Celebra-se a 30 de abril, o Dia do Ferroviário já que nessa data em 1854, inaugurou-se a primeira linha ferroviária do Brasil, numa viagem que contou com a presença do imperador dom Pedro 2º e de sua mulher, Tereza Cristina. Era a Estrada de Ferro Petrópolis, que tinha aproximadamente quatorze quilômetros de trilhos, ligando o Rio de Janeiro a Raiz da Serra, na direção da cidade que a batizou. Consolidou-se em cima de um projeto e do empreendimento de Irineu Evangelista de Sousa, que por sua iniciativa, recebeu o título de Barão de Mauá. Por ocasião dessa celebração, sempre destacamos que a nossa cidade foi extremamente importante na área.
Com efeito, além da “Estrada de Ferro Santos-Jundiaí”, que conduzia exportações de diversas localidades ao maior porto brasileiro, foi instalada na cidade de Jundiaí-SP uma sede administrativa muito grande da “Cia. Paulista de Estradas de Ferro”, de origem inglesa, empregando muita gente e influenciando sobremaneira na consolidação de inúmeros de seus aspectos sociais, esportivos e culturais, entre os quais, o Grêmio CP (um dos clubes de manifesta projeção), o Paulista Futebol Clube e o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa.
Até a junção de todas as empresas a formarem a FEPASA, trabalhar na “Paulista” era motivo de muito orgulho e indicava que o seu funcionário era um “bom partido” para casamento, pois subtendia estar estável e ganhar relativamente bem. Outro ponto inesquecível: recordo-me quando criança que minha mãe às vezes acertava o relógio com a passagem do trem que víamos pelo quintal, dada precisão de horário de suas saídas e chegadas.
Dá muita saudade das viagens e passeios que fazíamos. Eram sensações incríveis e momentos prazerosos. E os funcionários das empresas ferroviárias faziam de tudo para preservar as linhas de percurso e a segurança dos passageiros. Efetivamente a ferrovia é um dos meios de transporte mais românticos, sentimentais, bonitos, eficientes e econômicos do mundo e em nosso país, ao contrário, apesar de toda a tradição que tínhamos da tecnologia europeia que aqui foi estabelecida por seus melhores técnicos, acabamos por abandoná-la.
Há contra ela atualmente vários lobbies: o das companhias aéreas, o das transportadoras por caminhão, o das empresas de petróleo, o dos fabricantes de veículos. Apesar de não se lhe outorgar o valor merecido na atualidade em nosso país, ela tem presença significativa no progresso nacional, sendo que os ferroviários eram muito respeitados e devem ser permanentemente reverenciados, mesmo com o enfraquecimento da categoria pelo muito que fizeram pela Nação.
E ainda temos esperanças e torcemos para que as glórias do passado dos trens no Brasil não sejam apenas boas lembranças a cultivarem nossas memórias para se tornarem projetos concretos de reativação do transporte no País.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. Foi presidente das Academias Jundaienses de Letras e de Letras Jurídicas. É mestre em Ciências Sociais e Jurídicas pela PUCCamp (martinelliadv@hotmail.com)
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