Está chegando o Natal e, com ele, nos é oferecido um momento especial para refletir novamente sobre o significado desta data e principalmente, afastarmos o risco da perda do sentido do sagrado em nossas relações. O seu clima envolve as criaturas sobretudo num clamor de poesia e ternura, singeleza e encanto, fazendo renascer sentimentos de sincera humanidade, de compreensão e de compaixão, alimentando a confiança mútua. Os sorrisos afloram com mais facilidade e as armaduras construídas na dura batalha cotidiana parecem menos impenetráveis, talvez em sinal de reverência, mesmo que inconsciente, a um Deus que se fez homem, para assumir o mundo. E cada indivíduo assume a comemoração toda vez que com um gesto de fraternidade, um apelo à justiça, um abraço de perdão, permite que Jesus nasça em seu coração.
Assim, a inclusão social se mostra como a grande solução para uma situação tão desigual como a de nossos dias. Por isso, não podemos mais apostar em atitudes meramente paternalistas, mas sim na mobilização de todos os setores. É imperioso que se multipliquem as ações sociais. Todavia, isso só se tornará realidade quando, dentro de nós mesmos, o individualismo for substituído pelo amor sincero ao próximo. Somente a solidez dessa conduta capacita os indivíduos a resistir aos apelos fáceis e as tentações do mundo moderno. E essa mesma firmeza é que cria o respeito e o entendimento entre os indivíduos, sendo que o compromisso com o bem comum vai se traduzindo no esforço constante de se promover o ser humano.
Por outro lado, vivemos num país com sérios problemas e que passivamente acompanha o aumento da concentração de renda em plena crise econômica, o que nos deixa diante de um grande desafio, alcançarmos um crescimento econômico desenvolvimentista, voltada à população, com políticas consistentes e efetivamente canalizadas para a preservação da qualidade de vida, emprego e renda.
A insensibilidade e a busca do sentido da vida no consumo de bens supérfluos desumanizam e trazem sérias consequências morais e existenciais. Numa época na qual os padrões dominantes privilegiam o ter em detrimento do ser, faz-se necessário traçarmos um novo horizonte para o amanhã, com a asseveração de princípios básicos como a solidariedade. Ou seja, o Brasil e o mundo em geral precisam de pessoas que se preocupam umas com as outras.
Dia do Vizinho
Desde o ano de 1985 é comemorado a 23 de dezembro o DIA DO VIZINHO, criado pela Federação das Mulheres Paulistas, em homenagem à grande poetisa goiana Cora Carolina, que durante toda a sua vida lutou pela humanização do convívio entre as pessoas. De fato, seus poemas, com mensagens positivas, têm um objetivo específico: atingir a sensibilidade humana e levar os homens a se unirem numa relação de paz e fraternidade.
Tanto que ela mesma, antevendo a celebração, em mensagem escrita anteriormente, conclamou os brasileiros a fim de que atentem para a importância dessa solenidade, finalizando-a com esta profecia: “Cumpro o dever milenar de semear. Lançar a semente. Antevejo o Dia do Vizinho comemorado festivamente, estreitando laços de fraternidade, cortesia, nobreza, num apelo para melhor entendimento e vivência entre as criaturas. Esta mensagem procura tua sensibilidade. Toma para ti seu conteúdo fraterno, é uma oferta humilde. Aceita para ti e para os teus o Dia do Vizinho. Comemora-o. Dê-se a ele espontaneamente. Faça dele teu dia fraternal, teu dia feliz”.
Sugestões de presentes para o Natal:
“Para seu inimigo, perdão/ Para um oponente, tolerância/Para um amigo, seu coração/ Para um cliente, serviço/ Para tudo, caridade/ Para toda criança, um exemplo bom/ Para você, respeito” (Oren Arnold)
Breve reflexão
Mais do que nunca importa sermos solidários, sem qualquer sentimento de superioridade. O acolhimento é uma atitude fundamental na atualidade (J.C. Martinelli).
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)
OS MEUS LINKS