilhões de dólares de sua dívida externa em 2015.

 

(da mídia internacional)

 Quarta feira, 31 de dezembro de 2014

 

 

 

 

FRANCISCO VIANNA - Médico, comentador político e jornalista - Jacarei, Brasil.

 



publicado por Luso-brasileiro às 16:09
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
arquivos

Julho 2024

Maio 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

favoritos

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINEL...

pesquisar
 
links