Entendemos que o trabalho é tão importante quanto o Direito à manutenção do equilíbrio social. Além de dignificar a pessoa, permite o desenvolvimento de suas capacidades, define o tempo e a história humana, contribui à promoção do bem comum e garante a subsistência do trabalhador e de sua família. Constitui-se ainda em elemento de realização pessoal deste, quando executa seu ofício com prazer, unindo satisfação com precisão.
Sobre a relevância do exercício de uma atividade como profissão, invocamos parte de um texto de autoria da professora de Filosofia da PUC-SP, Dulce Critelli, que ilustra bem esse aspecto: “...Mas, visto de um ângulo existencial e geral, o trabalho é, sobretudo, fonte de sentido para a vida humana. O trabalho faz parte da nossa condição de existência neste mundo. É um nome genérico que damos para as infindáveis atividades por meio das quais cuidamos da vida. É o processo de criar o mundo e de instaurar, no mundo, o ambiente para a vida dos homens” (“Folha de São Paulo” -Suplemento Folha Equilíbrio- 07/03/2006- p.2).
Atualmente, no entanto, vislumbra-se em nosso país um sério risco à ordem comum: os altos índices de desemprego, perceptíveis até mesmo entre os jovens, inclusive àqueles que conseguem galgar elevados graus de escolaridade, frustrando precocemente suas esperanças. Ao mesmo tempo, elevam-se assustadoramente os empregos informais, numa cabal demonstração de que as oportunidades de trabalho estão se tornando cada vez mais raras. E com a pandemia do Corona vírus ainda em evidência, as coisas devem se complicar ainda mais.
E não há expectativas de melhora diante da quase absoluta ausência de programas nas áreas industrial, agrícola, agrária e de geração de serviços. Já se disse que as nações que se beneficiaram da globalização econômica sustentam-se em princípios elementares: direitos sociais respeitados, democracia e política de criação de trabalho e renda.
O DIA DO TRABALHO, Primeiro de Maio, foi instituído para se reverenciar o passado de lutas das classes laboriosas, reafirmar o compromisso com as mesmas propostas no presente e meditar sobre o futuro de uma sociedade igualitária, sem explorados, nem exploradores. Seria totalmente incongruente festejarmos essa data, sem refletirmos sobre a situação presente, na qual tantos não conseguem ter acesso ao emprego indispensável para a sua manutenção e outros praticamente perdidos em função do Corona vírus. Precisamos, portanto, cobrar de nossos governantes a retomada de um crescimento efetivo da economia brasileira e a implementação de projetos de incentivo aos investimentos nos setores originários de serviços e de ocupação para os excluídos do mercado.
DIA DA LITERATURA NACIONAL
Apesar de pouco divulgado e até abafado pelas comemorações do Dia do Trabalho, também se celebra a primeiro de maio o Dia da Literatura Brasileira, em homenagem ao romancista José de Alencar, que nasceu nessa data em 1829 e dentre suas obras mais conhecidas estão ”O Guarani” (1857), “Iracema” (1854) e “Lucíola” (1862). Ele foi um dos primeiros escritores a retratarem a realidade de nosso país, enfocando personagens típicos da convivência social, tendo o índio e o sertão como principais referências.
Uma data que deveria ser reverenciada com ênfase, já que a literatura se constitui num instrumento de educação e formação do ser humano, tendo importante função social. Infelizmente no Brasil ela não é algo comum e os seus cidadãos não possuem o hábito de lerem. No entanto, o maior desafio enquanto Nação, o de apagar os vestígios indesejáveis da ignorância, da injustiça e miséria, passa pelo acesso de todos à educação que tem nos livros e nos autores, seus maiores meios de consolidação.
JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta. Ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e Letras Jurídicas. (martinelliadv@hotmail.com)
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